KnoWhy #692 | Outubro 11, 2023

O que é um evangelista?

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Scripture Central

"E ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres." Efésios 4:11

O conhecimento

Ao organizar a igreja do Novo Testamento, Jesus Cristo e Seus Apóstolos estabeleceram vários ofícios e chamados. Um desses chamados era o de um evangelista (euangelistēs em grego). No entanto, esse chamado é mencionado explicitamente apenas três vezes ao longo do Novo Testamento e Paulo nunca descreveu diretamente o que ele implicava.1 O contexto do primeiro século por trás dessa palavra, bem como a revelação moderna, pode ajudar a esclarecer o que um evangelista fazia.

O que pode ser imediatamente constatado no Novo Testamento é que, embora mencionado apenas brevemente, o chamado de um evangelista era uma parte essencial da organização da Igreja. Como Paulo declarou, Cristo chamou "uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e mestres" para liderar a Igreja (Efésios 4:11). Com base nesse versículo, Joseph Smith também declarou: "Cremos na mesma organização que existia na Igreja Primitiva, isto é, apóstolos, profetas, pastores, mestres, evangelistas, etc." (Regras de Fé 1:6).

Outro fato importante sobre o significado da palavra euangelistēs vem da tradução grega da Septuaginta do Velho Testamento. Na Septuaginta, a palavra evangelista é frequentemente usada para designar, literalmente, um mensageiro com boas novas, e pode ser empregada em vários contextos.2 É provável que esse entendimento tenha sido compartilhado até certo ponto pela igreja cristã primitiva. S. Kent Brown apontou que "o conjunto de palavras ligadas à euangelistēs nos remete à proclamação do Evangelho, abordando tanto o ato de pregar quanto a própria mensagem".3 Além disso, como outros estudiosos apontaram, os evangelistas aparentemente desempenharam um papel intimamente associado ao dos apóstolos, mas eles parecem ter um papel mais "congregacional", como "líderes comunitários". Desta forma, "todos os apóstolos [eram] evangelistas [...] [mas] nem todos os evangelistas eram apóstolos".4

Joseph Smith elucidou ainda mais sobre o papel dos evangelistas em alguns de seus discursos e revelações. Por exemplo, assim como os antigos apóstolos eram responsáveis por chamar novos evangelistas, o Senhor revelou ao profeta: "É dever dos Doze [apóstolos], em todos os grandes ramos da igreja, ordenar ministros evangélicos conforme lhes for designado por revelação" (D&C 107:39). Além disso, "a ordem desse sacerdócio [de ministros do evangelho] foi confirmada para ser transmitida de pai para filho", começando com Adão, que abençoou seus filhos e ordenou Sete para o mesmo ofício (D&C 107:40-42).

Ao explicar essa ordem do Sacerdócio, Joseph Smith ensinou, em 1839, que um evangelista "é um patriarca" e que "onde quer que a Igreja de Cristo esteja estabelecida na Terra, deve haver um patriarca para o benefício da posteridade dos santos, como ele estava com Jacó ao dar sua bênção patriarcal a seus filhos".5 Dessa forma, os evangelistas mencionados no Novo Testamento eram, presumivelmente, semelhantes aos patriarcas, ordenados após a ordem revelada pela primeira vez a Adão.

Outros usos antigos da palavra euangelistēs são de especial interesse para os santos dos últimos dias e estudiosos bíblicos em sua tentativa de reconstruir a natureza desse antigo ofício. Na verdade, o único uso conhecido da palavra evangelista fora da Bíblia vem de uma inscrição de Rodes (uma ilha perto da ponta sudoeste da atual Turquia). Lá, essa palavra aparece em uma inscrição antiga como um título para um sacerdote, como "aquele que proclama ditos oraculares".6 Esse cargo aparentemente pertencia ao sumo sacerdote de Apolo, que era o deus grego da profecia e, como tal, teria sido um título adequado para alguém que entregaria mensagens reveladoras especializadas de Apolo para o povo, seja coletiva ou individualmente.7 É também possível que Paulo e outros líderes da igreja estivessem familiarizados com esse chamado único, ou seja, os evangelistas eram portadores de boas novas do Senhor e podiam fazê-lo oferecendo bênçãos especializadas, assim como os patriarcas fazem hoje.

Comentando sobre esse uso da palavra, S. Kent Brown observou que um evangelista "declara eventos futuros que estavam ocultos para aqueles que estavam no mundo mortal, além da visão humana". Esta é precisamente a função de um patriarca moderno: dizer aos membros da igreja as coisas que, de outra forma, eles não poderiam ver sobre seu próprio futuro do ponto de vista de Deus, abrindo assim uma janela para o que essa pessoa pode experimentar e se tornar. Essas declarações não são dirigidas a congregações ou à Igreja como um todo, mas a indivíduos, um por um, pessoa por pessoa.8

O porquê

Um dos principais aspectos da Restauração do Evangelho envolve a restauração da organização da Igreja conforme foi estabelecida por Jesus Cristo há dois milênios, incluindo apóstolos, profetas e evangelistas. Assim, quando entendemos quais eram esses chamados na antiguidade, isso nos ajuda a apreciar a completude da restauração do evangelho ao entender como esses mesmos ofícios atuam hoje.

Isso se aplica a chamados que recebem pouca atenção expressa no Novo Testamento, como a tripla menção a evangelista. Contudo, por fim, e de modo notável, como observou John W. Welch: "Atualmente, não temos certeza das origens do termo euangelistes no Novo Testamento. Porém, de todos os significados atribuídos à palavra evangelista ao longo dos anos, a identificação do Profeta Joseph Smith desse ofício como o de um patriarca que dá bênçãos espirituais e proféticas às pessoas, ainda é o que mais se aproxima do significado desse termo em sua primeira ocorrência conhecida."9

Leitura Complementar

John W. Welch, "Word Studies from the New Testament", Ensign, janeiro de 1995. S. Kent Brown, The Epistle to the Ephesians (Provo, UT: BYU Studies, 2023), p. 304.

1. Ver Atos 21:8, 2 Timóteo 4:5 e Efésios 4:11. 2. Em grego, as palavras evangelista e evangelho são derivadas da mesma raiz e, cada uma denota "boas novas". Ver S. Kent Brown, The Epistle to the Ephesians (Provo, UT: BYU Studies, 2023), p. 304. 3. Brown, Ephesians, p. 304. 4. Gerhard Kittel, ed., Theological Dictionary of the New Testament, 10 v. (Grand Rapids, Mich.: Eerdmans, 1967), 2: p. 737. Doravante denominada TDNT.5. Discurso, entre cerca de 26 de junho e cerca de 2 de julho de 1839, conforme relatado por Willard Richards, p. 22, The Joseph Smith Papers, ortografia e pontuação modernizadas 6. TDNT2: p. 736. 7. Ver Albrecht Dietrich, "Euangelistes", Zeitschrift für die neutestamentliche Wissenschaft 1 (1900): p. 337. 8. Brown, Ephesians, p. 304. 9. John W. Welch, "Word Studies from the New Testament", Ensign, janeiro de 1995.

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