Fevereiro 9, 2024

O relacionamento do anjo e do profeta

Postagem contribuída por

 

Lucas Guerreiro

Eu estava aqui pensando sobre o relacionamento entre Morôni e Joseph Smith, do anjo e do profeta. Gostaria de compartilhar alguns dos meus pensamentos hoje, pois no dia 21 de setembro comemoramos a aparição do anjo Morôni ao jovem Joseph.

Primeiro, deixe-me falar um pouco sobre quem foi Morôni. Usarei minhas próprias palavras para descrevê-lo e falarei de modo improvisado, embora eu tenha refletido bastante sobre esse homem especial nos últimos dias.

Morôni era filho de Mórmon, o principal autor e compilador dos registros nefitas. Ele cresceu em um mundo de extrema iniquidade. Provavelmente, não havia outros diáconos quando ele distribuía o sacramento, nem muitos mestres para realizar a atividade do quórum. A mutual talvez fosse mais uma reunião familiar do que uma atividade da Igreja. E quando se tornou sacerdote não tinha nenhuma laurel para ele convidar para tomar sorvete!

Ele se tornou um guerreiro como seu pai. Precisou aprender a se defender e a proteger os outros muito cedo. Não há nenhum indício de que ele tenha se casado e tido filhos. Na verdade, ele diz que, após a morte de seu pai e amigos, ficou sozinho:

“Meu pai foi morto em combate, bem como todos os meus parentes; e não tenho amigos nem tenho para onde ir; e até quando o Senhor permitirá que eu viva, não sei.” (Mórmon 8:5)

Ele experimentou uma intensa solidão por quase 40 anos. Era fugitivo, pois seus inimigos o caçavam e desejavam sua destruição.

Durante esse tempo de isolamento, ele não foi abandonado. Ele provou a bondade de Jesus. Ele conheceu os três nefitas, apóstolos ordenados por Jesus Cristo no Novo Mundo, e recebeu seu ministério (3 Néfi 28:26, Mórmon 8:10-11). Ele também viu Jesus e falou com Ele face a face (Éter 12:39). Ele teve visões do plano de Deus e viu nossos dias (Mórmon 8:35).

Não sabemos como ele morreu. Há fontes não tão confiáveis que indicam que ele teria sido assassinado por lamanitas. De qualquer maneira, sua morte não o impediu de cumprir propósitos divinos. Ele recebeu as chaves do registro de Efraim (D&C 27:5), o que significa que ele seria o mensageiro divino encarregado de ajudar a voz que clama do pó, a voz de espírito familiar, a ser restaurada. Ele treinaria o jovem Joseph Smith, um efraimita descendente de José do Egito, em seu ofício.

Morôni, como um ser ressuscitado e exaltado, apareceu ao jovem caipira de quase 18 anos na noite do dia 21 de setembro de 1823. Essa história se encontra na introdução de todas as versões do Livro de Mórmon, traduzido em uma centena de idiomas. Morôni deveria estar ansioso para que as palavras dos profetas se cumprissem. Mas Joseph ainda não estava pronto. O anjo teria que treiná-lo.

Quando Joseph foi pela primeira vez ao lugar das placas, conforme a indicação angelical, teve o desejo de vender aqueles objetos antigos e salvar sua família da extrema pobreza. Joseph foi advertido. Aquele tesouro não era para lucro. Ele precisava ser treinado e preparado. Joseph aceitou a correção. Mas isso não significa que não seria difícil. Ele não se sentia qualificado intelectualmente para o trabalho que o anjo estava lhe propondo. Quando as placas lhe foram entregues 4 anos mais tarde, Joseph não pensava que ele traduziria o registro antigo. Ele mal conseguia redigir uma carta adequadamente! Ele procurou professores de idiomas, pessoas mais instruídas, mas, como Isaías disse: os instruídos não as leriam, pois Deus podia fazer Sua própria obra (Isaías 29:11-14, 2 Néfi 27:15-20)

A fraqueza de Joseph já fora experimentada por Morôni. Ele também se sentiu desqualificado para o trabalho. Ao se comparar com o irmão de Jarede e os jareditas, ele sentiu que tinha uma grande deficiência na escrita. Mas o Senhor lhe respondeu dizendo que Sua graça lhe bastava (Éter 12:23-28).

Como deve ter sido para Joseph conhecer os sentimentos de seu tutor angelical quando este estava na mortalidade? Será que Joseph encontrou consolo nas palavras de que a graça de Cristo era suficiente?

E quanto ao sermão final de Morôni, falando sobre dons espirituais, sobre a santificação e sobre a ajuda do Espírito Santo (Môroni 10)?

Imagino que Morôni amava a Igreja e as ordenanças do Evangelho, muito embora ele provavelmente nunca tenha desfrutado do tipo de interação com os membros e dos recursos que temos disponíveis na Igreja hoje. Ele foi inspirado a preservar o modo como as ordenanças eram feitas e a falar sobre a organização básica da Igreja (Môroni 2-7). As palavras dele foram, sem dúvida, o primeiro manual de instruções da Igreja e serviram para que Joseph aprendesse como a Igreja de Cristo deveria ser.

Morôni apareceu ao profeta Joseph Smith pelo menos 22 vezes. Algumas vezes, o anjo o repreendeu duramente. Mas acredito que uma amizade surgiu entre ambos. Morôni sabia quem Joseph Smith estava destinado a se tornar. Ele não o via como um menino da roça desajeitado. Ele o via como o grande profeta da última dispensação, a mais gloriosa de todas, que prepararia o mundo para a segunda vinda do Messias. Ele estava tão animado para isso que citou várias escrituras sobre a restauração desde a primeira visita, embora Joseph provavelmente não fosse capaz de entendê-las todas naquela ocasião.

Morôni tem um papel crucial na restauração. Ele é o anjo que foi visto por João, o Amado, no livro de Apocalipse, que tinha que trazer de volta o evangelho eterno para proclamá-lo a toda nação, tribo, língua e povo (Apocalipse 14:6-7). Ele está representado em várias estátuas douradas em pelo menos metade de nossos Templos atuais.

Quando penso em Morôni, penso em alguém que foi valente. Ele sabia a importância de fazer e manter registros, ele perseverou mesmo estando só, ele encontrou conforto no amor de Jesus. Que exemplo! Que exemplo ele foi para o profeta da restauração. Ao ver o relacionamento deles, sinto vontade de agradecer a todos os maravilhosos mentores que já tive - pais, professores, amigos, líderes, chefes, etc. E também de ser um mentor para alguém tão bom quando os mentores que tive.

O relacionamento entre o anjo e o profeta mostra um padrão para todos nós, e podemos ser beneficiários desse aprendizado em outros relacionamentos que temos - seja na família, na Igreja ou no trabalho.

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