KnoWhy #616 | Setembro 17, 2021

Por que Joseph Smith processou ao Doutor Philastus Hurlbut?

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Central das Escrituras

"Chamou-me pelo nome e disse-me que era um mensageiro enviado a mim da presença de Deus e que seu nome era Morôni; que Deus tinha uma obra a ser executada por mim; e que meu nome seria considerado bom e mau entre todas as nações, tribos e línguas, ou que entre todos os povos se falaria bem e mal de meu nome" Joseph Smith-História 1:33

O Conhecimento

Em 1833, os Santos dos Últimos Dias no Missouri sofreram duras perseguições que resultaram em sua expulsão do condado de Jackson. Quando a notícia desses eventos chegou a Kirtland, os inimigos de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias no estado de Ohio armaram de valentia, aumentando a tensão entre os santos de Ohio e seus vizinhos. Em meio a essa atmosfera, o Dr. Philastus Hurlbut (um membro excomungado da Igreja que havia se tornado um inimigo) dava palestras contra a Igreja, promovendo a agora extinta teoria de Spalding, sobre as origens do Livro de Mórmon.1

Durante essas palestras, Hurlbut começou a ameaçar Joseph Smith com violência, de acordo com George A. Smith, Hurlbut "disse que lavaria as mãos no sangue de Joseph Smith".2 Considerando os acontecimentos recentes no Missouri e as crescentes tensões entre os santos e seus vizinhos em Ohio, Joseph Smith levou essas ameaças muito a sério. O historiador David W. Grua explicou que esses eventos deram origem a "uma ocasião incomum na qual [Joseph Smith] tomou a iniciativa de uma ação legal".3

Em 21 de dezembro de 1833, Joseph apresentou uma queixa criminal contra Hurlbut no escritório de John C. Dowen, Juiz de Paz em Kirtland. Cerca de uma semana depois, o juiz Dowen emitiu um mandado para Hurlbut ser preso e comparecer perante o juiz William Holbrook, perto de Painesville4. Hurlbut foi levado perante o juiz Holbrook em 4 de janeiro de 1834, mas a audiência foi adiada para 13 de janeiro. Assim, a audiência durou três dias, durante os quais foram apresentados depoimentos de dezesseis pessoas, a maioria delas fornecendo evidências de que as ameaças de Hurlbut constituíam agressão, sob a lei do estado de Ohio.5

Após ouvir o testemunho, o juiz Holbrook decidiu que "o autor [Joseph Smith] tinha motivos para temer que o Dr. P. Hurlbut o agredisse, ferisse, matasse ou danificasse sua propriedade, conforme estabelecido em sua denúncia".6 A decisão também estabeleceu uma "fiança que Hurlbut foi obrigado a pagar" (um "termo circunstanciado") e ordenou que ele comparecesse ao tribunal do condado para um julgamento completo "no primeiro dia do prazo".7

Isto foi no dia 31 de março de 1834, mas haviam tantos casos agendados que apenas em 2 de abril o caso foi ouvido pelo juiz Matthew Birchard, e então, durou vários dias. O registro oficial do julgamento não foi conservado, mas uma reportagem de jornal da época e a lembrança posterior de uma das testemunhas do julgamento fornecem vários detalhes. Com base no depoimento de uma das testemunhas de Hurlbut, parece que sua alegação foi que, quando ele disse que "iria 'matar' Joseph [Smith]", o que ele quis dizer é que "ele mataria o evangelho restaurado".8 Como Grua explicou:

É verdade que Hurlbut representava uma séria ameaça à Igreja como instituição, mas a maioria das outras testemunhas forneceu evidências em apoio à alegação de que Hurlbut realmente pretendia usar violência física contra Smith.9

Além disso, conforme a definição de agressão [do estado de] Ohio, não se trata da "natureza real da ameaça", mas "se [Joseph] Smith tinha ou não motivos para temer uma agressão física".10 O depoimento das testemunhas "reconstruiu a atmosfera violenta em Kirtland a fim de fornecer o contexto da ameaça e determinar se Smith realmente tinha motivos para temer por sua vida".11

O caso contra Hurlbut era convincente. Em 9 de abril de 1834, o juiz Birchard determinou que "o referido autor da queixa [Joseph Smith] tinha motivos para temer que o referido acusado Dr. P. Hurlbut o ferisse, espancasse, matasse, ou destruísse sua propriedade, conforme estabelecido em sua queixa".12 Uma nova "fiança" foi estabelecida, desta vez em US$ 200, e Hurlbut foi condenado a pagar os custos do julgamento.13

O porquê

Joseph Smith foi introduzido ao sistema judiciário desde muito cedo, como uma testemunha de 13 anos em uma disputa legal com outro membro da família Hurlbut, em 1819.14 O juiz também decidiu a favor da família Smith naquela ocasião, e essa experiência formativa provavelmente ajudou a dar a Joseph a confiança para recorrer à proteção do sistema judiciário do estado de Ohio, quinze anos depois. O resultado de seu caso contra o Doutor Philastus Hurlbut, em 1834, foi visto como uma resposta às orações feitas em janeiro. Essa reivindicação também fortaleceu a confiança de Joseph nas leis do país. Como Grua concluiu: "Smith aprendeu como as leis da Terra poderiam impedir que seus inimigos cumprissem as ameaças e como ele poderia diminuir seus próprios temores. Smith também encerrou o caso acreditando claramente que poderia receber um tratamento justo no sistema judiciário americano".15

Sem dúvida, esse resultado estava em sua mente quando, apenas algumas semanas depois, viajara para o estado do Missouri para chefiar o Acampamento de Sião, e incentivou os santos de lá a buscarem todos os recursos legais para recuperar suas terras e propriedades.16 O abuso do sistema legal por parte dos seus inimigos, na sequência da fuga para a Sociedade de Previdência de Kirtland, e as injustiças que se seguiram após a rendição de Far West, entre outras experiências, iriam mais tarde moderar as opiniões de Joseph sobre o sistema judiciário local, em Kirtland.17 Ainda assim, graças em parte às suas experiências formativas positivas com a lei, a confiança geral de Joseph nosprincípios das leis da Terra não foi afetada ao longo de sua vida.18

Leitura Complementar

David W. Grua, “Winning against Hurlbut’s Assault in 1834”, em Sustaining the Law: Joseph Smith’s Legal Encounters, ed. Gordon A. Madsen, Jeffrey N. Walker e John W. Welch (Provo, UT: BYU Studies, 2014), pp. 141–154. Artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que Joseph Smith pôde servir de testemunha num tribunal aos 13 anos de idade? (Testemunho do Profeta Joseph Smith, capa da edição de 2013 do Livro de Mórmon; cf. JSH 1:33)”, KnoWhy 590 (14 de janeiro de 2021).

1. Sobre a teoria de Spaulding, ver Matthew Roper, “The Mythical ‘Manuscript Found’”, FARMS Review 17, no. 2 (2005): pp. 7–140; Matthew Roper, “Myth Memory, and ‘Manuscript Found’”, FARMS Review 21, no. 2 (2009): pp. 179–223; Matthew Roper e Paul J. Fields, “The Historical Case against Sidney Rigdon’s Authorship of the Book of Mormon”, Mormon Studies Review 23, no. 1 (2011): pp. 113–125. Hurlbut também coletou testemunhos contra Joseph Smith, que forneceu a Eber D. Howe para seu livro contra à Igreja Mormonism Unvailed (Painesville: Eber D. Howe, 1834). 2. George A. Smith, em Journal of Discourses, 26 v. (Liverpool: F. D. Richards, 1855–1886), 11:8, November 15, 1864. 3. David W. Grua, “Winning against Hurlbut’s Assault in 1834”, em Sustaining the Law: Joseph Smith’s Legal Encounters, ed. Gordon A. Madsen, Jeffrey N. Walker e John W. Welch (Provo, UT: BYU Studies, 2014), p. 141. 4. Grua, “Winning against Hurlbut”, p. 144. 5. Grua, “Winning against Hurlbut”, pp. 144–147. 6. Como citado em Grua, “Winning against Hurlbut”, p. 148; pontuação e ortografia foram padronizadas para facilitar a leitura. 7. Grua, “Winning against Hurlbut”, p. 148. 8. John C. Dowen, como citado em Grua, “Winning against Hurlbut”, p. 152. 9. Grua, “Winning against Hurlbut”, p. 152. 10. Grua, “Winning against Hurlbut”, p. 152. 11. Grua, “Winning against Hurlbut”, p. 152. 12. Grua, “Winning against Hurlbut”, p. 153. 13. Grua, “Winning against Hurlbut”, p. 153. 14. Artigo da Central do Livro de Mórmon Por que Joseph Smith pode servir de testemunha num tribunal aos 13 anos de idade? (Testemunho do Profeta Joseph Smith, capa da edição de 2013 do Livro de Mórmon; cf. JSH 1:33)”, KnoWhy 590 (14 de janeiro de 2021).

15. Grua, “Winning against Hurlbut”, p. 154. 16. Para saber mais sobre o Acampamento de Sião, consulte Matthew C. Godfrey, "A Oferta Aceitável do Acampamento de Sião", em Revelações em contexto: As Histórias por trás das Revelações de Doutrina e Convênios, ed. Matthew McBride y James Goldberg (Salt Lake City, UT: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias 2016); Ted L. Gibbons, “Zion’s Camp”, em Doctrine and Covenants Reference Companion, ed. Dennis L. Largey y Larry E. Dahl (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2012), pp. 707–709. 17. Central do Livro de Mórmon, "Por que a Sociedade de Previdência de Kirtland falhou? (Doutrina e Convênios 64:21)", KnoWhy 604 (26 de maio de 2021). 18. Artigo da Central do Livro de Mórmon, "Quais são os "princípios justos e santos" da Constituição dos Estados Unidos? (Doutrina e Convênios 101:77)”, KnoWhy 615 (9 de setembro de 2021).

Hurlbut, Doutor Philastus
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