KnoWhy #662 | Março 17, 2023
O que ensinam as parábolas do amigo e da viúva importunos?
Postagem contribuída por
Central das Escrituras
"Disse-lhes também: Qual de vós terá um amigo, e se for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, porquanto um amigo meu chegou à minha casa, vindo de caminho, e não tenho o que oferecer-lhe." Lucas 11:5-6
O conhecimento
O Evangelho de Lucas relata que, quando Jesus acabou de orar, "disse-lhe um dos seus discípulos: Senhor, ensina-nos a orar, como também João ensinou aos seus discípulos" (Lucas 11:1). Em resposta a este apelo fervoroso, Jesus ensinou a este discípulo uma forma do Pai Nosso (ver Lucas 11:2-4).
Jesus continuou, explicando não apenas como orar, mas também como essa oração seria recebida por Deus, o Pai. Quanto à intenção de Jesus, John e Jeannie Welch observaram: "Acima de tudo, Ele quer que saibamos com certeza que Deus ouvirá e responderá às nossas orações".1 Isso fica especialmente claro na Tradução de Joseph Smith deste capítulo, que acrescenta a seguinte declaração: "Vosso Pai Celestial não deixará de dar-vos tudo quanto pedirdes a ele" (TJS, Lucas 11:5-6).
A Parábola do Amigo Importuno
Nesse contexto, Jesus oferece uma parábola sobre um amigo importuno à meia-noite:
Qual de vós terá um amigo, e se for procurá-lo à meia-noite, e lhe disser: Amigo, empresta-me três pães, Porquanto um amigo meu chegou à minha casa, vindo de caminho, e não tenho o que oferecer-lhe; E ele, respondendo de dentro, disser: Não me importunes; já está a porta fechada, e os meus filhos estão comigo na cama; não posso levantar-me para tos dar? Digo-vos que, ainda que não se levante para dar-lhos, por ser seu amigo, levantar-se-á, todavia, por causa da sua importunação, e lhe dará tudo o que necessitar. (Lucas 11:5–8)
S. Kent Brown observa que a resposta do amigo desperto "é completamente fora do comum no antigo Oriente", que valorizava muito a hospitalidade.2 Talvez reconhecendo sua falta de cortesia, o amigo desperto acabou cedendo. No entanto, o fez não apenas por um senso de dever para com um amigo, mas devido à importunação — isto é, da persistência — de seu peticionário.3 Conforme a Tradução de Joseph Smith, Jesus então declarou: ''E eu vos digo a vós: Pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á; [...] Pois se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o nosso Pai Celestial boas dádivas, por meio do Espírito Santo àqueles que lho pedirem?'' (TJS, Lucas 11:9, 13).
A respeito desta parábola, Brown escreve:
Jesus capta a essência da oração: seu sucesso requer esforço consistente e sustentado. O importuno consegue, não devido à boa vontade do amigo que já está na cama — e se encontra muito à vontade — mas porque persiste em bater e implorar à porta do amigo. No final, seu amigo não pode negá-lo. [...] No limite da menção de Jesus sobre a hora do dia está a garantia de que Deus está disponível a qualquer hora e em qualquer circunstância.4
Parábola da Viúva Inoportuna
Mais tarde em Seu ministério, Jesus ofereceu uma parábola semelhante, muitas vezes chamada de Parábola da Viúva Inoportuna, na qual uma viúva se aproxima implacavelmente de um juiz que "nem a Deus temia nem respeitava homem algum" (Lucas 18:2). Seu apelo era para que o juiz lhe desse "justiça contra o [seu] adversário" (versículo 3). Embora a princípio tenha tentado ignorá-la, o juiz acabou cedendo, declarando que "todavia, como esta viúva me molesta, hei de fazer-lhe justiça, para que enfim não venha, e me importune muito" (versículo 5).
Nesta história, a relutância inicial do juiz pode ter sido em parte devido à dificuldade do caso, já que as leis relativas às viúvas podem ser complexas e potencialmente "envolveriam muitas pessoas, padrões técnicos e reivindicações contestadas".5 Com relação à moral da história, Jesus perguntou: "E Deus não fará justiça aos seus eleitos, que clamam a ele de dia e de noite, ainda que tardio para com eles?" Jesus então respondeu à sua própria pergunta retórica: "Digo-vos que depressa lhes fará justiça" (Lucas 18:7-8).
O porquê
John e Jeannie Welch escrevem: "A mensagem predominante de ambas as parábolas é a vívida certeza de que Deus ouvirá. Ele responderá às orações".6 As respostas às nossas orações podem não vir quando queremos ou mesmo como queremos, mas a promessa de que Deus ouve nossos fervorosos apelos, é certa.
Por meio dessas parábolas, Jesus fornece ainda um forte contraste entre como Deus responderá às nossas orações e como os mortais imperfeitos — semelhantes às pessoas que podemos encontrar em nossas próprias vidas — atendem aos pedidos. Em ambas as parábolas, o amigo e o juiz agem principalmente por interesse próprio, esperando que o peticionário pare de importuná-los em momentos inoportunos. Em contraste com essas pessoas que sabiam "dar boas dádivas", mesmo com motivos menos do que perfeitos, está o amor e a misericórdia de nosso Pai Celestial, que responderá aos nossos pedidos sinceros e sérios: "Quanto mais dará o nosso Pai Celestial boas dádivas, por meio do Espírito Santo àqueles que lho pedirem?'' (TJS, Lucas 11:9, 13).
A oração, é claro, não é apenas uma ferramenta para acessar a ajuda divina quando nos convém. Em vez disso, "devemos orar persistentemente, constantemente e sinceramente, não esporadicamente ou apenas quando surgem problemas".7 Além disso, conforme o dicionário Bíblico publicado na edição Santo dos Últimos Dias da Bíblia: ''As bênçãos exigem algum trabalho ou esforço de nossa parte antes que possamos obtê-las. A oração é uma forma de trabalho e um meio designado para obter a maior de todas as bênçãos".8
O presidente Russell M. Nelson ensinou: "Imaginem o milagre disso! Seja qual for nosso chamado na Igreja, podemos orar ao nosso Pai Celestial e receber orientação e direção, ser alertados sobre perigos e distrações e ser capazes de realizar coisas que simplesmente não poderíamos fazer por nós mesmos.'' Ele ainda convidou todos a "[orar] em nome de Jesus Cristo sobre suas preocupações, seus medos, suas fraquezas — sim, os anseios de seu coração. E então escutem! [...] Ao repetirem esse processo dia após dia, mês após mês, ano após ano, crescerá 'em [vocês] um princípio de revelação'".9
Leitura Complementar
John W. Welch e Jeannie S. Welch, The Parables of Jesus: Revealing the Plan of Salvation (American Fork, UT: Covenant Communications, 2019), pp. 124–131. S. Kent Brown, The Testimony of Luke (Provo, UT: BYU Studies, 2014), pp. 549–600; 805–848.1. John W. Welch e Jeanie S. Welch, The Parables of Jesus: Revealing the Plan of Salvation (American Fork, UT: Covenant Communications, 2019), p. 125. 2. S. Kent Brown, The Testimony of Luke (Provo, UT: BYU Studies, 2014), p. 557. 3. A BYU New Rendition traduz o final desta parábola como "embora não se levante e dê a ele porque é seu amigo, mas devido a sua persistência, ele lhe dará tanto quanto ele precisa", deixando claro qual era a importunação do amigo. Brown, Testimony of Luke, p. 556. 4. Brown, Testimony of Luke, p. 559. 5. Welch e Welch, ''Parables of Jesus'', p. 127. 6. Welch e Welch, ''Parables of Jesus'', p. 128. 7. Welch e Welch, ''Parables of Jesus'', p. 128. 8. Bible Dictionary, ''Prayer''. 9. Russel M. Nelson, ''Revelação para a Igreja, revelação para nossa vida", Conferência Geral, abril de 2018.