KnoWhy #625 | Dezembro 3, 2021

Por que Emma Smith permaneceu em Nauvoo após a morte de Joseph Smith?

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Central das Escrituras

"O dever de teu chamado será confortar meu servo Joseph Smith Júnior, teu marido, em suas aflições, com palavras consoladoras, com espírito de mansidão. E quando ele viajar, irás com ele." Doutrina e Convênios 25:5-6

O conhecimento

Emma Smith foi uma das líderes mais importantes no início da Igreja. Com menos de um ano de casamento, esteve presente no Monte Cumora, quando Joseph Smith recebeu as Placas de Ouro do anjo Morôni em 22 de setembro de 1827. Ela foi uma das primeiras escreventes na tradução do Livro de Mórmon, deixando um importante registro histórico que aumenta nossa compreensão de como e quando a tradução do Livro de Mórmon ocorreu.

Dedicada ao marido e à fé, Emma teve que deixar sua casa de infância na Pensilvânia, além de suas casas em Nova York, Ohio, Missouri e Illinois. Durante as perseguições no Missouri de 1838–1839, Emma foi obrigada a fugir do estado com seus filhos, enquanto Joseph Smith definhava na prisão de Liberty. Lucy Mack Smith, a mãe do Profeta, registrou este tributo a Emma:

Nunca vi uma mulher em minha vida que suportasse todas a espécie de fadiga e sofrimento, mês após mês e ano após ano, com tanta coragem, fervor e paciência inabaláveis como ela sempre fez; [...] Ela enfrentou a tormenta da perseguição e esmurrou a fúria de homens e demônios, até ser engolida por um mar de problemas que teria derrubado qualquer outra mulher.1

Após a morte de Joseph Smith em 1844, Emma permaneceu em Nauvoo pelo resto de sua vida, em vez de emigrar com os santos, e por vários anos não se associou a nenhum grupo relacionado à Restauração. Por que Emma ficou em Nauvoo após a morte de Joseph?

Emma ficou devastada com a morte do profeta. Segundo uma testemunha, ao ver o corpo de Joseph, falou suavemente a ele: "Ah, Joseph, Joseph! Meu marido, meu marido! Finalmente tiraram você de mim!".2 Na época da morte de Joseph, Emma estava grávida de seu último filho e ficou sozinha para criar quatro crianças pequenas. Ir para qualquer outro lugar teria sido extremamente difícil. Ela também ficou sem apoio financeiro e com a preocupação de sustentar sua família (embora tivesse uma casa valiosa e muitas propriedades em Nauvoo). Ações legais relacionadas às propriedades de Joseph e aos direitos legais de Emma como sua viúva ainda precisavam ser resolvidas — um processo que levaria mais de oito anos para ser concluído.3

Emma também se manteve distante da questão da sucessão a Joseph como líder da Igreja.4 No entanto, as tensões logo aumentariam entre Emma e a liderança sobre a titularidade das propriedades da Igreja, especialmente sobre itens como os manuscritos da Nova Tradução da Bíblia e os Papiros Egípcios de Joseph Smith. Emma se sentia especialmente responsável pelos novos documentos traduzidos, dizendo que "foram colocados sob sua responsabilidade".5

A princípio, Emma recusou a se juntar a qualquer grupo que contestasse a liderança da Igreja. Nos meses seguintes ao martírio do Profeta, Brigham Young e o Quórum dos Doze emergiram como os líderes mais proeminentes da Igreja, especialmente porque Joseph havia transferido a autoridade de liderança para os Doze, três meses antes de sua morte.6 No entanto, tensões entre Emma e Brigham Young surgiram. A historiadora Jenny Reeder relata: "Tanto Emma quanto Brigham Young foram extremamente dedicados a Joseph por diferentes motivos: ele estava empenhado em ver um futuro bem-sucedido para a Igreja, enquanto ela se dedicava a preservar sua família órfã de pai".7 Emma também tinha um relacionamento complexo com o casamento plural. Fontes indicam que Emma participou de vários casamentos plurais, contudo, mais tarde em sua vida pareceu negar seu envolvimento ou consentimento com a prática.8

A distância entre Emma e os Doze aumentou quando ela se casou com Lewis Bidamon em 23 de dezembro de 1847, aniversário de Joseph. Bidamon era alcoólatra e viciado em jogo, além de não estar interessado em religião organizada; entretanto, era atraente, atencioso e protetor com Emma.9 A maioria dos Santos havia deixado Nauvoo na época do casamento, mas Almon Babbitt, um líder que ficara em Nauvoo para supervisionar os assuntos da igreja, confrontara Emma pela decisão de se casar fora da igreja.10 Emma e Lewis não tiveram filhos juntos, mas ele atuou como um pai-adotivo para os filhos de Smith. Este e muitos outros fatores continuaram a ampliar a cisão nos anos seguintes.

Ao longo dos anos, Emma e seu filho mais velho, Joseph III, aceitaram cargos de liderança na Igreja Reorganizada de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias (hoje chamada "Comunidade de Cristo"), e Joseph Smith III serviu como presidente dessa organização de 1860 a 1914.11 Poucos dias antes de sua morte, Emma foi entrevistada por Joseph III, relembrando muitos detalhes vitais sobre o início da Igreja, também negando a prática do casamento plural.12 Ela morreu em Nauvoo em 30 de abril de 1879, aos setenta e seis anos.

O porquê

Há vários motivos pelos quais Emma permaneceu em Nauvoo após a morte de Joseph Smith, mas alguns se destacam. Em primeiro lugar, Emma estava muito preocupada com a proteção dos corpos de Joseph e Hyrum. Diante de ameaças de vilipêndio dos corpos, caixões cheios de sacos de areia foram usados no funeral público dos dois mártires. Os caixões contendo os corpos de Joseph e Hyrum foram temporariamente enterrados no porão ainda inacabado da casa de Nauvoo. Alguns meses depois, sob a direção de Emma, um pequeno grupo de amigos íntimos levou os corpos para um cemitério secreto, perto de uma das casas onde Joseph e Emma haviam morado em Nauvoo. Por razões desconhecidas, Emma não notificou Mary Fielding Smith, a viúva de Hyrum, que os corpos haviam sido removidos, aumentando o distanciamento entre as duas cunhadas. As sepulturas não foram marcadas, embora Emma tenha mostrado a localização para seu neto, Frederick Alexander Smith.13

Emma permaneceu próxima ao corpo de Joseph pelo resto de sua vida. Jenny Reeder sugeriu que Emma poderia ter interpretado a ordem do Senhor: "E quando ele [Joseph] viajar, irás com ele" (D&C 25:6) como uma ordem para ficar perto do corpo de Joseph.14 Obviamente, tempos depois, Emma foi enterrada perto do local do túmulo secreto de Joseph e Hyrum. Em 1927, a preocupação comas cheias do rio Mississípi fez com que os três corpos fossem enterrados ao lado da cabana original de Joseph Smith, às margens do rio Mississippi em Nauvoo.15

Outro motivo convincente para Emma ficar em Nauvoo foi seu desejo de cuidar de Lucy Mack Smith, sua sogra. A convite de Brigham, Lucy discursou em uma conferência geral da Igreja em outubro de 1845 e expressou seu desejo de emigrar para o Oeste, mas disse que sua saúde não permitiria que ela fosse.16 Com a saúde debilitada e incapacitada pela artrite, Lucy contava com o apoio de Emma e de suas próprias filhas, Katherine, Sophronia e Lucy, que também permaneceram na região pelo resto de suas vidas.17 Mais tarde, Lucy falou com ternura sobre os cuidados de Emma com ela, observando que em uma ocasião "por cinco noites, Emma não me deixou; ficou ao lado da minha cama a noite toda".18

Por fim, Emma passou por terríveis provações e considerou Nauvoo um refúgio seguro para sua família após a morte de Joseph. Em certa ocasião, ela escreveu a Joseph III contando-lhe sobre Nauvoo: "Esta é minha casa e a dos meus filhos, e não pararei de orar para que todos vivam para desfrutá-la."19 Emma recebeu várias visitas de membros da Igreja de Utah. Durante uma dessas visitas, ela disse a eles: "Talvez pensem que eu não fui uma boa santa [membro da Igreja] por não ter ido para o Oeste, mas eu tinha uma casa aqui e não saberia o que fazer lá."20

Quando Emma morreu, ela estava cercada por sua família e amigos. Seu filho Alexander a ouviu dizer: "Joseph, Joseph, Joseph". Ele disse que Emma, então, se sentou na cama, estendeu o braço esquerdo e disse: "Sim, estou indo", antes de cair de volta na cama. Emma faleceu em 30 de abril de 1879.21

Leitura Complementar

Jenny Reeder, First: The Life and Faith of Emma Smith (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2021). Susan Easton Black, "Emma Hale Smith (1804–1879)", Personagens de D&C, disponível em https://centraldyc.es/

1. Lucy Mack Smith, History, 1845, p. 190, disponível em josephsmithpapers.org. 2. Reminiscência de B.W. Richmond, citado em Linda King Newell e Valeen Tippetts Avery, Mormon Enigma: Emma Hale Smith (New York, NY: Doubleday, 1984), p. 197. 3. Algumas dessas complicadas disputas legais que persistiram após a morte de Joseph são discutidas em Gordon A. Madsen, Jeffrey N. Walker e John W. Welch, eds., Sustaining the Law: Joseph Smith’s Legal Encounters (Provo, UT: BYU Studies, 2014). 4. Newell e Avery, Mormon Enigma, p.206. 5. Emma Smith to Joseph Smith III, February 2, 1866, citado em Newell y Avery, Mormon Enigma, p.209. 6. Alexander L. Baugh e Richard Neitzel Holzapfel, "‘I Roll the Burthen and Responsibility of Leading This Church Off from My Shoulders on to Yours": The 1844/1845 Declaration of the Quorum of the Twelve Regarding Apostolic Succession", BYU Studies Quarterly 49, no. 3 (2010): pp.5–19. Isso foi confirmado um ano depois (Council of Fifty, Minutes, March 1844–January 1846; Volume 1, 10 March 1844–1 March 1845, p. 51, disponível em josephsmithpapers.org. 7. Jenny Reeder, First: The Life and Faith of Emma Smith (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2021), p.163. 8. Ver Reeder, First, pp.163–164; Newell e Avery, Mormon Enigma, pp.97–101, 301–302. 9. Ver Linda King Newell and Valeen Tippets Avery, "Lewis C. Bidamon, Stepchild of Mormondom", BYU Studies 19, no. 3 (1979): pp.375-388. 10. Reeder, First, p.168. 11. Ver Roger D. Launius, Joseph Smith III: Pragmatic Prophet (Urbana, IL: University of Illinois Press, 1988). 12. Para ler esta entrevista, ver Ronald E. Romig, ed., Emma’s Nauvoo (Independence, MO: John Whitmer Books, 2007), pp.65–69. Dois de seus filhos, Alexander e David, foram para Salt Lake City como missionários da igreja RSUD em 1869, e receberam declarações juramentadas relacionadas à iniciação de Joseph nos selamentos eternos de maridos, esposas e filhos, incluindo casamentos plurais. Em resposta à negação de Emma, esses depoimentos foram divulgados. Ver Brian C. Hales, Joseph Smith’s Polygamy: History and Theology, 3 v. (Salt Lake City, UT: Greg Kofford Books, 2013), 1: pp.7–8. 13. Reeder, First, p.161. 14. Ver Reeder, First, p.164. ver também "Revelation, July 1830–C [D&C 25]", p. 34, disponível em josephsmithpapers.org. Emma fez, de fato, tudo o que o Senhor lhe pedira na seção 25 de Doutrina e Convênios. 15. Romig, Emma’s Nauvoo, p.88. 16. Jenny Reeder e Kate Holbrook, eds., At the Pulpit: 185 Years of Discourses by Latter-day Saint Women (Salt Lake City, UT: Church Historian’s Press, 2017), p.26. 17. Newell e Avery, Mormon Enigma, p.236. Ver também Kyle R. Walker, ed., United in Faith: The Joseph Sr. and Lucy Mack Smith Family (American Fork, UT: Covenant Communications, 2005). 18. Lucy Mack Smith, História, 1845, p. 306, disponível em josephsmithpapers.org. 19. Emma Smith Bidamon to Joseph Smith III, December 27, 1868, citado em Reeder, First, p.164. 20. Como citado em Reeder, First, p.165. 21. Reeder, First, p.173. O fim de uma era, a morte de Emma em Nauvoo ocorreu menos de dois anos após a morte de Brigham Young em Utah.

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