KnoWhy #658 | Fevereiro 16, 2023

Como Jesus provê a “água viva” a todos?

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Central das Escrituras

"Mas aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna." João 4:14

O conhecimento

Enquanto Jesus viajava para a Galileia, descansou junto ao Poço de Jacó, perto de uma aldeia samaritana chamada Sicar. Jesus conversou com uma mulher que havia saído da cidade para buscar água e disse-lhe que, ao contrário daquele poço, Ele oferecia ao mundo "água viva" e que "aquele que beber da água que eu lhe der nunca terá sede, porque a água que eu lhe der se fará nele uma fonte de água que salte para a vida eterna" (João 4:14).

A mulher inicialmente duvidou da autoridade de Jesus, perguntando-lhe: "És tu maior do que o nosso pai Jacó [...] ?" (João 4:12). No entanto, ela prontamente reconheceu Jesus como um profeta e, logo em seguida, como o Messias prometido (João 4:19, 29). Graças à sua fé e a seu coração contrito, Jesus se identificou como Jeová, declarando: "Eu o sou, eu que falo contigo" (João 4:26).

Na tradução não é tão evidente, mas o texto em grego literalmente utiliza a frase "Eu sou", que remete ao encontro de Moisés com o Senhor no Monte Sinai, quando "Disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU." (Êxodo 3:14). Dessa maneira, esta passagem pode ser traduzida como "EU SOU quem está falando contigo".1 De acordo com John W. Welch e Jeannie S. Welch, "a declaração de Jesus à mulher nos arredores de uma aldeia em Samaria é, sem dúvida, uma das revelações mais famosas, importantes e inequívocas de Sua identidade".2

A autoidentificação de Jesus como Jeová também pode ajudar os leitores a entenderem melhor o que Ele quis dizer ao declarar-se uma fonte de "águas vivas" ou "a água da vida". Esse conceito tem conexões importantes com o templo israelita, onde Jeová se reunia com Seu povo no propiciatório (ver Êxodo 25:22). Como observou Hugh Nibley, os templos da antiguidade continham bacias ou fontes de água "dos quais quatro correntes saíam para levar a água da vida às quatro regiões da Terra".3 Os templos foram projetados propositadamente para lembrar seus frequentadores do Jardim do Éden, de onde quatro rios fluíam para diferentes regiões da terra (ver Gênesis 2:10-14).

A água da vida também é considerada o que concede vida eterna e sustento aos filhos de Deus. John e Jeannie Welch apontam que a declaração de Jesus à mulher "pode ter algo a ver com a progênie eterna", porque Ele convida a mulher a chamar seu marido.4 Jesus poderia ter em mente o que está na Septuaginta (LXX), o texto grego de Números 5. Esse texto explica que, se uma mulher fosse suspeita de infidelidade, poderia limpar sua reputação frequentando o templo com o marido, onde a mulher juraria inocência perante os sacerdotes. Então, ela receberia um copo de "água viva pura" como sinal de sua inocência (Números 5:17 LXX).5 Ao pedir a mulher que chamasse a seu marido, Jesus poderia estar oferecendo à mulher uma solene oportunidade de provar sua inocência ou, alternativamente, de se arrepender e participar plenamente de Sua expiação, sendo então declarada limpa pelo verdadeiro e grande sumo sacerdote: o próprio Jesus (ver Hebreus 3:1).

O uso de temas relacionados ao templo, por parte de Jesus, teria sido especialmente significativo para a mulher samaritana, porque Sicar era uma aldeia próxima ao monte Gerizim, a localização tradicional do templo samaritano. Inclusive, os samaritanos tinham um templo sobre este monte até sua destruição na conquista judaica de Samaria, sob João Hircano em 111-110 a.C.6 No entanto, ao contrário de qualquer um dos outros templos construídos, seja em Jerusalém ou no Monte Gerizim, Jesus se identificou como a fonte autêntica e há muito esperada de águas vivas, sagradas e permanentes, como há tanto simbolizado no templo.7 Por extensão, a igreja centrada no convênio estabelecido por Cristo (que ajuda a trazer pessoas até Ele) poderia servir como outro tipo de acesso santo para o mundo inteiro. (ver 1 Coríntios 3:16).

O porquê

Praticamente todos os seres vivos dependem de água para viver. A água fornece essencialmente alimento, bebida e limpeza. Nestes sentidos, a água pura e viva é um símbolo adequado dos poderes exaltadores e eternos de Jesus Cristo. Jesus Cristo ofereceu à mulher samaritana algo muito maior e mais profundo do que qualquer bênção terrena ou mortal. Uma vez que ela havia pedido para receber desta água, podemos observar seu exemplo de fidelidade, o que lhe permitira reconhecer Jesus como o Cristo incomparável.

Além disso, esse relato enfatiza que Jesus é verdadeiramente quem nos concede a vida eterna. Assim como a água nos refresca e nutre, Jesus Cristo pode nutrir nossa alma quando nos achegamos a Ele, adoramos e fazemos convênios com Ele por meio do batismo e das ordenanças do templo. E, assim como a água pode limpar nossos corpos, Jesus Cristo oferece a cada um de nós perdão, purificação e salvação. Como Alma certa vez ensinou aos nefitas, "ninguém pode ser salvo sem que suas vestimentas tenham sido lavadas até ficarem brancas; sim, suas vestimentas devem ser purificadas, até ficarem limpas de qualquer mancha, pelo sangue daquele de quem nossos pais falaram, o qual deverá vir para redimir o seu povo de seus pecados" (Alma 5:21).

Jesus é o nosso Bom Pastor. Ele pode nos curar e nos dar a água da vida, porque nos conhece, suas ovelhas. Ele nos leva a águas tranquilas quando ouvimos e seguimos sua voz. O Élder Robert C. Gay ensinou: "O poder de Sua Expiação é o poder de vencer todo fardo em nossa vida. A mensagem da mulher junto ao poço é a de que Ele conhece a situação de nossa vida e que sempre podemos andar com Ele, onde quer que estejamos".8 Quaisquer que sejam nossas circunstâncias individuais, Jesus Cristo está sempre presente, uma fonte pura de água viva para saciar e purificar nossas almas cansadas e necessitadas.

Leitura Complementar

John W. Welch e Jeanie S. Welch, The Parables of Jesus: Revealing the Plan of Salvation (American Fork, UT: Covenant Communications, 2019), pp. 24–33. Jackson Abhau, “John 2–4”, em New Testament Minute: John, ed. John W. Welch (Springville, UT: Scripture Central, 2022).

1. John W. Welch e Jeanie S. Welch, The Parables of Jesus: Revealing the Plan of Salvation (American Fork, UT: Covenant Communications, 2019), p. 25. 2. Welch e Welch, Parables of Jesus, p. 25. 3. Hugh Nibley, “The Hierocentric State”, em The Ancient State: The Rulers and The Ruled, ed. Donald W. Parry e Stephen D. Ricks (Provo, UT: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies [FARMS]; Salt Lake City, UT: Deseret Book, 1991), p. 110; ver também John Lundquist, "What Is a Temple? A Preliminary Typology", em Temples of the Ancient World: Ritual and Symbolism, ed. Donald W. Parry (Provo, UT: FARMS; Salt Lake City, UT: Deseret Book, 1994), pp. 88–89. 4. Welch e Welch, Parables of Jesus, p. 27. Não sabemos quantos anos essa mulher tinha ou como ela se casou cinco vezes. É possível que seus maridos tenham morrido ou se divorciado dela. Em todo caso, sua situação era incomum e, ao que parecia, suas grandes necessidades a haviam aproximado de suas raízes ancestrais, perto do poço de Jacó e Rebeca, cuja linhagem havia sido prometida a vinda do Messias. 5. Welch e Welch, Parables of Jesus, p. 28. 6. Este tópico é brevemente abordado em Welch e Welch, Parables of Jesus, p. 26. 7. Veja, por exemplo, Mateus 12:6 e João 2:19–21. 8. Robert C. Gay, “Tomar sobre nós o nome de Jesus Cristo”, Conferência geral, outubro de 2018.

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