KnoWhy #655 | Fevereiro 2, 2023

Por que Jesus foi proclamado “Filho de Deus” em Seu batismo?

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Central das Escrituras

"E ouviu-se uma voz dos céus, que dizia: Tu és o meu Filho amado em quem me comprazo." Marcos 1:11; cf. Mateus 3:17; Lucas 3:22

O conhecimento

Quando Jesus foi batizado no início de Seu ministério, várias manifestações divinas confirmaram a todos os presentes que Ele era "o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 1:29). Essas manifestações tão significativas incluíram a abertura dos céus, o Espírito Santo descendo sobre Jesus e a voz do Pai falando do céu.

Tanto Marcos quanto Lucas citam que Deus falou diretamente a Jesus: "E ouviu-se uma voz dos céus, que dizia: Tu és o meu Filho amado; em quem me comprazo" (Marcos 1:11, ênfase adicionada; cf. Lucas 3:22). Já em Mateus registra que a voz de Deus falou ao público que testemunhara o batismo de Jesus. Nas cerimônias de coroação, as palavras são dirigidas tanto a quem é elevado ao trono quanto ao povo, que passa a honrar aquele governante como seu líder divinamente designado.

Os três primeiros Evangelhos, conhecidos como Sinópticos, parecem citar ou aludir a Salmos 2:7, frequentemente considerado um importante salmo real, associado à coroação dos antigos reis israelitas: "Proclamarei o decreto: o Senhor me disse: Tu és meu Filho; Eu hoje te gerei" (ênfase adicionada).

No antigo Oriente Próximo, era comum que os reis fossem considerados filhos de uma divindade e passassem por um ritual de iniciação para receber o poder e a autoridade para agir em nome daquele deus.1 Neste sentido, os reis eram considerados portadores de qualidades divinas. Desta forma, como Jasmin Gimenez Rappleye apontou, "no fundo, ser um filho de Deus é herdar a divindade e assumir uma forma divina. A proclamação da filiação de Jesus é uma confirmação tácita de sua divindade".2

Matthew B. Brown observou que a iniciação dos reis estava diretamente relacionada aos recintos do templo e envolvia a admissão destes reis à presença de Deus.3 É considerável que muitos elementos do templo israelita apareçam no batismo de Jesus, com o início de Seu ministério e a manifestação dos 3 membros da Trindade. Por exemplo, receber um novo nome — especificamente, a identidade de "Filho de Deus" — está relacionado ao recebimento das ordenanças de ablução e unção. A ablução é facilmente correlacionada ao fato de que Jesus foi submerso, portanto, lavado com água em Seu batismo.

Enquanto à unção, ocorreu apenas simbolicamente, quando o Espírito Santo veio na "forma de uma pomba" e pousou sobre Jesus.4 No Velho Testamento, Isaías relacionou especificamente o Espírito à unção (Isaías 61:1), e Pedro mais tarde vincularia este conceito ainda mais diretamente à experiência de Jesus no Rio Jordão: "Acerca de Jesus de Nazaré: como Deus o ungiu com o Espirito Santo e com poder" (Atos 10:38; ênfase adicionada).5 Joseph Smith ainda relacionou o "sinal da pomba" no batismo de Jesus à identificação pertinente aos anjos — outra questão relacionada ao templo.6

Por fim, quando Jesus saiu das águas em Seu batismo, é digno de menção que os céus "se abriram", conforme a tradução literal grega de Marcos 1:10. Nesta abertura ou separação do véu celestial, Jesus foi admitido na presença de dois membros da Trindade, sendo Ele mesmo o terceiro membro encarnado. Assim, Seu batismo conduziu a uma espécie de confirmação ou encontro divino, muito semelhante aos apelos proféticos do Velho Testamento.7

O porquê

O batismo de Jesus foi a inauguração de Seu ministério e obra de Salvação. A identidade de Jesus como o Filho Unigênito de Deus foi dramaticamente confirmada quando o véu entre o céu e a terra fendeu-se, com a manifestação da presença dos três membros da Trindade. Uma experiência tão monumental estabelece um precedente, ao qual cada um de nós deve seguir. Como Néfi expressou perto do fim de sua vida, "se o Cordeiro de Deus, sendo santo, terá necessidade de ser batizado com água para cumprir toda a retidão, quanto mais necessidade não teremos nós, sendo impuros, de sermos batizados, sim, com água!".8

O Élder Bruce R. McConkie ensinou: "Cumprir toda a retidão é realizar todas as ordenanças, guardar todos os mandamentos e fazer todas as obras necessárias para ganhar a vida eterna."9 Estas ordenanças, mandamentos e obras incluem aquelas realizadas no templo sagrado, prefiguradas pela ordenança do batismo.

Ao fazermos convênios com o Senhor, também podemos tomar sobre nós o nome do Filho de Deus e seguir o caminho que Jesus traçou. Quanto às nossas próprias jornadas neste caminho do convênio, Rappleye observou: "Jesus Cristo promete a Seus seguidores que aqueles que se arrependerem de seus pecados e abraçarem o evangelho, terão acesso conjunto à identidade de Jesus como Filho."10 Em outras palavras, seguindo ao exemplo de Jesus, todos os indivíduos podem, por fim, se aproximarem do Senhor e serem admitidos em Sua presença, como filhos e filhas do convênio de Deus.

Leitura Complementar

Jasmin Giminez Rappleye, "The Messianic Sacred, Not Secret: The Son as a Hidden Name in the Gospel of Mark", en The Temple: Past, Present, & Future: Proceedings of the Fifth Interpreter Matthew B. Brown Memorial Conference, "The Temple on Mount Zion", 7 November 2020, ed. Stephen D. Ricks y Jeffrey M. Bradshaw (Orem, UT: Interpreter Foundation; Salt Lake City, UT: Eborn Books, 2021), pp.171–196. John W. Welch, "Matthew 1–4", em New Testament Minute: Matthew, ed. Taylor Halverson (Springville, UT: Scripture Central, 2023). John S. Thompson y Jackson Abhau, "Mark 1", em New Testament Minute: Mark, ed. John W. Welch (Springville, UT: Scripture Central, 2023). S. Kent Brown, "Luke 3", em New Testament Minute: Luke, ed. John W. Welch (Springville, UT: Scripture Central, 2023).

1. Um exemplo bíblico disso pode ser encontrado em Salomão, de quem o Senhor declarou: "Eu lhe serei por pai, e ele me será por filho" (2 Samuel 7:14). Para mais estudos sobre a natureza divina da realeza no antigo Oriente Próximo, ver Nicole Brisch, ed., Religion and Power: Divine Kingship in the Ancient World and Beyond (Chicago, IL: Oriental Institute, University of Chicago, 2008).

2. Jasmin Gimenez Rappleye, "The Messianic Sacred, Not Secret: The Son as a Hidden Name in the Gospel of Mark", em The Temple: Past, Present, and Future: Proceedings of the Fifth Interpreter Matthew B. Brown Memorial Conference, "The Temple on Mount Zion", 7 November 2020, ed. Stephen D. Ricks y Jeffrey M. Bradshaw (Orem, UT: Interpreter Foundation; Salt Lake City, UT: Eborn Books, 2021), p.181. 3. Ver Matthew B. Brown, "The Handclasp, the Temple, and the King", em Temple Insights: Proceedings of the Interpreter Matthew B. Brown Memorial Conference, "The Temple on Mount Zion", 22 de setembro de 2012, ed. William J. Hamblin y David Rolph Seely (Orem, UT: Interpreter Foundation; Salt Lake City: Eborn Books, 2014), pp.5–10; reimpresso em Interpreter: A Journal of Latter-day Saint Faith and Scholarship 42 (2021): pp.421–426. 4. O batismo, há muito, é entendido como um símbolo de morte e ressurreição, e o sinal da pomba manifestado no batismo de Jesus pode ter ligações com "o sinal de Jonas", até porque o nome "Jonas" significa "pomba". Consulte o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Qual é o sinal de Jonas? (Mateus 12:39-40)", KnoWhy 652 (1º de dezembro de 2022).

5. Um texto pseudepigráfico conhecido como Evangelho de Filipe também relaciona o batismo de Jesus e o recebimento do Espírito Santo a uma ordenança de ablução e unção, embora o texto esteja fragmentado: "Jesus apareceu [...] no Jordão, a plenitude [do] reino dos céus. Aquele que [nasceu] antes de todas as coisas renasceu; o ungido no princípio foi ungido". The Gospel of Philip 70:34–71:3, em Bentley Layton e David Brakke, trans., The Gnostic Scriptures, 2da. ed. (New Haven, CT: Yale University Press, 2021), pp.486–487. John Tvedtnes apontou que a unção com azeite — outra prática testemunhada nas primeiras ordenanças judaicas e cristãs — também pode ser um símbolo da unção do Espírito Santo no pensamento cristão primitivo. Ver John A. Tvedtnes, "Olive Oil: Symbol of the Holy Ghost", em The Allegory of the Olive Tree: The Olive, the Bible, and Jacob 5, ed. Stephen D. Ricks e John W. Welch (Salt Lake City, UT: Deseret Book; Provo, UT: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies, 1994), p.447. Isso é discutido com mais detalhes em Rappleye, "Messianic Sacred, Not Secret", p.185. 6. Ver, por exemplo, Doutrina e Convênios 129; "Discourse, circa 21 March 1841, as Reported by Martha Jane Knowlton Coray", pág. [25], The Joseph Smith Papers. Ver também Rappleye, "Messianic Sacred, Not Secret", pp.185–186, para uma discussão dos ensinamentos de Joseph Smith sobre o sinal da pomba.  7. Ver Rappleye, "Messianic Sacred, Not Secret", pp.183–185. Ver também Evidence Central, "Book of Mormon Evidence: Lehi’s Prophetic Calling (Divine Confrontation)", 29 de março de 2022. 8. 2 Néfi 31:5; ver também 1 Néfi 10:9–10; 11:27–28. John W. Welch discute as razões que Néfi dá para o batismo de Jesus da seguinte forma: "(1) Ele se humilhou ante o Pai; (2) Ele fez convênio de ser obediente e guardar os mandamentos do Pai; (3) Ele tinha que ser batizado a fim de entrar no reino celestial; e (4) deu o exemplo para que todos o seguissem (2 Néfi 31:4–11)", John W. Welch, "Mateus 1–4", em Novo Testamento Minute: Matthew, ed. Taylor Halverson (Springville, UT: Scripture Central, 2023), 15. 9. Bruce R. McConkie, Doctrinal New Testament Commentary,v. 3 (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2002), 1:123. 10. Rappleye, "Messianic Sacred, Not Secret", p.183. Ver também Mosias 5:7; Romanos 8:16–17.

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