KnoWhy #323 | Maio 16, 2024
Como Alma usou um quiasmo para focar na expiação de Cristo?
Postagem contribuída por
Scripture Central

E ele seguirá, sofrendo dores e aflições e tentações de toda espécie; e isto para que se cumpra a palavra que diz que ele tomará sobre si as dores e as enfermidades de seu povo[...] e tomará sobre si as suas enfermidades, para que se lhe encham de misericórdia as entranhas, segundo a carne, para que saiba, segundo a carne, como socorrer seu povo, de acordo com suas enfermidades [...] o Filho de Deus padece segundo a carne para tomar sobre si os pecados de seu povo, para apagar-lhes as transgressões, de acordo com seu poder de libertação.
Contexto e conteúdo
Quando Alma visitou a cidade de Gideão, ficou feliz ao descobrir que o povo vivia em retidão (Alma 7:5-6, 17-20). Por causa de sua justiça, Alma foi autorizado a compartilhar com eles verdades importantes sobre o sacrifício expiatório do Salvador que ele não havia compartilhado em Zaraenla. Alma começou ensinando sobre o nascimento do Filho de Deus (Alma 7:10),1 e depois ensinou que o Salvador iria "sofre[r] dores e aflições e tentações de toda espécie; e isto para que se cumpra a palavra que diz que ele tomará sobre si as dores e as enfermidades de seu povo" (Alma 7:11, ênfase adicionada). Como visto em português, a tradução em inglês parece indicar que Alma estava citando ou aludindo a Isaías 53:4, que fala com mais precisão de "dores" e "enfermidades" em hebraico, em vez de "griefs" (pesares) e "sorrows" (tristezas) como encontrado na Bíblia do Rei Jaime. Ou seja, as palavras de Alma na tradução original em inglês do Livro de Mórmon estão mais próximas do hebraico do que a versão de Joseph Smith da Bíblia.2 Quando Alma testificou sobre o Salvador, ele organizou seus pensamentos em um quiasmo — uma forma literária em que palavras-chave, frases ou ideias são repetidas na ordem inversa.
| A E ele seguirá, sofrendo dores, aflições e tentações de toda espécie; | |||||
| B e isto para que se cumpra a palavra que diz que ele tomará sobre si as dores e as enfermidades de seu povo. | |||||
| C E tomará sobre si a morte, para soltar as ligaduras da morte que prendem o seu povo; | |||||
| D e tomará sobre si as suas enfermidades, | |||||
| E para que se lhe encham de misericórdia as entranhas, | |||||
| F segundo a carne, | |||||
| F para que saiba, segundo a carne | |||||
| E como socorrerseu povo, | |||||
| D de acordo com suas enfermidades.. | |||||
| C Ora, o Espírito sabe todas as coisas; não obstante, o Filho de Deus padece segundo a carne | |||||
| B para tomar sobre si os pecados de seu povo, | |||||
| A para apagar-lhes as transgressões de acordo com seu poder de libertação; e eis que agora esse é o testemunho que está em mim (Alma 7:11–13).3 | |||||

O centro é tipicamente a parte mais importante de um quiasmo, portanto, esse padrão enfatiza o fato de que o Salvador sofreria tudo isso "segundo a carne". Alma descreveu a expiação em termos intensamente físicos. Toda a sua lista de coisas que Cristo tomaria sobre si é composta em grande parte de sofrimento físico: dores, enfermidades e morte. Mas Alma também incluiu a forma crucial e espiritual de sofrimento: tentações, pecados e transgressões.
Doutrinas e Princípios
O entendimento de Alma sobre o sacrifício expiatório de Cristo foi baseado tanto em sua leitura das Escrituras (especificamente Isaías) quanto no conhecimento pessoal revelado pelo Espírito Santo (Alma 7:9, 26). Isso é um exemplo para os leitores de hoje, que também podem aprender verdades eternas por meio do estudo das escrituras e da revelação pessoal. A escolha inspirada de Alma de compartilhar essas informações apenas com aqueles que ele sentiu pelo Espírito estarem melhor preparados espiritualmente também ensina um princípio importante: "Não deis aos cães as coisas santas, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas" (Mateus 7:6). Com relação aos ensinamentos de Alma sobre Cristo, seu uso do quiasmo deixa claro que a natureza mortal de Cristo — a "carne"— era uma parte essencial de Sua expiação. Foi Sua natureza mortal que O capacitou a sofrer no Getsêmani e suportar a morte no Gólgota. Mas Alma também pensava que a própria experiência mortal de Cristo — a experiência de sofrer as "dores e aflições e tentações" da mortalidade — era um aspecto importante em Seu sacrifício expiatório.4 Esse aspecto de Sua Expiação permitiu que Ele fosse misericordioso e socorresse todos os que vinham a Ele durante seus próprios momentos de sofrimento. Élder Dallin H. Oaks ensinou recentemente:
"A Expiação de nosso Salvador faz mais do que nos assegurar da imortalidade por meio de uma ressurreição universal e oferece-nos a oportunidade de sermos purificados do pecado pelo arrependimento e pelo batismo. Sua Expiação também nos dá a oportunidade de recorrer a Ele, que já experimentou todas as nossas enfermidades mortais, para que nos cure e nos dê força para suportar os fardos da mortalidade. Ele conhece nossas angústias e está sempre pronto a ajudar-nos." 5
Élder David A. Bednar também ensinou:
"O Salvador sofreu não apenas por nossos pecados e por nossas iniquidades — mas também por nossas angústias e dores físicas, nossas fraquezas e nossos defeitos, temores, nossas frustrações, decepções e nossos desânimos, pesares e remorsos, nosso desespero e nossa aflição, pelas injustiças e desigualdades que vivenciamos, e pelas perturbações emocionais que nos acometem."
Élder Bednar concluiu: "Não há dor física, tribulação espiritual, angústia da alma ou sofrimento, enfermidade ou fraqueza que enfrentaremos na mortalidade que o Salvador não vivenciou antes de nós".6
Leitura Complementar
Élder Dallin H. Oaks, "Fortalecidos pela Expiação de Jesus Cristo", A Liahona, novembro de 2015, pp. 61–64. David A. Bednar, "Carregar seus fardos com facilidade, A Liahona , maio de 2014, pp. 87–90..1. Alguns criticaram o Livro de Mórmon porque diz que Cristo nasceria "em Jerusalém, que é a terra de nossos antepassados" (Alma 7:10).Para responder a isso, ver Hugh Nibley, Lehi in the Desert/The World of the Jaredites/There Were Jaredites, The Collected Works of Hugh Nibley, Volume 5 (Salt Lake City and Provo, UT: Deseret Book and FARMS, 1988), pp. 6–7; Hugh Nibley, An Approach to the Book of Mormon, The Collected Works of Hugh Nibley, Volume 6 (Salt Lake City and Provo, UT: Deseret Book and FARMS, 1988), pp. 100–102; Robert F. Smith, "The Land of Jerusalem: Place of Jesus's Birth," em Reexploring the Book of Mormon: A Decade of New Research, ed. John W. Welch (Salt Lake City and Provo, UT: Deseret Book and FARMS, 1992), pp. 170–172; Gordon C. Thomasson, "Revisiting the Land of Jerusalem", em Pressing Forward with the Book of Mormon: The FARMS Updates of the 1990s, ed. John W. Welch and Melvin J. Thorne (Salt Lake City and Provo, UT), pp. 139–141; Daniel C. Peterson, Matthew Roper, and William J. Hamblin, "On Alma 7:10 and the Birth Place of Christ," (FARMS Transcripts, 1995); Daniel C. Peterson, "Chattanooga Cheapshot, or the Gall of Bitterness," Review of Books on the Book of Mormon 5, no. 1 (1993): pp. 62–78. 2. Ver Thomas A. Wayment, "The Hebrew Text of Alma 7:11", Journal of Book of Mormon Studies 14, no. 1 (2005): pp. 98–103, 130. Ver também Monte S. Nyman, Book of Mormon Commentary, 6 v. (Orem, UT: Granite Publishing, 2003), 3: p. 90. Brant A. Gardner, Second Witness: Analytical and Contextual Commentary on the Book of Mormon, 6 v. (Salt Lake City, UT: Greg Kofford Books, 2007), 4:129 provavelmente se referia a Isaías 53, mas em vez disso disse Isaías 14, aparentemente confundindo-o com Mosias 14, que é o capítulo em que Abinádi cita Isaías 53. 3. Adaptado de Donald W. Parry, Poetic Parallelisms in the Book of Mormon: The Complete Text Reformatted (Provo, UT: Neal A. Maxwell Institute for Religious Scholarship, 2007), p. 241. 4. Nyman, Book of Mormon Commentary, 3: pp. 85, 90–91; Joseph Fielding McConkie e Robert L. Millet, Doctrinal Commentary on the Book of Mormon, 4 v. (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 1987–1992), 3: p. 57. 5. Élder Dallin H. Oaks, "Fortalecidos pela Expiação de Jesus Cristo", A Liahona novembro de 2015, p. 64. 6. Élder David A. Bednar, "Carregar seus fardos com facilidade, A Liahona , maio de 2014, pp. 87–90..