KnoWhy #643 | Agosto 29, 2022
O que a Tradução de Joseph Smith nos ensina sobre Melquisedeque?
Postagem contribuída por
Central das Escrituras
"E este Melquisedeque, tendo assim estabelecido a retidão, foi chamado de rei do céu por seu povo, ou, em outras palavras, de Rei da paz". TJS Gênesis 14:36
O conhecimento
Um personagem bíblico muitas vezes incompreendido, porém obviamente importante, é Melquisedeque, o rei de Salém. Devido à brevidade de suas aparições (apenas em Gênesis 14, Salmo 110:4 e Hebreus 7), muitos especulam sobre quem poderia ter sido Melquisedeque e quais funções ele desempenhara na antiguidade. E, de fato, fica claro para a maioria dos leitores que Melquisedeque era importante, pois "era um sacerdote do Deus Altíssimo" (Gênesis 14:18), e alguns homens da antiga Israel poderiam ser ordenados "sacerdote[s] para sempre segundo a ordem de Melquisedeque" (Salmos 110:4).
Graças ao Livro de Mórmon e também à Tradução de Joseph Smith da Bíblia, os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos Dos Últimos Dias são abençoados com muitas informações sobre esse santo sacerdote e rei. Visto que a menção de Melquisedeque no Livro de Mórmon foi discutida em um artigo KnoWhy1 anterior, este artigo focará nas contribuições da tradução de Joseph Smith à compreensão de quem foi Melquisedeque. Considere os quatro pontos a seguir:
Primeiro, o elevado papel de Melquisedeque como sumo sacerdote é destacado na Tradução de Joseph Smith (TJS) e no Livro de Mórmon. Vários pontos das extensas adições a Gênesis 14 se concentram no sacerdócio de Melquisedeque, e não sobre sua pessoa. Da mesma forma, como observou John W. Welch, Alma 13 contém um poderoso discurso de Alma que se baseia na ênfase dada ao Santo Sacerdócio: "Não são os detalhes históricos sobre o próprio Melquisedeque o que importa a Alma, mas sim as ordenanças simbólicas do sacerdócio associadas a ele".2 Na verdade, a exposição de Alma pressupõe um conhecimento de vários detalhes sutis encontrados apenas na Tradução de Joseph Smith de Gênesis 14.3
Em segundo lugar, quando Melquisedeque é introduzido em Gênesis 14, percebe-se em sua função sacerdotal o simbolismo de que haveria um Cristo.4 Enquanto a versão do Rei Jaime registra que Melquisedeque "trouxe pão e vinho" (Gênesis 14:18), a Tradução de Joseph Smith declara explicitamente que ele realizou uma ordenança sacramental que prenuncia: "E ele [Melquisedeque] partiu o pão e o abençoou, e abençoou o vinho, sendo ele o sacerdote do Deus Altíssimo" (TJS Gênesis 14:8).5 Outras fontes antigas, citadas por Hugh Nibley, também veem o pão e o vinho como "à semelhança do sacrifício do Senhor".6 De acordo com Kent P. Jackson, a Tradução de Joseph Smith "dá todos os indícios de que era o evento cristão, celebrado há muito, do corpo expiatório e sangue de Jesus Cristo".7
Em terceiro lugar, os acréscimos feitos a Gênesis 14 na Tradução de Joseph Smith, sem equivalência na versão do Rei Jaime, descrevem os milagres que podem ser realizados por meio desse sacerdócio:
Pois Deus, tendo jurado a Enoque e a sua semente com um juramento por si próprio, que todo aquele que fosse ordenado segundo essa ordem e esse chamado teria poder, pela fé, para derrubar montanhas, dividir os mares, secar as águas, desviá-las de seu curso. Para desafiar os exércitos das nações, dividir a terra, quebrar todos os grilhões, permanecer na presença de Deus; fazer todas as coisas segundo a vontade dele, de acordo com as suas ordens, subjugar principados e poderes; e isso pela vontade do Filho de Deus, (TJS Gênesis 14:30-31).8
Esses milagres só aconteceram por meio da justiça e da fé no Messias prometido, Jesus Cristo. Melquisedeque oferece aos leitores atuais um poderoso exemplo desse tipo de fé e retidão.
Em quarto lugar, outra alteração significativa feita pela Tradução de Joseph Smith aparece em Hebreus 7. Enquanto a versão do Rei Jaime implica que Melquisedeque é "sem pai, sem mãe, sem genealogia" (Hebreus 7:3), na Tradução de Joseph Smith esta expressão se refere claramente ao sacerdócio exercido por Melquisedeque, e não ao próprio Melquisedeque: "Porque este Melquisedeque foi constituído sacerdote segundo a ordem do Filho de Deus, ordem esta, que era sem pai, sem mãe, sem genealogia, não tendo princípio de dias, nem fim de vida" (TJS Hebreus 7:3, ênfase adicionada).9 Como explicou Robert Matthews:
Pode-se pensar ser estranho falar de um sacerdócio sem pai nem mãe, porque o sacerdócio não é algo orgânico, biológico; mas o contraste é feito entre o Sacerdócio Aarônico, que descende por linhagem. Portanto, o ponto é que o sacerdócio de Melquisedeque não se limitava a uma determinada família em Israel.10
Por causa deste importante princípio, Jesus Cristo poderia atuar como o Grande Sumo Sacerdote sem ser um levita ou descendente de Aarão.
Em quinto lugar, a Tradução de Joseph Smith fornece detalhes adicionais sobre a vida e o ministério de Melquisedeque. Em particular, o Senhor é descrito como tendo renovado, por meio de Melquisedeque, a aliança que Deus havia feito com Enoque antes do dilúvio (ver TJS Gênesis 14:30-31).11 Enoque parece ter sido uma figura proeminente entre o povo da cidade de Salém. Somos informados de que aqueles que tiveram a fé de Melquisedeque "foram trasladados e levados para o céu", como o povo de Enoque havia sido: "E seu povo [de Melquisedeque] praticou a retidão, e obteve o céu, procurou a cidade de Enoque que Deus havia antes tomado," (TJS Gênesis 14:32,34, ênfase adicionada).12
Como Jackson observou: "Este novo texto nos dá um registro de uma segunda comunidade trasladada, que com o povo de Enoque será reservada 'para os últimos dias, ou seja, o fim do mundo', quando o céu e a terra 'se unirem'" (veja TJS Gênesis 14:34-35).13
O porquê
Como Melquisedeque exemplificou há muito tempo, é a fidelidade do sacerdote e não apenas a posse do sacerdócio, o que leva à retidão e a poderosas manifestações de bondade. O Sacerdócio de Melquisedeque foi fundamental no meridiano dos tempos. O Senhor Deus havia jurado ao Senhor Jesus Cristo: "Assenta-te à minha mão direita [...] [Com] o cetro da tua fortaleza; Domina no meio dos teus inimigos [...] O teu povo se oferecerá voluntariamente no dia do teu poder [...] [porque] [tu] és um sacerdote eterno, segundo a ordem de Melquisedeque" (Salmos 110:1–4; cf. Marcos 12:35–37).
Isso explica por que os poderes eternos do Sacerdócio de Melquisedeque eram vitais para a Igreja Cristã primitiva estabelecida por Jesus e, porque também são vitais para a Igreja Restaurada de Jesus Cristo. Falando a e sobre essa Igreja, o Presidente Dallin H. Oaks declarou: "O Sacerdócio de Melquisedeque é a autoridade divina delegada por Deus para realizar Sua obra de 'levar a efeito... a vida eterna do homem'" (Moisés 1:39). Em 1829, os apóstolos do Salvador, Pedro, Tiago e João, o conferiram a Joseph Smith e Oliver Cowdery (ver D&C 27:12). É sagrado e poderoso, além da nossa capacidade de descrever".14
Como Melquisedeque tipificou Jesus Cristo de várias maneiras, tanto sacramentalmente quanto como operador de milagres, o nome desse sumo sacerdote exemplar é usado como uma referência honorífica ao sumo sacerdócio, segundo a ordem do Filho de Deus (ver Alma 13:7-9). João Batista usou esse nome ao assegurar a Joseph Smith e Oliver Cowdery que Pedro, Tiago e João "possuíam as chaves do Sacerdócio de Melquisedeque" (JSH 1:72).
Como Melquisedeque recebeu sua autoridade do sacerdócio de Deus, e não de qualquer linhagem ancestral, as chaves desse sacerdócio são transmitidas corretamente na Igreja do Senhor: conforme a vontade e ordem estabelecidas por Deus, e não de qualquer outra forma. Por meio desse poder, todos os que fazem e guardam convênios sagrados, obedecendo às ordenanças dessa Sagrada Ordem do Sacerdócio, podem esperar com confiança, sair em glória e serem levantados como grandes e nobres discípulos e líderes do Deus Altíssimo.
Esses detalhes da Tradução de Joseph Smith e várias outras verdades reveladas sobre Melquisedeque aumentam nossa compreensão do amor e das bênçãos que podem ser recebidos por meio da administração autorizada do poder de Jesus Cristo por aqueles que são ordenados "segundo a ordem de Melquisedeque" (Salmo 110:4; cf. Alma 13:6–19). Ao aprender como Melquisedeque agiu com fé para receber as grandes bênçãos de Jeová, os adoradores modernos que seguem o caminho do convênio do Senhor podem invocar os poderes do céu e receber ajuda e, por fim, exaltação do Senhor.
Enquanto outras revelações e tradições antigas relacionadas a Melquisedeque e seu sacerdócio dão mais detalhes sobre este homem santo, seu chamado e outros ordenados nesta ordem do sacerdócio, a Tradução de Joseph Smith da Bíblia restaura informações exclusivas, importantes e muito antigas.15 Estes detalhes adicionais da Tradução de Joseph Smith são particularmente importantes para os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Esse conhecimento aumenta nossa compreensão do Velho Testamento e fornece evidências inspiradoras do chamado de Joseph Smith como profeta, vidente, revelador e restaurador da Igreja de Cristo.
Leitura Complementar
Donald W. Parry, "Melchizedek: Type of Christ", em The Jesus Christ Focused Old Testament: Making Sense of a Monumental Book (Springville, UT: Book of Mormon Central, 2022), pp.82–83. Kent P. Jackson, ed., Joseph Smith’s Translation of the Bible: The Joseph Smith Translation and the King James Translation in Parallel Columns (Provo, UT: Brigham Young University Press; Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2022), pp.73–78, 633–636. Kent P. Jackson, Understanding Joseph Smith’s Translation of the Bible (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University; Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2022), pp.61–70. Robert J. Matthews, "A Plainer Translation": Joseph Smith’s Translation of the Bible, A History and Commentary (Provo, UT: Brigham Young University Press, 1985), pp.382–384. John W. Welch, "The Melchizedek Material in Alma 13:13–19", em By Study and Also By Faith, 2 vols., ed. John M. Lundquist y Stephen D. Ricks (Salt Lake City, UT: Deseret Book; Provo, UT: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies, 1990), 2: pp.238–272.1.O que podemos deduzir com o Livro de Mórmon sobre Melquisedeque, veja: "Por que Alma falou de Melquisedeque? (Alma 13:14)”, KnoWhy 120 (27 de maio de 2017). Ver también Hugh Nibley, The Prophetic Book of Mormon (Salt Lake City, UT: Deseret Book; Provo, UT: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies, 1988), pp.251–252. 2. John W. Welch, “The Melchizedek Material in Alma 13:13–19”, em By Study and Also By Faith, 2 vols., ed. John M. Lundquist e Stephen D. Ricks (Salt Lake City, UT: Deseret Book; Provo, UT: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies, 1990), 2: p.239. Ver también John W. Welch, “Approaching New Approaches,” Review of Books on the Book of Mormon 6, no. 1 (1994): pp.168–181. 3. Como foi argumentado recentemente, os acréscimos feitos na Tradução de Joseph Smith de Gênesis 14 refletem detalhes muito antigos sobre Melquisedeque, que foram aparentemente encontrados nas placas de latão trazidas por Néfi de Jerusalém, portanto, conhecidas por Alma. Ver Noel B. Reynolds, “The Brass Plates Version of Genesis,” Interpreter: A Journal of Latter-day Saint Faith and Scholarship 34 (2020): 63–96; Jeff Lindsay and Noel B. Reynolds, “‘Strong Like unto Moses’: The Case for Ancient Roots in the Book of Moses Based on Book of Mormon Usage of Related Content Apparently from the Brass Plates”, Interpreter: A Journal of Latter-day Saint Faith and Scholarship 44 (2021): pp.1–92. Uma versão mais detalhada do trabalho de Lindsay e Reynolds foi publicada em Tracing Ancient Threads in the Book of Moses: Inspired Origins, Temple Contexts, and Literary Qualities, ed. Jeffrey M. Bradshaw, David Rolph Seely, John W. Welch e Scott Gordon (Orem, UT: Interpreter Foundation; Salt Lake City, UT: Eborn Books, 2021), pp.315–420. 4. Para saber mais sobre como Melquisedeque sinaliza a vinda de um Cristo, consulte Donald W. Parry, “Melchizedek: Type of Christ,” em The Jesus Christ Focused Old Testament: Making Sense of a Monumental Book (Springville, UT: Book of Mormon Central, 2022), pp.82–83. 5. Kent P. Jackson, ed., Joseph Smith’s Translation of the Bible: The Joseph Smith Translation and the King James Translation in Parallel Columns (Provo, UT: Brigham Young University Press; Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2022), p.75. Todas as referências à Tradução de Joseph Smith seguirão a versificação, pontuação e letras maiúsculas encontradas neste volume. 6. Hugh Nibley, Enoch the Prophet (Salt Lake City, UT: Deseret Book; Provo, UT: Foundation for Ancient Research and Mormon Studies, 1986), p.30. 7. Kent P. Jackson, Understanding Joseph Smith’s Translation of the Bible (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University; Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2022), p.62. Robert J. Matthews também descreveu isso como "um prenúncio do sacramento da ceia do Senhor". Robert J. Matthews, “A Plainer Translation”: Joseph Smith’s Translation of the Bible, A History and Commentary (Provo, UT: Brigham Young University Press, 1985), p.382. 8. Jackson, Joseph Smith Translation and the King James Translation, p.77. 9. Jackson, Joseph Smith Translation and the King James Translation, p.635. 10. Matthews, “Plainer Translation,” p.384. 11. Jackson, Joseph Smith Translation and the King James Translation, p.77. 12. Jackson, Joseph Smith Translation and the King James Translation, p.77. 13. Jackson, Understanding Joseph Smith’s Translation, p.63. 14. Dallin H. Oaks, “The Powers of the Priesthood”, Ensign, maio de 2018, p.65. 15. Para obter mais informações sobre Melquisedeque, consulte 3 Néfi 18:37; Morôni 2:1–3; Doutrina e Convênios 76:57; 84:14–23; 107:1–4). Para saber mais sobre os diferentes tipos de alterações na TJS, algumas das quais foram, na verdade, restaurações de textos antigos, consulte Matthews, A Plainer Translation, 233–254; Jackson, Understanding Joseph Smith’s Translation, pp.31–38.