KnoWhy #670 | Maio 14, 2023

O que a Parábola dos trabalhadores na vinha ensina sobre a misericórdia de Deus?

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Scripture Central

E saindo perto da hora undécima, encontrou outros que estavam ociosos, e disse-lhes: Por que estais ociosos o dia todo? [...] Ide vós também para a vinha, e recebereis o que for justo. Mateus 20:6-7

O conhecimento

Enquanto estava a caminho de Jerusalém pela última vez, Jesus ensinou "doutrinas muito rigorosas e edificantes relacionadas ao casamento e à consagração". 1 Em seguida, Jesus respondeu às preocupações que alguns de Seus discípulos tinham em relação às doutrinas acerca da salvação e de quem seria maior no céu. Jesus conduziu Suas correções com ternura por meio de uma parábola sobre trabalhadores contratados para trabalhar em uma vinha. Com essa parábola, Jesus demonstrou como todos os que entram no caminho do convênio e perseveram até o fim seguindo-O serão abençoados com exaltação e vida eterna, conforme o estabelecido pelo Senhor.

Nesta parábola, Deus é representado por um "pai de família, que saiu de madrugada para contratar trabalhadores para a sua vinha" (Mateus 20:1). Após fazer um acordo com alguns trabalhadores para trabalharem em sua vinha, o homem acaba retornando outras quatro vezes ao mercado — na terceira, sexta, nona e décima primeira horas — para contratar outros trabalhadores. Apesar de, como observado por John e Jeannie Welch, "essa parábola retratar com precisão as práticas de contratação de trabalhadores" na época do Novo Testamento, ela é incomum no sentido de que "um empregador normalmente não contratava trabalhadores por hora ou meio período".2A contratação de trabalhadores ao final do dia demonstraria quão grande e urgente era o trabalho que o pai de família precisava fazer. É provável que o pai de família quisesse otimizar a colheita antes que "a safra estivesse muito madura, fosse tarde demais ou o tempo ficasse ruim".3 Da mesma forma, Deus se preocupa com todos os Seus filhos e trabalha constantemente para garantir que todos nós tenhamos a oportunidade de sermos reunidos em Seu celeiro.

Essa parábola diverge ainda mais das expectativas padrão de uma mentalidade mortal quando, ao final do dia, todos os trabalhadores são remunerados. Começando "pelos últimos até os primeiros", todos os trabalhadores receberam a mesma quantia de dinheiro, um denário, que era o salário padrão da época, independentemente do horário em que foram contratados e começaram a trabalhar na vinha. Essa aparente injustiça levou alguns dos trabalhadores contratados no início do dia a reclamarem da generosidade do dono da casa: "E recebendo-o [seu pagamento], murmuravam contra o pai de família, dizendo: Estes últimos trabalharam só uma hora, e tu os igualaste conosco, que suportamos a fadiga e o calor do dia" (Mateus 20:11-12). Tais observações provocam a gentil repreensão do pai da família: "Amigo, não te faço agravo; não ajustaste tu comigo por um denário? Toma o que é teu, e retira-te; eu quero dar a este último tanto quanto a ti. Ou não me é lícito fazer o que quiser do que é meu? Ou são maus os teus olhos porque eu sou bom?" (Mateus 20:13–15).

Embora Jesus não diga qual foi a reação de seus colaboradores após a correção, essa parábola nos obriga, como discípulos de Cristo, a reavaliar nossas expectativas em relação à natureza das bênçãos que Deus oferece e dá a todos os Seus filhos. Embora na economia mortal faça sentido esperar um pagamento maior por mais horas de trabalho, essa não é a ordem do céu. Aqueles que entrarem no caminho do convênio no início do dia e trabalharem com o Senhor serão abençoados como aqueles que entrarem no caminho do convênio mais tarde. Portanto, não apenas "os últimos serão os primeiros, e os primeiros os últimos" (Mateus 20:16), mas "os primeiros serão tratados da mesma maneira que os últimos, e os últimos serão tratados da mesma maneira que os primeiros", como John e Jeannie Welch observaram.4

Devido à bondade do Senhor, os contratados no início do dia não devem, de forma alguma, se sentir menosprezados. Como prometido, eles receberão seu pagamento. Em vez disso, todos poderão regozijar-se no fato de que o Senhor é tão misericordioso que oferece as mesmas bênçãos a todas as pessoas que vem e trabalham para Ele.

Aqueles que estudaram essa parábola, "veem isso como alegoricamente se referindo aos gentios que rapidamente aceitam e seguem primeiro os ensinamentos de Jesus Cristo, enquanto os judeus e a casa de Israel virão por último porque serão lentos em reconhecê-lo".5 Embora isso possa ser uma das interpretações, John e Jeannie Welch observam que, nesse contexto, Jesus "provavelmente pensava nos discípulos que o seguiram desde o primeiro dia […] diferente de outros que o seguiram em seu segundo ou terceiro ano de ministério".6

Ademais, esse significado pode ser ampliado para demonstrar que os discípulos chamados na primeira hora poderiam ser vistos como os discípulos do Senhor na primeira dispensação, com as sucessivas dispensações do evangelho sendo realizadas à medida que o Senhor visita novamente e chama novos profetas. Em Doutrina e Convênios 88:51–61, o Senhor descreve como Ele trabalha com Seus discípulos em diferentes momentos do dia. Quando o Senhor visita cada servo, eles desfrutam "a luz do semblante de seu senhor" (D&C 88:58).

Nesse cenário, aqueles que trabalham com o Senhor desde a primeira hora poderiam representar "o Éden e a dispensação de Adão".7 A décima primeira hora, como evidenciado em D&C 33:3, seriam os últimos dias, que são uma preparação para a décima segunda hora e a segunda vinda do Senhor.

O porquê

Por fim, esta parábola demonstra o amor, a justiça e a misericórdia de Deus para com Seus filhos. Ele ama a todos os Seus filhos e deseja que venham a Ele, e está continuamente trabalhando em Sua vinha, chamando outros para se juntarem a Ele em Seu trabalho, especialmente porque o tempo está se esgotando e as necessidades e oportunidades de sucesso estão se tornando mais urgentes.

Da mesma forma, esta parábola demonstra que "Deus é um deus de convênios".8 Dessa forma, Ele sempre honrará Suas promessas. Ele recompensará justamente todos os que fizeram convênio com Ele e trabalharam para guardar Seus convênios. De fato, os convênios são fundamentais para o evangelho de Jesus Cristo, e todas as pessoas são convidadas a fazer esses convênios sagrados ao participarem das ordenanças do evangelho e cumprirem a vontade do Pai (ver Mateus 7:21-23; 3 Néfi 14:21-23).

Assim como os trabalhadores dessa parábola ingressaram em vários momentos do dia e cada um recebeu generosamente a mesma recompensa, ao longo dos séculos, as pessoas que ingressarem no caminho do convênio em vários momentos serão igualmente recompensadas. O Senhor sabe, de fato, que aqueles que foram contratados no final da tarde, passaram o dia inteiro esperando pacientemente na praça na esperança de que alguém lhes desse a oportunidade que tanto ansiavam, de se unirem ao Senhor e lançarem sua foice com vigor (ver D&C 4:4). Com misericórdia, o Pai Celestial "está mais interessado no que nos tornaremos nesta vida, à medida que progredimos no caminho do convênio do Plano de Salvação que leva à vida eterna. A questão não é a rapidez, o prazo ou a destreza com que cumpriremos isso. Para Deus, é menos importante saber onde estamos, e mais para onde vamos'' (ver Ezequiel 18:21–23).9À luz de tudo o que essa parábola nos ensina sobre o Senhor, o Élder Jeffrey R. Holland explicou: "Essa parábola, como todas as parábolas, não trata realmente de trabalhadores ou de salários, assim como as outras não tratavam de ovelhas ou de bodes. É uma história sobre a bondade de Deus, Sua paciência, Seu perdão e a Expiação do Senhor Jesus Cristo. É uma história sobre generosidade e compaixão. É uma história sobre graça. Ela salienta o pensamento que ouvi há muitos anos de que, sem dúvida, a coisa que Deus mais aprecia no fato de ser Deus é a emoção de ser misericordioso, especialmente com os que não esperam misericórdia e que, com frequência, acham que não a merecem.10

Leitura Complementar

John W. Welch e Jeanie S. Welch, The Parables of Jesus: Revealing the Plan of Salvation (American Fork, UT: Covenant Communications, 2019), pp. 156–163. Jeffrey R. Holland, "Os Trabalhadores da Vinha", Conferência Geral, abril de 2012.

1. John W. Welch e Jeannie S. Welch, The Parables of Jesus: Revealing the Plan of Salvation (American Fork, UT: Covenant Communications, 2019), p. 157. Esses ensinamentos estão registrados em Mateus 19. 2. Welch e Welch, Parables of Jesus, pp. 159-160. 3. Welch e Welch, Parables of Jesus, p. 160. 4. Welch e Welch, Parables of Jesus, p. 160. 5. Welch e Welch, Parables of Jesus, p. 160. 6. Welch e Welch, Parables of Jesus, p. 160. 7. Welch e Welch, Parables of Jesus, p. 161. 8. Welch e Welch, Parables of Jesus, p. 156. 9. Welch and Welch, Parables of Jesus, p. 156; ênfase adicionado. 10. Jeffrey R. Holland, "Os Trabalhadores da Vinha", Conferência Geral, abril de 2012.

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