KnoWhy #571 | Junho 30, 2020

Por que Alma se baseou nos ensinamentos de Abinádi?

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Scripture Central

"E eis que novamente foi declarado que há uma primeira ressurreição, uma ressurreição de todos aqueles que existiram ou que existem ou que existirão até a ressurreição de Cristo dentre os mortos." Alma 40:16

O conhecimento

Leitores astutos do Livro de Mórmon já devem ter notado que "as palavras de Alma [o filho] tem semelhança com as de Abinádi".1 Em nenhum outro lugar essa afinidade é tão evidente quanto em seu conselho a seu filho Coriânton, e pesquisas feitas por John L. Hilton III indicam que Alma fez pelo menos treze alusões ou citações diretas aos ensinamentos de Abinádi (ver tabela e apêndice).2

Por exemplo, Alma advertiu Coriânton de que, se ele não se arrependesse, seus pecados "levantar-se-ão como um testemunho contra [ele]no último dia" (Alma 39:8). Abinádi disse o mesmo sobre sua inocência quando os sacerdotes de Noé se preparavam para matá-lo (Mosias 17:10).3 Ao responder às preocupações de Coriânton sobre a ressurreição, Alma explicou que "não há ressurreição — ou diria, em outras palavras, que este corpo mortal não se reveste de imortalidade, que esta corrupção não se reveste de incorrupção— até depois da vinda de Cristo" (Alma 40:2). Abinádi ensinou aos sacerdotes de Noé sobre a ressurreição usando termos semelhantes: "Isto que é mortal se revestirá de imortalidade e isto que é corrupção se revestirá de incorruptibilidade;, e serão levados diante do tribunal de Deus" (Mosias 16:10).4

Enquanto Alma continuava a ensinar Coriânton, declarou explicitamente que estava citando palavras ditas anteriormente por outro: "E eis que novamente foi declarado que há uma primeira ressurreição, uma ressurreição de todos aqueles que existiram ou que existem ou que existirão até a ressurreição de Cristo dentre os mortos" (Alma 40:16). Mais uma vez, Alma provavelmente estava se referindo às palavras de Abinádi, já que ele também ensinou assim: "E haverá uma ressurreição, sim, uma primeira ressurreição; sim, uma ressurreição daqueles que existiram e que existem e que existirão até a ressurreição de Cristo — porque assim será ele chamado" (Mosias 15:21).5

Esses e vários outros exemplos (ver tabela) levaram Hilton a concluir: ''Quando Alma fornecia uma explicação doutrinária para ajudar seu filho a ver com mais clareza, ele frequentemente se referia às palavras de Abinádi''.6

Frase ou palavras-chave

Alma

Abinádi

Eles levantar-se-ão como um testemunho contra tiAlma 39:8Mosias 17:10
Salvação ao seu povoAlma 39:15–16,18Mosias 15:10–11, 18
Se reveste de imortalidade [...] se reveste de incorrupçãoAlma 40:2Mosias 16:10
Ranger de dentesAlma 40:13Mosias 16:2
Não têm parteAlma 40:13Mosias 15:26-27
Primeira ressurreiçãoAlma 40:15–17Mosias 15:26-27
Ressurreição de CristoAlma 40:16–20; 41:2Mosias 15:21
Levados à presença de Deus, para serem julgados segundo suas obrasAlma 40:21Mosias 16:10
Efetua a restauraçãoAlma 40:21–23, 26Mosias 15:24, 26–27
Carnais, sensuais e diabólicosAlma 42:9–11Mosias 16:4
Se não fora pela redençãoAlma 42:11Mosias 15:19
Requisitos/exigências da justiçaAlma 42:15Mosias 15:9
Preparada(os) desde a fundação do mundoAlma 42:26Mosias 15:19

O porquê

De acordo com Hilton, reconhecer conexões como as discutidas aqui ilustra que "o Livro de Mórmon é profundo e rico, cheio de conexões teológicas e textuais que ainda precisam ser exploradas".7 Além disso, "demonstram a integridade textual do Livro de Mórmon".

O Livro de Mórmon afirma ser um registro antigo escrito por várias pessoas. As conclusões deste trabalho suportam esta afirmação. Ao ler o texto com atenção, podemos imaginar um profeta posterior (Alma) examinando as palavras de seu antecessor enquanto solucionava as preocupações de seu filho. Os padrões consistentes de alusões em Alma 39–42 defendem a intenção do texto. Isto não foi algo inventado por Joseph Smith.8

Talvez o mais importante, no entanto, "as alusões descritas neste estudo esclarecem as preocupações de Coriânton".9 A maioria das alusões gira em torno de três grandes temas doutrinários, que parecem ter sido as principais preocupações de Coriânton: (1) a ressurreição (Alma 40:1); (2) o significado de restauração (Alma 41:1) e (3) a justiça de Deus (Alma 42:1).10 Abinádi foi quem mais ensinou sobre a ressurreição do que qualquer outro profeta, registrado até aquele momento.11 Isso indica pelo menos um motivo pelo qual Alma teria feito referência às palavras de Abinádi: era um profeta recente que abordara as questões-chave na mente de Coriânton.12 É possível que Coriânton estivesse especificamente confuso sobre os ensinamentos de Abinádi, portanto, Alma usou frases e vocabulário semelhantes para esclarecer os princípios que Abinádi havia ensinado.13

Algumas outras razões possíveis são mais pessoais. O pai de Alma e avô de Coriânton, foi quem registrou e preservou os ensinamentos de Abinádi. Os ensinamentos de Abinádi foram as mesmas palavras que convenceram Alma, o pai, que era um dos sacerdotes do rei Noé na época, de que ele precisava se arrepender. Alma, o filho, certamente deve ter ouvido seu pai repetir e ensinar essas palavras e frases. Assim, "parece natural", observou Hilton, para Alma, o filho, "voltar-se para as palavras proféticas que uma vez tiveram esse mesmo efeito no avô de Coriânton, Alma, o pai".14

Como Alma, os pais de hoje podem querer consultar a sabedoria e prudência das palavras das escrituras, as declarações dos profetas recentes e os legados espirituais de avós ou antepassados, que inspiram e incentivam seus filhos a viver conforme os padrões do Evangelho. Para fazer isso, é imperativo que os pais estejam familiarizados com as escrituras, as palavras dos profetas modernos e os testemunhos transmitidos na linhagem familiar. Como observou Hilton:

É evidente que Alma havia estudado as escrituras. E por ser tão versado nas palavras de Abinádi, pode inseri-las em uma conversa como se fossem suas. Por ter estudado cuidadosamente as palavras de Abinádi, quando se deparou com uma situação muito difícil (um filho rebelde que cometeu um pecado grave enquanto servia como missionário), Alma pode ajudar Coriânton explicando as palavras dos profetas recentes.15

Leitura Complementar

John L. Hilton III, ''Textual Similarities in the Words of Abinadi and Alma’s Counsel to Corianton'', BYU Studies Quarterly 51, no. 2 (2012): pp. 39–60. John Hilton III, ''Abinadi’s Legacy: Tracing His Influence through the Book of Mormon'', em Abinadi: He Came Among Them in Disguise, ed. Shon D. Hopkin (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book e BYU Religious Studies Center, 2018), pp. 93–116.
Anexo: Como Alma usou as palavras de Abinádi

1. Grant Hardy, Understanding the Book of Mormon (Nova York, NY: Oxford University Press, 2010), p. 134. 2. John L. Hilton III, ''Textual Similarities in the Words of Abinadi and Alma’s Counsel to Corianton''BYU Studies Quarterly 51, no. 2 (2012): 46–56; tabela baseada na p. 47. 3. Ver Hilton, ''Textual Similarities'', p. 48. 4. Ver Hilton, ''Textual Similarities'', pp 49–50. 5. Ver Hilton, ''Textual Similarities'', pp. 51–52. A propósito, essas duas passagens poderiam ser ainda mais parecidas no texto original, se a língua nefita tivesse seguido os padrões hebraicos da época. Em hebraico, a mesma conjunção pode ser usada tanto para e, quanto ao o. Ver DJA Clines, ed., The Dictionary of Classical Hebrew, 8 v. (Sheffield: Sheffield Academic Press, 1993–2011), 1:596–598. Portanto, em hebraico, a declaração de Alma sobre "todos os que já existiram, existem ou existirão", e a declaração de Abinádi sobre "aqueles que existiram, que existem e que existirão" poderiam ser idênticas. Ver também John A. Tvedtnes, ''The Hebrew Background of the Book of Mormon'', em Rediscovering the Book of Mormon: Insights you may have Missed Before, ed. John L. Sorenson e Melvin J. Thorne (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book e FARMS, 1991), pp. 83–84; Donald W. Parry, Preserved in Translation: Hebrew and Other Ancient Literary Forms in the Book of Mormon (Provo, UT: BYU Religious Studies Center, 2020), pp. 115–117. 6. John Hilton III, ''Abinadi’s Legacy: Tracing His Influence through the Book of Mormon'', em Abinadi: He Came Among Them in Disguise, ed. Shon D. Hopkin (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book e BYU Religious Studies Center, 2018), p. 100. 7. Hilton, ''Textual Similarities'', p. 59. 8. Hilton, ''Textual Similarities'', p. 59. 9. Hilton, ''Textual Similarities'', p. 59. 10. Hilton, ''Textual Similarities'', pp. 56–57. .11. Hilton, ''Textual Similarities'', pp. 49–50, 53–55. 12. Hilton, ''Textual Similarities'', p. 57. 13. Hilton, ''Textual Similarities'', pp. 51, 55, 59; Hilton, ''Abinadi’s Legacy'', p. 101. 14. Hilton, ''Textual Similarities'', p. 57. 15. Hilton, ''Textual Similarities'', p.58.

Alma o Filho
Objetivo do Livro de Mórmon
Confirmação
Intertextualidade
Livro de Mórmon

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