KnoWhy #425 | Agosto 21, 2019

O que Mórmon nos ensina sobre ministrar como anjos?

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Scripture Central

"E por ter ele feito isto, meus amados irmãos, cessaram os milagres? Eis que vos digo que não; tampouco os anjos cessaram de ministrar entre os filhos dos homens." Morôni 7:29

O conhecimento

Durante seu discurso de abertura em Morôni 7, Mórmon fez um aparente desvio em seu discurso sobre o papel da fé, esperança e caridade na vida de seus irmãos e irmãs na igreja. Ele lembrou-os do papel que os anjos têm no ministério do evangelho.1 Esta parte pode parecer deslocada à primeira vista. No entanto, uma leitura atenta mostra que Mórmon estava usando o ministério dos anjos como exemplo; para demonstrar ao seu próprio rebanho como eles deveriam ministrar àqueles ao seu redor.

"Pois eis que Deus, conhecendo todas as coisas, existindo de eternidade em eternidade, eis que enviou anjos para ministrarem entre os filhos dos homens e darem-lhes instruções relativas à vinda de Cristo; e em Cristo virão todas as coisas boas." (Morôni 7:22). "Portanto, pelo ministério de anjos e por toda palavra que procedia da boca de Deus, começaram os homens a exercer fé em Cristo; e assim, pela fé, apegaram-se a todas as coisas boas; e assim foi até a vinda de Cristo." (Morôni 7:25).

O resumo que Mórmon fez do registro de seu povo, está repleto de relatos e testemunhos de anjos do Senhor.2 Por meio das Escrituras, os anjos serviram para trazer "conhecimento, sacerdócio, conforto e segurança de Deus aos mortais".3 Mórmon sabia disso, não apenas por suas próprias experiências pessoais, mas também por registros dos grandes milagres da fé na vida de seus antepassados, que testificaram que Deus opera da mesma maneira "de eternidade em eternidade" ao testificar de Cristo. Com isso em mente, no entanto, é importante notar que seu antigo público viveu em um tempo de grande iniquidade; um tempo de guerra e rumores de guerra. Ser santo naqueles dias não era fácil, mas o verdadeiro discipulado nunca deveria ser. Assumindo a responsabilidade de proporcionar conforto, Mórmon apenas lhes assegurou que "Tudo o que for bom, se pedirdes ao Pai em meu nome, com fé e crendo que recebereis, eis que vos será concedido" (Morôni 7:26). Mas tal promessa poderia realmente ser verdadeira em tempos tão perigosos e instáveis? Qualquer conjectura sobre seus pensamentos é especulação, mas nos dá uma visão potencial da mente de Mórmon quando ele diz em alguns versículos mais tarde: "Meus amados irmãos, cessaram os milagres? Eis que vos digo que não; tampouco os anjos cessaram de ministrar entre os filhos dos homens " (Morôni 7:29). Mórmon testemunhou que, mesmo em seus dias, a presença de milagres não era diferente. Os milagres ainda ocorrem e os anjos continuam a ministrar.4 Eles se apresentam "aos que têm uma fé vigorosa e uma mente firme em toda forma de santidade" (Morôni 7:30). Não apenas os profetas, mas qualquer um que possua uma fé forte.5 E seu ofício, continuou ele, era "chamar os homens ao arrependimento", para que "o resto dos homens tenham fé em Cristo, a fim de que o Espírito Santo tenha lugar no coração deles" (Morôni 7:31-32).

O porquê

Embora esta mensagem certamente tenha tido um profundo impacto pessoal sobre Mórmon e seus santos em tempos de dificuldade, o que ela significa para nós hoje? A resposta pode ser mais pessoal do que você pensa. No Livro de Mórmon, o rei lamanita ânti-Néfi-Leíta convertido falou ao seu povo enquanto enfrentavam certa destruição:

"E o grande Deus teve misericórdia de nós[...] portanto, em sua misericórdia ele nos visita por meio de seus anjos, para que o plano de salvação nos seja revelado, assim como às gerações futuras" (Alma 24:14).

Apenas alguns capítulos depois, Mórmon nos diz que os lamanitas trataram Amon e os outros filhos de Mosias "como anjos enviados por Deus para salvá-los da destruição eterna" (Alma 27:4). Como esses irmãos ensinavam o arrependimento, eles eram vistos como anjos enviados pelo Senhor. É importante mencionar aqui que a palavra hebraica malakh, muitas vezes traduzida como anjo na Bíblia, também pode ser traduzida como "mensageiro", o que se encaixa com o uso da palavra pelos ânti-nefitas-leítas.6 A lição de Mórmon nesses poucos versículos curtos não era uma tangente. Mais significativamente, foi um exemplo de como eles poderiam exercer fé, esperança e caridade. Ele ergueu os anjos do Senhor como um modelo do que eles poderiam se tornar e do que poderiam fazer. Assim como os filhos de Mosias eram anjos para o povo de Amon, os santos nos dias de Mórmon poderiam ser anjos para seu próprio povo. Nestes últimos dias, Élder Jeffrey R. Holland nos ensinou profundamente sobre anjos, visíveis e invisíveis, que vêm de ambos os lados do véu:

"Falei até aqui da ajuda divina, de anjos enviados para nos abençoar em épocas de necessidade. Mas quando falamos daqueles que são instrumentos na mão de Deus, lembramo-nos de que nem todos os anjos vêm do outro lado do véu. Alguns deles caminham conosco e falam conosco — aqui, agora e todos os dias. Alguns deles moram em nossa própria vizinhança. Alguns deles nos trouxeram ao mundo e, no meu caso, um deles concordou em casar-se comigo. De fato, o céu não pode parecer mais próximo do que quando vemos o amor de Deus manifestado na bondade e na devoção de pessoas tão boas e tão puras, que "anjo" é a única palavra que nos vem à mente". 7

Hoje em dia, vivemos em tempos difíceis, assim como Mórmon e seu povo. Muitos de nós duvidamos. Muitos outros buscam o Senhor em oração, buscando respostas, até milagres, para virem de maneira grandiosa e gloriosa. Às vezes, deixamos de parar e considerar as maneiras pequenas e simples como o Senhor coloca as pessoas em nosso caminho. Outras vezes, ignoramos os momentos em que inconscientemente servimos como Seus mensageiros e Seus anjos, seguindo um impulso silencioso. As maneiras como ele sussurra: "Não se preocupe. Siga em frente! Eu ainda estou aqui. Arrependa-se". O que aprendemos com os anjos por meio de Mórmon? Aprendemos a gloriosa realidade de que os dias de milagres não cessaram e os anjos - mortais e imortais - ainda ministram aos filhos dos homens.

Leitura complementar

Jeffrey R. Holland, "O Ministério de Anjos", A Liahona, novembro de 2008, pp. 29–31. Sydney S. Reynolds, "Um Deus de Milagres", A Liahona, julho de 2001. Oscar W. McConkie, "Angels," em Encyclopedia of Mormonism, 4 v., ed. Daniel H. Ludlow (New York: Macmillan, 1992), 1: pp. 40-42. Larry Evans Dahl, "Angels, Ministry of", em Book of Mormon Reference Companion, ed. Dennis L. Largey (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2003), pp. 59-60.

1. Ver também o artigo na Central do Livro de Mórmon, " Por que Mórmon afirma que 'anjos apareceram a alguns homens sábios'? (Helamã 16:14)", KnoWhy 187 (21 de agosto de 2017). 2. As visitas angelicais ocorriam com frequência no Livro de Mórmon, às vezes em várias ocasiões. O texto fala de visitas a Néfi (filho de Leí), Sam, Lamã e Lemuel, Jacó, o rei Benjamim, Alma, o Filho, os filhos de Mosias, Amuleque, Néfi (filho de Helamã), Samuel, o lamanita, os nefitas reunidos no templo na terra de Abundância, Mórmon e Morôni. 3. Oscar W. McConkie, "Angels", em Encyclopedia of Mormonism, 4 v., ed. Daniel H. Ludlow (New York, NY: Macmillan, 1992), 1: p. 41. 4. Para um estudo mais aprofundado da função dos anjos, ver Donald W. Parry, Angels: Agents of Light, Love, and Power (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2013). 5. Larry Evans Dahl, "Angels, Ministry of", em Book of Mormon Reference Companion, ed. Dennis L. Largey (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2003), p. 60. 6. Francis Brown, S. R. Driver and Charles Briggs, A Hebrew and English Lexicon of the Old Testament (Oxford, UK: Clarendon Press, 1951), p. 521. 7. Jeffrey R. Holland, "O Ministério de Anjos", A Liahona, novembro de 2008, disponível online em lds.org.