KnoWhy #637 | Junho 18, 2022

Por que Jeová permitiu que Jerusalém fosse destruída?

Postagem contribuída por

 

Central das Escrituras

"E então, depois de todas estas coisas, chegou o tempo em que se tornaram iníquos, sim, quase totalmente; e não sei se neste dia não estão para serem destruídos; pois sei que certamente virá o dia em que serão destruídos, exceto poucos que serão levados em cativeiro". 1 Néfi 17:43

O conhecimento

A história de Israel e Judá, registrada nos livros 1 e 2 de Reis, culmina na destruição de ambos os reinos e de suas respectivas capitais, Samaria (2 Reis 17) e Jerusalém (2 Reis 25). Nos últimos anos antes da queda de Jerusalém, profetas como Jeremias, Leí e Ezequiel alertaram sobre calamidades iminentes, mas o povo não deu atenção. Hoje, as palavras destes três profetas podem servir para esclarecer o porquê, do ponto de vista teológico, Jerusalém foi destruída. De acordo com Néfi, filho de Leí, o povo está pronto para a destruição quando "o Espírito cessa de lutar com [eles]" (2 Néfi 26:11; cf. 1 Néfi 17:43). Bruce K. Satterfield, professor de religião da BYU-Idaho, raciocinou que, neste caso, a frase "o Espírito" refere-se à influência do Senhor sobre toda a humanidade, mais comumente referida hoje como "a Luz de Cristo".1. Satterfield estudou os ensinamentos de Jeremias, Leí e Ezequiel para entender a justificação divina para a destruição de Jerusalém.2. Satterfield identificou seis "traços que caracterizam aqueles que se colocaram na posição de perder a Luz de Cristo" e descobriu que o povo de Jerusalém apresentava todos os seis traços, portanto, estava "pronto para a destruição".3.

1. Repetição do pecado

Apesar de declararem que não iriam transgredir, os judaítas se prostituíram repetidamente para deuses estrangeiros por várias gerações, até apresentarem diante de Jeová uma iniquidade que não poderia ser lavada com sabão (Jeremias 2:20-22). Como Satterfield apontou, tal recorrência ao pecado dificulta o arrependimento4.

2. Justificação do pecado

Naturalmente, o pecado repetitivo costuma ser acompanhado de uma racionalização para justificar tais violações dos mandamentos do Senhor. As justificativas podem assumir muitas formas diferentes. De acordo com Jeremias, alguns em Jerusalém justificaram que simplesmente não havia esperança em resistir ao pecado, enquanto outros professavam sua inocência, negando que tivessem feito algo errado (verJeremias 2:25, 35). Lamã e Lemuel parecem estar nesta segunda categoria, pois sustentavam que "o povo que estava na terra de Jerusalém era um povo justo" (1 Néfi 17:22). Foi revelado a Ezequiel que alguns em Jerusalém usaram a justificativa de que Jeová havia deixado a terra e não podia ver suas más ações (Ezequiel 8:12)5. Satterfield observou: "Tal justificativa é devido à falta de resposta do indivíduo às coisas de Deus."6.

3. Estado de Rebelião

O Senhor disse a Jeremias que "este povo é de coração rebelde e obstinado; já se rebelaram e se retiram." (Jeremias 5:23). Justificar o pecado é exatamente o oposto do arrependimento. Em vez de se voltarem humildemente para Deus, aqueles que justificam o pecado são teimosos em sua oposição a Seus mandamentos. Isso os coloca em um estado de rebelião contra Jeová7.

4. Consciência cauterizada

Jeová também disse a Jeremias que o povo "não se envergonhava" das abominações que haviam cometido (Jeremias 6:15). Néfi disse que seus irmãos "assemelhavam-se aos judeus que estavam em Jerusalém," (1 Néfi 2:13), tinha "mas havíeis perdido a sensibilidade" de modo que não pudestes perceber suas palavras; (1 Néfi 17:45). O apóstolo Paulo descreveu este flagrante estado de pecaminosidade como tendo "tendo cauterizada a sua própria consciência" (1 Timóteo 4:2)8.

5. Rejeição aos profetas

O povo de Jerusalém rejeitou o aviso profético de Leí e o expulsou da cidade (1 Néfi 1:18-23). Jeremias lamentou diante do povo: "[A] veio a mim a palavra do Senhor, e vo-la falei a vós [...] porém, não escutastes." De fato, Jeremias continuou: "Também vos enviou o Senhor todos os seus servos, os profetas [...] (porém não escutastes, nem inclinastes os vossos ouvidos para ouvir)," (Jeremias 25:3–4). Ele registrou que outro profeta, chamado Urias, foi morto por profetizar contra Jerusalém (Jeremias 26:20-23). Néfi salientou que "Pois eis que o Espírito do Senhor logo cessará de lutar com eles; pois eis que eles rejeitaram os profetas" (1 Néfi 7:14)9.

6. Pecado contínuo

Tudo isso manteve o povo em um estado de pecado contínuo e crescente. Satterfield observou: "Ezequiel foi levado em visão a Jerusalém, onde testemunhou até que ponto a maldade havia consumido os corações dos judeus. Ele também testemunhou que sua corrupção fez com que a 'glória do Senhor', sem dúvida um aspecto da Luz de Cristo, havia se retirado da cidade (Ezequiel 8-11)"10. Ezequiel também viu o povo cometer "atos cada vez maiores de apostasia" durante esta visão.11.

O porquê

O mundo e a sociedade mudaram muito desde o ano 587 a.C., mas as advertências aos povos daquela época — dadas pelos profetas bíblicos e do Livro de Mórmon — permanecem tão relevantes como sempre. A saúde espiritual de indivíduos e nações depende de reconhecerem quando "se tornaram iníquos, sim, quase totalmente; e não sei se neste dia não estão para serem destruídos". (1 Néfi 17:43). Infelizmente, as seis características mencionadas por Satterfield, que identificam as pessoas em eminente destruição, se manifestam na sociedade atual de várias maneiras.

Por exemplo, muitos influenciadores nas redes social justificam a quebra de mandamentos, minimizam as obrigações do convênio e descartam o conselho profético. Reconhecer essas características que levam à destruição espiritual pode ajudar as pessoas a enxergarem os perigos inerentes ao seguir tais vozes, portanto, a serem mais cuidadosas ao discernirem quem devem seguir, mantendo sempre como objetivo final, seguir a Cristo e seus servos.

Da mesma maneira, é bom reconhecer que, mesmo ao chegarmos ao ponto de destruição eminente, nunca é tarde demais para voltar-se ao Senhor. No final da visão de Ezequiel, o Senhor prometeu: "lhes servirei de santuário, por um pouco de tempo,"para o povo judeu no exílio e os reuniria eventualmente de volta à sua terra (Ezequiel 11:16-17). Jeová então disse: "[Eu] e novo espírito porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne" (Ezequiel 11:19). Embora Seu convênio dependa da retidão de seu povo, o braço de Jeová está sempre estendido para aqueles que se arrependem e abandonam suas iniquidades. A razão divina para a destruição não é simplesmente destruir por destruir; ao contrário, seu propósito é levar as pessoas ao arrependimento, quando já não sentem que podem, e assim permitir que experimentem as bênçãos que advêm de uma vida centrada no evangelho.

Leitura Complementar

Bruce Satterfield, "The Divine Justification for the Babylonian Destruction of Jerusalem", no Glimpses of Lehi’s Jerusalem, ed. John W. Welch, David Rolph Seely y Jo Ann H. Seely (Provo, UT: FARMS, 2004), pp.561–594. David Rolph Seely y Fred E. Woods, "How Could Jerusalem, ‘That Great City,’ Be Destroyed?", no Glimpses of Lehi’s Jerusalem, ed. John W. Welch, David Rolph Seely y Jo Ann H. Seely (Provo, UT: FARMS, 2004), pp.595–610. Gary Lee Walker, "The Fall of the Kingdom of Judah (2 Kings 21–25; 2 Chronicles 33–36)", no Studies in Scripture, vol. 4: 1 Kings to Malachi, ed. Kent R. Jackson (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 1993), pp.165–177.

1. Bruce Satterfield, "The Divine Justification for the Babylonian Destruction of Jerusalem", no Glimpses of Lehi’s Jerusalem, ed. John W. Welch, David Rolph Seely y Jo Ann H. Seely (Provo, UT: FARMS, 2004), pp.562–567. 2. Satterfield, "Divine Justification", pp.561–594. 3. Satterfield, "Divine Justification", p.567. Ver páginas: 567–570 para uma explicação completa das seis características. 4. Satterfield, "Divine Justification", pp.572–573. 5. Satterfield, "Divine Justification", p.573. 6. Satterfield, "Divine Justification", p.568. 7. Satterfield, "Divine Justification", pp.568–569, 573–574. 8. Satterfield, "Divine Justification", pp.569, 574. 9. Satterfield, "Divine Justification", pp.569, 574–577. 10. Satterfield, "Divine Justification", p.582. 11. Keith W. Carley, The Book of the Prophet Ezekiel (Cambridge, UK: Cambridge University Press, 1974), 51, acima mencionado em Satterfield, "Divine Justification", p.582.

1 Reis
2 Reis
Objetivo do Livro de Mórmon
Destruição
Velho Testamento
Livro de Mórmon

© Copyright 2024 Central das Escrituras: Uma organização sem fins lucrativos. Todos os direitos reservados.. Registrado 501(c)(3). EIN: 20-5294264