KnoWhy #398 | Junho 24, 2018
Como um ensinamento sobre preordenação ajuda a explicar o arrependimento?
Postagem contribuída por
Scripture Central
"E este é o modo pelo qual foram ordenados — sendo chamados e preparados desde a fundação do mundo, segundo a presciência de Deus, por causa de sua grande fé e suas boas obras, sendo primeiramente livres para escolherem o bem ou o mal; portanto, tendo escolhido o bem e exercendo uma fé muito grande, são chamados com uma santa vocação, sim, com aquela santa vocação que lhes foi preparada com uma redenção preparatória e de conformidade com ela." Alma 13:3
O conhecimento
Quando Alma, o filho, estava falando ao povo de Amonia, ele os ensinou sobre a vida pré-mortal: "E este é o modo pelo qual foram ordenados — sendo chamados e preparados desde a fundação do mundo" (Alma 13:3). No entanto, o discurso de Alma é sobre arrependimento. Isto levanta a questão: Por que Alma interromperia um sermão sobre o arrependimento com uma discussão sobre a vida pré-mortal?1 Uma leitura muito cuidadosa do discurso de Alma mostra que ele poderia ter mencionado isso como parte de seu esforço para fazê-los se arrependerem.2
Um detalhe que corrobora esse ponto é que Alma muitas vezes se concentra no modo como foram ordenados: "E esses sacerdotes foram ordenados segundo a ordem de seu Filho, de um modo que permitisse ao povo saber [de que modo] […] esperar pelo seu Filho para receber a redenção. E este é o modo pelo qual foram ordenados […]" (Alma 13:2–3).3 Portanto, como A. Keith Thompson observou: "É o modo de ordenar ao sacerdócio na Terra, que foi preordenado na pré-existência".4 Por fim, "é 'sua fé excepcional e boas obras' na Terra que qualificarão os homens para sua ordenação ao sacerdócio", ou seja, a adesão aos padrões de obediência ordenados na vida pré-mortal.5
A frase "chamados e preparados" também apoia essa interpretação. Como Thompson observou, "as palavras chamados e chamado, nos versículos 4, 5, 6, 8 e 11 , referem-se à ordenação na mortalidade [e] parecem confirmar" que Alma "antecipou uma ordenação que segue uma fé excepcional e boas obras na mortalidade".6 Portanto, "aqueles que não exercem sua fé e boas obras na mortalidade não serão ordenados ao sacerdócio".7
Por fim, embora o "chamado" tenha sido "preparado na pré-existência, ele se estende à vida mortal somente depois que a fé e as boas obras tiverem sido demonstradas" (ver Alma 13:4–5).8
Ensinando a Verdadeira Doutrina por Michael T. Malm
Alma ainda afirmou que muitos "foram ordenados e tornaram-se sumos sacerdotes de Deus; e isso graças a sua grande fé e arrependimento e sua retidão perante Deus, preferindo arrepender-se e praticar a retidão a perecer" (Alma 13:10). Este versículo sugere, segundo Thompson, "que é pela fé excepcional dos homens justos sobre a terra, que eles podem ser ordenados ao sacerdócio e ao ofício de sumo sacerdote dentro deste sacerdócio".9
A importância da justiça na mortalidade é esclarecida em Alma 13:13: "E agora, meus irmãos, quisera que vos humilhásseis perante Deus e apresentásseis frutos dignos do arrependimento, para que também venhais a entrar nesse descanso". Este versículo ajuda a esclarecer por que Alma mencionou a vida pré-mortal em primeiro lugar. Ele desejava mostrar que o sacerdócio, com seus padrões de dignidade associados, havia sido preparado desde antes da fundação do mundo. Tudo o que você precisa fazer para recebê-lo é se arrepender e viver de acordo com esse padrão eterno.
O porquê
O Conselho dos Céus por Robert T. Barrett
Esta é uma ocasião, entre muitas, na qual o Livro de Mórmon pode nos ajudar a entender outro livro de escrituras. Abraão 3:22-23 afirma que Deus mostrou a Abraão "as inteligências que foram organizadas antes de o mundo existir; e entre todas essas havia muitas das nobres e grandes; E Deus viu que essas almas eram boas; e ele estava no meio delas e disse: A estes farei meus governantes". Escrituras como esta podem fazer algumas pessoas se questionarem: se tantas coisas foram determinadas na vida pré-mortal, para que serve o arrependimento e a retidão nesta vida?
Alma 13 responde a esta pergunta. Isso demonstra que o arrependimento e a fé nesta vida são primordiais e a fé e o arrependimento hoje em dia são o que importa.10 Como Thompson afirmou: "Alma estava identificando o padrão preordenado de dignidade como uma segunda testemunha ou prova de que o arrependimento e a justiça em um alto nível sacerdotal era uma expectativa completamente legítima para todos os filhos de Deus".11
Joseph Smith declarou que todo "homem chamado para ministrar aos habitantes do mundo foi ordenado precisamente para esse fim no grande conselho celestial, antes que este mundo existisse".12 Mas Alma 13 deixa claro que o arrependimento e a retidão nesta vida ainda são essenciais, preordenados ou não. Alma 13 também ajuda a aprofundar as palavras de Abraão 3:25-26: "E assim os provaremos para ver se farão todas as coisas que o Senhor seu Deus lhes ordenar". Ser eleitos na vida pré-mortal não é um tipo de oportunismo eterno.13 Em vez disso, por meio de nossa fé e arrependimento nesta vida, vivemos segundo os padrões eternos que existem desde antes que o mundo existisse.14
Por meio de nossa fé e arrependimento nesta vida, não apenas nossa bondade inerente ou fidelidade pré-mortal, nos tornamos o tipo de pessoa que nosso Pai Celestial quer que sejamos e vivamos de acordo com nosso potencial divino como filhos de Deus.
Leitura Complementar
A. Keith Thompson, "Were We Foreordained to the Priesthood, or Was the Standard of Worthiness Foreordained? Alma 13 Reconsidered", Interpreter: A Journal of Mormon Scripture 21 (2016): pp. 249–274. James T. Duke, "The Literary Structure and Doctrinal Significance of Alma 13:1–9", Journal of Book of Mormon Studies 5, no. 1 (1996): pp. 103–118. Noé G. Correa, "¿Que dice El Libro de Mormón acerca del Sacerdocio y Templos? ", Central do Livro de Mormón em espanhol, 8 de maio de 2018. Robert L. Millet, "The Holy Order of God", em Alma, The Testimony of the Word, Book of Mormon Symposium Series, v. 6, ed. Monte S. Nyman e Charles D. Tate, Jr. (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 1993), pp. 61–88.1. Para uma discussão cuidadosa deste capítulo, ver James T. Duke, "The Literary Structure and Doctrinal Significance of Alma 13:1–9", Journal of Book of Mormon Studies 5, no. 1 (1996): pp. 103–118. 2. Para outra perspectiva, ver Robert L. Millet, "The Holy Order of God", em Alma, The Testimony of the Word, Book of Mormon Symposium Series, v. 6, ed. Monte S. Nyman e Charles D. Tate, Jr. (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 1993), pp. 61–88. 3. Ênfase adicionada. Em inglês, a tradução produzida por Joseph Smith tem a palavra "manner" (modo) repetida três vezes. Portanto, para entender a mensagem congruente de Alma, a palavra "modo" foi inserida onde em português diz "como". 4. A. Keith Thompson, "Were We Foreordained to the Priesthood, or Was the Standard of Worthiness Foreordained? Alma 13 Reconsidered", Interpreter: A Journal of Mormon Scripture 21 (2016): p. 259. 5. Thompson, "Alma 13 Reconsidered", p. 259. 6. Thompson, "Alma 13 Reconsidered", p. 259. 7. Thompson, "Alma 13 Reconsidered", p. 259. 8. Thompson, "Alma 13 Reconsidered", p. 259. 9. Thompson, "Alma 13 Reconsidered", p. 261. 10. As alegações de que as pessoas foram punidas com pele escura por sua falta de fé na vida pré-mortal, por exemplo, estão claramente erradas. Ver "As etnias e o sacerdócio", disponível online em lds.org. 11. Thompson, "Alma 13 Reconsidered", p. 265. 12. Ver Ensinamentos dos Presidentes da Igreja, Joseph Smith, comp. A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (Salt Lake City, 2007), pp. 544-545. 13. Para saber mais sobre a existência pré-mortal e sua relação com a mortalidade, ver Joseph F. McConkie, "Premortal Existence, Foreordinations and Heavenly Councils", em Apocryphal Writings and the Latter-day Saints, ed. C. Wilfred Griggs (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 1986), pp. 173–198. 10. Ver Joseph Fielding McConkie e Robert L. Millet, Doctrinal Commentary on the Book of Mormon, 4 v. (Salt Lake City, UT: Bookcraft, 1987–1992), 3: p. 94.