KnoWhy #602 | Abril 30, 2021
Por que John Whitmer continuou a testificar do Livro de Mórmon?
Postagem contribuída por
Central das Escrituras
"E isto testemunhamos solenemente: que o dito Smith nos mostrou as placas, pois nós as vimos e seguramos; e sabemos com certeza que o dito Smith possui as placas de que falamos." Depoimento de Oito Testemunhas
O conhecimento
Quando John Whitmer conheceu o Profeta Joseph Smith, no início de junho de 1829, ele desejou "saber [do Senhor] o que seria de maior valor para [ele]" (D&C 15:4). Por intermédio de Joseph Smith, o Senhor revelou que "a coisa de maior valor para [John Whitmer] ser[ia] declarar arrependimento a este povo, a fim de traz[er] almas [ao Senhor]"(D&C 15:6). John foi batizado logo depois, em meados de junho de 1829.1
Ansioso para ajudar na obra do Senhor, John tornou-se um apoiador direto de Joseph Smith, trabalhando brevemente como escriba para a tradução do Livro de Mórmon, quando Oliver Cowdery precisava descansar.2 Depois que a tradução do Livro de Mórmon foi concluída, por volta do final de junho, ele acompanhou a família Smith e outros de volta a Palmyra, onde viu e segurou as placas, tornando-se uma das Oito Testemunhas.3 Junto aos outros sete que viram e seguraram as placas, ele colocou seu nome em uma declaração afirmando "solenemente" que eles tinham "vi[sto] e segura[do]; e sab[iam] com certeza que o dito Smith poss[uia] as placas".4
Depois que a Igreja foi organizada em abril de 1830, John continuou a contribuir de muitas maneiras importantes. Quando Joseph recebeu pela primeira vez a notícia do crescente número de conversos em Kirtland, Ohio, ele enviou John Whitmer para fornecer a liderança necessária aos santos daquela área.5 Depois que Joseph se estabeleceu em Kirland e outros começaram a se reunir ali, em março de 1831 o Senhor chamou John para "escre[ver] e conser[var] uma história regular" ( D&C 47:1).
John estava inicialmente relutante em atuar como historiador da Igreja, mas uma vez que foi confirmado que era a vontade do Senhor, ele cumpriu diligentemente sua tarefa, escrevendo um manuscrito de 96 páginas na qual ele continuou a trabalhar mesmo após se afastar de Joseph Smith.6 Ele também era um escriba diligente, ajudando Joseph Smith a escrever o que era ditado para a tradução da Bíblia. Em 1833, ele também compilou e transcreveu cópias de quase todas as revelações preparadas, para serem incluídas no Livro de Mandamentos (um precursor de Doutrina e Convênios de 1835).7
John discursava regularmente em conferências e aproveitou essas ocasiões para prestar testemunho do Livro de Mórmon. Por exemplo, na conferência de 1835 em New Portage, ele "fez um pequeno relato dos fatos relacionados com a tradução do Livro de Mórmon" e testificou "aberta, franca e seriamente sobre o que tinha visto, segurado e manuseado com suas próprias mãos".8 Também atuou como editor do jornal Latter-day Saints’ Messenger and Advocate, por vários meses entre 1835 e 1836. Quando deixou seu cargo de editor em março de 1836, ele novamente fez uma declaração séria e franca de seu testemunho do Livro de Mórmon:
Para dizer que o Livro de Mórmon é uma revelação de Deus, não hesito; mas, com toda a confiança, assinei meu nome como tal [...] Certamente vi as placas das quais o Livro de Mórmon foi traduzido, manuseei essas placas e sei com certeza que Joseph Smith Jr. traduziu o Livro de Mórmon pelo dom e poder de Deus.9
Infelizmente, alguns anos depois, John e outros membros da família Whitmer deixaram a Igreja. As razões para isso são complicadas e incluem fatores sociais, políticos, eclesiásticos e econômicos. O que é claro e impressionante, porém, é que mesmo em meio ao seu descontentamento e às controvérsias que o rodeavam, John permaneceu fiel ao seu testemunho de ter visto e segurado as placas. Em 1839, quando John Whitmer e um grupo de outros dissidentes tentaram pressionar Theodore Turley a negar que Joseph Smith era um profeta, Turley retaliou e confrontou John diretamente sobre seu testemunho do Livro de Mórmon.
"Você publicou ao mundo que um anjo mostrou essas placas a Joseph Smith", disse Turley a John Whitmer. John respondeu: "Agora eu digo, eu segurei aquelas placas; havia gravações finas em ambos os lados. Eu as toquei". Contudo, ele admitiu que não conseguiu ler o que estava gravado, portanto, "não sabia se [a tradução] é verdadeira ou não".10 A confiança de John Whitmer na habilidade profética de Joseph Smith foi abalada, mas ele ainda sabia que tinha visto e segurado com suas próprias mãos e olhos, e não podia negar isso.
Embora ele nunca tenha retornado à Igreja, a confiança de John Whitmer nas origens divinas do Livro de Mórmon foi restaurada e ao longo dos anos ele deixou muitas outras declarações afirmando sua experiência como uma das Oito Testemunhas e a veracidade do Livro de Mórmon.11 Ele viveu mais do que todas as Oito Testemunhas e, por isso, assumiu a responsabilidade de atuar como porta-voz do restante do grupo em seus últimos anos de vida.12 Em uma carta escrita em março de 1876, cerca de dois anos antes de sua morte, ele escreveu:
"Nunca ouvi falar de nenhuma das três ou oito testemunhas negando o testemunho que prestaram no livro publicado na primeira edição do Livro de Mórmon. […] Nossos nomes foram divulgados a todas as nações, línguas e povos como uma revelação divina de Deus, e realizará os desígnios de Deus segundo as declarações neles contidas".13
John Whitmer era um homem de palavra e continuou a testificar do Livro de Mórmon quando foi chamado a fazê-lo. Sabendo que sua experiência sagrada era de natureza incomum, John falou não apenas por si mesmo, mas também pelos outros.
O porquê
Quem investiga sinceramente, não pode deixar de se perguntar porquê alguém como John Whitmer persistiria constantemente em testemunhar ter visto e segurado as placas. Por que ele insistia em ter visto e segurado pessoalmente as placas com suas finas gravações, mesmo quando tinha dúvidas sobre a divindade do livro? E por que, pelos próximos 40 anos, sua própria confiança nas origens divinas do Livro de Mórmon permaneceu inabalável, mesmo quando ele e o resto do clã Whitmer perderam a fé em praticamente tudo relacionado ao chamado profético de Joseph Smith?14 Aqueles que desejam descartar o testemunho claro e poderoso de John Whitmer e das outras sete testemunhas frequentemente citam a afirmação de terceira mão de Stephen Burnett de que "as Oito Testemunhas nunca viram [as placas] e hesitaram em assinar a declaração por si mesmas".15 No entanto, como citado acima, John Whitmer contradisse isso diretamente quando afirmou que "não hesitou" em afirmar que o Livro de Mórmon era uma revelação divina e "[tinha] assinado [seu] nome com confiança".16 Mesmo que John, sim, tivesse hesitado em afirmar a divindade do Livro de Mórmon, conforme relatado por Turley, ele não negou que ele e outros tivessem visto e segurado as placas.
Outros afirmam que os oito apenas viram e seguraram as placas enquanto estavam cobertas ou em uma caixa, mas John Whitmer nega isso também. Em uma entrevista gravada por Wilhelm Poulson pouco antes da morte de John, ele foi especificamente questionado se as placas estavam cobertas quando as viu. "Não", respondeu John, "[Joseph] entregou-os em nossas mãos, e viramos as folhas apenas o suficiente para nos convencermos". As placas, com base neste exame tangível, eram "tão materiais quanto qualquer outra coisa pode ser".17
Assim, John Whitmer testemunhou conhecer a realidade física do que ele havia tocado e segurado. Para ele, esse assunto era muito importante. Suas declarações explícitas sobre essa experiência apenas deixam uma explicação razoável. Como comenta Richard Lloyd Anderson:
Seu contato real com as placas é a única explicação plausível para a seriedade com que esse fazendeiro conservador compartilhou seu testemunho com os membros da Igreja e não membros. Certamente, pode-se confiar em sua capacidade de relatar se eles levantaram ou manusearam um objeto de metal de peso considerável.18
Hoje, qualquer um que aceite a Restauração do Evangelho de Jesus Cristo deve apreciar as contribuições de John Whitmer para o início da história da Igreja. Acima de tudo, devem valorizar sua disposição, nos bons e maus momentos, de testificar de sua experiência única com as placas e de dar voz ao resto das Oito Testemunhas ao longo de sua vida.
Leitura Complementar
Susan Easton Black, "Whitmer, John", em Central de Doutrina e Convênios. Dennis L. Largey y Larry E. Dahl (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2012), pp. 678–679.
Richard Lloyd Anderson, "Attempts to Redefine the Experience of the Eight Witnesses", Journal of Book of Mormon Studies 14, no. 1 (2005): 18–51, pp. 125–127.
Richard Lloyd Anderson, Book of Mormon Authorship Revisited: The Evidence for Ancient Origins, ed. Noel B. Reynolds (Provo, UT: FARMS, 1997), pp. 53–57.
1. "Whitmer, John", disponível em josephsmithpapers.org. 2. Ver Susan Easton Black, "Whitmer, John", em Central de Doutrina e Convênios . 3. Lucy Mack Smith, Biographical Sketches, em Larry E. Morris, ed., A Documentary History of the Book of Mormon (New York, NY: Oxford University Press, 2019), p. 433. Lucy registra que o grupo de Oito Testemunhas foi a um local isolado na fazenda dos Smith para ver o registro. O próprio John Whitmer lembrou que foi na fazenda dos Smith onde eles viram as placas, mas disse que aconteceu dentro das paredes da casa e que as viram em dois grupos separados. Ver entrevista de P. Wilhelm Poulson, July 31, 1878, em Morris, Documentary History, pp. 453–454. 4. Depoimento de Oito Testemunhas. 5. Ver Larry C. Porter, "'Ye Shall Go to the Ohio': Exodus of the New York Saints to Ohio, 1831", em Regional Studies in Latter-day Saint Church History: Ohio, ed. Milton V. Backman (Provo, UT: BYU Department of Church History, 1990), 1–2. 6. Ver John Whitmer, História, 1831–ca. 1847, disponível em josephsmithpapers.org. 7. Ver Revelation Book 1, disponível em josephsmithpapers.org. 8. Oliver Cowdery, "New Portage Conference", Latter-day Saints Messenger and Advocate 1, June 1835, 143, em Morris, Documentary History, p.450. 9. John Whitmer, "Address to the Patrons of the Latter Day Saints’ Messenger and Advocate", Latter-day Saints Messenger and Advocate 2, no. 6, March 1836, em Morris, Documentary History, p. 426. 10. Thomas Bullock’s Account, ca. 1845, em Morris, Documentary History, p. 451. Alguns tentaram usar essa história para desacreditar o testemunho das Oito Testemunhas, já que John Whitmer supostamente disse a Turley que "[elas] foram mostradas a ele por poder sobrenatural" (ver Morris, Documentary History, p. 451). No entanto, uma análise minuciosa do documento original revela ambiguidade quanto a se é uma citação direta de John, uma paráfrase de Turley ou outra coisa. Veja a discussão em Morris, Documentary History, pp. 420–421. De qualquer forma, se ele disse algo nesse sentido, é provável que John apenas quis dizer que é somente pela vontade e poder de Deus que alguém pode ver as placas, independentemente de o evento ter sido "milagroso" ou mundano. O restante do registro histórico deixa claro que John Whitmer testemunhou ver e segurar as placas como uma experiência física comum. 11. Ver Morris, Documentary History, pp. 425–426, 428–429, 449–455; Dan Vogel, ed., Early Mormon Documents, 5 v. (Salt Lake City, UT: Signature Books, 1996–2003), 5:233–251. 12. Sobre a vida de John Whitmer, ver Ronald E. Romig, Eighth Witness: The Biography of John Whitmer (Independence, MO: John Whitmer Books, 2014). 13. John Whitmer to Mark H. Forscutt, March 5, 1876, em Richard Lloyd Anderson, Book of Mormon Authorship Revisited: The Evidence for Ancient Origins, ed. Noel B. Reynolds (Provo, UT: FARMS, 1997), pp. 55–56. 14. Sobre o progresso das crenças dos Whitmer's e sua crescente perda de fé em tudo, mas não no Livro de Mórmon, ver H. Michael Marquardt, "David Whitmer: His Evolving Beliefs and Recollections," em Scattering of the Saints: Schism within Mormonism, ed. Newell G. Bringhurst e John C. Hamer (Independence, MO: John Whitmer Books, 2007), pp. 46–77. 15. Stephen Burnett to Lyman E. Johnson, April 15, 1838, em Morris, Documentary History, p. 431. 16. Whitmer, "Address to the Patrons", em Morris, Documentary History, p. 426. Para informações adicionais sobre a carta de Burnett sobre as Oito Testemunhas, ver Morris, Documentary History, pp. 418–419. Para uma discussão dos argumentos contra o depoimento das Oito Testemunhas, ver Richard Lloyd Anderson, "Attempts to Redefine the Experience of the Eight Witnesses", Journal of Book of Mormon Studies 14, no. 1 (2005): 18–51, pp. 125–127.
17. Ver entrevista de P. Wilhelm Poulson, July 31, 1878, em Morris, Documentary History, p. 453. 18. Richard Lloyd Anderson, Investigating the Book of Mormon Witnesses (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 1981), p. 132.