KnoWhy #553 | Março 16, 2020

Por que Jacó destacou o papel de Néfi como protetor?

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Scripture Central

"O povo amava Néfi profundamente, por ter sido seu grande protetor, ter empunhado a espada de Labão em sua defesa e trabalhado todos os seus dias por seu bem-estar." Jacó 1:10

O Conhecimento

Quando Jacó elogiou seu irmão mais velho, Néfi, e comentou sobre o fim de seu reinado, Jacó observou que o povo "amava Néfi" por ele ''ter sido seu grande protetor''(Jacó 1:10). No início, quando o reinado de Néfi começou, Jacó mencionou que o povo o considerava ''rei ou protetor [...] de quem dependeis para vossa segurança'' (2 Néfi 6:2). Assim, para Jacó, uma das características que definem Néfi, como seu irmão mais velho e seu rei, era a de protetor.

Sob este argumento, é interessante apontar que o nome hebraico de Jacó (yaʿăqōb) significa literalmente "Que Ele (Deus/Senhor) proteja".1 Jacó foi o ''primogênito'' de Leí e Saria nascido durante os dias de ''tribulação no deserto" (2 Néfi 2:1). Era uma época em que eles dependiam constantemente da ajuda do Senhor para sua proteção e preservação. Antes de Jacó nascer, Saria já temia a perda de seus quatro filhos nas mãos de Labão e se convenceu de que o Senhor havia "proteg[ido] [seus] filhos" quando eles voltaram (1 Néfi 5:8). Foi nessas circunstâncias que ela chamou seu próximo filho de Jacó, invocando assim a mesma proteção divina sobre ele que seus outros filhos haviam desfrutado.2

Como explicou Matthew L. Bowen, um estudioso da língua e literatura semítica:

O nome de Jacó pode ter constituído uma espécie de oração pela preservação da família durante sua jornada no deserto e além, expressando a esperança adicional de ''proteção'' para o filho especial que era seu ''primogênito [...] no deserto'' (2 Néfi 2:1–2,11), nascido longe de sua terra natal. 3

Quando Leí abençoou a Jacó, observou que em sua infância ele havia "sofr[ido] aflições e muito pesar por causa da rudeza de [seus] irmãos" (2 Néfi 2:1). Leí provavelmente estava se referindo, pelo menos em parte, à ocasião durante uma viagem pelos oceanos, quando os jovens Jacó e José "sofreram" com as ações rebeldes de Lamã e Lemuel (1 Néfi 18:19). Mais tarde, porém, Leí prometeu a seu filho: "viverás em segurança com teu irmão Néfi; e teus dias serão empregados no serviço de teu Deus" (2 Néfi 2:3), ecoando a promessa do Senhor a todo Israel (Jacó): "Israel, pois, habitará só e seguro, na terra da fonte de Jacó" (Deuteronômio 33:28).4

Portanto, Bowen conclui que "a bênção que Leí concedeu a Jacó antes de sua morte, foi uma bênção de proteção divina por meio de seu irmão Néfi", uma promessa que se relacionava com Jacó ocupando sua vida a serviço de Deus. 5 Foi quando ele servia a Deus, em seu papel de sumo sacerdote, que Jacó usou pela primeira vez o título de protetor para descrever Néfi e aludiu à promessa que seu pai fez e estendeu a todo o povo, que buscava a Néfi para terem "segurança" (2 Néfi 6:2).6 Jacó estava novamente a serviço de Deus, cumprindo a comissão que recebera de Néfi de registrar as coisas preciosas e sagradas do Senhor nas placas menores, quando novamente se refere a Néfi como um "grande protetor" (Jacó 1:10, cf. vv. 1–4).7

O porquê

Jacó é a única pessoa em todas as escrituras a usar a palavra protetor. 8 Esse fato é interessante não apenas por causa do significado de seu nome — "Que Ele (Deus/o Senhor) o proteja" —, mas também devido às percepções fornecidas sobre a afeição e admiração pessoal que Jacó teria por seu irmão mais velho. O papel de Néfi como protetor era especificamente importante para Jacó. Quando criança, ele sofreu abuso nas mãos de seus irmãos mais velhos, mas encontrou segurança sob a proteção de seu irmão justo, Néfi. Como Bowen observou: "Néfi não era apenas o 'protetor' dos nefitas, mas também de Jacó. Bowen continuou:

Talvez ninguém, exceto seu irmão mais novo, José, dependesse ou se beneficiasse mais da proteção de Néfi do que o próprio Jacó. O irmão de Jacó, Néfi, tornou-se o cumprimento da esperança homônima de Leí e Saria: "Que Ele (Deus/o Senhor) o proteja". O próprio Néfi forneceu os meios de proteção do Senhor para Jacó, José e outros membros fiéis do clã leíta-ismaelita. 9

Néfi foi um grande protetor porque entendeu que sua a preservação e proteção dos inimigos vêm da confiança no Senhor e não pelo braço da carne (2 Néfi 4:17-34). Em histórias posteriores, os nefitas do Livro de Mórmon também entenderam esse princípio. Quando confrontados com a ameaça dos ladrões de Gadiânton, que se "protegeriam e preservariam" uns aos outros (Helamã 6:21), os nefitas "suplicaram proteção" ao seu Deus (3 Néfi 4:10). Após vencerem a ameaça dos gadiântons, eles se alegraram dizendo:

Que o Senhor conserve os de seu povo em retidão e santidade de coração; [...] Que o Deus de Abraão e o Deus de Isaque e o Deus de Jacó proteja este povo em retidão, enquanto invocarem o nome do seu Deus pedindo proteção (3 Néfi 4:29–30).10

Assim como os antigos nefitas, qualquer pessoa que necessite da proteção do Senhor pode solicitá-la em seu momento de necessidade. Embora Ele nem sempre remova as provações e o sofrimento desta vida, a Expiação de Jesus Cristo misericordiosamente envolve todos os que se arrependem em Seus amorosos e protetores braços (Alma 34:16).11

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Leitura Complementar

Matthew L. Bowen, ''Jacob’s Protector'', Interpreter: A Journal of Mormon Scripture 27 (2017): pp. 229–255. Matthew L. Bowen, '''And There Wrestled a Man with Him' (Genesis 32:24): Enos’s Adaptations of the Onomastic Wordplay of Genesis'', Interpreter: A Journal of Mormon Scripture 10 (2014): pp. 151–159. John A. Tvedtnes e Matthew Roper, ''Jacob and Enos: Wrestling before God'', Insights 21, nº. 5 (2001): pp. 2–3.

1. Ver Matthew L. Bowen, ''Jacob’s Protector'', Interpreter: A Journal of Mormon Scripture 27 (2017): pp. 230–232. Para a definição do nome Jacó, ver Ludwig Koehler e Walter Baumgartner,The Hebrew and Aramaic Lexicon of the Old Testament, study ed., trans. M. E. J. Richardson (Boston, MA: Brill, 2001), p. 422 (para a raiz do verbo, ver p. 872). Ver também ''Jacó'', em Book of Mormon Onomasticon, disponível em https://onoma.lib.byu.edu/index.php/JACOB. 2. Ver Bowen, ''Jacob’s Protector'', pp. 232–234. 3. Bowen, ''Jacob’s Protector'', p. 234. 4. Ver Bowen, ''Jacob’s Protector'', pp. 234–236. De acordo com David Noel Freedman, o texto hebraico de Deuteronômio 33:28, na verdade, tem o nome Jacó-El, indicando o significado completo do nome, "Que Deus (Ele) proteja". Freedman traduz estas linhas: ''Israel habita em segurança; Por si mesmo Jacob-El se estabelece." Ver D. N. Freedman, ''The Original Name of Jacob'', Israel Exploration Journal 13, nº. 2 (1963): pp. 125–126. 5. Ver Bowen, ''Jacob’s Protector'', p. 235. 6. Ver Bowen, ''Jacob’s Protector'', pp. 236–238. 7. Ver Bowen, ''Jacob’s Protector'', pp. 238–239. 8. Ver Bowen, ''Jacob’s Protector'', p. 236. Como Bowen aponta (ver p. 236 n. 18), a palavra refugio aparece em Deuteronômio 32:38, mas ele sugere que o termo hebraico aqui é melhor traduzido como "esconderijo" ou "lugar de refúgio". Proteção também aparece em 3 Néfi 4, como mencionado por Bowen em pp. 252–253. A palavra "proteção" aparece em outras partes do Livro de Mórmon (por exemplo Helamã 6:21, consulte a p. 251 dos artigos de Bowen), mas em nenhum outro lugar aparece o termo "proteção". 9. Bowen, ''Jacob’s Protector'', p. 238. 10. Ver Bowen, ''Jacob’s Protector'', pp. 249–254 para saber mais sobre o uso de jogo de palavras nos termos roubar, usurpar e proteger, todos os quais vêm de um som semelhante e estão intimamente relacionados com as raízes hebraicas e cada um dos quais joga com o nome Jacó na Bíblia Hebraica. 11. Bowen, ''Jacob’s Protector'', pp. 239–248 discute as raízes verbais hebraicas por trás dos termos cercar ou abraçar e o som semelhante ao nome Jacó.

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