KnoWhy #329 | Agosto 21, 2019

Por que a iniquidade nunca foi felicidade?

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Scripture Central

"Não penses que por ter sido falado acerca de restauração, serás restituído do pecado para a felicidade. Eis que te digo que iniquidade nunca foi felicidade." Alma 41:10

Contexto e conteúdo

Durante a missão de Alma aos zoramitas, seu filho Coriânton "abandon[ou] o ministério" e foi "atrás da meretriz Isabel" (Alma 39:3).1 Com o propósito de ajudar seu filho a se arrepender e retornar ao trabalho missionário, Alma advertiu: "Não penses que por ter sido falado acerca de restauração, serás restituído do pecado para a felicidade. Eis que te digo que iniquidade nunca foi felicidade" (Alma 41:10). Neste versículo, o termo "restauração" refere-se à ressurreição e ao julgamento final. 2 Essas doutrinas foram objeto de grande controvérsia entre o povo do Livro de Mórmon. O apóstata Neor, por exemplo, levou muitos à crença equivocada de que "no fim, todos os homens teriam vida eterna" independentemente de seus atos serem bons ou maus (Alma 1:4, ênfase adicionada).3 Esse tipo de ensino pode explicar por que Coriânton presumiu que, se não se arrependesse de seus pecados, poderia de alguma forma ser feliz após a ressurreição.4 Para ajudar Coriânton a entender por que uma pessoa não pode ser "restituíd[a] do pecado para a felicidade", Alma usou uma forma de poesia chamada quiasmo (Alma 41:10).5 Esse tipo de poema apresenta uma série de palavras ou frases e as coloca em ordem inversa:

A. Não penses que por ter sido falado acerca de restauração, serás restituído do pecado para a felicidade.

B. Eis que te digo que iniquidade nunca foi felicidade.

C. E agora, meu filho, todos os homens que estão num estado natural,

D. ou, em outras palavras, num estado carnal,

E. encontram-se no fel da amargura

E. e nos laços da iniquidade;

D. vivem sem Deus no mundo

C. e seguiram caminhos contrários à natureza de Deus;

B. por conseguinte, estão num estado contrário à natureza da felicidade.

A: E agora, eis que o significado da palavra restauração é tirar uma coisa do estado natural e colocá-la em um estado antinatural ou colocá-la em estado oposto à sua natureza? (Alma 41:10–12).6

O centro do quiasmo é geralmente a parte mais importante de sua mensagem.7 Portanto, neste caso, Alma colocou "fel de amargura" e "laços de iniquidade" no meio, enfatizando as terríveis e inevitáveis consequências do pecado (Alma 41:11). Com base nessa importante verdade, ele mostrou como a "natureza de Deus" e a "natureza da felicidade" estão inseparavelmente conectadas (v. 11). Viver contra os mandamentos de Deus é viver contra a natureza eterna da felicidade. E como a ressurreição não pode restaurar nada a "um estado antinatural", é impossível viver em um estado de iniquidade na mortalidade e, sem arrependimento sincero, ser recompensado com um estado de paz e felicidade no céu (v. 12).

Domínio Doutrinário Alma 41:10. Infográfico via Book of Mormon Central
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Coriânton certamente não foi a primeira pessoa a entender mal esse princípio. A declaração de Alma de que "iniquidade nunca foi felicidade" sugere uma longa história de equívocos (Alma 41:10, ênfase adicionada). O primeiro e talvez mais notável exemplo nas Escrituras dessa falsa crença é quando Caim matou seu irmão Abel. Depois de ter cometido seu terrível crime, Caim disse: 'Na verdade eu sou Maã, o senhor deste grande segredo, para que eu possa matar e obter lucro. [...] e vangloriou-se de sua iniquidade" (Moisés 5:31).8 Aparentemente, Caim sentiu satisfação por ter matado seu irmão. No entanto, depois de ser amaldiçoado pelo Senhor, Caim disse: "meu castigo é maior do que me é possível suportar" (v. 38). As escrituras mostram que, desde os dias de Adão até os dias atuais, a iniquidade nunca trouxe a verdadeira felicidade. Como Samuel, o lamanita, lembrou aos nefitas ímpios: "buscastes felicidade na iniquidade, o que é contrário à natureza daquela retidão que há em nosso grande e Eterno Cabeça" (Helamã 13:38).

Doutrinas e Princípios

Como Coriânton, muitas pessoas hoje em dia estão confusas sobre a natureza eterna das leis "imutáveis e inalteráveis" de Deus.9 Alguns acreditam que não há leis morais absolutas. Outros imaginam que Deus tolerará qualquer transgressão por causa de Seu amor infinito e eterno.10 A verdade, no entanto, é que o amor de Deus por si só não pode eliminar as consequências eternas do pecado.11 Somente a fé, o arrependimento e a obediência aos mandamentos de Deus podem ativar o poder purificador e redentor da expiação infinita de Cristo. O presidente Boyd K. Packer explicou: "Há leis tanto morais quanto físicas que foram "irrevogavelmente [decretadas] no céu antes da fundação deste mundo" e que não podem ser alteradas. A história mostra repetidas vezes que os padrões morais não podem ser mudados por meio de batalhas nem por votações".12 Reconhecendo as leis eternas de Deus, Élder Jeffrey R. Holland ensinou que "se o amor for o nosso lema, como deve ser, então, de acordo com a palavra Dele que é o amor personificado, devemos abandonar a transgressão e toda forma de promovê-la para outras pessoas."13 Como Alma amava profundamente seu filho Coriânton, ele lhe ensinou a natureza eterna das leis de Deus e o advertiu sobre as consequências inevitáveis do pecado. Da mesma forma, todos os pais devem amorosamente "[criar seus] filhos em luz e verdade" (D&C 93:40). Élder D. Todd Christofferson explicou que "[a] motivação para erguermos a voz de advertência é o amor: amor a Deus e amor ao próximo."14 Nesse espírito de amor, Élder Dallin H. Oaks advertiu: "Não há felicidade no álcool ou nas drogas, somente escravidão. Não há felicidade na violência, somente dor e tristeza. Não há felicidade nas relações sexuais e em familiaridades físicas fora dos laços do casamento, somente degradação e a intensificação do impulso que leva ao caminho da morte espiritual."15 O mesmo poderia ser dito de qualquer tipo de pecado. O mal às vezes pode proporcionar satisfação temporária (3 Néfi 27:11), aqueles que quebram os mandamentos de Deus só podem "por um pouco de tempo ter o prazer do pecado" (Hebreus 11:25). Mais cedo ou mais tarde, esse mal sempre terminará em miséria. Por outro lado, persistir na justiça resultará eternamente em "felicidade duradoura ou à alegria eterna".16

Leitura Complementar

Élder D. Todd Christofferson, "A Voz de Advertência", A Liahona, maio de 2017, pp. 108–111, disponível em: lds.org. Élder L. Tom Perry, "A Obediência à Lei É Liberdade", A Liahona, maio de 2013, pp. 86-88, disponível em: lds.org. Presidente Boyd K. Packer, "Limpar o Vaso Interior", A Liahona, novembro de2010, pp. 74-77, disponível em lds.org. Élder Dallin H. Oaks, "Alegria e Misericórdia", A Liahona, novembro de 1991, disponível em lds.org.

1.Ver o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que o pecado de Coriânton era tão grave? (Alma 42:13)", KnoWhy 147 (28 de junho de 2017); Central do Livro de Mórmon, "O que Alma diz sobre evitar o pecado sexual? (Alma 39:9)", KnoWhy 326. 2. Ver o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que e como Alma explicou o significado da palavra "Restauração"? (Alma 40:9)", KnoWhy 149 (30 de junho de 2017); Richard O. Cowan, "A New Meaning of 'Restoration': The Book of Mormon on Life After Death", em Alma, The Testimony of the Word, Book of Mormon Symposium Series, Volume 6, ed. Monte S. Nyman e Charles D. Tate, Jr. (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 1992), pp. 195–210; Denis L. Largey, "Restoration, plan of", em Book of Mormon Reference Companion, ed. Dennis L. Largey (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2003), pp. 679–680; Robert J. Matthews, "Resurrection, the", em Book of Mormon Reference Companion, p. 680. 3. Ver Douglas J. Merrell, "The False Priests of the Book of Mormon", em Selections from the Religious Education Student Symposium 2005 (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 2005), pp. 87–90. 4. Ver o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que Coriânton estava tão preocupado com a ressurreição? (Alma 40:9)", KnoWhy148 (29 de junho de 2017). 5. Ver o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que a presença de quiasmos no Livro de Mórmon é algo significativo? (Mosias 5:10–12)", KnoWhy166 (21 de julho de 2017). 6. O formato segue Donald W. Parry, Poetic Parallelisms in the Book of Mormon: The Complete Text Reformatted (Provo, UT: Neal A. Maxwell Institute for Religious Scholarship, 2007), p. 332. 7. Ver John W. Welch, "Criteria for Identifying and Evaluating the Presence of Chiasmus", Journal of Book of Mormon Studies 4, no. 2 (1995): p. 8. 8. O Senhor até disse a Caim que "será dito em dias futuros que essas abominações vieram de Caim" (Moisés 5:25). 9. Élder L. Tom Perry, "A Obediência à Lei É Liberdade", A Liahona, maio de 2013, p. 86, disponível em: lds.org. 10. Ver Élder Dallin H. Oaks, "Verdade e Tolerância", Serão do SEI para Jovens Adultos, 11 de setembro de 2011, disponível em lds.org. 11. Alma ensinou que, para aqueles que persistem na iniquidade, “estarão como se não tivesse havido redenção alguma; porque não poderão ser redimidos segundo a justiça de Deus" (Alma 12:18). 12. Presidente Boyd K. Packer, "Limpar o Vaso Interior", A Liahona, novembro de 2010, p. 76, disponível em lds.org. 13. Élder Jeffrey R. Holland, "O Custo — e as Bênçãos — do Discipulado", A Liahona, maio de 2014, p. 8, disponível em lds.org (pontuação modificada). 14. Élder D. Todd Christofferson, "A Voz de Advertência", A Liahona, maio de 2017, p. 109, disponível em lds.org. 15. Élder Dallin H. Oaks, "Alegria e Misericórdia", A Liahona, novembro de 1991, disponível em lds.org (ortografia atualizada). 16. Élder Oaks, "Alegria e Misericórdia", disponível em lds.org.