KnoWhy #621 | Outubro 22, 2021

Por que Joseph escreveu sua famosa epístola da prisão de Liberty?

Postagem contribuída por

 

Central das Escrituras

"Ó Deus, onde estás? E onde está o pavilhão que cobre teu esconderijo?" Doutrina e Convênios 121:1

O conhecimento

A epístola que Joseph Smith escreveu na Cadeia de Liberty, entre 20 e 22 de março de 1839, é talvez sua epístola mais famosa: trechos importantes dela foram canonizados como Doutrina e Convênios 121, 122 e 123. Estas seções importantes contêm algumas passagens especialmente conhecidas e memoráveis. Entretanto, poucos leram a epístola inteira e muitos não perceberam que ela também contém outras palavras de conselho e inspiração são dignas de estudo, reflexão e consideração.

Joseph não foi o único influenciador da história a escrever de seu confinamento a uma cela. Martin Luther King Jr.,1 Nelson Mandela,2John Brown,3 Tito Brandsman4, Boécio,5e claro, o apóstolo Paulo,6 escreveram epístolas importantes e poderosas da prisão. A epístola de Joseph Smith da Cadeia de Liberty está entre as cartas famosas escritas sob tais circunstâncias de confinamento. Como dois pesquisadores Santos dos Últimos Dias observaram recentemente: "A Epístola da Cadeia de Liberty representa uma contribuição distinta dos Santos dos Últimos Dias para o cânone da grande literatura sobre prisões [...] oferecendo [entre outras coisas] reflexões comoventes sobre aqueles que sofrem abuso de poder".7

Por que essas pessoas escreveram? Todas essas cartas são apelos veementes por justiça, reforma e reivindicação. Muitas delas dão instruções e oferecem orientações filosóficas ou religiosas. Embora evoque esses mesmos temas, a epístola de Joseph Smith vai ainda mais longe, ao transmitir algumas das verdades e instruções mais inspiradoras e eternamente comoventes já registradas.

O que especificamente motivou José a escrever esta significativa carta, após cinco meses de terrível confinamento na prisão? De muitas maneiras, seu o mundo estava em ruínas. Seu povo, incluindo sua própria esposa e filhos, foram expulsos do estado do Missouri para o outro lado do rio Mississippi, em Quincy, Illinois.8 Apesar de estarem seguros, Joseph tinha recebido notícias deles apenas recentemente. A esperança não estava totalmente perdida. Estas e outras circunstâncias claramente estavam na mente de Joseph quando redigiu esta epístola memorável.

Para sentir todo o impacto das palavras de Joseph e a razão pelo qual ele as usou, é necessário ler a carta na íntegra.9 Pode ser especialmente poderoso ouvir a epístola em voz alta, como John W. Welch fez em um vídeo postado recentemente no YouTube (Vídeo em inglês):

[embedyt] https://www.youtube.com/watch?v=Fe2V-tKuDKQ[/embedyt]

O porquê

Alguns de seus motivos para escrever são óbvios e bem conhecidos, especialmente as partes da epístola canonizadas em Doutrina e Convênios121, 122 e 123. Outras razões importantes podem ser menos óbvias para aqueles que não leram a carta inteira em seu contexto histórico. Considere os dez motivos a seguir:

1. Joseph acabara de receber uma carta de sua esposa, Emma; do Bispo Partridge; e de um promotor imobiliário de Iowa: Isaac Galland.10 Joseph escreveu para manter aberto o canal de comunicação que mantinha com eles. Ciente de suas tribulações e agradecido pelo que disseram e pediram, Joseph assegurou-lhes: "Toda espécie de maldade e crueldade que praticarem contra nós, só tenderá a unir nossos corações e selá-los no amor".11

2. Joseph escreveu com grande sensibilidade para reconhecer o quanto todos os Santos haviam sofrido. Ele também escreveu para dizer que os prisioneiros não estavam satisfeitos com seus advogados, porque não haviam debatido com eficiência com o Estado sobre o significado do habeas corpus e a aplicação do Artigo 13, Seção 11 da Constituição do Missouri de 1820. Aparentemente, o Estado havia alegado injustificadamente que a necessidade geral de segurança pública prevalece sobre a liberdade individual dos presos, sem demonstrar a menor causa provável.

3. Joseph escreveu para celebrar a virtude da amizade e para expressar sua gratidão pelos amigos. Enquanto Joseph estava separado deles, seu apreço pelos verdadeiros amigos cresceu ainda mais. O profeta relatou que "quem nunca esteve encerrado dentro dos muros de uma prisão, sem causa ou provocação, mal pode imaginar quão doce é o som da voz de um amigo; um sinal de amizade, venha de onde vier, desperta e ativa todo sentimento de compreensão; [...] abraça o presente com a rapidez de um raio; aferra-se ao futuro com a força de um tigre; [...] até que finalmente toda inimizade, malícia, ódio, diferenças passadas, mal entendidos e ineficiências caírem vitoriosamente aniquilado aos pés da esperança".

4. Joseph escreveu para contar sobre uma tentativa quase bem-sucedida de fuga da prisão. Depois de um esforço diligente da parte deles, a pequena ferramenta que usavam para escapar finalmente quebrou e, de alguma forma, foram descobertos: "Infelizmente para nós, porque a madeira da parede era muito dura, o cabo da broca se quebrou; [...] recorremos um amigo, e [...] tínhamos tudo preparado, exceto a última pedra, poderíamos ter escapado em um minuto e teríamos conseguido admiravelmente, se não fosse por um pouco de imprudência ou ansiedade excessiva por parte de nosso amigo".

5. Ele escreveu para expressar seu extremo descontentamento com o governador Boggs, que emitiu unilateralmente a ordem de extermínio, expulsando os membros da Igreja do Missouri sob ameaça de morte, no auge do inverno. “O que são [o governador Lilburn W.] Boggs e seu grupo assassino, mas salgueiros na beira da água tentando parar a deriva flutuante? Ele escreveu para assegurar a todos os membros da Igreja que não deveriam se desesperar ou "dizer que [sua] causa fora derrotada porque os renegados, mentirosos, ministros religiosos, ladrões e assassinos [...] tinham derramado sobre [sua] cabeça, do alto de suas posições, cheios de iniquidade religiosa das e fortalezas do diabo, uma torrente de escória, lama e sujeira".

6. Escreveu para dizer aos Santos que a opinião pública parecia estar se voltando com simpatia aos membros da igreja: "Até onde sabemos, a opinião pública há muito está a nosso favor, e a maioria agora é amigável". O fato de um xerife do Missouri ter vendido um cavalo a Joseph e outros prisioneiros e tê-los deixado partir, reforça o sentimento de Joseph de que a simpatia e a boa vontade de muitas pessoas no estado do Missouri estavam se espalhando.

7. Joseph escreveu para repreender a "maldade" de Samson Avard e os danitas, denunciando suas operações secretas.12 Joseph não apoiou de forma alguma os autoproclamados vigilantes e alertou todos os membros da igreja a evitar "irregularidade na organização de bandos ou companhias". Em vez disso, ele escreveu: “Que nosso convênio seja a aliança eterna, conforme está contida nas Sagradas Escrituras e nas coisas que Deus nos revelou”. Ele também aconselhou a Igreja a não ser vítima de acordos financeiros que deixariam os Santos de Kirtland vulneráveis: "Sugerimos ainda, para as considerações do Conselho, que não haja organização de grandes entidades sobre princípios de ações ordinárias, em propriedades, ou de grandes companhias de empresas, até que o Senhor o indique de maneira apropriada, pois [do contrário] abre um campo tão terrível para os gananciosos, indolentes e corruptos de coração se aproveitarem dos inocentes, virtuosos e honestos".13

8. Escreveu para orientar os membros da Igreja onde buscar segurança ou se estabelecer posteriormente. Ele encorajou os líderes da Igreja a olharem para Iowa e Nauvoo. As vendas de terras federais logo seriam iniciadas no sudeste do estado de Iowa, e ele preferia entrar em contato com Isaac Galland, que tinha terras para vender em Nauvoo. Nesse ínterim, incentivou os membros da Igreja a se estabelecerem ao longo do corredor entre Kirtland, Far West e o estado de Illinois, para manter os santos unidos "no espírito de coligação, para irem aos lugares e refúgios seguros que Deus abrirá sobre eles".

9. Joseph escreveu para instruir as pessoas a manterem registros específicos de suas perdas no Missouri. Esta parte da epístola é encontrada hoje em D&C 123. Joseph logo levaria essas reclamações a Washington D.C., esperando que as leis federais auxiliassem os membros da Igreja, como consequência de terem sido negados o direito de comprar terras federais. Os Santos tiveram esse direito negado pelos poderes do estado de Missouri sem o devido processo, sendo até mesmo "impedidos [...] de apresentar [suas] provas" no tribunal.14

Isso, portanto, violou uma garantia fundamental concedida a todos os cidadãos dos Estados Unidos na cláusula do devido processo da Quinta Emenda da Constituição do país.

10. Acima de tudo, Joseph escreveu para dar seu testemunho pessoal, especialmente de Deus, de Jesus Cristo e das Escrituras. Aqui, mais do que em qualquer outro momento registrado, Joseph deu seu testemunho puro e solene, assegurando a seu povo que Deus continuava a falar com ele e a eles. Escreveu:

"O inferno pode derramar sua ira como a lava ardente do monte Vesúvio, ou do Etna, ou do mais terrível das montanhas fumegantes; mas ainda assim o ‘mormonismo’ permanecerá. Água, fogo, verdade e Deus são todos realidades. A verdade é o ‘mormonismo’. Deus é seu autor. Ele é nosso escudo. É por Ele que tivemos nosso nascimento. Foi por Sua voz que fomos chamados para uma dispensação de Seu Evangelho no início da plenitude dos tempos. Foi por Ele que recebemos o Livro de Mórmon; e é por Ele que permanecemos até hoje; e por Ele permaneceremos, se for para nossa glória; e em Seu nome Todo-Poderoso estamos decididos a suportar as tribulações como bons soldados até o fim".

Ele concluiu sua longa epístola testificando novamente, diante de todas as adversidades:

Dizemos [1] que Deus é verdadeiro; [2] que a Constituição dos Estados Unidos é verdadeira; [3] que a Bíblia é verdadeira; [4] que o Livro de Mórmon é verdadeiro; [5] que o Livro de [Doutrina e] Convênios é verdadeiro; [6] que Cristo é verdadeiro; [7] que os anjos ministradores enviados por Deus são verdadeiros, e [8] que sabemos que temos uma casa eterna no céu, não feita por mãos, cujo arquiteto e construtor é Deus.

Leitura Complementar

Dean C. Jessee y John W. Welch, "Revelations in Context: Joseph Smith’s Letter from Liberty Jail, March 20, 1839", BYU Studies Quarterly 39, no. 3 (2000): pp. 125–145. Justin R. Bray,"Dentro das Paredes da Cadeia de Liberty", em Revelações em contexto: As Histórias por trás das Revelações de Doutrina e Convênios, ed. Matthew McBride e James Goldberg (Salt Lake City, UT: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 2016), pp. 256–263. Ryan J. Wessel, "The Textual Context of Doctrine and Covenants 121–23", Religious Educator p. 13, no. 1 (2012): pp. 102–115.
1. Martin Luther King Jr., "Letter from Birmingham Jail", April 16, 1963, disponível em https://letterfromjail.com. 2. Sahm Venter, ed., The Prison Letters of Nelson Mandela (New York, NY: W. W. Norton, 2018). 3. John Brown, "Letters from Jail in the Week before His Execution", disponível em https://www.bartleby.com. 4. Tito Bradnsma, "The Last Days of Titus—Letters Written in Prison", November 1941 to July 1942, disponível em https://www.ewtn.com. 5. Ver "Boethius and the Consolation of Philosophy", The School of Life, disponível em https://www.theschooloflife.com. 6. Joel Ryan, "What Are the Prison Epistles?", disponível em https://www.christianity.com. 7. Patrick Q. Mason y J. David Pulsipher, Proclaim Peace: The Restoration’s Answer to an Age of Conflict (Salt Lake City, UT: Deseret Book; Provo, UT: Neal A. Maxwell Institute for Religious Scholarship, Brigham Young University, 2021), p. 3. 8. Ver Susan Easton Black, Glenn Rawson y Dennis Lyman, eds., The Quincy Miracle: A Rescue Never to be Forgotten (Sandy, UT: History of the Saints, 2016), para mais informações e contexto sobre esses eventos. 9. Para a carta na íntegra, ver Dean C. Jessee y John W. Welch, "Revelations in Context: Joseph Smith’s Letter from Liberty Jail, March 20, 1839", BYU Studies Quarterly 39, no. 3 (2000): pp. 125–145.Para o processo de canonização, consulte Kathleen Flake, "Joseph Smith's Letter from Liberty Jail: A Study in Canonization," Jornal de Religião 92, nº. 4 (2012): pp. 515–526. 10. Para saber mais sobre o contexto da epístola, consulte Justin R. Bray, "Dentro das paredes da cadeia de Liberty", em Revelações em contexto: as histórias por trás das Revelações de Doutrina e Convênios, ed. Matthew McBride e James Goldberg (Salt Lake City, UT: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 2016), pp.256–263; Steven C. Harper, Doctrine and Covenants Contexts (Springville, UT: Book of Mormon Central, 2021), pp.315–324, nas seções 121122123. 11. Todas as citações na lista são da carta como foi transcrita em Jessee e Welch,"Revelations in Context", pp. 125–145. 12. Para o histórico dos danitas, veja Alexander L. Baugh, "Danites", em Encyclopedia of Latter-day Saint History, ed. Arnold K. Garr, Donald Q. Cannon, Richard O. Cowan (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2000), p. 275. 13. Para saber mais sobre as dificuldades econômicas em Kirtland, consulte o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que a Sociedade de Segurança Financeira de Kirtland falhou? (Doutrina e Convênios 64:21)", KnoWhy 604 (26 de maio de 2021). 14. Para obter mais detalhes sobre esses eventos, consulte o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que os santos foram expulsos do Missouri no outono de 1838? (Doutrina e Convênios 121:6)", KnoWhy 620 (14 de outubro de 2021).
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