KnoWhy #341 | Agosto 21, 2019

O que podemos aprender com as primeiras palavras do Salvador na terra de Abundância?

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Scripture Central

"Eis que eu sou Jesus Cristo, cuja vinda ao mundo foi testificada pelos profetas. E eis que eu sou a luz e a vida do mundo; e bebi da taça amarga que o Pai me deu e glorifiquei o Pai, tomando sobre mim os pecados do mundo, no que me submeti à vontade do Pai em todas as coisas desde o princípio". 3 Néfi 11:10–11

Contexto e conteúdo

Após a morte do Salvador, os nefitas e lamanitas testemunharam terríveis trevas e destruição (3 Néfi 8-10).1 Por causa desses eventos, as pessoas se reuniram "nos arredores do templo" na terra de Abundância (3 Néfi 11:1). Lá eles testemunharam a aparição milagrosa do Senhor ressuscitado. As primeiras palavras que ele falou quando apareceu são das declarações mais profundas de todas as Escrituras. Ele Se apresentou, descreveu o que acabara de realizar e estabeleceu Seu relacionamento com o Pai (3 Néfi 11:10-11). Antes de dizer qualquer palavra, o Salvador "estendeu a mão" (3 Néfi 11:9), um sinal que muitas vezes é feito no Livro de Mórmon antes que uma pessoa fale palavras importantes.2 O povo ficou confuso com isso (3 Néfi 11:8), mas depois que ele fez esse sinal e se apresentou, "toda a multidão caiu por terra" e "se lembraram" (3 Néfi 11:12). Entre alguns dos primeiros cristãos, o levantar das mãos era conhecido como o "sinal" de Cristo.3 Primeiro, o Salvador Se apresentou como "Jesus Cristo, cuja vinda ao mundo foi testificada pelos profetas." Por muitos anos, os descendentes de Leí e seu povo aguardaram a vinda do Messias, o Filho de Deus, cujo nome seria Jesus Cristo (ver 2 Néfi 25:19 ; Mosias 3:8). Assim, ele se estabeleceu como o tão esperado Messias, antecipado por muitos dos profetas do Livro de Mórmon.4

341-01.jpgDomínio Doutrinário 3 Néfi 11:10-11. Infográfico por Book of Mormon Central Clique para baixar a imagem de alta resolução

Ele também declarou: "Eu sou a luz do mundo". Embora no evangelho de João, Cristo se chame de "A luz do mundo" e diga que "Nele estava a vida, e a vida era a luz dos homens",5 somente no Livro de Mórmon Jesus usa o título específico "A Luz e a Vida do mundo".6 Para um povo que recentemente havia sofrido muitas trevas e morte, o anúncio de que a Luz e a Vida estavam agora diante dele teria sido especialmente significativo. Como observou Élder Jeffrey R. Holland: "Sua glória criou um esplêndido e acentuado contraste com os três dias de morte e escuridão que eles haviam suportado anteriormente".7 Nos evangelhos do Novo Testamento, o Salvador temia beber o "cálice" e pediu a possibilidade de não tomá-lo.8 No entanto, é aqui, falando aos nefitas e lamanitas, que ele primeiro o chama de "amarga taça".9 Alma já havia falado da "taça amarga" que os ímpios deveriam tomar como parte da consequência do pecado (Alma 40:26). Assim, beber a "amarga taça" é uma metáfora apropriada para "tomar sobre [si mesmo [...] os pecados do mundo". O Salvador sofreu as consequências do pecado (tomando da "amarga taça") em nome de todos, para que aqueles que se arrependem não tenham que tomar da amarga taça para si mesmos.10 Ao longo de sua estada entre o povo do Livro de Mórmon, o Salvador explicou repetidamente aspectos de seu relacionamento com o Pai e, consequentemente, 3 Néfi é talvez o melhor lugar em todas as escrituras para aprender sobre a Trindade.11 O Salvador começou esse ensinamento imediatamente, apresentando-se, explicando que havia "glorificado" o Pai e "se submetido à vontade do Pai em todas as coisas". Então o Salvador começou a testificar de Seu respeito pelo Pai.

Doutrinas e Princípios

Sobre essa primeira declaração do Salvador ao povo do Livro de Mórmon, Élder Jeffrey R. Holland escreveu:

De todas as mensagens dos escritos da eternidade, qual Ele trouxe? [...] A essência de Sua missão terrena. Obediência e lealdade à vontade do Pai, não importa quão amargo seja o cálice ou quão doloroso seja o preço. Esta é a lição que Ele ensinou àqueles nefitas repetidas vezes, durante os três dias em que esteve com eles. Por meio da obediência e sacrifício, humildade e pureza, e uma determinação incansável de glorificar o Pai, o próprio Cristo foi glorificado. Com total devoção à vontade do Pai, Cristo tornou-se a Luz e a Vida do mundo.12

Ao submeter-se humildemente à vontade do Pai em todas as coisas, o Salvador deu um exemplo a seguir. Em última análise, vencemos o pecado através do Seu sacrifício expiatório, da mesma forma que Ele cumpriu o Seu sacrifício expiatório em primeiro lugar: submetemo-nos voluntariamente como uma criança se submete ao seu pai (Mosias 3:19).13 Embora a submissão à vontade do Pai muitas vezes pareça difícil, ninguém jamais enfrentará uma tarefa tão grande e desafiadora quanto a "taça amarga" que o Salvador tomou. O fato de que Ele enfrentou o desafio e bebeu da amarga taça, depois de desejar "não" ter que fazer essa designação (D&C 19:18) pode nos dar confiança para enfrentar até mesmo nossos maiores desafios. Isso é especialmente verdadeiro, visto que, por meio de Sua Expiação, o Salvador nos conforta, ajuda e fortalece em nossos momentos de provação. É isso que o torna a Luz e a Vida do mundo. Assim como Ele fez com o povo fiel que se reuniu no templo da terra de Abundância, Ele pode trazer luz para nós durante os tempos de escuridão e, por meio de Sua luz, Ele pode remover as trevas. Ele vence a morte trazendo a vida eterna. A visita do Salvador àqueles nefitas e lamanitas é "o ponto central, o momento supremo de toda a história do Livro de Mórmon".14 O tom foi definido pela maneira milagrosa como Ele desceu entre eles, e Suas primeiras palavras lhes ensinaram verdades fundamentais sobre Seu relacionamento com o Pai, a natureza de Seu sacrifício expiatório e quem Ele é. O fato de que esses ensinamentos foram dados no templo nos lembra da importância do templo como um lugar onde podemos aprender e vir a Ele e ecoar Seu sacrifício ao fazer os convênios eternos com o Pai por meio Dele por nossa própria vontade e escolha.

Leitura Complementar

Jeffrey R. Holland, Christ and the New Covenant Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2001. Ezra Taft Benson, "The Savior's Visit to America", Ensign, May 1987, disponível em lds.org.

1. Consulte o artigo da Central do Livro de Mórmon, "O que causou a escuridão e a destruição no 34º ano? (3 Néfi 8:20)", KnoWhy 197 (4 de setembro de 2017). 2. David Calabro, " 'Stretch Forth Thy Hand and Prophesy': Hand Gestures in the Book of Mormon", Journal of the Book of Mormon and Other Restoration Scripture 21, no. 1 (2012): pp. 46–59. 3. Ver John W. Welch, Illuminating the Sermon at the Temple and the Sermon on the Mount (Provo, UT: FARMS, 1999), p. 51. 4. Ver, por exemplo, 1 Néfi 11; 2 Néfi 6; 10; 25; 33; Jacó 4; Mosias 3; Alma 7; Helamã 14–16. 6. Ver Brant A. Gardner, Second Witness: Analytical and Contextual Commentary, 6 v. (Salt Lake City, UT: Greg Kofford Books, 2007), 5: p. 338. 5. Ver João 1:4; 8:12; 9:5; ver também 12:46. 6. Para exemplos adicionais, ver Mosias 16:9; Alma 38:9; 3 Néfi 9:18. Gardner, Second Witness, 5: p. 339. Algumas passagens do Velho Testamento combinam "luz" e "vida". Por exemplo: "Porque em ti está o manancial da vida; na tua luz veremos a luz". (Salmos 36:9); "a lei, uma luz; e as repreensões da correção são o caminho da vida" (Provérbios 6:23); Na luz אוֹר]do rosto do rei está a vida" (Provérbios 16:15); e "Porém Deus livrou a minha alma de ir para a cova; e a minha vida verá a luz" (Jó 33:28). 7. Jeffrey R. Holland, Christ and the New Covenant (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2001), p. 258. 8. Mateus 26:39–42; Marcos 14:36; Lucas 22:42; João 18:11. 9. O Salvador também se refere a "amarga taça" em Doutrina e Convênios 19:18. 10. Ver Second Witness, 5: p. 338. 11. Ver o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que 3 Néfi é tão importante para a compreensão do relacionamento entre o Pai e o Filho? (3 Néfi 19:23, cf. v. 29)", KnoWhy 213, 26 de setembro de 2017. David L. Paulsen e Ari D. Bruening, " The Social Model of the Trinity in 3 Nephi", in Third Nephi: An Incomparable Scripture, ed. Andrew C. Skinner e Gaye Strathearn (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book e Neal A. Maxwell Institute for Religious Scholarship, 2012), pp. 191-233. 12. Holland, Christ and the New Covenant, p. 259; ortografia atualizada. 13. Central do Livro de Mórmon, "Como vencer o homem natural? (Mosias 3:19)", KnoWhy 311 (13 de fevereiro de 2018). 14. Holland, Christ and the New Covenant, p. 258. Ver também a o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que 3 Néfi foi chamado de 'o Ponto Central' do Livro de Mórmon? (3 Néfi 11:10)", KnoWhy 201 (8 de setembro de 2017); Central do Livro de Mórmon, "Por que 3 Néfi é considerado o "Santo dos Santos" do Livro de Mórmon? (3 Néfi 14:13–14)", KnoWhy 206 (15 de setembro de 2017); Central do Livro de Mórmon, "Por que 3 Néfi foi chamado de a joia da coroa do Livro de Mórmon? (3 Néfi 17:17)", KnoWhy 210 (21 de setembro de 2017); Central do Livro de Mórmon, "Por que 3 Néfi às vezes é chamado de "Quinto Evangelho"? (3 Néfi 27:21)", KnoWhy 222 (9 de outubro de 2017).