KnoWhy #661 | Março 14, 2023
Por que há hebraísmos no Livro de Mórmon?
Postagem contribuída por
Central das Escrituras

"E vi os céus abrirem-se e o Cordeiro de Deus descendo do céu; e desceu e mostrou-se a eles. E também vi e testifico que o Espírito Santo desceu sobre doze outros e eles foram ordenados por Deus e escolhidos." 1 Néfi 12:6-7
O conhecimento
Segundo o Livro de Mórmon, este livro foi originalmente escrito em uma forma de egípcio, por autores que também conheciam e falavam hebraico (ver 1 Néfi 1:2; Mórmon 9:32–33). Alguns estudiosos interpretam isto como se os autores nefitas escrevessem em egípcio, enquanto outros acreditam que eles adaptaram a escrita egípcia para o hebraico.1 Em ambos os casos, isto significa que o texto original foi escrito em uma língua do Antigo Oriente Próximo, apesar apenas tê-lo disponível por meio de sua tradução moderna, primeiramente para a língua inglesa, divinamente inspirada em 1829.
Muitos outros textos antigos também estão disponíveis apenas na forma traduzida, às vezes a partir de manuscritos cuja datação é mais antiga do que os escritos originais.2 Por exemplo, o Apocalipse de Abraão foi preservado apenas em eslavo, em manuscritos entre os séculos XIV e XVII d.C. 3 Entretanto, a maioria dos estudiosos concorda que foi originalmente escrito em hebraico ou aramaico entre 70-150 d.C. com base em numerosas provas textuais que demonstram a condizentes com uma língua semítica.4
Hebraísmo em Apocalipse de Abraão
Características linguísticas que mostram uma origem hebraica ou aramaica são frequentemente chamadas de hebraísmos, ou semitismos. Amy Paulsen-Reed apontou que entre os estudiosos que estudaram o Apocalipse de Abraão há "uma demonstração rara de unidade" quanto à sua origem semita.5
Uma pista textual que apoia essa visão vem do uso frequente do prefixo waw, muitas vezes traduzido como "e" ou "mas" em português.6 Por exemplo, Apocalipse de Abraão 11:3-5 diz: "E Ele dirigiu-me a palavra: Abraão! E eu respondi: Aqui estou eu, teu servo! E Ele falou: Não te assustes nem com o meu olhar, nem com as minhas palavras, para que não se perturbe o teu espírito. Agora vem comigo! E Eu caminharei contigo".7 Embora possa parecer repetitivo, esse prefixo era crucial no hebraico antigo, que carecia de sinais de pontuação, portanto, precisava de alguma outra forma para distinguir entre sentenças completas. Da mesma forma, a frase "e aconteceu que" reflete uma única palavra em hebraico; comumente usada como um marcador temporal, é encontrada com destaque em todo Apocalipse de Abraão.
Outra característica hebraica comum em Apocalipse de Abraão é o uso metafórico de partes do corpo para demonstrar uma ação ou emoção.9 Em uma ocasião, Abraão expressou sua preocupação afirmando que "meu coração estava perplexo".10 Outros exemplos são "meu espírito se admirou, e minha alma fugiu de mim" e "minha alma amou" a Deus.11 Vários tipos de hebraísmos foram identificados ao longo do texto.12
Dado que algumas características do Apocalipse de Abraão sugerem que a edição eslava foi traduzida de uma versão grega do texto13, alguns podem ser tentados a supor que seus hebraísmos se devem ao uso de um grego bíblico, isto é, um grego que imitava a Septuaginta (a tradução grega da Bíblia hebraica).14 Um especialista em Apocalipse de Abraão considerou esta possibilidade, mas finalmente concluiu: "O grande número de semitismos é melhor explicado por essa hipótese [de uma origem semítica]".15
Outros detalhes textuais oferecem evidências mais contundentes da origem semítica, o que não faria sentido procedendo do grego biblificado. Por exemplo, algumas citações ou alusões à Bíblia encontradas em Apocalipse de Abraão parecem refletir o texto massorético hebraico (ou os Targuns aramaicos) ao invés da Septuaginta grega.16 A expressão "disse no meu coração" (Apocalipse de Abraão 3:2) provavelmente reflete o uso de uma frase preposicional hebraica que não foi traduzida para os Targums ou na Septuaginta, tornando-a um “verdadeiro hebraísmo”.17 Outras frases preposicionais invocam a sintaxe hebraica de maneiras não encontradas no grego bíblico.18
Algumas palavras aparentemente semíticas não são traduzidas no texto eslavo.19 Um exemplo disto é encontrado em Apocalipse de Abraão 1:8, quando Terá pede a Abraão que lhe traga seus "machados e izmala", provavelmente uma palavra hebraica que significa "cinzel".20
Talvez o mais convincente, no entanto, seja a presença de nomes hebraicos ou aramaicos usados em trocadilhos, que só fariam sentido para um público semita. Por exemplo, o nome do ídolo Barisat é provavelmente derivado do nome hebraico/aramaico bar 'eshāth, que significa "filho do fogo" ou "ardente".21 Esta reconstrução é divertidamente irônica, já que o próprio Barisat é queimado pelo fogo em Apocalipse de Abraão5. Os nomes de outros ídolos têm, cada um, um significado semítico semelhante e "descrevem o papel do ídolo na narrativa ou zombam do ídolo de forma irônica e bem-humorada".22 Os aparentes trocadilhos envolvidos nestes nomes "dependem inteiramente" do conhecimento do leitor sobre as nuances semíticas.23
Como observado acima, a combinação destes e muitos outros traços semíticos levou a um forte consenso entre os estudiosos, e um importante estudioso concluiu que "a existência da origem semítico em [Apocalipse de Abraão] pode ser comprovada sem sombra de dúvida". 24
Hebraísmos no Livro de Mórmon
Da mesma maneira que em Apocalipse de Abraão, o Livro de Mórmon contém muitas características linguísticas típicas das línguas antigas do Antigo Oriente Próximo, incluindo vários exemplos semelhantes aos encontrados em Apocalipse de Abraão.25
Donald W. Parry e outros estudiosos observaram que o Livro de Mórmon frequentemente usa o prefixo waw, muito semelhante à Bíblia e a outros textos hebraicos.26 Isto pode ser visto no início do Livro de Mórmon, na descrição dada por Néfi de sua visão: "E vi os céus abrirem-se e o Cordeiro de Deus descendo do céu; e desceu e mostrou-se a eles. E também vi e testifico que o Espírito Santo desceu sobre doze outros; e eles foram ordenados por Deus, e escolhidos" (1 Néfi 12:6-7).27 A frase "e aconteceu" também foi usada com destaque no Livro de Mórmon de maneira típica à escrita hebraica. 28
Além disto, os autores do Livro de Mórmon às vezes usam imagens de partes do corpo para transmitir emoções fortes, como visto em Apocalipse de Abraão. Mórmon afirma que "meu coração principiou a regozijar-se dentro de mim" quando acreditava que os nefitas se arrependeriam (Mórmon 2:12).29 Os estudiosos também observaram o uso do objeto direto cognato, como em "sonhei um sonho"; o estado construído, como em "obras de retidão", ao invés de "obras justas"; e preposições compostas, como "pela boca dos anjos" em vez de simplesmente dizer "pelos anjos".30 Estes e muitos outros tipos e exemplos de hebraísmos estão bem documentados.31
Hebraísmos semelhantes aparecem na versão King James da Bíblia e em outras obras em inglês do século XIX que imitam o inglês King James.32 No entanto, como o caso de Apocalipse de Abraão, o grande volume de hebraísmo encontrado no Livro de Mórmon não deve ser desprezado.
Além disto, existem vários outros hebraísmos no Livro de Mórmon que não são encontrados na Bíblia King James. Por exemplo, Parry observa que "às vezes no Livro de Mórmon é usado e onde se espera um mas".33 Um exemplo disto está em Omni 1:25, que afirma que "pois nada há, que seja bom, que não venha do Senhor; e [mas] o que é mau vem do diabo".34 De acordo com Parry, "tais exemplos são indicativos de uma tradução literal de um texto do tipo hebraico"35 pois, em hebraico, o prefixo waw é usado para ambas as conjunções, algo que não é prontamente discernível para um leitor da Bíblia em inglês. Outro exemplo de uma construção hebraica comum é a condição se/ainda.36 Nenhum exemplo dessa frase condicional é encontrado na versão King James ou em outras traduções modernas da Bíblia37, mas estão nos manuscritos mais antigos do Livro de Mórmon. O texto mais antigo de Mosias 2:21 diz: "digo-vos que se servirdes com toda a alma, ainda assim sereis servos inúteis".38 Isto levou Parry a comentar: "Esta descoberta ressalta que o uso de formas literárias hebraicas no Livro de Mórmon não pode ser atribuído simplesmente à familiaridade de Joseph Smith com a Bíblia em inglês".39
Em alguns casos, as citações bíblicas do Livro de Mórmon refletem maior proximidade do hebraico subjacente encontrado Bíblia do que a versão King James. Isto pode ser visto nos escritos de Néfi e Alma, em que ambos parecem familiarizados com o hebraico dos escritos de Isaías, conhecimento que Joseph Smith provavelmente não tinha em 1829, devido à sua limitada educação na época.40
Da mesma forma que em Apocalipse de Abraão, o Livro de Mórmon também contém algumas palavras não traduzidas, que parecem ter origem semítica41 Por exemplo, a palavra sheum que aparece em uma lista de grãos e colheitas em Mosias 9:9, é semelhante a "uma palavra acadiana comum que se refere a grãos de cereais".42 A palavra ziff aparece em uma lista de metais (ver Mosias 11:3, 8) e pode ser derivada de uma raiz hebraica que significa "esplendor, brilho" (ziv), ou estar relacionada ao nome do lugar Zif, encontrado em Josué 15:24 (cf. 1 Crônicas 2:42; 4:16)43.
Muitos nomes do Livro de Mórmon também demonstraram ter origens semíticas ou egípcias.44 Como outros textos antigos, os nomes do Livro de Mórmon usam jogos de palavras que se perdem na tradução.45 Por exemplo, quando Zênife pergunta ao rei lamanita se seu povo poderia "tomar posse da terra em paz", os lamanitas dão a eles "a terra de Leí-Néfi e a terra de Silom"(Mosias 9:5-6; itálico adicionado). O nome Silom é baseado na raiz hebraica shlm, que significa "paz". Zênife ainda usa essa raiz em uma reviravolta irônica: no final das contas não havia paz, mas guerra na terra de Silom.46 Esta é apenas uma pequena amostra dos hebraísmos propostos e outras características semíticas encontradas no Livro de Mórmon. Muitos outros exemplos poderiam ser dados, incluindo exemplos adicionais não tão evidentes nas traduções da Bíblia.47 Devido ao grande volume desses padrões linguísticos do Oriente Próximo, seria razoável que as reivindicações do Livro de Mórmon sobre suas origens no antigo Oriente Próximo fossem levadas a sério.
O porquê
O Presidente Russell M. Nelson observou certa vez: "O Livro de Mórmon é rico em hebraísmo: tradições, simbolismo, expressões idiomáticas e formas literárias".48 Na verdade, o Livro de Mórmon tem praticamente todas as mesmas características que convenceram os estudiosos de que o Apocalipse de Abraão é uma tradução de um antigo texto semita. Como tal, esses recursos apoiam razoavelmente as reivindicações do Livro de Mórmon de ser um texto autêntico e antigo, traduzido pelo Profeta Joseph Smith de um antigo idioma do Oriente Próximo.
De acordo com Donald W. Parry: "É altamente duvidoso que Joseph Smith soubesse alguma coisa sobre as características hebraicas do Livro de Mórmon, identificadas por estudiosos muito depois de sua morte".49 Da mesma forma, John Tvedtnes observou: "Muitas expressões usadas no Livro de Mórmon são estranhas ou imprevisíveis em inglês, inclusive na época de Joseph Smith. No entanto, fazem muito sentido quando consideramos serem traduções, talvez muito literais, de um texto antigo escrito em um idioma semelhante ao hebraico".50
Tais descobertas levaram o Élder Jeffrey R. Holland a observar que o Livro de Mórmon é um "texto anteriormente desconhecido, repleto de complexidade literária e semítica" que não pode ser facilmente ignorado por aqueles que desejam encarar com seriedade a missão profética de Joseph Smith.51 Embora a evidência definitiva do Livro de Mórmon venha dos sussurros do Espírito Santo, reconhecer as antigas técnicas literárias empregadas em suas páginas pode ajudar a fortalecer a fé em sua mensagem centralizada em Cristo.
Leitura Complementar
Donald W. Parry, Preserved in Translation: Hebrew and Other Ancient Literary Forms in the Book of Mormon (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University; Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2020). Stephen D. Ricks, Paul Y. Hoskiston, Robert F. Smith e John Gee, Dictionary of Proper Names and Foreign Words in the Book of Mormon (Orem, UT: Interpreter Foundation; Salt Lake City, UT: Eborn Books, 2022). Mateus L. Bowen, Name as Key-Word: Collected Essays on Onomastic Wordplay and the Temple in Mormon Scripture (Orem, UT: Interpreter Foundation; Salt Lake City, UT: Eborn Books, 2018). Donald W. Parry, ''Hebraisms and Other Ancient Peculiarities in the Book of Mormon", em Echoes and Evidences of the Book of Mormon, ed. Donald W. Parry, Daniel C. Peterson e John W. Welch (Provo, UT: FARMS, 2002), pp. 155–190. John A. Tvedtnes, ''The Hebrew Background of the Book of Mormon", em Rediscovering the Book of Mormon: Insights You May Have Missed Before, ed. John L. Sorenson e Melvin J. Thorne (Provo, Utah: FARMS, 1991), pp. 77–91.1. Stephen D. Ricks e John A. Tvedtnes, ''Jewish and Other Semitic Texts Written in Egyptian Characters'', Journal of Book of Mormon Studies 5, no. 2 (1996): pp. 156–163; John S. Thompson, ''Lehi and Egypt", em Glimpses of Lehi’s Jerusalem, ed. John W. Welch, David Rolph Seely e Jo Ann H. Seely (Provo, UT: FARMS, 2004), pp. 266–268; Neal Rappleye, ''Learning Nephi’s Language: Creating a Context for 1 Nephi 1:2'', Interpreter: A Journal of Latter-day Saint Faith and Scholarship 16 (2015): pp. 151–159; Robert F. Smith, Egyptianisms in the Book of Mormon and Other Studies (Provo, UT: Deep Forest Green, 2020), pp. 1–13. 2. Para obter uma lista de exemplos, consulte Daniel C. Peterson, ''Editor’s Introduction: An Unapologetic Apology for Apologetics'', FARMS Review 22, no. 2 (2010): xii–xv. 3. Os Santos dos Últimos Dias há muito se interessam pelo Apocalipse de Abraão. De fato, a primeira tradução inglesa deste texto foi publicada no primeiro volume de Improvement Era. Ver RT Haag e EH Anderson, "The Book of the Revelation of Abraham", Improvement Era 1 (agosto e setembro de 1898): pp. 705–714, pp. 793–806. 4. Ver R. Rubinkiewicz, trans., "The Apocalypse of Abraham: A New Translation and Introduction", em The Old Testament Pseudepigrapha, 2 v., ed. James H. Charlesworth (Garden City, NY: Doubleday, 1983), 1: pp.681–683; Alexander Kulik, "Apocalypse of Abraham", em Outside the Bible: Ancient Jewish Writings Related to Scripture, 3 v., ed. Louis H. Feldman, James L. Kugel e Lawrence H. Schiffman (Lincoln, NE: Jewish Publication Society, 2013), 2: pp. 1453–1455; Alexandre Kulik, Retroverting Slavonic Pseudepigrapha: Toward the Original of the Apocalypse of Abraham (Atlanta, GA: Society of Biblical Literature, 2004), pp. 61–76. 5. Amy Paulsen-Reed, The Apocalypse of Abraham in Its Ancient and Medieval Contexts (Leiden, Netherlands: Brill, 2022), p. 70. 6. Paulsen-Reed, Apocalypse of Abraham, p. 70. 7. Rubinkiewicz, "Apocalypse of Abraham", p. 694; ênfase adicionada. 8. Paulsen-Reed, Apocalypse of Abraham, 70; Rubinkiewicz, "Apocalypse of Abraham", p. 682. Ver, por exemplo, Apocalypse of Abraham 1:4, 7; 2:5; 5:11; 8:1; 10:1. 9. Paulsen-Reed, Apocalypse of Abraham, 70; Rubinkiewicz, "Apocalypse of Abraham", p. 682. 10. Rubinkiewicz, "Apocalypse of Abraham", p. 689 (Apocalypse of Abraham 1:4). 11. Rubinkiewicz, "Apocalypse of Abraham", pp. 693, 697 (Apocalypse of Abraham 10:2; 17:14). 12. Para outros exemplos de hebraísmos em Apocalipse de Abraão, ver Apocalypse of Abraham, ver Arie Rubinstein, ''Hebraisms in the Slavonic Apocalypse of Abraham'', Journal of Jewish Studies 4, no. 3 (1953): pp. 108–115; Arie Rubinstein, ''Notes and Communications: Hebraisms in the ‘Apocalypse of Abraham''', Journal of Jewish Studies 5, no. 3 (1954): pp. 132–135. 13. Por exemplo, Apocalipse de Abraão 10:11 refere-se ao reino dos mortos como Hades, em vez de Seol. 14. Paulsen-Reed, Apocalipsis de Abraham, p. 71. Para exemplos do grego biblizado, ver Jan Joosten, "Hebraisms in the Greek Versions of the Hebrew Bible", em Encyclopedia of Hebrew Language and Linguistics, 4 v. ed. Geoffrey Khan (Leiden, Holanda: Brill, 2013), 2: pp.196–198; David N. Bivin, ''Hebraisms in the New Testamen'', em Encyclopedia of Hebrew Language and Linguistics, 2: pp.198–201. 15. Rubinkiewicz, ''Apocalypse of Abraham'', p. 686. Paulsen-Reed, Apocalypse of Abraham, pp. 71, 76, parece concordar com esta conclusão. 16. Paulsen-Reed, Apocalypse of Abraham, p. 72. Por exemplo, ver Alexander Kulik, "Interpretation and Reconstruction: Retroverting the Apocalypse of Abraham," Apocrypha 13 (2002): p.216. 17. Paulsen-Reed, Apocalypse of Abraham, pp. 70–71 n2; Kulik, ''Interpretation and Reconstruction'', p. 215. 18. Por exemplo, a frase "mais pesado como uma grande pedra" em Apocalipse de Abraão 1:5 usaria o prefixo hebraico min e deveria ser entendido idiomaticamente como "era mais pesado que uma grande pedra". Paulsen-Reed, Apocalypse of Abraham, p. 71. Para mais citações e discussões sobre esse tipo de hebraísmo, veja Rubinstein, ''Notes and Communications'', pp. 132–135; Rubinstein, "Hebraisms in the Slavonic Apocalypse of Abraham", pp. 108-115; Rubinkiewicz, "Apocalypse of Abraham", pp. 682-683. 19. Um fenômeno semelhante ocorre eventualmente na Septuaginta, embora não sobre as mesmas palavras. Por exemplo, 1 Reis 18:32 LXX transcreve a palavra hebraica tlh em vez de traduzi-lo como "sulco". 20. Horace G. Lunt, ''On the Language of the Slavonic Apocalypse of Abraham'', Slavica Hierosolymitana 7 (1985): p.59; Rubinkiewicz, ''Apocalypse of Abraham'', p. 689. 21 Paulsen-Reed, Apocalypse of Abraham, p. 74, aponta que este nome tem paralelos com as divindades ugaríticas e fenícias. Ver também Alexander Kulik, "The Gods of Nahor: A Note on the Pantheon of the Apocalypse of Abraham", Journal of Jewish Studies 54 no. 2 (2003): pp. 228–229. 22. Paulsen-Reed, Apocalypse of Abraham, 76; Ver pp. 72-76 para uma análise completa dos nomes dos ídolos. Ver também Kulik, "Interpretation and Reconstruction", pp. 214–215; Kulik, Retroverting Slavonic Pseudepigrapha, pp. 72–74. 23. Paulsen-Reed, Apocalypse of Abraham, p. 72. Para um estudo dos nomes desses ídolos, ver Kulik, "Gods of Nahor", pp. 228–232. 24. Kulik, "Interpretation and Reconstruction", p. 212; Kulik, Retroverting Slavonic Pseudepigrapha, p. 61. Paulsen-Reed, Apocalypse of Abraham, p. 76, repete e afirma esta conclusão. 25. Conforme mencionado acima (veja a nota 1), há algum debate se o idioma subjacente do Livro de Mórmon é hebraico ou egípcio, mas para os propósitos desta discussão a distinção não seria necessária, pois, de acordo com Brian D. Stubbs, a maioria dos hebraísmos "também são característicos de outras línguas do Oriente Próximo". Brian D. Stubbs, "Language", em To All the World: The Book of Mormon Articles from the Encyclopedia of Mormonism, ed. Daniel H. Ludlow, S. Kent Brown e John W. Welch (Provo, UT: FARMS, 2000), p. 164. Isto inclui o egípcio, como observou John Gee, ''La Trahison des Clercs: On the Language and Translation of the Book of Mormon'', Review of Books on the Book of Mormon 6, no. 1 (1994): 81 n99. As poucas exceções podem ser explicadas pela probabilidade de que, se Néfi escreveu em egípcio, "provavelmente era um egípcio hebraizado". Sidney B. Sperry, ''The Book of Mormon as Translation English'', Journal of Book of Mormon Studies 4, no. 1 (1995): p. 209. Matthew L. Bowen, '''Most Desirable Above All Things': Onomastic Play on Mary and Mormon in the Book of Mormon'', Interpreter: A Journal of Mormon Scripture 13 (2015): p. 33, observa: "Hebraísmos podem existir em um texto egípcio." Ver também Smith, Egyptianisms in the Book of Mormon, pp. 15–85. 26. Ver Donald W. Parry, Preserved in Translation: Hebrew and Other Ancient Literary Forms in the Book of Mormon (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University; Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2020), pp. 69–72; Donald W. Parry, ''Hebraisms and Other Ancient Peculiarities in the Book of Mormon'', in Echoes and Evidences of the Book of Mormon, em Echoes and Evidences of the Book of Mormon, ed. Donald W. Parry, Daniel C. Peterson e John W. Welch (Provo, UT: FARMS, 2002), pp. 177–179; John A. Tvedtnes, ''Hebraisms in the Book of Mormon'', em Encyclopedia of Hebrew Language and Linguistics, 2: pp. 195–196. Ver também Evidence Central, ''Book of Mormon Evidence: Repeated Conjunctions'', Evidence #0311, February 15, 2022, disponível em evidencecentral.org. 27. Sobre o prefixo waw, John A. Tvedtnes contou uma experiência que teve enquanto frequentava a Universidade Hebraica de Jerusalém: "Esse tipo de repetição é tão proeminente no Livro de Mórmon que o professor Haim Rabin, presidente da Academia da Língua Hebraica e especialista em história da língua hebraica, certa vez usou uma passagem do Livro de Mórmon em uma palestra em inglês para ilustrar esse princípio, porque, explicou, era uma ilustração melhor do que as passagens da Bíblia em inglês''. John A. Tvedtnes, ''The Hebrew Background of the Book of Mormon'', em Rediscovering the Book of Mormon: Insights You May Have Missed Before, ed. John L. Sorenson e Melvin J. Thorne (Provo, UT: FARMS, 1991), p. 82. 28. De acordo com Royal Skousen, "o texto original do Livro de Mórmon é mais parecido com o texto hebraico do Velho Testamento por ter mais ocorrência da frase 'e aconteceu que", apesar das edições posteriores do Livro de Mórmon, impressas sob a supervisão de Joseph Smith, a tenha suprimido para facilitar a leitura. Royal Skousen, The History of the Text of the Book of Mormon: Grammatical Variation, parte 1 (Provo, UT: FARMS; Provo, UT: BYU Studies, 2016), p. 166. Para obter mais informações sobre o uso da frase "e aconteceu que" no Livro de Mórmon, consulte Parry, Preserved in Translation, pp. 103–104; Parry, "Hebraisms and Other Ancient Peculiarities'', pp. 163–164. A propósito, a escrita maia também usava um marcador temporal semelhante, então "e aconteceu que" também poderia ser considerado um "maiaísmo". Ver Brant A. Gardner, Second Witness: Analytical and Contextual Commentary, 6 v. (Salt Lake City, UT: Greg Kofford Books, 2008), 1: pp. 25–26. 29. Mórmon também escreveu que "mansidão e humildade de coração" era um pré-requisito para o dom do Espírito, novamente usando imagens de partes do corpo. Em outra ocasião, Alma expressa ''o desejo de meu coração'' em termos enfáticos (Alma 29:1). Estes tipos de hebraísmos não receberam atenção significativa dos estudiosos Santos dos Últimos Dias, embora Melvin Deloy Pack observe que "coraç(ões)" é usado com frequência tanto no hebraico quanto no Livro de Mórmon "devido ao seu uso frequente em metáforas". Melvin Deloy Pack, "Hebraisms", em Book of Mormon Reference Companion, ed. Dennis L. Largey (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2003), p. 325. Além disto, Paul Y. Hoskiston discute um exemplo que implica o fígado (muitas vezes traduzido como "alma") como o local das emoções em ugarítico, e o compara a uma expressão que implica a alma no Livro de Mórmon. Paul Y. Hoskiston, ''Textual Evidences for the Book of Mormon", em First Nephi, The Doctrinal Foundation, ed. Monte S. Nyman e Charles D. Tate Jr. (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 1988), p. 285. Compare os hebraísmos relacionados a "minha alma" em Apocalipse de Abraão mencionado anteriormente. 30. 1 Nefi 8:2; Alma 5:16; 13:22; Tvedtnes, ''Hebrew Background'', pp.79–81; Tvedtnes, ''Hebraisms in the Book of Mormon'', 2: p.195; Parry, Preserved in Translation, pp. 105–110; Parry, ''Hebraisms and Other Ancient Peculiarities'', pp. 175–177. Embora a expressão "sonhou [...] um sonho" seja encontrada na versão King James (ver Gênesis 37:5-9; 41:15), Dana M. Pike aponta que o uso do Livro de Mórmon coincide de maneira sutil com as nuances de seu uso em hebraico. Dana M. Pike, ''Lehi Dreamed a Dream: The Report of Lehi’s Dream in Its Biblical Context'', em The Things Which My Father Saw: Approaches to Lehi’s Dream and Nephi’s Vision, ed. Daniel L. Belnap, Gaye Strathearn e Stanley B. Johnson (Salt Lake City, UT: Deseret Book; Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 2011), pp. 95, 104. 31. Para outros exemplos, ver Parry, Preserved in Translation; Parry, ''Hebraisms and Other Ancient Peculiarities'', pp. 155–190; Tvedtnes, ''Hebrew Background'', pp. 77–91; Pack, ''Hebraisms'', pp. 321–325. 32. Ver Eran Shalev, '''Written in the Style of Antiquity': Pseudo-Biblicism and the Early American Republic, 1770–1830'', Church History: Studies in Christianity and Culture 79, no. 4 (December 2010): pp. 800–826. 33. Parry, Preserved in Translation, p. 115. 34. Ver Parry, Preserved in Translation, pp. 115–117, para outros exemplos desse fenômeno, incluindo alguns e que em edições posteriores do texto foram alterados para mas porque ficaria mais natural em inglês. Ver também Tvedtnes, "Hebrew Background'', pp. 83–84, para exemplos adicionais, incluindo 2 Néfi 1:20; 4:4, que contém a mesma promessa do convênio, palavra por palavra, exceto ao usar e enquanto o outro usa mas. Somente aqueles familiarizados com a língua hebraica reconheceriam que o mesmo termo foi usado para ambas as conjunções em sua tradução. 35. Parry, Preserved in Translation, p. 115. 36. Parry, Preserved in Translation, pp. 125–128; Daniel C. Peterson, ''Not Joseph’s, and Not Modern'', em Echoes and Evidences, pp. 212–214. 37. Em Parry, Preserved in Translation, pp. 125-127, mostram exemplos de passagens bíblicas que refletem essa frase, mas foram traduzidas para o inglês para torná-las menos complicadas. 38. Royal Skousen, ed., The Book of Mormon: The Earliest Text (New Haven, CT: Yale University Press, 2009), p. 197. Outros exemplos deste hebraísmo são mostrados em Parry, Preserved in Translation, pp. 127-128; Peterson,"Not Joseph's", p. 213. Observem especialmente sua aparição por sete vezes no texto original de Helamã 12:13–21 em inglês. Muitos foram removidos nas edições posteriores do Livro de Mórmon feitas pelo Profeta Joseph Smith para facilitar a leitura. 39. Parry, Preserved in Translation, p. 128. 40. Consulte o artigo da Central do Livro de Mórmon, ''A "palavra" de quem foi cumprida pelas "dores e enfermidades" de Cristo? (Alma 7:11)'', KnoWhy 564 (5 de junho de 2020); John A. Tvedtnes, ''Variantes de Isaías no Livro de Mórmon", em Isaiah and the Prophets: Inspired Voices from the Old Testament, ed. Monte S. Nyman e Charles D. Tate Jr. (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 1984), pp. 165–178. Ver também Evidence Central, ''Book of Mormon Evidence: Joseph Smith’s Limited Education'', Evidence #0001, 19 de setembro de 2020, disponível em Evidencecentral.org; Evidence Central, ''Book of Mormon Evidence: Brass Plates Consistencies”, Evidence #0392, 14 de fevereiro de 2023, disponível em evidencecentral.org. 41. John A. Tvedtnes, ''Untranslated Words in the Book of Mormon'', em The Most Correct Book: Insights from a Book of Mormon Scholar (Salt Lake City, UT: Cornerstone, 1999), pp. 344–347. 42. Tvedtnes, ''Untranslated Words'', p. 246. Para discussões e possibilidades adicionais, consulte Stephen D. Ricks, Paul Y. Hoskiston, Robert F. Smith e John Gee, Dictionary of Proper Names and Foreign Words in the Book of Mormon (Orem, UT: Interpreter Foundation; Salt Lake City, UT: Eborn Books, 2022), s.v. ''sheum''. 43. Ver Tvedtnes, "Untranslated Words'', p. 344, para o significado do hebraico ziv. Note que esta raiz (ziv) também é o nome de um mês hebraico, traduzido como "Zif" em 1 Reis 6:1, 37. O significado do nome hebraico Zif é desconhecido, mas de acordo com Jerry Grover, Ziff, Magic Goggles y Golden Plates: Etymology of Zyf and Metallurgical Analysis of the Book of Mormon Plates (Provo, UT: Grover Publishing, 2015), pp. 34-35, o nome pode significar "(lugar de) fundição de metal" (citando David Calabro). Grover também explora a possível etimologia de ziff e inclina-se para o árabe zyf (derivado de um cognato aramaico ou hebraico anterior), referindo-se a moedas falsificadas ou metais preciosos adulterados (ver p. 103 para uma definição resumida). Ver também Ricks et al., Dictionary of Proper Names, s.v. ''ziff''. 44. Ver Ricks et al., Dictionary of Proper Names, para uma análise completa de cada nome no Livro de Mórmon e suas prováveis etimologias. 45. Ver Matthew L. Bowen, Name as Key-Word: Collected Essays on Onomastic Wordplay and the Temple in Mormon Scripture (Orem, UT: Interpreter Foundation; Salt Lake City, UT: Eborn Books, 2018). Para mais exemplos de jogos de palavras no Livro de Mórmon, ver Tvedtnes, ''Hebraisms in the Book of Mormon'', p. 195; Stephen D. Ricks, ''Converging Paths: Language and Cultural Notes on the Ancient Near Eastern Background of the Book of Mormon'', em Echoes and Evidences, pp. 400–404; Parry, Preserved in Translation, pp. 137–141. Ver também Evidence Central, ''Book of Mormon Evidence: Wordplays (Sub-Category)'', disponível em evidencecentral.org. 46. Ver Matthew L. Bowen, ''Possess the Land in Peace': Zeniff’s Ironic Wordplay on Shilom'', Interpreter: A Journal of Latter-day Saint Faith and Scholarship 28 (2018): pp.115–120; Evidence Central, ''Book of Mormon Evidence: Shilom, Evidence #0261, October 25, 2021, disponível em evidencecentral.org. Outro possível jogo de palavras pode ser encontrado quando a mesma raiz, shlm, é usado em uma construção piel significando "recompensa" ou "vingança": os exércitos lamanitas, acreditando haverem sido injustiçados pelos nefitas, buscaram sua vingança em Silom (ver Mosias 10:12–17). Para o significado do nome, consulte Ricks et al., Dictionary of Proper Names, pp. 330–331. 47. Outros exemplos de hebraísmos encontrados no Livro de Mórmon, mas não encontrados (ou não tão evidentes) na Bíblia King James, incluem enálage e a divergência na concordância (deflected agreeement, em inglês). Ver Kevin L. Barney, ''Enallage in the Book of Mormon'', Journal of Book of Mormon Studies 3 No. 1 (1994): pp.113–147; Kevin L. Barney ''Further Light on Enallage'', em Pressing Forward with the Book of Mormon: The FARMS Updates of the 1990s, ed. John W. Welch y Melvin J. Thorne, (Provo, UT: FARMS, 1999), pp. 43–48; Andrew C. Smith, ''Deflected Agreement in the Book of Mormon'', Journal of Book of Mormon and Other Restoration Scripture 21, no. 2 (2012): pp. 40–57. Para uma discussão sobre o que Joseph Smith saberia sobre os hebraísmos na época da tradução do Livro de Mórmon, consulte Parry, Preserved in Translation, xxv-xxvi. 48. Russel M. Nelson, ''The Exodus Repeated'' (Brigham Young University devotional, 7 de setembro de 1997). 49. Parry, Preserved in Translation, xxvi. 50. Tvedtnes, ''Hebrew Background'', p. 91. 51. Jeffrey R. Holland, ''Segurança para a Alma'', Conferência Geral, outubro de 2009.