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KnoWhy #357 | Maio 7, 2018
Como a jornada de Leí foi semelhante à jornada dos pioneiros para o oeste?
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Scripture Central
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"E se guardares meus mandamentos, prosperarás e serás conduzido a uma terra de promissão; sim, uma terra que preparei para ti; sim, uma terra escolhida acima de todas as outras terras" 1 Néfi 2:20
O conhecimento
No início de 1846, Brigham Young e outros 300 [pioneiros] deixaram a bela cidade de Nauvoo e cruzaram o rio Mississippi rumo a oeste.1 Esse foi o início de um êxodo que levaria os pioneiros da Igreja a atravessar as Grandes Planícies e chegar às Montanhas Rochosas. O povo de Deus teve que se mudar diversas vezes para evitar a opressão e a destruição, e a jornada dos santos para o oeste é uma reminiscência de êxodos passados, como a jornada que Leí e sua família fizeram mais de 2.000 anos antes.Ambos deixaram suas cidades pouco antes de serem invadidas
A maioria dos santos deixou Nauvoo durante a primeira metade de 1846. Contudo, em setembro, o pequeno número de membros que permaneceu lá trabalhou ao lado de outros que se mudaram para a área para defender Nauvoo dos invasores.2 Por fim, a invasão foi bem-sucedida e os membros da Igreja que restaram foram expulsos da cidade. 3 Assim como os santos deixaram Nauvoo pouco antes da cidade ser invadida, Leí e sua família deixaram Jerusalém pouco antes de ela ser invadida e destruída pelos babilônios em 586 a.C. 4Ambos deixaram templos para trás e construíram novos após chegarem aos seus destinos
Quando partiram para terras mais a oeste, os santos tiveram que deixar para trás o templo de Nauvoo, que haviam acabado de construir no ano anterior.5Esse templo acabou sendo totalmente incendiado pouco depois. No entanto, em 28 de julho de 1847, após chegar ao seu novo destino no Vale do Lago Salgado, Brigham Young anunciou que construiria um novo templo nas Montanhas Rochosas. 6 Eles logo construiriam muitos templos em seu novo lar. Da mesma forma, Leí e sua família deixaram o templo em Jerusalém quando partiram para o Novo Mundo. Esse templo foi igualmente incendiado e reduzido a cinzas. Além disso, assim como os pioneiros, Néfi e seu povo construíram vários templos após sua chegada ao Novo Mundo (2 Néfi 5:16). 7Ambos viajaram ao longo de uma rota conhecida e mudaram de direção na metade do caminho
Os pioneiros viajaram principalmente ao longo da famosa Trilha do Oregon até chegarem à região próxima ao Fort Bridger, no atual Wyoming.8 Em seguida, saíram dessa trilha e viajaram para o sudoeste do Vale do Lago Salgado. Da mesma forma, Leí e sua família passaram a maior parte do tempo viajando ao longo da bem estabelecida Rota do Incenso, ao sul de Jerusalém.9 No entanto, algumas evidências sugerem que eles se desviaram do caminho em Naom, e se dirigiram "na direção aproximada do leste" até chegarem à terra de Abundância (1 Néfi 17:1).10Ambos montaram um acampamento base no início de sua jornada
Inicialmente, Brigham Young havia planejado percorrer todo o caminho de Nauvoo até as Montanhas Rochosas no verão de 1846.11 No entanto, chuvas atípicas tornaram as estradas tão lamacentas que foi necessário estabelecer um assentamento de inverno em Nebraska [Winter Quarter's], junto à divisa com o [estado de ] Iowa.12Eles permaneceram nesse local durante o inverno de 1846-1847, partindo para a Grande Bacia na primavera.13 Da mesma forma, Leí e sua família estabeleceram um acampamento-base durante a jornada: o Vale de Lemuel (1 Néfi 2:10). Aparentemente, eles permaneceram no vale de Lemuel por algum tempo, pelo menos o suficiente para fazer duas viagens de volta a Jerusalém a partir desse acampamento base.14Ambos separaram temporariamente grupos para participar de uma ação militar após a partida
Em 1º de julho de 1846, o capitão James Allen interceptou os pioneiros a caminho do oeste, em seu acampamento em Mosquito Creek, perto de Council Bluffs, Iowa.15 Ele trazia uma mensagem do presidente James K. Polk pedindo que os membros da Igreja fornecessem 500 voluntários para lutar na guerra entre o México e os Estados Unidos.16 Esses voluntários se separaram do restante do grupo e se tornaram o Batalhão Mórmon. Os filhos de Leí também deixaram o grupo por um tempo quando tiveram que retornar a Jerusalém para obter as placas.17 Enquanto estava lá, Néfi matou Labão, que era um comandante militar em Jerusalém.18 Assim, embora essa nunca tenha sido sua intenção, o grupo se envolveu em uma ação militar quando estava de volta a Jerusalém.19Ambos viajaram de uma área urbana mais úmida para uma região mais seca e pouco povoada
Quando os pioneiros saíram de Nauvoo, deixaram para trás uma área úmida e verde, cercada por vilas e cidades, para viajar pelas planícies áridas e montanhas desérticas, menos povoadas.20 Da mesma forma, Leí e sua família deixaram a vegetação de Jerusalém e arredores, que tinha uma população comparativamente maior do que a desértica e desabitada Rota do Incenso (1 Néfi 16:35).21Ambos comeram "carne crua" ao longo do caminho
Durante sua jornada, os pioneiros caçavam búfalos e outros animais selvagens para complementar seu suprimento de alimentos. Eles comiam parte da carne imediatamente, mas cortavam o restante da carne em tiras e a secavam ao sol para produzir carne seca.22 Comeram dessa carne muitas vezes ao longo da trilha. Da mesma forma, a carne crua (1 Néfi 17:2) que a família de Leí comeu no deserto provavelmente era seca ao sol.23Ambos receberam a promessa de que Deus os ajudaria se guardassem Seus mandamentos
O Senhor disse aos pioneiros que, se fossem fiéis, "meu braço [se] estende[rá] nos últimos dias, para salvar meu povo Israel" (D&C 136:22). Isso é semelhante à promessa de Deus no Livro de Mórmon:E se guardares meus mandamentos, prosperarás e serás conduzido a uma terra de promissão [...] preparei para ti; sim, uma terra escolhida acima de todas as outras terras. portanto, se guardardes meus mandamentos, sereis conduzidos à terra da promissão; e sabereis que sois conduzidos por mim. Sim […] que eu, o Senhor, vos salvei" (1 Néfi 2:20; 17:13-14).24
O porquê
As semelhanças entre a jornada dos pioneiros pela Grande Bacia e a jornada de Leí à Terra de Abundância lembram ao leitor a frequência com que os santos vivem eventos semelhantes aos dos antigos santos na Bíblia e do Livro de Mórmon.25 Além disso, essas semelhanças nos lembram que Deus nos libertará hoje, assim como Ele libertou os santos no passado. No entanto, esses paralelos também têm outra função: fornecer informações sobre como o Livro de Mórmon foi escrito. Como Terrence L. Szink disse: "Esta jornada se compara ao êxodo dos israelitas do Egito e à jornada dos santos pela região entre as montanhas, em termos de dificuldade, importância e natureza milagrosa".26 Portanto, se alguém quisesse escrever uma história da jornada dos santos pelas planícies, inspirada na jornada de Leí pela Arábia, não seria algo difícil de se fazer. A pessoa simplesmente teria de enfatizar as semelhanças entre os eventos. Isso não tornaria nenhum dos relatos falso, apenas significaria que o autor enfatizou certos eventos na travessia das planícies para lembrar o leitor da travessia de Leí pelo deserto. Como se pode ver, todos os detalhes mencionados nesta comparação são historicamente precisos. Foram enfatizados simplesmente para mostrar as semelhanças entre os eventos.27 Em muitas ocasiões, os autores do Livro de Mórmon fizeram algo semelhante — sendo que o principal exemplo é a maneira como o relato de Néfi sobre sua jornada se assemelha ao Êxodo bíblico.28 Esses autores descreveram seus acontecimentos de modo a lembrar o leitor de um evento semelhante do Velho Testamento ou de outra passagem do Livro de Mórmon. Essa maneira de contar histórias ajuda os leitores a perceberem a importância das conexões entre as duas histórias.29 Isso não significa que qualquer um dos relatos seja de alguma forma incorreto ou historicamente inválido; significa apenas que o autor queria que o leitor relacionasse as duas narrativas para encontrar um significado mais profundo da história.30 Ler o Livro de Mórmon dessa forma permite que o leitor o compreenda melhor sob a perspectiva literária, e, ao mesmo tempo, apreciem-no como uma história sagrada.Leitura Complementar
Chad M. Orton, "Este Será Nosso Convênio", Revelações em contexto, ed. Matthew McBride e James Goldberg (Salt Lake City, UT: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2016), pp. 307-314. Matthew Bowen, "'And There Wrestled a Man with Him' (Genesis 32:24): Enos's Adaptations of the Onomastic Wordplay of Genesis", Interpreter: A Journal of Mormon Scripture 10 (2014): pp. 151–159. Noel B. Reynolds, "Lehi as Moses", Journal of Book of Mormon Studies 9, no. 2 (2000): pp. 26–35. S. Kent Brown, "The Exodus Pattern in the Book of Mormon", em From Jerusalem to Zarahemla: Literary and Historical Studies of the Book of Mormon (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 1998), pp. 75–98.1. Chad M. Orton, "Este Será Nosso Convênio", em Revelações em contexto, ed. Matthew McBride e James Goldberg (Salt Lake City, UT: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2016), p. 307
2. Richard Bennett, "Barbarously Expelled: The Infamous Nauvoo War of September 1846", em The Mormon Wars, ed. Glenn Rawson e Dennis Lyman (American Fork, UT: Covenant Communications, 2014), p. 85.
3. Bennett, 'Barbarously Expelled", p. 85.
4. Mordechai Cogan, "Into Exile: From the Assyrian Conquest of Israel to the Fall of Babylon", in The Oxford History of the Biblical World, ed. Michael D. Coogan (New York, NY: Oxford University Press, 1998), p. 266.
5. Janiece Johnson e Jennifer Reeder, The Witness of Women: Firsthand Experiences and Testimonies from the Restoration (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2016), p. 122.
6. Marion D. Hanks, "Salt Lake Temple" in Encyclopedia of Mormonism, 4 v., ed. Daniel H. Ludlow (Nova York, NY: Macmillan, 1992), 3: p. 1253.
7. Para mais informações sobre os templos nefitas, ver Mark Alan Wright, "Axes Mundi: Ritual Complexes in Mesoamerica and the Book of Mormon", Interpreter: A Journal of Mormon Scripture 12 (2014): pp. 79–96; John W. Welch, "The Temple in the Book of Mormon: The Temples at the Cities of Nephi, Zarahemla, and Bountiful", in Temples of the Ancient World, ed. Donald W. Parry (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book e FARMS, 1994), pp. 297–387.
8. Fred R. Gowans e Andrea G. Radke, "Oregon Trail", em Encyclopedia of Latter-day Saint History, ed. Arnold K. Garr, Donald Q. Cannon e Richard O. Cowen (Salt Lake City, UT: Desert Book, 2000), p. 876.
9. Para mais informações, ver Brant A. Gardner, Second Witness: Analytical and Contextual Commentary on the Book of Mormon, 6 v. (Salt Lake City, UT: Greg Kofford Books, 2007), 1: p. 81. Ver também S. Kent Brown, "New Light From Arabia on Lehi's Trail", em Echoes and Evidences of the Book of Mormon, ed. Donald W. Parry, Daniel C. Peterson e John W. Welch (Provo, Utah: FARMS, 2002), pp. 64–69.
10.Ver o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Quem deu o nome do local de sepultamento de Ismael de Naom? (1 Néfi 16:34)", KnoWhy 19 (23 de janeiro de 2017).
11. Orton, "Este Será Nosso Convênio", p. 307.
12. Orton, "Este Será Nosso Convênio", p. 307.
13. Orton, "Este Será Nosso Convênio", p. 307.
14. Ver o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que Néfi acreditou que o Senhor prepararia um caminho? (1 Néfi 3:7)", KnoWhy 263 (5 de dezembro de 2017).
15. Larry C. Porter, Clark V. Johnson e Susan Easton Black, "Mormon Battalion", em Encyclopedia of Latter-day Saint History, pp. 783–785.
16. Brian Kelly y Petrea Kelly, Latter-day History of the Church of Jesus Christ of Latter-day Saints (American Fork, UT: Covenant Communications, 2004), pp. 284–286.
17. Para mais informações, ver Ben McGuire, "Nephi and Goliath: A Case Study of Literary Allusion in the Book of Mormon", Journal of the Book of Mormon and Other Restoration Scripture 18, no. 1 (2009): pp. 16–31.
18.Central do Livro de Mórmon, "A morte de Labão por Néfi foi legal? (1 Néfi 4:18)", KnoWhy 256 (24 de novembro de 2017).
19. Val Larsen, "Killing Laban: The Birth of Sovereignty in the Nephite Constitutional Order", Journal of Book of Mormon Studies 16, no. 1 (2007): pp. 26–41, 84–85.
20. No entanto, o grupo de Leí viajou muito mais longe do que os santos. Ver H. Donl Peterson, "Father Lehi', em First Nephi, The Doctrinal Foundation, ed. Monte S. Nyman e Charles D. Tate Jr., Book of Mormon Symposium Series, Volume 2 (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 1988), p. 63.
21. George Potter e Richard Wellington, Lehi in the Wilderness: 81 New, Documented Evidences That the Book of Mormon is a True History (Springville, UT: Cedar Fort, 2003), pp. 22, 41.
22. Ann Jewell Rowley, "Autobiography", in Some Early Pioneers of Huntington, Utah and Surrounding Area, ed. James Albert Jones (Emery County, UT: DH Mansfield, 1980), pp. 244–246.
23. Hugh Nibley, Lehi in the Desert/The World of the Jaredites/There Were Jaredites, The Collected Works of Hugh Nibley: Volume 5 (Salt Lake City and Provo, UT: Deseret Book and FARMS, 1988), p. 62, discute relatos etnográficos de pessoas comendo tiras de carne crua presumivelmente desidratada. No Oriente Próximo moderno, as pessoas ainda preservam a carne de maneira semelhante e a chamam de "carne crua". Ver Lynn M. Hilton e Hope A. Hilton, Discovering Lehi: New Evidence of Lehi and Nephi in Arabia (Springville, UT: Cedar Fort, 1996), pp. 139–140; Jeffrey R. Chadwick, "An Archaeologis's View", Journal of Book of Mormon Studies 15, no.2 (2006): p. 74.
24. Orton, "Este Será Nosso Convênio", p. 313.
25. Ver, por exemplo, o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que o sábado é necessário? (Mosias 18:25)", KnoWhy 303 (1 de fevereiro de 2018).
26. Terrence L. Szink, "To a Land of Promise (1 Néfi 16–18)", em Book of Mormon, Part 1: 1 Néfi to Alma 29, Studies in Scripture, Volume 7, ed. Kent P. Jackson (Salt Lake City: Deseret Book, 1987), p. 60.
27. Para um exemplo disso no Livro de Mórmon, ver o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Como Enos comparou as Escrituras à sua própria vida? (Enos 1:27)", KnoWhy 265 (7 de dezembro de 2017).
28. Ver, por exemplo, Noel B. Reynolds, "Lehi as Moses", Journal of Book of Mormon Studies 9, no. 2 (2000): pp. 26–35.
29. Para um exemplo disso, ver Matthew Bowen, "'And There Wrestled a Man with Him' (Gênesis 32:24): Enos's Adaptations of the Onomastic Wordplay of Genesis", Interpreter: A Journal of Mormon Scripture 10 (2014): pp. 151–159.
30. Isso pode ser feito com a narrativa de Abinádi e a de Moisés. Ver S. Kent Brown, "Moses", em Book of Mormon Reference Companion, ed. Dennis L. Largey (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2003), p. 568.
Perversão
Winter Quarters, território indiano
Livro de Mórmon