KnoWhy #630 | Fevereiro 24, 2022

Por que Abraão e Sara receberam novos nomes e sinais?

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Central das Escrituras

"Nosso pai não falou, portanto, apenas de nossos descendentes, mas também de toda a casa de Israel, indicando o convênio que haveria de ser cumprido nos últimos dias, convênio esse que o Senhor fez com nosso pai Abraão, dizendo: Em tua semente serão benditas todas as famílias da Terra". 1 Néfi 15:18

O conhecimento

Em Gênesis 17, o Senhor apareceu a Abraão e confirmou, ou certificou, o que conhecemos sobre o Convênio Abraâmico. Nos capítulos anteriores de Gênesis, Deus ressaltou os termos e bênçãos deste convênio e, neste capítulo, expôs os sinais atribuídos a ele.

Na antiguidade, fazer um convênio envolvia verificar e lembrar desse convênio com um símbolo ou sinal. Em Gênesis 17, Deus celebrou este convênio com Abraão e Sara dando a cada um, um novo nome e sinal. Deus disse:

Quanto a mim, eis que o meu convênio é contigo, e serás o pai de uma multidão de nações. E não se chamará mais o teu nome Abrão, mas Abraão será o teu nome, porque por pai de uma multidão de nações te pus. Disse Deus mais a Abraão: A Sarai tua mulher não chamarás mais pelo nome de Sarai, mas Sara será o seu nome, (Gênesis 17:4–5, 15).

Os novos nomes de Abraão e Sara

O Senhor não alterou drasticamente o significado dos nomes de Abraão e Sara. Tanto "Abrão" quanto "Abraão" são nomes com afixos hebraicos que significam "pai" e "exaltado". O nome de Abraão pode ser formado pelo afixo hebraico ab (אב, "pai e hamon (המון), que significa "multidão"1. Tanto "Sarai" como "Sara" derivam da palavra com raiz hebraica que significa "princesa"2. No entanto, o ato de receber um novo nome simbolizava uma drástica mudança na identidade e relacionamento com Deus. Com o novo nome, a pessoa sinalizava sua lealdade e novo relacionamento com Deus. Representava sua conversão em algo novo.

O poder dos nomes pode ser visto no relato da Criação em Gênesis 1. Para Deus, a criação não estava completa até que cada elemento recebesse um nome. Em Gênesis 3, o relato da Queda não foi concluído até que a companheira de Adão recebesse seu novo nome. Antes da Queda, no relato do Gênesis, ela era chamada de "Mulher". Após participar do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, recebeu o nome de Eva, a mãe de todos os viventes3.

Quando os faraós do Egito eram elevados ao poder, recebiam um novo cartucho, o símbolo com seu nome, completamente diferente. No Novo Testamento, o nome de Simão foi mudado para Pedro. O nome de Saulo, tornou-se Paulo. Quando freiras e monges católicos fazem seus votos, muitas vezes adotam um novo nome religioso. Quando reis e rainhas ascendem ao trono no mundo moderno, geralmente adotam novos nomes ao serem coroados, para representar sua nova identidade e relacionamento com o Estado4.

Quando Abraão e Sara adotaram novos nomes, isso marcou sua nova identidade e relacionamento como filhos e filhas do convênio de Deus.

Os sinais do convênio de Abraão e Sara

Além de receber um novo nome, o Senhor estabeleceu um sinal ou símbolo do convênio, ao exigir que todos os homens do convênio fossem circuncidados:

E circuncidareis a carne do vosso prepúcio; e isso será por sinal do convênio entre mim e vós Gênesis 17:11).

Em nosso mundo moderno, soa incompreensivelmente estranho que as pessoas associem prepúcios a convênios sagrados com Deus. Contudo, a natureza íntima chega ao cerne de quão pessoal é o convênio de Abraão e sua posteridade.

Na antiguidade, o estabelecimento de convênios era geralmente acompanhado de sacrifício ou derramamento de sangue. De fato, a expressão para fazer um convênio em hebraico é carat berit (כרת ברית) ou, literalmente, "cortar um convênio", porque os convênios geralmente envolviam alguma forma de corte ou sacrifício5. Em Gênesis 15, Abraão cortou animais em sacrifício ao Senhor, e depois, em Gênesis 17, teve uma lembrança perpétua de seu relacionamento pessoal com Deus, por meio da circuncisão.

Sara também recebeu um sinal do convênio com Deus. Em Gênesis 17, Deus prometeu:

E disse Deus: Na verdade, tua mulher Sara te dará um filho, e chamarás o seu nome Isaque, e com ele estabelecerei o meu convênio, por convênio eterno para a sua semente depois dele(Gênesis 17:19).

O sinal que Deus deu a Sara do convênio foi abençoá-la com um filho milagroso. Este filho e sua futura posteridade seriam um lembrete contínuo de seu convênio com Deus.

O porquê

Tanto para Abraão quanto para Sara, os símbolos do convênio abraâmico estavam relacionados à reprodução e à posteridade. A etimologia de seus novos nomes os ligava à realeza e à paternidade. O sinal da circuncisão de Abraão o lembrou de como o fruto de seus lombos abençoaria as nações. O sinal que Sara recebeu foi Isaque, que também foi um lembrete para ela de seu papel como mãe de muitas nações.

O novo e eterno convênio que Deus estabeleceu com Adão, com Abraão e conosco hoje, sempre foi centrado na posteridade e em nosso potencial de crescimento eterno. Joseph Smith ensinou que o propósito do convênio de selamento era forjar um "elo de ligação", conectando nossa posteridade e nossos ancestrais em uma corrente ininterrupta com Deus ( D&C 128:18). Essa rede de relacionamentos com Deus criou o céu. Doutrina e Convênios ensina que:

E também, em verdade vos digo: Se um homem se casar com uma mulher pela minha palavra, que é a minha lei, e pelo anovo e eterno convênio [...] Surgireis na primeira ressurreição [...] e herdareis tronos, reinos, principados e poderes, domínios, todas as alturas e profundidades [...] nesta vida e por toda a eternidade [...] Então serão deuses, pois não terão fim ( D&C 132:19–20).

O crescimento eterno está no centro do novo e eterno convênio. Produzir posteridade é um sinal de nosso convênio com Deus e uma de suas grandes bênçãos. Ter filhos cria fortes laços de amor e conexão, que enchem nossas vidas de significado e propósito. As conexões entre ancestrais e descendentes nos conectam a Deus em um elo de ligação. Ter filhos também promove a perpetuação da aliança abraâmica "nesta vida e por toda a eternidade;" através das gerações ( D&C 132:19).

Nos templos atuais de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, os membros tornam-se parte do convênio abraâmico fazendo promessas sagradas a Deus na investidura do templo. Como Abraão, nos lembramos de nosso convênio por meio de símbolos sagrados. Um desses símbolos é a investidura do Santo Sacerdócio. Uma roupa íntima é o que serve como um lembrete contínuo de nossas promessas mais estreitas com Deus, e de nosso potencial de crescimento sacerdotal e eterno6.

Os convênios do templo nos dão uma nova identidade e um novo relacionamento com Ele, e simbolizamos nosso novo compromisso por meio de sinais sagrados. Quando for ao templo, seja pela primeira vez ou pela centésima, pense nas maneiras pelas quais os símbolos do templo o ajudam a lembrar-se das promessas que fez a Deus.

Leitura Complementar

Stephen D. Ricks, “Oaths and Oath Taking in the Old Testament”, em The Temple in Time and Eternity, ed. Donald W. Parry e Stephen D. Ricks (Provo, UT: FARMS, 1999), pp. 81–84. Bruce H. Porter e Stephen D. Ricks, “Names in Antiquity: Old, New, and Hidden”, no By Study and Also By Faith: Essays in Honor of Hugh W. Nibley (Salt Lake City, FARMS, 1990). Alex Douglas, “The Garden of Eden, the Ancient Temple, and Receiving a New Name”, em Ascending the Mountain of the Lord: Temple, Praise, and Worship in the Old Testament (2013 Sperry Symposium), ed. Jeffrey R. Chadwick, Matthew J. Grey e David Rolph Seely (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University; Salt Lake City: Deseret Book, 2013), pp. 36–48. John M. Lundquist, “Temple, Covenant, and Law in the Ancient East and in the Old Testament”, no Temples of the Ancient World: Ritual and Symbolism, ed. Donald W. Parry (Salt Lake City e Provo, UT: FARMS e Deseret Book, 1994), pp. 272–294. Jasmin Gimenez Rappleye, “New Names in the Latter-day Saint Temple Initiatory”, Temple Light blog (May 30, 2021).

1. Abrão possivelmente vem dos afixos hebraicos ab (אב), que significa "pai", e ram (רם), que significa "exaltado". Em Gênesis 17:5, o Senhor relaciona o significado do nome de Abraão com "pai de uma multidão de nações". Ver F. Brown, S. Driver e C. Briggs, The Brown-Driver-Briggs Hebrew and English Lexicon (Peabody, MA: Hendrickson Publishers, 2007), 3, 242, 926 (doravante referido como BDB). 2.Sara é a forma feminina de sar (שר), que significa "príncipe, governante, líder". Ver BDB p. 978. 3. Ver Jasmin Gimenez Rappleye, “The Fall of Adam and Eve in the Temple”, Temple Light blog (25 de julho de 2021); “New Names in the Latter-day Saint Temple Initiatory”, Temple Light blog (30 de maio de 2021). 4. Por exemplo, a princesa Alexandrina Victoria acabou se tornando a rainha Victoria. O príncipe Albert Edward tornou-se Edward VII ao assumir o trono. O príncipe Albert tornou-se o rei George VI e Elizabeth Alexandra Mary, tornou-se a rainha Elizabeth II quando ascendeu ao trono em 1953. 5. Veja, por exemplo, Gênesis 15:18; 21:27; 31:44; BDB, pp. 503–504. 6. A vestimenta do Santo Sacerdócio apresenta cortes no tecido que representam símbolos sagrados, mais uma vez, relacionado ao estabelecimento da aliança com o "corte". Para obter informações sobre a investidura do templo, consulte “Sacred Temple Clothing”, artigo em churchofjesuschrist.org; Jasmin Gimenez Rappleye, “VClothing in the Temple Garment During the Initiatory”, blog Temple Light (22 de maio de 2021); Carlos E. Asay, “El gárment del Templo: una manifestación externa de un compromiso interior'”, A Liahona (Septiembre de 1997).

Convênio Abraâmico
Circuncisão
Velho Testamento
Saria
Símbolo
Livro de Mórmon

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