KnoWhy #566 | Junho 18, 2020
Por que Alma respondeu à “ordem de Neor” da maneira que fez em Amonia?
Postagem contribuída por
Scripture Central
"Este sumo sacerdócio sendo segundo a ordem de seu Filho, ordem essa que existia desde a fundação do mundo" Alma 13:7
O conhecimento
Uma maneira de ler o relato de Alma e Amuleque em Amonia, é como uma história de duas "ordens conflitantes": a ordem de Neor de um lado, representada por Zeezrom e Antiona (Alma 14:16-18; 15:15) e a sagrada ordem do Filho de Deus, representada por Alma e Amuleque (ver Alma 13).1 À luz dessa colisão de reivindicações conflitantes sobre o Sacerdócio, os leitores modernos podem ver como os ensinamentos profundos e sublimes de Alma sobre "os mistérios de Deus" em Alma 12-13 respondem diretamente aos cinco principais ensinamentos de Neor, conforme resumido em Alma 1:3-4.
1. "[T]odos os sacerdotes e mestres deveriam tornar-se populares"
Neor ensinou que seus sacerdotes ''deveriam tornar-se populares; e que não deveriam trabalhar com as próprias mãos, mas deveriam ser sustentados pelo povo" (Alma 1:3). Isso estava em oposição direta aos ensinamentos da ordem do convênio de Alma, o pai, que ensinou que ''os sacerdotes não deveriam depender do povo para o seu sustento'' (Mosias 18:26). Não é de se estranhar, então, que ao enfrentar os seguidores de Neor, Alma tenha ensinado sobre a verdadeira ordem do Sacerdócio (Alma 13). Alma ensinou especificamente que os sacerdotes segundo a ordem do Filho de Deus não foram escolhidos por popularidade, mas foram chamados por Deus desde a fundação do mundo, de acordo com sua fé e humildade (Alma 13:1–13). Ele inspirou-se no exemplo de Melquisedeque, que exerceu "uma fé vigorosa" e "pregou o arrependimento a seu povo" (Alma 13:18). Em contraste com a prática dos neores de depender de doações do povo, Melquisedeque recolhia dízimos justos oferecidos ao Senhor por Abrão (Alma 13:15), no armazém de Deus e para o benefício dos pobres (JST Gênesis 14:37–38).
2. "[T]oda a humanidade seria salva no último dia"
Neor também ensinou que "toda a humanidade seria salva no último dia", portanto, as pessoas "não precisariam temer nem tremer" (Alma 1:4). Em contraste, Alma ensinou os neores em Amonia que, no último dia, os homens seriam "levados perante o tribunal de Deus para ser[em] julgados segundo [suas] obras" (Alma 12:12). Portanto, para os ímpios impenitentes, há motivos para temer e tremer, como o próprio Zeezrom estava começando a entender (Alma 12:1). Alma afirmou que o Senhor ''tem todo o poder para salvar cada homem'', mas esclareceu que seu poder salvador só pode ser ativado para uma pessoa que ''crê em seu nome e apresenta frutos dignos do arrependimento''(Alma 12:15).
3. "[P]odiam levantar a cabeça e regozijar-se"
Em vez de as pessoas temerem, tremerem ou sentirem remorso por seus pecados, Neor insistiu que todos os homens poderiam e deveriam ''levantar a cabeça e regozijar-se'' porque não havia nada com que se preocupar, pois o Senhor salvaria a todos (Alma 1:4). Os neores, frequentemente associados a Amulon e aos sacerdotes de Noé, podem ter obtido esse conhecimento por meio de uma interpretação errônea de Isaías 52, que os sacerdotes pediram a Abinádi que lhes explicasse. Neste capítulo, Isaías ensinou que ''o Senhor confortou seu povo, ele redimiu Jerusalém'' (Mosias 12:23, ênfase adicionada).2 Em contraste, Alma ensinou que somente aqueles que se arrependerem neste momento, receberão ''boas novas de grande alegria'' e muitos motivos para regozijar-se no dia em que o Senhor vier em glória (Alma 13:21–25). Mas, ele sentia ''grande ansiedade'' por aqueles que não abandonam seus pecados e adiam o dia de seu arrependimento (Alma 13:27).
4. "[O] Senhor havia criado todos os homens e também havia redimido todos os homens"
O ponto principal da doutrina de Neor era que, como "o Senhor havia criado todos os homens", ele "também [os] havia redimido" (Alma 1:4). Isso expõe o mal-entendido fundamental de Neor sobre o plano de redenção, e explica por que Alma gastou tanto tempo explicando esse mesmo plano aos seguidores de Neor em Amonia (ver Alma 12:12–35). Para corrigir seu mal-entendido, Alma menciona repetidamente "o plano de redenção", enfatizando os requisitos de fé e arrependimento para ser redimidos (Alma 12:25, 26, 30, 32, 33). Alma explica que, após a criação, toda a humanidade tornou-se um povo ''perdido e decaído'' por causa da transgressão (Alma 12:22). Por isso, o desígnio de Deus exige que cada um seja capaz de "esperar pelo seu Filho para receber a redenção" (Alma 13:2). Aqueles que não o fizerem, ''estarão como se não tivesse havido redenção alguma; porque não poderão ser redimidos segundo a justiça de Deus'' (Alma 12:18).
5. "[T]odos os homens teriam vida eterna"
Por fim, tendo ensinado que Deus havia redimido a todos, para que todos fossem salvos no último dia, Neor evidentemente insistiu que "no fim, todos os homens teriam vida eterna" (Alma 1:4). Mais uma vez, Alma ensinou aos seguidores de Neor em Amonia que simplesmente não é assim. Para aqueles que não se arrependem, mas morrem em seus pecados, há "uma segunda morte que é a morte espiritual" (Alma 12:16). Em vez de receber a vida eterna, aqueles que sofrerem a segunda morte enfrentarão ''uma destruição eterna, segundo o poder e o cativeiro de Satanás'' (Alma 12:17; cf. 12:36–37). Alma concluiu sua explicação geral aos amonitas, exortando-os da seguinte maneira: ''[N]ão procrastineis o dia do vosso arrependimento'' para que tenham ''esperança de que recebereis a vida eterna'' (Alma 13:27–30).
O porquê
Alma 12:9-13:30, contêm alguns dos ensinamentos mais profundos sobre o plano de redenção e a verdadeira ordem do sacerdócio encontrados nas escrituras.3 No entanto, as pessoas a quem esse ensinamento foi dado eram algumas das mais iníquas e corruptas mencionadas em todo o Livro de Mórmon e, por suas iniquidades, a ira de Deus os destruiu totalmente.4 Quando os ensinamentos de Neor são examinados, fica claro por que Alma ensinou essas verdades profundas a um povo tão iníquo, já que Neor distorceu seriamente ou mal interpretou essas mesmas doutrinas do Sacerdócio e o plano de Redenção de Deus. Portanto, era necessário ensinar ao povo de Amonia a maneira correta de entender esses princípios eternos, a fim de ter alguma esperança de afastá-los com sucesso de suas crenças, da ordem de Neor e de seus objetivos políticos resultantes.
É significativo que, embora Alma seja claro sobre as terríveis consequências que os impenitentes enfrentarão no último dia e nas eternidades posteriores, suas palavras não condenam diretamente o povo de Amonia. Em vez disso, se entrelaçam com súplicas ardentes para que as pessoas se arrependam, para poderem evitar tanto a "total destruição" que sobreviria a eles nesta vida, quanto a "destruição eterna" da segunda morte nos mundos vindouros. Claramente, Alma não desejava nenhuma dessas destruições sobre o povo de Amonia, apesar da hostilidade com que o trataram, da maneira antiética com que tentaram subornar Amuleque, e da atrocidade com que tratariam as mulheres e aos filhos dos crentes. Em vez disso, Alma esperava que eles tivessem prosperidade e salvação eterna por meio do arrependimento e respondeu dessa maneira.
Infelizmente, a esperança de Alma foi em vão. Mesmo os ensinamentos corretos por trás dessas verdades sublimes não foram suficientes. Embora alguns tenham se convertido, a maioria do povo e seus líderes continuaram com sua dureza diante das belas verdades do plano de redenção. No entanto, ao manter a esperança, Alma fornece um exemplo maravilhoso de amor pelos inimigos, um exemplo que poderia ser usado frutiferamente até mesmo em nossos dias. Ao longo de sua vida, Alma acreditou com otimismo que a pregação da palavra de Deus poderia provocar uma mudança poderosa nos corações e mentes das pessoas e literalmente mudar o curso da história (cf. Alma 31:5). Ao responder dessa maneira, Alma deu um exemplo de amor e generosidade, a ser seguido por todo o seu povo. Que todos aprendamos a ter esperança, mesmo por aqueles que nos parecem sem esperança, e ofereçamos nossa compaixão e as bênçãos do plano de redenção mesmo para aqueles que nos injuriam.
Leitura Complementar
Thomas R. Valletta, ''Conflicting Orders: Alma and Amulek in Ammonihah'', em The Temple in Time and Eternity, ed. Donald W. Parry e Stephen D. Ricks (Provo, UT: FARMS, 1999), pp. 183–231. John W. Welch, ''The Trial of Alma and Amulek", em The Legal Cases in the Book of Mormon (Provo, UT: BYU Press, 2008), pp. 238–271.1. Ver Thomas R. Valletta, ''Conflicting Orders: Alma and Amulek in Ammonihah'', em "The Temple in Time and Eternity", ed. Donald W. Parry e Stephen D. Ricks (Provo, UT: FARMS, 1999), pp. 183–231. 2. Ver Central do Livro de Mórmon, ''Por que os sacerdotes de Noé teriam perguntado sobre Isaías a Abinádi? (Mosias 12:20–21)'', KnoWhy 89 (21 de abril de 2017). 3. Consulte o artigo da Central do Livro de Mórmon, ''Por que Alma ensinou seus oponentes sobre o templo? (Alma 12:30)'', KnoWhy 119 (26 de maio de 2017); Central do Livro de Mórmon, "Por que Alma falou sobre Melquisedeque? (Alma 13:14)'', KnoWhy 120 (27 de maio de 2017). 4. Para material adicional sobre a maldade em Amonia, ver John W. Welch, "The Legal Cases in the Book of Mormon" (Provo, UT: BYU Press, 2008), pp. 238–271; Central do Livro de Mórmon, "Por que a cidade de Amonia foi destruída e devastada? (Alma 16:9–11)'', KnoWhy 123 (31 de maio de 2017); Central do Livro de Mórmon, "Por que um anjo enviou Alma de volta à Amonia? (Alma 8:17)'', KnoWhy 565 (11 de junho de 2020).