O que significa amar a Deus com "toda a tua mente"?

O conhecimento

Quando um doutor da lei Lhe perguntou: "Mestre, qual é o grande mandamento da lei?" (Mateus 22:36), Cristo recitou parte da oração diária dos judeus, o Shemá: "Amarás ao Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento[ou "mente", numa tradução livre]" (v. 37). O Shema faz parte da tradição judaica, cujo conteúdo tem origem, no mínimo, no reinado do rei Josias e talvez até mesmo anteriormente¹ Alega-se que Moisés originalmente apresentou o mandamento a Israel.² Deus ordenou: "E as ensinarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, e andando pelo caminho, e deitando-te e levantando-te" (Deuteronômio 6:7). Portanto, o Shemá é recitado duas vezes por dia, uma vez pela manhã e uma vez à noite.³ A resposta de Cristo ao publicano não foi reveladora em um sentido em que esse mandamento fosse novidade. O que foi revelador foi que Ele classificou a importância exata disso: "Este é o primeiro e grande mandamento" (Mateus 22:38; Marcos 12:30). Para estabelecer ainda mais sua importância, este mandamento também foi revelado aos nefitas no Livro de Mórmon (1 Néfi 17:55)⁴ e foi novamente revelado nesta dispensação por profetas modernos (D&C 4:2; D&C 59:5). Todos os filhos de Deus devem conhecer e compreender este primeiro e grande mandamento: amar a Deus de todo o coração, de toda a alma e todo pensamento. O Livro de Mórmon, como o Novo Testamento, nos ordena de maneira poderosa a "am[ar] a Deus com todo o vosso poder, mente e força" (Morôni 10:32) e a revelação moderna pode nos ajudar a saber como cumprir esse mandamento.

O que significa amar a Deus?

Na Bíblia, a palavra amor não se refere necessariamente a uma resposta emocional. Nos tempos bíblicos, amar era frequentemente usado para descrever um tipo de lealdade devota, uma lealdade em ação, uma "devoção ao convênio".⁵ Alguns pesquisadores atribuem este grande mandamento à diretriz inicial da Lei da Consagração. Ser leal e ter "devoção ao convênio" é entregar-se imparcialmente a Deus. "Em resumo, aquele que ‘ama o Senhor Deus’ será ‘fiel e verdadeiro em todas as coisas’" e guardará Seus mandamentos.⁶ O Élder Dieter F. Uchtdorf disse: "O amor é a medida de nossa fé, a inspiração de nossa obediência e o verdadeiro ponto culminante de nossa condição de discípulos".⁷ Ser um seguidor de Deus é amá-Lo. A revelação moderna nos ensinou que podemos "falar em línguas, ter o dom da profecia, compreender todos os mistérios, possuir todo o conhecimento, exercer fé para remover montanhas; entretanto, sem caridade nada disso valerá".⁸ O mandamento de amar a Deus havia sido dado primeiro e, conforme explicou o Presidente Ezra Taft Benson, "Ele sabia que, se realmente O amássemos, desejaríamos obedecer a todos os Seus outros mandamentos".⁹

O que significa amar a Deus de toda a nossa mente?

Uma maneira de amar a Deus é "alinhar nossos pensamentos e ações a palavra de Deus".¹⁰ Fazer isso requer fé, humildade e respeito. Às vezes, pode ser difícil se envolver de toda a nossa mente "sem reservas" ou "conflitos de interesse".¹¹ Conflitos de interesse podem ser um emprego, um bom livro, autopreservação, aspirações ou família.¹² O Élder Dallin H. Oaks ensinou que essencialmente qualquer coisa pode causar um conflito de interesses se a colocarmos acima do nosso amor a Deus e da nossa lealdade a Ele.¹³ Uma maneira de combater conflitos de interesse e focar em nossa vontade de servir a Deus é praticar a gratidão: "[A]ma a Deus de todo o seu entendimento quem […] vê Deus em todas as coisas, reconhecendo-O em todos os seus caminhos".¹⁴ Aprender a ouvir Sua voz atentamente através de Seus líderes escolhidos, é outra maneira de entregarmos nossas mentes a Deus e colocá-Lo em primeiro lugar entre nossas prioridades.¹⁵ Assim como concentrar nossos pensamentos e mente em uma conversa com um familiar pode nos aproximar, fazê-lo com o Senhor, ao ouvir Seus sussurros e orientações, também pode nos aproximar Dele. Ao ouvirmos, também podemos aprender a nos preocupar com as coisas que importam para Deus. Podemos então aprofundar nosso amor aplicando e consagrando nossos talentos e inteligência para ajudar em Sua obra. O advogado e pesquisador religioso John W. Welch disse uma vez: "Amamos a Deus com toda a nossa mente, preocupando-nos com os problemas que Ele se preocupa [e] […] ao abraçarmos Seu trabalho, dando a Ele o melhor de nosso planejamento, pesquisa e solução de problemas".¹⁶ O Élder Oaks afirmou que, ao aderir e defender os princípios de Deus estabelecidos no Plano de Salvação, estaremos demonstrando nosso amor por Deus.¹⁷ Outra maneira de amar a Deus com toda a mente é estudar o Salvador. O Élder Holland testificou lindamente: "Após gerações de profetas terem tentado ensinar à humanidade a vontade e o caminho do Pai, geralmente com pouco sucesso, Deus, em Seu empenho máximo de fazer com que O conhecêssemos, enviou à Terra o Seu Filho Unigênito e perfeito, criado à Sua própria imagem e semelhança, para viver e servir entre os mortais nos rigores da vida diária".¹⁸ Quando estudamos a vida do Salvador e aprendemos com Ele, estamos também aprendendo os caminhos do Pai e desenvolvendo nossa confiança e amor por Ele. [caption id="attachment_1991" align="aligncenter" width="800"] Pintura de uma mulher lavando os pés de Jesus com lágrimas. Imagem via Wikimedia Commons.

O porquê

Em um mundo que compete constantemente por nossa atenção, Deus nos pede para escolhê-Lo, dando toda a nossa mente — nossa vontade, inteligência, talentos, gratidão, confiança, humildade e lealdade — a Ele. Deus nos ama de uma maneira perfeita e nosso bem-estar eterno está no topo de Sua agenda.¹⁹ Se somos a prioridade Dele, por que Ele não deveria ser também a nossa? Toda a missão de Cristo aqui na Terra era nos ensinar o amor que nosso Pai Celestial tem por nós, Seus filhos. O Élder Jeffrey R. Holland ensinou: "É a grandiosa verdade de que, em tudo que Jesus veio dizer e fazer, inclusive e especialmente em Seu sofrimento e sacrifício expiatório, mostrou-nos quem é e como é Deus, o nosso Pai Eterno, e quão completamente dedicado Ele é a Seus filhos de todas as eras e nações".²⁰ E prossegue dizendo:"Por meio de palavras e ações, Jesus estava procurando revelar e dar-nos a conhecer a verdadeira natureza de Seu Pai, o nosso Pai Celestial. Ele fez isso, pelo menos em parte, porque tanto naquela época quanto hoje todos precisamos conhecer a Deus mais plenamente para amá-Lo mais profundamente e obedecer a Ele de modo mais completo". ²¹ Saber que a missão de Cristo era nos ajudar a conhecer nosso Pai e Seu amor pode nos levar ao arrependimento e a nos tornarmos mais semelhantes a Ele. Não só isso, mas "diante de qualquer tipo de incerteza, o amor nos dá o benefício da dúvida".²² Quando surge a incerteza, podemos encontrar refúgio no amor que temos em nosso Deus e confiar em Seu amor por nós. Podemos praticar dizer, assim como Néfi disse a seu pai: "Eu irei e cumprirei as ordens do Senhor, porque sei que o Senhor nunca dá ordens […] sem antes preparar um caminho pelo qual suas ordens possam ser cumpridas" (1 Néfi 3:7). Foi-nos prometido que, quando colocamos Deus em primeiro lugar, "todo o resto se encaixará no devido lugar".²³ À medida que aprendemos a amar a Deus com toda a nossa mente, nos aproximamos Dele e aprendemos sobre Seu perfeito amor por nós. O Élder Uchtdorf afirmou que o amor de Deus "nos orienta e nos incentiva a tornar-nos mais puros e santos. Inspira-nos a andar em retidão — não por medo ou obrigação, mas pelo desejo sincero de tornar-nos mais semelhantes a Ele porque O amamos. Ao fazê-lo, vamos 'nascer de novo […]'".²⁴ Quando nascemos de novo, Ele "ilumina [nossa] mente, como fez com o rei Lamôni. Ele fará com que [nossa] mente se expanda, como Alma prometeu. Ele escreverá seus convênios em [nossa] mente, assim como Jeremias prometeu [...] Ele abençoará [nosso] coração e mente com paz que excede todo entendimento, como Paulo assegurou".²⁵ Como Jacó testificou: "[L]evantai a cabeça e recebei a agradável palavra de Deus e banqueteai-vos com seu amor;porque podereis fazê-lo para sempre, se vossa mente for firme" (Jacó 3:2). Este KnoWhy foi possível graças às generosas contribuições de Arlo e Jackie Luke.