Por que é importante fazer nossas orações familiares?

O conhecimento

No Livro de Mórmon, o Senhor ressuscitado administrou o Sacramento a muitos nefitas (3 Néfi 18:1-9), explicando que participar dessa ordenança indicava que "[teriam] o desejo de fazer o que [Ele] orden[ou]" (3 Néfi 18:10). Imediatamente depois, Ele os ordenou a "vigiar e orar sempre" e especialmente "[orar] ao Pai no seio de [sua] família" (3 Néfi 18:15, 21). Esse mandamento de orar é apenas um dos muitos casos em que Jesus enfatizou o tópico da oração aos nefitas.¹ Comentando sobre esse importante tópico, Donald W. Parry, um estudioso da Bíblia e do Livro de Mórmon, declarou: ''Em nenhum outro lugar do Livro de Mórmon o tópico da oração é ensinado e enfatizado de forma tão concentrada como em 3 Néfi 11–20 [...] É importante destacar o papel principal que Jesus Cristo desempenha ao ensinar o conceito de oração à multidão nefita."² Para entender a instrução do Salvador de orar em família, é necessário colocá-la no contexto de Sua orientação geral sobre a oração em 3 Néfi. Enquanto estava entre os nefitas, Cristo repetiu muitos dos ensinamentos encontrados no Sermão da Montanha (Mateus 5-7), incluindo uma versão da Oração Pai Nosso e outras instruções sobre como orar (Mateus 6:5-13; 3 Néfi 13:5-13).³ Como salientou John W. Welch, ensinamentos semelhantes ao Sermão da Montanha são repetidos no restante das instruções do Salvador aos nefitas, inclusive as orientações de Cristo sobre a oração.⁴ Em 3 Néfi 18, Cristo instruiu especificamente: "E da mesma forma que orei entre vós, assim orareis na minha igreja." (3 Néfi 18:16) O Salvador expressou pelo menos onze orações durante Seu ministério entre os nefitas.⁵ Welch observou que nas orações registradas de Jesus há três temas ou preocupações comuns:

[1] Ele agradeceu a Deus, especialmente por revelar Sua palavra ao mundo (ver Mateus 11:25–27); [2] intercedeu continuamente para buscar o perdão e a purificação da humanidade, incluindo aqueles que o estavam crucificando; [3] e submeteu-se à vontade do Pai.⁶

Welch continuou: “Nenhuma manifestação melhor desses três aspectos das orações do Senhor foi preservada do que aquela que aparece no belo capítulo dezenove de 3 Néfi”⁷, dado logo após o mandamento de orar em família. Nesta oração, o Salvador (1) agradeceu ao Pai por enviar o Espírito Santo (3 Néfi 19:20), (2) expressou gratidão pela purificação de seus discípulos escolhidos (3 Néfi 19:28-29), (3) orou "com palavras tão maravilhosas que não poderiam ser escritas", por meio das quais "a vontade de Deus foi dada a conhecer ao povo".⁸ Por último, a Oração Pai Nosso é especificamente apresentada como um modelo de oração (3 Néfi 13:9).⁹ A análise de Welch demonstra o mesmo padrão nessa oração arquetípica.¹⁰ Esta oração também inclui o pedido: "E não nos induzas à tentação, mas livra-nos do mal." (3 Néfi 13:12) Os ensinamentos do Salvador em 3 Néfi 18 deixam claro o importante papel que a oração desempenha na prevenção da tentação: "Deveis vigiar e orar sempre, para que não sejais tentados pelo diabo e levados cativos por ele[...] deveis vigiar e orar sempre para não cairdes em tentação; porque Satanás deseja ter-vos para vos peneirar como trigo" (3 Néfi 18:15, 18; ênfase adicionada). É claro que é o diabo, não o Senhor, quem nos induz à tentação, e a força que obtemos do Senhor pode proteger-nos das tentativas do adversário (cf. TJS Mateus 6:14). É neste contexto que o Salvador acrescenta: ''Orai ao Pai no seio de vossa família, sempre em meu nome, a fim de que vossas mulheres e vossos filhos sejam abençoados'' (3 Néfi 18:21).

O porquê

O Presidente Russell M. Nelson ensinou: "O costume dos membros da Igreja é ajoelhar-se na oração familiar de manhã e à noite."¹¹ O modelo de como e por que orar, tanto individual quanto coletivamente, foi dado pelo próprio Salvador, tanto no Novo Testamento quanto em 3 Néfi. Como Welch apontou:

As orações de Jesus se concentravam em três áreas importantes da experiência religiosa: a importância da revelação, a necessidade do perdão e a supremacia da vontade do Pai [...] Ao abraçar de todo o coração o espírito envolvente das orações do Senhor, teremos encontrado não apenas uma resposta ao fervoroso apelo dos discípulos: "Senhor, ensina-nos a orar", mas também o modelo pelo qual devemos viver.¹²

Quando consideramos a exortação do Senhor de orarmos em família, "para que [nossas] mulheres [nossos] filhos sejam abençoados" (3 Néfi 18:21), os contextos também sugerem outra bênção importante e essencial para as famílias hoje: proteção contra a tentação. O Salvador ensinou que a oração diligente é necessária para proteger-nos contra as tentações do adversário e, por meio de Sua oração, ensinou que devemos orar com fervor para nos proteger da tentação. Os desafios e as tentações que as crianças e os jovens enfrentam hoje são grandes demais para que vivam cada dia sem a força e o espírito que adquirem por meio da oração familiar. O Élder Gordon B. Hinckley ensinou que a oração familiar é uma das quatro pedras angulares na edificação de um lar de fé. Ele explicou:

"Não conheço nada que exerça um efeito mais salutar em sua vida do que a prática de se ajoelharem juntos no início e no final de cada dia [...] De alguma forma, as pequenas tempestades que parecem afligir todo casamento são dissipadas quando, ajoelhados diante do Senhor, vocês agradecem um pelo outro, na presença do outro, e então, juntos, invocam suas bênçãos sobre suas vidas, seu lar, seus entes queridos, e seus sonhos […] Seus filhos serão abençoados com um sentimento de segurança proveniente da vida em um lar onde habita o Espírito de Deus [...] Experimentarão a segurança de palavras gentis proferidas com serenidade e as tempestades de suas próprias vidas serão apaziguadas. Amadurecerão com um sentimento de apreço, tendo ouvido seus pais, em oração, expressarem gratidão por bênçãos grandes e pequenas. Crescerão com fé no Deus vivo''.¹³