KnoWhy #586 | Novembro 27, 2020

Por que o povo jaredita sofreu pelos mortos não sepultados?

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Central das Escrituras

"Toda a face da terra foi coberta com os corpos dos mortos. E tão rápida e acelerada foi a guerra, que não restou quem enterrasse os mortos [...] deixando os corpos dos homens, mulheres e crianças espalhados sobre a face da terra, para tornarem-se presas dos vermes da carne. De modo que o povo era molestado dia e noite pelo seu odor." Éter 14:21–23

O conhecimento

No Velho Testamento, as pessoas eram frequentemente advertidas de que, se não se arrependessem, morreriam e seus corpos, em vez de serem devidamente sepultados, seriam comidos por animais selvagens.1 Tal destino era visto por muitos povos antigos, não apenas como uma tragédia, considerada assim em nossos tempos, mas como uma desgraça e um sinal do julgamento divino.2 Esse julgamento seria transferido para a vida após a morte, onde se pensava que o papel e a identidade de uma pessoa eram determinados e facilitados por onde e como seu corpo fora sepultado.3 Como Matthew Suriano explicou: ''Na Bíblia hebraica, a vida após a morte ideal estava ligada ao túmulo [...] A morte estava relacionada, e o túmulo era um componente crítico na definição dos relacionamentos e no estabelecimento da identidade dos mortos."4

Assim, a falta de um enterro, poderia resultar em expulsão e deslocamento na vida após a morte, deixando a pessoa vagando sem rumo, sem função ou identidade e sem qualquer conexão com o mundo dos vivos. Como explicou John Walton: ''Na Mesopotâmia, a importância do sepultamento do corpo estava relacionada à crença de que, sem ele, o etemmu (fantasma) do falecido, não encontraria seu lugar natural entre a comunidade dos mortos, portanto, não teria descanso".5  Além disso, esperava-se que os vivos cuidassem de seus mortos por meio de cerimônias mortuárias e refeições comunitárias contínuas.6 A falta de um sepultamento adequado impediria que essas coisas acontecessem e "desfaria a sociedade entre os vivos e os mortos".7

Se o corpo fosse comido por animais, poderia piorar ainda mais o destino dos mortos. "Nesse caso, alguns textos da Mesopotâmia sugerem que a pessoa falecida seria enviada para uma realidade caótica e sem forma, e talvez até para o mundo dos demônios."8

O porquê

À medida que os jareditas se dirigiam cada vez mais rapidamente em direção ao seu destino sombrio, aquele ''derramamento de sangue e carnificina'', tornou-se "tão grande [...] e tão longo [...] que toda a face da terra foi coberta com os corpos dos mortos." (Éter 14:21). O livro de Éter considerou esse ponto tão importante, que enfatizou que eles estavam tão exaustos pela guerra que "não restou quem enterrasse os mortos" e, em vez disso, "os corpos dos homens, mulheres e crianças" jaziam "espalhados sobre a face da terra, para tornarem-se presas dos vermes da carne." (Éter 14:22). Este fato também foi notavelmente mencionado pelo grupo de exploradores de Lími, e está registrado no relato final de sua descoberta de "uma terra coberta de ossos de homens e de animais" (Mosias 8:8), onde também encontraram as vinte e quatro placas de ouro de Éter.

Não é de se admirar, continuou Morôni, que ''o povo era molestado dia e noite''. Não era só o mau odor que se espalhava pela face da terra (Éter 14:23). Os corpos dos mortos que não foram sepultados, eram um sinal claro para este povo decaído de que "o Senhor Deus execut[ou] juízo contra eles até sua completa destruição" de tal forma que "uma grande maldição cai[u] sobre a terra e também sobre o povo […] e seus ossos tornar[am-se] como montes de terra sobre a face do país" tudo porque eles se recusaram a ''arrepende[r-se] de suas iniquidades'' (Éter 11:6,12,20). Além disso, eles sabiam que o julgamento de Deus tinha consequências eternas na vida após a morte.

Atualmente, a revelação moderna fornece mais conhecimento sobre a vida pós-mortal, e está claro que a falta de um sepultamento não trará consequências negativas para os espíritos que partiram.9 Portanto, o triste destino desses jareditas sem enterro formal é de natureza simbólica, uma representação da totalidade de sua aniquilação física, geracional e espiritual, para serem afastados da presença de Deus nesta vida e na próxima.10 Felizmente, tal destino não é inevitável. O fim dos jareditas é uma história com um alerta: se o povo der ouvidos às advertências dos profetas e se arrepender totalmente de seus pecados, pode ter certeza de que seu lugar de descanso final será com Deus e Cristo.

Leitura Complementar

Joseph Fielding McConkie, "Spiritual Death", em Book of Mormon Reference Companion, ed. Dennis L. Largey (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2003), p. 738. Richard M. Romney, "Spiritual Death", em Encyclopedia of Mormonism, 4 v., ed. Daniel H. Ludlow (Nova York, NY: Macmillan, 1993), 3:1407–1408. Consulte o artigo da Central do Livro de Mórmon, ''Por que Jacó teria escolhido o símbolo de um "monstro" para descrever a morte e o inferno? (2 Néfi 9:10)'', KnoWhy 34 (11 de fevereiro de 2017). Central do Livro de Mórmon, "O que o Livro de Mórmon ensina sobre a vida após a morte? (Alma 40:11)'', KnoWhy 315 (19 de fevereiro de 2018).

1. Ver Deuteronômio28:261 Reis 16:3–421:242 Reis 9:10, 30–37Jeremias 8:1–314:1616:4–622:1925:33Eclesiastes 6:3–5. 2. Philip J. King e Lawrence E. Stager, Life in Biblical Israel (Louisville, KY: Westminster John Knox, 2001), p. 363: "Um corpo permanecer insepulto era desonra e um sinal de julgamento divino." Os gregos também consideravam dever dos comandantes militares garantir que seus soldados ou marinheiros mortos recebessem um enterro adequado; e os romanos construíram santuários e monumentos familiares para que seus mortos fossem preservados para as gerações vindouras. 3. Rachel S. Hallote, Death, Burial, and Afterlife in the Biblical World (Chicago, IL: Ivan R. Doe, 2001), pp. 29–45; Matthew J. Suriano, A History of Death in the Hebrew Bible (Nova York, NY: Oxford University Press, 2018), pp. 177–216. 4. Suriano, History of Death, p. 215. 5. John H. Walton e Craig S. Keener, eds., NIV Cultural Backgrounds Study Bible (Grand Rapids, MI: Zondervon, 2016), pp. 632–633, letras maiúsculas levemente alteradas. Hallote, Death, Burial, and Afterlife, pp. 102–112 discute a notável sobreposição entre as crenças israelitas e mesopotâmicas sobre os mortos. 6. Ver Hallote, Death, Burial, and Afterlife, pp. 54-68. 7. Walton e Keener, Cultural Backgrounds, p. 633. 8. Walton e Keener, Cultural Backgrounds, pp. 633–634. 9. Para um ensino aprofundado sobre a vida após a morte, consulte "Morte física'', ''Vida eterna'', ''Reinos de glória'', ''Ressurreição'', ''Espírito", e "Mundo espiritual'' na seção Tópicos do Evangelho em churchofjesuschrist.org. 10. Para obter ajuda sobre os ensinamentos das Escrituras dos Últimos Dias sobre a morte espiritual, consulte ''Morte espiritual'' na seção Tópicos do Evangelho em churchofjesuschrist.org. Ver também Joseph Fielding McConkie, "Spiritual Death", em Book of Mormon Reference Companion, ed. Dennis Largey (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2003), p. 738; Richard M. Romney, ''Spiritual Death", em Encyclopedia of Mormonism, 4 v., ed. Daniel H. Ludlow (New York, NY: Macmillan, 1993), 3:1407–1408.

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