KnoWhy #436 | Outubro 3, 2018
Como o Livro de Mórmon e o Velho Testamento nos ajudam a entender o que significa ser redimido?
Postagem contribuída por
Scripture Central

"Sei, portanto, que foste redimido por causa da retidão do teu Redentor." 2 Néfi 2:3
O conhecimento
O livro de Rute conta sua história, uma mulher moabita que se mudou para a cidade de Belém com sua sogra Noemi (Rute 1:19). Enquanto estava lá, Rute conheceu um parente Noemi chamado Boaz (2:3), com quem ela acabou se casando. Ao se casar com Rute, Boaz fez "a parte de um parente" [tradução literal da Bíblia versão em King James] e desempenhou o papel de "redentor" dela (3:13). O tipo de ''redenção'' que vemos no livro de Rute pode nos ajudar a entender como Cristo nos redime, conforme explicado no Livro de Mórmon.1
De acordo com um estudioso membro da Igreja, Benjamin Spackman, uma das chaves para entender o tema de Redenção no Velho Testamento e no Livro de Mórmon é, curiosamente, os nomes israelitas.2 O Velho Testamento contém nomes como Abias, ''[Jeová] é meu Pai'',3 Joá, ''[Jeová] é (meu) irmão'',4 e até mesmo Eliã, ''[Jeová] é meu tio''.5 Após estudar esses nomes, Spackman percebeu que todos eles expressam a ideia dos antigos israelitas de que estamos todos em um relacionamento de parentesco com Deus.6 Spackman explicou que o parentesco era um dos principais fatores que determinavam o funcionamento da sociedade, e "os parentes tinham deveres específicos uns com os outros dentro dessa estrutura''.7
Uma das funções mais importantes, como Spackman observou, era comprar (resgatar) as terras de uma família que eles haviam vendido por serem muito pobres (Levítico 25:25-34). Os membros da família que haviam sido vendidos como escravos pelo mesmo motivo também seriam resgatados (vv. 47-50).8 Outro elemento de ser um redentor era a lei do casamento levirato, na qual um homem se casava com a viúva de seu irmão, cujos filhos nasceriam no nome do irmão falecido, como se vê no livro de Rute.9 Esses deveres de parentesco também foram estendidos por convênio aos que não faziam parte da tribo, o que também se vê em Rute.10
Isso significa, de acordo com Spackman, que termos como pai, irmão ou tio que refletem essa ideia de parentesco por convênio, termos que hoje costumamos considerar puramente biológicos, adquiriram um significado ligeiramente diferente: ''Dessa forma, pessoas de fora da família podiam ser simbolicamente trazidas para a família por meio do convênio,11 como se sempre tivessem sido da família''.12
Essa ideia israelita de que os convênios podem estabelecer um tipo de relação familiar entre pessoas que não são biologicamente relacionadas também se estendia a Deus, o que explica os curiosos nomes próprios no Velho Testamento.13 Os antigos israelitas possivelmente consideravam esse relacionamento quando se dirigiam a Deus em oração e ''quando precisavam de ajuda, clamavam a Deus e esperavam que Ele lhes respondesse porque eram parentes''.14 independentemente de alguém ser realmente parente ou ter se tornado parente por meio de um convênio, era responsabilidade do parente resgatar ou comprar de volta tanto as terras da família quanto os membros da família que haviam sido vendidos.15 E quando os antigos israelitas rogavam a Deus que os redimisse, consideravam-No como seu parente por meio do relacionamento de convênio que tinham com Ele.16
Neste contexto, os ensinamentos do Livro de Mórmon sobre o Redentor fazem mais sentido.17 2 Néfi 2:3, por exemplo, declara: ''Sei, portanto, que foste redimido por causa da retidão do teu Redentor''. Spackman observou que no livro de Rute, o parente mais próximo do que Boaz não cumpriu sua obrigação de redimir Rute. 18 Em vez disso, Boaz teve que cumprir esta obrigação. Com essa história de um parente não confiável em mente, Spackman parafraseia as palavras de Leí dizendo: "'porque Deus é seu parente redentor e não é como parentes redentores humanos que nem sempre são confiáveis e fiéis no cumprimento de suas obrigações por convênio[;] Deus é justo. Portanto, você, Jacó, é certamente redimido, adquirido, readquirido'".19
O porquê
Ben Spackman observou que ''há uma espécie de quase relacionamento entre os santos dos últimos dias''.20 Formalmente, os deveres dos membros da Igreja ''são frequentemente resumidos em Mosias 18:8-10, 'chorar com os que choram', e assim por diante, mas informalmente, os santos dos últimos dias cumprem seus deveres com a comunidade ou mesmo em parentesco com outros companheiros santos que, de longe, só conhecem esporadicamente".21 Embora hoje em dia os tempos sejam diferentes da antiga Israel, ''fundamentalmente, tanto os membros da igreja de Jesus Cristo como as ideias israelitas de parentesco e responsabilidades mútuas estão ligadas ao parentesco. Em um nível básico, talvez possamos aplicar um pouco do parentesco divino de Deus a nossas ideias de Expiação''.22
Lembrar-se de nosso parentesco com Deus pode mudar conforme O vemos: ''Se nosso relacionamento com Deus não se caracteriza primordialmente como de devedor para credor, mas como de parente para parente (seja parente por convênio ou parente por natureza), então talvez possamos fazer como os israelitas e pedir-Lhe ajuda em termos desse relacionamento".23 Por fim, ''pensar em Deus como um membro da família a quem recorremos em busca de ajuda, em vez de ir como se ele fosse um banqueiro preocupado principalmente com o pagamento da dívida, significa que é mais provável que busquemos essa ajuda''.24
Spackman concluiu declarando que Hebreus 4:15-16 muda a maneira como entendemos e nos aproximamos de Deus ''com base em como o concebemos: '[Não] temos um sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; mas um que, como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado. Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e encontrar graça, para sermos ajudados em tempo oportuno.'"25 Para que nos lembremos do poder redentor de Deus e nos acheguemos a Ele como nosso parente, sabendo que Ele nos ajudará ''em tempos de necessidade''.26
Leitura Complementar
T. Benjamin Spackman, "The Israelite Roots of Atonement Terminology", BYU Studies Quarterly 55, no. 1 (2016): pp. 39–64. Gerald N. Lund, "Plan of Salvation, Plan of Redemption", em Encyclopedia of Mormonism, ed. Daniel H. Ludlow, 4 v. (New York, NY: Macmillian Publishing, 1992), 3: pp. 1088–1091.1. Para saber mais sobre o conceito de redenção no Livro de Mórmon, ver o artigo da Central do Livro de Mórmon, ''Como a Expiação, Ressurreição, Julgamento e Redenção estão ligados? (Mosias 3:17)", KnoWhy 275, (21 de dezembro de 2017). 2. T. Benjamin Spackman, "The Israelite Roots of Atonement Terminology", BYU Studies Quarterly 55, no. 1 (2016): p. 52. 3. Spackman, "The Israelite Roots", p. 52. 4. Spackman, "The Israelite Roots", p. 53. 5. Spackman, "The Israelite Roots", p. 53. 6. Spackman, "The Israelite Roots", p. 53. 7. Spackman, "The Israelite Roots", p. 53. 8. Spackman, "The Israelite Roots", p. 54. 9. Spackman, "The Israelite Roots", p. 54. 10. Spackman, "The Israelite Roots", p. 54. 11. Spackman, "The Israelite Roots", p. 54. 12. Spackman, "The Israelite Roots", p. 55. 13. Spackman, "The Israelite Roots", p. 55. 14. Spackman, "The Israelite Roots", p. 56. 15. Spackman, "The Israelite Roots", p. 56. 16. Spackman, "The Israelite Roots", p. 57. 17. Para saber mais sobre o papel do Redentor no Livro de Mórmon, consulte o artigo da Central do Livro de Mórmon, ''Por que há tantos nomes diferentes para o Plano de Salvação no Livro de Mórmon?(Alma 42:5, 8, 13, 15)'', KnoWhy 312 , (14 de fevereiro de 2018). 18. Spackman, "The Israelite Roots", p. 59. 19. Spackman, "The Israelite Roots", p. 59. 20. Spackman, "The Israelite Roots", p. 62. 21. Spackman, "The Israelite Roots", p. 62. 22. Spackman, "The Israelite Roots", p. 62. 23. Spackman, "The Israelite Roots", pp. 62–63. 24. Spackman, "The Israelite Roots", p. 63. 25. Spackman, "The Israelite Roots", p. 63. 26. Ver Gerald N. Lund, "Plan of Salvation, Plan of Redemption", em Encyclopedia of Mormonism, ed. Daniel H. Ludlow, 4 v. (New York, NY: Macmillian Publishing, 1992), 3: pp. 1088–1091.