KnoWhy #656 | Fevereiro 10, 2023
Por que Jesus declarou que Isaías 61:1–2 se cumpriu?
Postagem contribuída por
Central das Escrituras
“O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para pregar o evangelho aos pobres, enviou-me para curar os quebrantados de coração; para apregoar liberdade aos cativos e dar vista aos cegos; para pôr em liberdade os oprimidos; E para anunciar o ano aceitável do Senhor.” Lucas 4:18-19; cf. Isaías 61:1-2
O conhecimento
Lucas relata que, no início de seu ministério, Jesus voltou a casa de sua infância em Nazaré. Enquanto estava lá, Jesus foi à sinagoga no Dia do Senhor, levantou-se, pegou o rolo de Isaías e leu Isaías 61:1-2 diante dos homens da sinagoga 1. A passagem que Jesus escolheu citar o apresentaria como o Messias a todos os presentes:
O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu para pregar o evangelho aos pobres, enviou-me para curar os quebrantados de coração; para apregoar liberdade aos cativos e dar vista aos cegos; para pôr em liberdade os oprimidos; E para anunciar o ano aceitável do Senhor (Lucas 4:18–19; cf. Isaías 61:1–2).
Isaías 61:1-2 contém representações relacionadas ao jubileu, tempo estabelecido na Lei de Moisés para perdoar dívidas e libertar escravos (ver Levítico 25:8-24)2. Esta passagem pode ter tido um significado especial para as pessoas a quem Jesus lia naquele dia, porque o jubileu provavelmente terminara pouco antes de Jesus começar a pregar publicamente.3
Além disso, como aponta Kerry Muhlestein, esses versículos foram claramente entendidos "como uma profecia messiânica, pelo menos em parte porque o versículo começa dizendo que o orador foi ungido (Messias significa 'ungido')"4. Os temas messiânicos são reforçados por uma linguagem semelhante no Salmo 72, que descreve o rei ungido do Senhor em termos semelhantes aos de Isaías.5
Jesus demonstraria a natureza messiânica dessa profecia relacionando-a a si mesmo e declarando: "Hoje se cumpriu esta escritura em vossos ouvidos" (Lucas 4:21). A relação com Jesus também foi imediatamente estabelecida por Lucas. Segundo Lucas, esta é a primeira vez que Jesus ensina depois de Seu batismo; assim, declarações como: "O Espírito do Senhor está sobre mim, porquanto me ungiu" (Lucas 4:18), lembraria aos leitores de Lucas o que haviam acabado de aprender sobre Jesus no batismo. Ao fazê-lo, Jesus proclama de onde vem Sua autoridade, no início do Evangelho de Lucas: do Pai, quem enviou o Espírito Santo sobre Jesus em seu batismo e declarou direto do céu, Sua identidade divina.6
É importante notar que Jesus terminou sua leitura com uma declaração sobre "o ano aceitável do Senhor" (Lucas 4:19), mas não mais citou a profecia de Isaías. O restante de Isaías 61 trata da redenção e restauração de Sião e dos julgamentos do Senhor contra os iníquos. Ao terminar Sua citação nesta passagem, Jesus efetivamente separou os dois aspectos da profecia de Isaías: quem seria o Messias e como serão os últimos dias quando o Messias vier para julgar. Ao declarar que esta passagem havia se cumprido, Jesus proclamou-se precisamente ser este Messias. Longe de oferecer libertação da ocupação romana, contudo, Jesus concentraria Seu ministério na cura dos quebrantados de coração e cegos, na conquista da morte e do inferno.
Infelizmente, o povo de Nazaré rejeitou o testemunho de Jesus:
E todos na sinagoga, ouvindo essas coisas, se encheram de ira. E levantando-se, o expulsaram da cidade, e o levaram até o cume do monte em que a cidade deles estava edificada, para dali o precipitarem. Ele, porém, passando pelo meio deles, retirou-se. (Lucas 4:28–30)7.
Como os escribas e fariseus, o povo de Nazaré aparentemente queria um sinal de que Jesus era o Messias. De acordo com S. Kent Brown, a predição de Jesus de que as pessoas diriam: "Médico, cura-te a ti mesmo" pode ser entendida como: 'Estabeleça a prova de suas próprias afirmações' ou 'Mostre-se realmente como a pessoa de quem ouvimos falar' (Lucas 4:23)8. Ironicamente, Jesus realizaria os mesmos milagres mencionados por Isaías — curando cegos e os quebrantados de coração, pregando o Evangelho aos pobres e muitos mais — mas nunca em Nazaré.9 Ali, Ele não poderia fazer tais coisas devido à falta de fé do povo.
O porquê
A declaração de Jesus ao povo de Nazaré continua sendo um poderoso testemunho de sua missão messiânica e provaria ser um indicador de Seu ministério terreno. Jesus Cristo, o Ungido, foi cheio do Espírito durante Seu ministério e manteve a presença do Pai por toda a mortalidade (João 16:32).
Jesus cumpriria todas as declarações proféticas de Isaías: Ele ensinou o Evangelho a todos que quisessem ouvir, especialmente entre os pobres (Lucas 6:20; Mateus 5:3). Ele realizou muitos milagres, incluindo a cura de cegos (Lucas 18:35-43). Por fim, Jesus consumaria a Expiação, permitindo que nossos corações partidos fossem curados e as correntes da morte e do inferno fossem quebradas.
Assim como Isaías predisse o ministério mortal de Cristo, ele sabia do ministério de Jesus no mundo espiritual. Depois que Joseph F. Smith recebeu a visão deste ministério, relacionou o maravilhoso evento à profecia registrada em Isaías 61 (ver D&C 138:42). Ao "proclamar liberdade aos cativos", Jesus sem dúvida trouxe boas novas a Seus ouvintes, durante e depois de Seu ministério mortal.
Os leitores modernos podem encontrar grande conforto ao aprenderem sobre a vida e o ministério de Jesus Cristo. Sua Expiação é infinita e eterna em seu propósito, e nos alcança hoje, assim como aconteceu com aqueles a quem Ele curou durante Sua vida mortal. Como ensinou o Élder Neil L. Anderson: "Nosso Senhor e Salvador, Jesus Cristo, por meio da dádiva inestimável de Sua Expiação, não apenas nos salva da morte e nos oferece, por meio do arrependimento, o perdão de nossos pecados, mas também está pronto para nos salvar das tristezas e dores de nossas almas feridas".10 Podemos aguardar o dia em que Ele voltará, no ano aceitável do Senhor, e desfrutaremos de Sua presença mais uma vez.
Leitura Complementar
S. Kent Brown, "Luke 4", em New Testament Minute: Luke, ed. John W. Welch (Springville, UT: Scripture Central, 2023).
S. Kent Brown, The Testimony of Luke (Provo, UT: BYU Studies, 2015), pp. 239–257.
1. Para saber mais sobre o antigo costume de ler e discutir as Escrituras na sinagoga, consulte S. Kent Brown, The Testimony of Luke (Provo, UT: BYU Studies, 2015), pp. 241–242. 2. Ver Donald W. Parry, "Isaiah 61", em Old Testament Minute: Isaiah, ed. Taylor Halverson (Springville, UT: Book of Mormon Central, 2022); Kerry Muhlestein, Learning to Love Isaiah: A Guide and Commentary (American Fork, UT: Covenant Communications, 2021), pp. 492–493; Cecilia M. Peek, "Early Galilean Ministry and Miracles", em The Life and Teachings of Jesus Christ: From Bethlehem through the Sermon on the Mount, v. 1, ed. Richard Neitzel Holzapfel e Thomas A. Wayment (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2005), pp. 295–296. 3. Veja Brown, Testimony of Luke, p. 245. Este jubileu teria ocorrido em 26-27 a.C. 4. Muhlestein, Learning to Love Isaiah, p. 492. Da mesma forma, S. Kent Brown aponta que o pergaminho de Melquisedeque encontrado em Qumran, inclui a linguagem de Isaías 61 na descrição de uma figura messiânica. Ver Brown, Testimony of Luke, pp. 255–256. 5. Brown, Testimony of Luke, p. 243. 6. Artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que Jesus foi proclamado "Filho de Deus" em Seu batismo?" Marcos 1:11; cf. Mateus 3:17; Lucas 3:22)", KnoWhy 655 (27 de Janeiro de 2023).7. Cecilia M. Peek aponta que a rejeição que Jesus encontrou em Nazaré, incluindo a situação de risco de morte que se seguiu, prenuncia a rejeição final que Ele enfrentaria quando fosse crucificado. Peek, "Early Galilean Ministry", pp. 294–295. 8. Brown, Testimony of Luke, p. 249. 9. Para conhecer estes milagres, consulte Marcos 8:22–26; 10:46–52, Lucas 7:22, 37–50; 18:35–43, etc. 10. Neil L. Anderson, "Feridos", Conferência Geral, outubro de 2018.