KnoWhy #671 | Maio 19, 2023
O que a parábola dos filhos disposto e indisposto ensina sobre Cristo?
Postagem contribuída por
Scripture Central
"'Mas que vos parece? Um homem tinha dois filhos, e dirigindo-se ao primeiro, disse: Filho, vai trabalhar hoje na minha vinha. Ele, porém, respondendo, disse: Não quero. Mas depois, arrependendo-se, foi." Mateus 21:28-29
O conhecimento
Um dia após Jesus ter limpado o Templo, os principais dos sacerdotes e os escribas vieram e exigiram saber por que Ele fazia tais coisas, questionando: ''Com que autoridade fazes isso? e quem te deu essa autoridade?'' (Mateus 21:23). Em resposta, Jesus levantou a questão — de onde João Batista recebera autoridade para batizar — ao que os sacerdotes e escribas não puderam responder. Jesus respondeu: ''Nem eu vos digo com que autoridade faço isso'' (Mateus 21:27).
Em seguida, Jesus apresentou várias parábolas, começando com a parábola dos filhos disposto e indisposto. Embora o fato de Jesus ter ensinado por meio de parábolas possa parecer estranho nesse caso, John e Jeannie Welch apontam que a parábola do filho disposto e do filho indisposto é bem pertinente ao contexto. Ainda que Jesus não tenha exposto Sua autoridade em termos explícitos, Ele ''responderia às duas perguntas calculistas''.1 Somente os que estivessem espiritualmente sintonizados seriam capazes de discernir Sua resposta.
Por fim, esta ''parábola abrange três elementos do Plano de Salvação: (1) que o Plano foi estabelecido pelo Pai no Conselho Pré-Mortal nos céus, (2) que Jesus foi escolhido pelo Pai no Conselho Pré-Mortal nos Céus, e (3) que o Pai conferiu a Jesus a suprema autoridade para agir em nome do Pai de acordo com Sua vontade.''2 Isso se torna ainda mais evidente quando examinamos o texto grego original.
Quando o pai aborda seu primeiro filho, a versão King James registra a interação da seguinte forma: ''Filho, vai trabalhar hoje na vinha. Ele, porém, respondendo, disse: ‘Não quero ir’. Todavia, mais tarde, arrependido, foi.'' (Mateus 21:28–29). Essa tradução é ambígua ''em parte porque o próprio grego é deliberadamente ambíguo'', e os leitores modernos podem entender que o filho parece estar ''se recusando categoricamente a ir''.3 No entanto, o texto grego não implica isso; em vez disso, "deve ser traduzido mais como não é minha vontade (ou) meu desejo (thelō) ir".4
Quando compreendido dentro desse contexto, torna-se mais claro como esse primeiro filho representa a figura de Cristo Durante todo o Seu ministério mortal, Jesus disse muitas vezes que não veio para fazer Sua própria vontade, mas sim a vontade do Pai: ''Porque eu desci do céu, não para fazer a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou''.5 Mesmo no Getsêmani, quando Jesus estava sofrendo pelos pecados do mundo, Sua oração era reconciliar Sua vontade a do Pai: ''Meu Pai, se é possível, passe de mim este cálice; porém, não seja como eu quero, mas como tu queres.''6
Da mesma forma, o primeiro filho nesta parábola se reconciliou com a vontade de seu pai e foi para a vinha. John e Jeannie Welch apontam que a tradução da versão Rei Jaime como "arrependido" é inadequada, uma vez que o grego usa uma palavra com significado semelhante, ''mas, não com o mesmo significado''.7 Entender que o filho está reconciliando sua vontade com a do pai nos permite compreender mais profundamente como Jesus sofreu voluntariamente por nós.
O segundo filho nesta parábola também queria ir para a vinha, mas por razões muito diferentes. Enquanto a versão King James diz que este filho entusiasticamente afirma: ''Sim, senhor'', a versão em grego simplesmente diz ''eu'' (Mateus 21:30).8 No entanto, este filho não fez a vontade do pai. John e Jeannie Welch apontam as semelhanças entre esta parábola e os relatos do Conselho Pré-Mortal nos céus, encontrado em Moisés e Abraão.
Em Moisés 4:1, está registrado que Lúcifer deu ao Pai uma resposta muito semelhante à que esse segundo filho deu ao seu. A resposta de Lúcifer concentra-se sobremaneira no próprio homem, buscando chamar a atenção dos presentes: ''Eis-me aqui, envia-me. Serei teu filho e redimirei a humanidade toda, de modo que nenhuma alma se perca, e sem dúvida eu o farei; portanto, dá-me a tua honra. Uma resposta tão elevada contrasta com a resposta de Jesus Cristo: ''Pai, faça-se a tua vontade, e seja tua a glória para sempre'' (Moisés 4:1-2, ênfase adicionada; cf. Abraão 3:27).
Portanto, essa parábola oferece uma declaração direta de que Jesus Cristo é o primeiro filho, que fez a vontade de Seu Pai, como havia acordado no Conselho Pré-Mortal. Essa declaração também não teria passado despercebida por Seu público. John e Jeannie Welch apontam que ''os principais dos sacerdotes sabiam o suficiente sobre os concílios celestiais de suas próprias tradições proféticas hebraicas, assim como das declarações abertas de Jesus no Templo sobre vir para fazer a vontade do Pai que O havia enviado (ver João 5:30), para terem compreendido do que Jesus estava falando''.9
O porquê
Jesus Cristo é o nosso exemplo perfeito. Desde o início, Ele reconheceu a vontade do Pai e procurou fazer tudo o que Lhe foi requerido. Ao procurarmos seguir Seu exemplo, então, poderemos aprender como devemos reconciliar continuamente nossa vontade com a de Deus, arrependemo-nos de nossos pecados e buscamos a presença do Espírito Santo em nossas vidas.
Da mesma forma, podemos interpretar esta parábola como um convite para seguir o exemplo de Jesus. Como o próprio Jesus ensinou, quando os publicanos e prostitutas ouviram João Batista pregar no deserto, eles acreditaram em suas palavras e se arrependeram de seus pecados. Em outras palavras, eles reconciliaram Sua vontade com a do Pai, permitindo que Seus desejos fossem absorvidos pelos Seus. Portanto, Cristo lhes assegurou que eles teriam um lugar no reino do Pai (ver Mateus 21:31-32).
Essa bênção prometida de paz e gozo no reino do Pai está igualmente disponível a todos os que se arrependem e seguem Jesus Cristo como Seus discípulos. Nunca é tarde demais, não importa onde estejamos no caminho da vida, para deixar nossos desejos mundanos para trás e segui-Lo. Ao fazê-lo, podemos ter a mesma mentalidade que Jesus tinha e prometer ao Senhor da mesma forma: "Pai, seja feita a tua vontade, e a glória seja tua para sempre''(Moisés 4:2).
Leitura Complementar
John W. Welch y Jeannie S. Welch, The Parables of Jesus: Revealing the Plan of Salvation (American Fork, UT: Covenant Communications, 2019), pp. 44–49. John W. Welch, ''Symbolism in the Parable of the Willing and Unwilling Two Sons in Matthew 21'', em Let Us Reason Together: Essays in Honor of the Life’s Work of Robert L. Millet, ed. J. Spencer Fluhman y Brent L. Top (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University; Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2016), pp. 97–116.1. John W. Welch e Jeannie S. Welch, The Parables of Jesus: Revealing the Plan of Salvation (American Fork, UT: Covenant Communications, 2019), p. 45. 2. Welch e Welch, Parables of Jesus, p. 44. 3. Welch e Welch, Parables of Jesus, p. 45. 4. Welch e Welch, Parables of Jesus, p. 45. 5. João 6:38; cf. João 4:34; 5:30.6. Mateus 26:39; cf. Marcos 14:36; Lucas 22:42.7. Welch e Welch, Parables of Jesus, p. 46. 8. Ver Welch and Welch, Parables of Jesus, p. 46. 9. Welch e Welch, Parables of Jesus, p. 46.