KnoWhy #87 | Abril 19, 2017

Como a cevada do Livro de Mórmon pode alimentar a fé?

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Scripture Central

“E começamos a cultivar o solo, sim, com toda espécie de sementes: com sementes de milho e de trigo e de cevada e com neas e com seum e com sementes de toda espécie de frutas” Mosias 9:9

O conhecimento

Quando Zênife levou um grupo de nefitas para retornar à terra de Néfi, buscando reivindicar a "terra da primeira herança de [seus] pais", eles "começa[ram] a cultivar o solo, sim, com toda espécie de sementes" (Mosias 9:1, 9; cf. Mosias 7:22). Entre as sementes descritas estão o trigo e a cevada, dois grãos do Velho Mundo que, por muitos anos, acreditou-se não existirem no Novo Mundo pré-colombiano. No entanto, pelo menos no caso da cevada, essa suposição estava equivocada.

Na verdade, existem três tipos de cevada selvagem nativas das Américas, algo que os cientistas conhecem há muito tempo. No entanto, foi somente em 1983 que os arqueólogos descobriram pela primeira vez uma forma domesticada de cevada nativa das Américas no Arizona em um contexto pré-colombiano (a.C. 900).1

A "Hordeum pusillum", uma espécie de cevada, foi encontrada ao longo do vale do rio Mississippi,2 sendo um dos principais alimentos do Período Arcaico Médio (ca. 200 a.C. - 500 d.C.) e Tardio (ca. 500 - 1000 d.C.) do período Silvícola 3, embora também tenham sido encontrados "prováveis espécimes cultivados", que datam de 800 a.C. em Iowa.4 De acordo com dois estudiosos não membros da Igreja de Jesus Cristo, "extensas evidências arqueológicas também apontam para o cultivo de Hordeum pusillum no sudeste [dos EUA] e em partes do México".5

O porquê

Com o passar do tempo, foram surgindo cada vez mais evidências da domesticação da cevada nas Américas, em um período cada vez mais amplo, tanto de tempo quanto em área geográfica. Essa espécie de cevada pode ter se espalhado para outras regiões das Américas, conhecidas pelo comércio com o sudoeste e o leste dos Estados Unido, inclusive pela troca de produtos agrícolas.6 De qualquer forma, as evidências mostram que, em várias partes das Américas no período do Livro de Mórmon, algum tipo de cevada era uma cultura agrícola de extrema importância.

Isso tem implicações importantes para o Livro de Mórmon. Nos séculos II e I a.C., a cevada desempenhava um papel significativo na sociedade nefita, não apenas como alimento, mas como medida de troca (Alma 11:1-19), assim como nos sistemas econômicos do antigo Oriente Próximo.7 Evidências do que é frequentemente chamado de arqueobotânica (o estudo de remanescentes vegetais em sítios arqueológicos) agora confirmam que uma espécie de cevada era extremamente importante para algumas culturas das Américas naquela época.

Este é outro exemplo que ilustra os benefícios da paciência na arqueologia.8 John L. Sorenson comentou: "O fato de uma cultura tão importante não ter sido detectada por tanto tempo pelos arqueólogos justifica a ideia de que trigo também poderia ser encontrado em sítios arqueológicos [americanos]".9 Ainda restam dúvidas sobre a agricultura, pecuária e cultura material dos nefitas, mas descobertas como da espécie de cevada Hordeum posillum ilustram a sabedoria de manter a mente aberta, evitando julgamentos precipitados ao considerar e explorar o que o Livro de Mórmon diz sobre a vida nefita.

Leitura Complementar

Tyler Livingston, "Barley and the Book of Mormon: New Evidence", Book of Mormon Archaeological Forum (2010). John L. Sorenson e Robert F. Smith, "Barley in Ancient America", em Reexploring the Book of Mormon: A Decade of New Research, ed. John W. Welch (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book and FARMS, 1992), pp. 130–132.

1. Ver John L. Sorenson e Robert F. Smith, "Barley in Ancient America", in Reexploring the Book of Mormon: A Decade of New Research, ed. John W. Welch (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book and FARMS, 1992), pp. 130–132. Ver também John L. Sorenson, Mormon's Codex: An Ancient American Book (Salt Lake City and Provo, UT: Deseret Book and Neal A. Maxwell for Religious Scholarship, 2013), p. 303. 2. Para obter uma lista dos diferentes locais no Centro-Oeste e no leste dos Estados Unidos, consulte Tyler Livingston, "Barley and the Book of Mormon: New Evidence", Book of Mormon Archaeological Forum (2010). 3. Michael T. Dunn e William Green, "Terminal Archaic and Early Woodland Plant Use at the Gast Spring Site (13LA152) Southeast Iowa', Midcontinental Journal of Archaeology 23, no. 1 (1998): p. 47 mencionam Hordeum pusillum como uma das duas "sementes amiláceas" que "dominavam os grupos arqueobotânicos da região", do oeste de Illinois e leste de Iowa, durante o período Silvícola médio e tardio. Alguns dados que suportam isso são discutidos nas páginas 63-64. 4. Dunn e Green, "Terminal Archaic and Early Woodland Plant Use", p. 64, argumentam que os grãos de Hordeum pusillum encontrados em Gast Springs datam de 2800 +/– 45 a. do p. A. do p. significa "antes do presente", portanto 2800 a. do p. aproximadamente 800 a.C. 5. Dunn and Green, "Terminal Archaic and Early Woodland Plant Use", p. 64. 6. Ver Livingston, "Barley and the Book of Mormon"; ver também John L. Sorenson, "Mesoamericans in Pre-Columbian North America", em Reexploring the Book of Mormon, pp. 218–219. 7. Ver John W. Welch, "The Law of Mosiah", in Reexploring the Book of Mormon, p. 160; John W. Welch, "The Laws of Eshnunna and Nephite Economics", in Pressing Forward with the Book of Mormon: The FARMS Updates of the 1990s, ed. John W. Welch e Melvin J. Thorne (Provo, UT: FARMS, 1999), pp. 147–149; John W. Welch, "Weighing and Measuring in the Worlds of the Book of Mormon", Journal of Book of Mormon Studies 8, no. 2 (1999): pp. 40–41. 8. Para exemplos adicionais, consulte o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que cavalos são mencionados no Livro de Mórmon? (Enos 1:21)", KnoWhy 75 (5 de abril de 2017). 9. John L. Sorenson, An Ancient American Setting for the Book of Mormon (Salt Lake City and Provo, UT: Deseret Book and FARMS, 1985), p. 184.

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