KnoWhy #326 | Agosto 21, 2019
O que Alma diz sobre evitar o pecado sexual?
Postagem contribuída por
Scripture Central

"Agora, meu filho, eu quisera que te arrependesses e abandonasses teus pecados e que não mais sucumbisses à concupiscência dos teus olhos; e que abandonasses todas essas coisas, pois, a não ser que assim procedas, de nenhum modo herdarás o reino de Deus. Oh! Lembra-te e decide-te a abandonar essas coisas!" Alma 39:9
Contexto e conteúdo
Um dos filhos mais novos de Alma, Coriânton, havia cometido uma grave ofensa sexual, pela qual Alma o repreendeu veementemente (Alma 39:1-8). O fato de ter pecado enquanto servia como missionário, fazendo com que outros também caíssem (Alma 39:11-12), tornou seu pecado ainda mais grave.1Tornando-o "uma abominação à vista do Senhor? Sim, mais abomináveis que todos os pecados, salvo derramar sangue inocente ou negar o Espírito Santo"(Alma 39:5).
Domínio da Doutrina Alma 39:9. Infográfico por Book of Mormon CentralNa antiga Israel, sob a lei de Moisés, muitos tipos de pecados — incluindo relações sexuais proibidas, vários costumes profanos ou a adoração de falsos espíritos — eram proibidos pela santidade que Deus exigia de Seu povo (ver, especialmente Levítico 18 e 20). Correspondendo ao pecado "mais abominável" mencionado por Alma, os crimes de amaldiçoar ou negar a Deus, ou cometer assassinato intencional e ter relações sexuais foram os mais graves.2 Embora Alma tenha enfatizado que "não lhe será fácil obter perdão" de pecados tão graves (Alma 39:6), ele amorosa e compassivamente encorajou seu filho a se "arrepende[r] e abandona[r] [s]eus pecados e que não mais [sucumbisse] à concupiscência dos [s]eus olhos" (Alma 39:9). Ele então encorajou Coriânton a que "[abandonasse] todas essas coisas" como meio de evitar mais má conduta sexual (Alma 39:9). O verbo "se conter" é a tradução de uma frase estranha em inglês: "…cross yourself…". Em 1830, quando o Livro de Mórmon foi traduzido, a palavra cross significava apagar, cancelar, impedir ou interferir.3 Na linguagem comum do inglês, se for dito:"Don't cross me", ("não me contradiga"/"não me atrapalhe") a palavra cross foi usada para alertar as pessoas contra a interferência nos planos de alguém.4 Portanto, uma maneira de entender o conselho de Alma sobre "se conter" seria impedir, interferir , dificultar ou abster-se de cometer pecado. No entanto, a palavra cross significa literalmente "cruz". Outra pista para o significado desta severa advertência moral pode ser encontrada nos ensinamentos do Salvador aos nefitas. No Sermão do Templo, Jesus fez alusão a Seus ensinamentos do Sermão da Montanha, onde disse: "Digo-vos, porém, que todo aquele que atentar numa mulher para a cobiçar, já em seu coração cometeu adultério" (3 Néfi 12:28; Mateus 5:28). No entanto, somente aos nefitas o Salvador deixou claro que "é melhor que repudieis essas coisas , carregando assim vossa cruz, do que serdes atirados no inferno." (3 Néfi 12:30).5 A frase "que repudieis essas coisas" é muito semelhante à admoestação duas vezes repetida de Alma de "[se conter de] todas essas coisas", e o Salvador a compara a tomar uma "cruz".6 Além disso, em ambos os casos, a luxúria que vem apenas de olhar — a "concupiscência dos teus olhos", como Alma diz — está entre as "coisas" de que se fala. Portanto, outra interpretação de "contenção"/"cross yourself' pode ser, negar a si mesmo a má conduta sexual em todas as suas formas, incluindo a luxúria. 7 O julgamento de Abinádi na corte de Noé também contém uma pista para o significado de "cross yourself" (Mosias 12-17). Lá, os sacerdotes de Noé "começaram a interrogar" Abinádi,"a fim de fazê-lo cair em contradição" (Mosias 12:19). Isso traz à mente o "interrogatório" por um advogado de acusação, porque em inglês é chamado de "cross-examination". Portanto, "cross yourself" também exigiria autoavaliação, perguntando e desafiando a si mesmo e certificando-se de que os desejos estão sob controle, as paixões contidas, devidamente canalizadas para serem "[cheias] de amor" (Alma 38:12).
Doutrinas e Princípios
Quer você pense nisso como uma forma de prevenção, interferência, impedimento, negação, proteção divina ou exame cuidadoso de si mesmo, todas essas interpretações sugerem que "conter-se"/"cross yourself" significa "ter autodomínio", como ensinou o Presidente James E. Faust em 2006.8 O autodomínio é uma habilidade importante para alcançar qualquer tipo de objetivo de autoaperfeiçoamento e evitar todas as formas de tentação e pecado, mas é especialmente importante em nossos dias no que diz respeito a desfrutar das bênçãos da pureza sexual. É crucial, como foi nos dias de Alma, que todos os que servem ao Senhor "não sejam mais guiados pelas concupiscências dos [seus] olhos"— o que o Presidente Ezra Taft Benson ensinou aplicando-a à mídia pornográfica de hoje.9 Falando aos rapazes, Élder Neil L. Andersen declarou: "O padrão de dignidade do Senhor não tolera a pornografia entre aqueles que oficiam as ordenanças do sacerdócio."10 O presidente Gordon B. Hinckley advertiu que a pornografia "é como uma tempestade furiosa, destruindo pessoas e famílias, arruinando totalmente o que era sadio e belo.".11 A difusão da pornografia só aumentou na última década, em grande parte por causa da Internet. No mundo de hoje, como pode "se conter de todas essas coisas?" Tome medidas que impeçam, dificultem ou interfiram na capacidade de acessar material pornográfico, como instalar filtros na Internet e em todos os seus dispositivos, incluindo dispositivos móveis. Certifique-se de que alguém que não seja você defina as senhas para esses filtros. Se necessário, evite oportunidades de ser tentado desligando o computador, a televisão ou saindo do teatro para evitar conteúdo provocativo que desencadeie pensamentos e desejos inadequados. Ocupe seu tempo e mente com atividades produtivas e saudáveis para viver o evangelho, não dê espaço ou tempo em sua mente para que pensamentos inadequados criem raízes.12 Finalmente, responsabilizem-se perante o Senhor por meio da oração. Élder Dallin H. Oaks ensinou que resistir à tentação exige que "voltemos a comprometer-nos a […] fazer as coisas que nos purificam e fortalecem", incluindo "orar e estudar as escrituras de modo significativo diariamente". Ao orar, faça uma autoavaliação honesta para garantir que você esteja sempre mantendo seus pensamentos puros e saudáveis e para evitar que justificativas pequenas e fáceis o levem rapidamente pelo caminho errado.13 Alma advertiu o povo de Amonia que no final "nossas palavras nos condenarão, sim, todas as nossas obras nos condenarão [...] e nossos pensamentos também nos condenarão. E nesse terrível estado não nos atreveremos a olhar para o nosso Deus" (Alma 12:14), a menos que nos arrependamos dessas coisas. Assim como Alma prometeu a Coriânton que poderia se arrepender, essa garantia se estende a qualquer um que esteja envolvido em pornografia ou outros pecados sexuais hoje. Élder Dallin H. Oaks ensinou: "Aqueles que se debatem com a pornografia precisam de nossa compaixão e nosso amor ao seguirem os princípios necessários e os passos da recuperação. […] Por meio do devido e completo arrependimento, podem tornar-se limpas, puras e dignas de todos os convênios e bênçãos do templo, prometidos por Deus."14 No entanto, como Alma ensinou, o processo de arrependimento pode não ser fácil (Alma 36:9). Ainda assim, Élder Oaks disse: "Por meio da graça de Jesus Cristo, todos podem ser perdoados e receber o poder de mudar."15
Leitura Complementar
Élder Dallin H. Oaks, "Recuperar-se da Armadilha da Pornografia", A Liahona, outubro de 2015, pp. 50-55. Élder Dallin H. Oaks, "Pornografia", A Liahona, maio de 2005, disponível em lds.org. Presidente Gordon B. Hinckley, "Um Mal Trágico Entre Nós", A Liahona, novembro de 2004, disponível em: lds.org.1.Ver o artigo na Central do Livro de Mórmon, "Por que o pecado de Coriânton era tão grave? (Alma 39:5)?", KnoWhy 147 (28 de junho de 2017); B.W. Jorgensen, "Scriptural Chastity Lessons: Joseph and Potipher's Wife; Corianton and the Harlot Isabel", Dialogue: A Journal of Mormon Thought 32, no. 1 (1999): pp. 7–34; Michael R. Ash, "The Sin 'Next to Murder': An Alternative Interpretation", Sunstone, November 2006, pp. 34–43. 2. Ze'ev W. Falk, Hebrew Law in Biblical Times (Provo, UT: Brigham Young University Press, 2001), pp. 70–71. 3. Ver Noah Webster, American Dictionary of the English Language (1828), s.v., cross. Ver também Robert L. Millet, "Cross Yourself", em Book of Mormon Reference Companion, ed. Dennis L. Largey (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2003), p. 220. 4. Brant A. Gardner, Second Witness: Analytical and Contextual Commentary on the Book of Mormon, 6 v. (Salt Lake City, UT: Greg Kofford Books, 2007), 4: p. 530. 5. Jesus enfatizou esse ensinamento em várias ocasiões. Nos três evangelhos sinóticos do Novo Testamento, Jesus exigiu que seus emissários estivessem dispostos a arcar com os altos custos do verdadeiro discipulado, até a morte, se necessário. Ver Mateus 10:38–39; 16:24; Marcos 8:34; Lucas 9:23; 14:27. As palavras de Cristo a esse respeito podem estar relacionadas ao Seu convite para tomar sobre si o Seu jugo (Mateus 11:29), e alguns comentaristas viram esse conceito prenunciado com a disposição de Isaque de carregar a madeira para seu próprio sacrifício (Gênesis 22:6-7). Ver a discussão em WD Davies e Dale C. Allison, The Gospel According to Saint Matthew (Londres, Reino Unido: T&T Clark, 1991), 2: pp. 222–223. Em Mateus 16:24, Jesus ensinou: "Se alguém quiser vir após mim, renuncie-se a si mesmo, tome sobre si a sua cruz, e siga-me". Isso foi expandido na Tradução de Joseph Smith: "E eis que tomar um homem a sua cruz significa negar-se a toda iniquidade, e a toda concupiscência mundana, e guardar os meus mandamentos" (TJSMateus 16:26). Em hebraico, o verbo tala foi traduzido como "crucificar" na Septuaginta, ou versão grega do Velho Testamento. Mesmo antes da crucificação de Jesus, os textos judaicos entendiam que a palavra hebraica tala abarcava muitas formas de execução, incluindo enforcamento, empalamento e crucificação (conforme traduzido na Septuaginta em Ester 7:9 e 8:13). Ver Johannes Botterweck et al., Theological Dictionary of the Old Testament, (Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 2006), 15: pp. 667–671. 6. Metaforicamente, esse ditado da "cruz" também pode ter algo a ver com tau, a última letra do alfabeto hebraico, que parecia um X em paleo-hebraico. Ezequiel 9:4-6 diz que a letra tau era a marca colocada na testa das pessoas para protegê-las da morte. A palavra traduzida como "sinal" é literalmente a palavra tau. Esta marca é entendida como "a assinatura de Deus (cf. Jó 31:35), como sinal daqueles que pertencem ao Senhor, um selo de adoração que protege do julgamento (cf. Cantares de Salomão 15:8–10; Apocalipse 7:2–3; 14:1; Odes de Salomão 8:13)." Davies e Allison, Gospel According to Saint Matthew, pp. 222–223. Tomar essa marca sobre si mesmo indicava que alguém era submisso diante do Senhor. 7. Daniel H. Ludlow, A Companion to Your Study of the Book of Mormon (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 1976), p. 223. Ver também Joseph Fielding McConkie e Robert L. Millet, Doctrinal Commentary on the Book of Mormon, 4 v. (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 1987–1992), 3: p. 292; Monte S. Nyman, Book of Mormon Commentary, 6 v. (Orem, UT: Granite Publishing, 2003), 3: p. 504. 8. Presidente James E. Faust, "Discipulado", A Liahona, novembro de 2006, disponível em lds.org. 9. O Presidente Ezra Taft Benson ensinou: "'As concupiscências de teus olhos'. O que isso significa em nossos dias? Filmes, programas de TV e vídeos que são sugestivos e depravados. Livros e revistas obscenas e pornográficas." Presidente Ezra Taft Benson, "To the 'Youth of a Noble Birthright'", Ensign, maio de 1986, disponível em: lds.org 10. Élder Neil L. Andersen, "Poder no sacerdócio", A Liahona, novembro de 2013, p. 92. 11. Presidente Gordon B. Hinckley, "Um Mal Trágico entre Nós", A Liahona, Novembro 2004, disponível em lds.org. 12. Ver Kerry Hanson Jensen, "Nossa Melhor Defesa contra a Pornografia", A Liahona, janeiro de 2016, p. 12. 13. Para saber mais sobre a oração como uma oportunidade de autoavaliação, consulte Allen E. Bergin, "Psychology and Arrependement", BYU Speeches, 4 de outubro de 1994, disponível em speeches.byu.edu. 14. Élder Dallin H. Oaks, "Recuperar-se da Armadilha da Pornografia", A Liahona, Octubro 2015, p. 50. 15. Oaks, "Recuperar-se da Armadilha da Pornografia", p. 36.