KnoWhy #219 | Agosto 21, 2019
Por que Deus converterá o coração dos pais aos filhos?
Postagem contribuída por
Scripture Central

"E ele voltará o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a Terra com maldição." 3 Néfi 25:6
O conhecimento
No final da citação de Jesus, em Malaquias, o povo soube que o Senhor enviaria Elias "antes que venha o dia grande e terrível do Senhor" e que Elias "voltará o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais" (3 Néfi 25:5-6, Malaquias 4:5-6).1 Imediatamente após essa citação, Jesus "explicou-lhes todas as coisas, do princípio até o tempo em que ele viria em sua glória" (3 Néfi 26:3). Isso sugere que algo sobre a profecia de Malaquias, e especialmente o papel de Elias como mensageiro preparatório, era de grande importância para o Plano de Salvação.2 Embora a versão King James diga que Elias converterá os corações dos pais e os filhos, os estudiosos apontaram que o termo equivalente na Septuaginta (a versão grega do Velho Testamento) pode ser traduzido como restaurar e que no hebraico original pode ser corretamente interpretado como reconciliar.3 Curiosamente, quando Morôni apareceu várias vezes a Joseph Smith em seu quarto, ele citou esse mesmo versículo, mas o modificou ligeiramente para dizer que Elias "plantará no coração dos filhos as promessas feitas aos pais" 4. Sugerindo que, como uma semente, o relacionamento de convênio entre esses dois grupos poderia ser nutrido e crescer novamente (JS-H 39, ênfase adicionada).5 A influência necessária de Elias para retornar, reconciliar, restaurar e até plantar promessas nos corações de pais e filhos pressupõe que, em um momento ou outro, o relacionamento familiar entre gerações seria quebrado, perdido ou comprometido. Como Jesus profetizou, "o amor de muitos esfriará" (Mateus 24:12). Alan J. Hawkins, Clifford J. Rhoades e David C. Dollahite argumentou que, nos últimos duzentos anos, a industrialização, a urbanização e a ênfase na liberdade individual levaram a uma "mudança significativa dos corações paternos para longe de seus filhos".6 Embora um "ambiente agrícola e rural" predominante tenha permitido que muitos pais e mães estivessem "intimamente envolvidos na vida diária de seus filhos", o surgimento de fábricas e profissões industriais levaram os pais a reduzir o tempo que passam com os filhos e outros membros da família.7 Além disso, "quando dados recentes sobre divórcio e maternidade fora do casamento se somam a esse retrato, vemos os pais cada vez mais na periferia da vida das crianças".8 Essa infeliz tendência só foi impulsionada pela crescente ênfase do mundo ocidental no individualismo. Essa filosofia egocêntrica triunfa sobre a liberdade e os desejos do indivíduo sobre as obrigações e deveres que acompanham as relações familiares. No entanto, depois de "libertar-se dos laços que o cuidado altruísta dos outros necessariamente traz, as pessoas podem se encontrar tão desconectadas da comunidade familiar e das relações institucionais, que sua autorrealização ilimitada parece uma solidão desesperada".9
O Porquê
Os santos dos últimos dias enxergam a visita de Elias ao templo de Kirtland em 1836, como um cumprimento direto da profecia de Malaquias. Por que Elias veio? Ele veio para restaurar o poder de selamento que une maridos e esposas e seus filhos para o tempo e a eternidade. A pesquisa genealógica e o trabalho vicário do templo pelos mortos expandiram o escopo desse trabalho intergeracional (ver D&C 110).10 Além disso, há muitas evidências de que Elias veio para fortalecer e consertar as relações familiares aqui e agora entre os vivos. Élder Russell M. Nelson explicou que, após o retorno profético de Elias, "a afeição natural entre as gerações começou a crescer." E ele concluiu: "Essa restauração foi realizada pelo que, às vezes, é chamado de Espírito de Elias, que é uma manifestação do Espírito Santo, que presta testemunho da natureza divina da família".11 O Espírito de Elias pode ser visto como uma influência sutil, mas poderosa, contra as forças que estão ameaçando as relações familiares.12 Pesquisas sobre a família moderna, por exemplo, mostram que a maioria dos pais hoje acredita que cuidar das necessidades físicas e emocionais de seus filhos é tão importante quanto proporcionar-lhes segurança financeira.13 A apresentação de um estudo recente sobre os pais explica:
Nós nos esforçamos para projetar com precisão o desejo e o compromisso dos pais de hoje de desempenhar um papel importante como pais e membros da família, não apenas como provedores financeiros. Ao falar sobre as mudanças que observamos, muitas vezes nos perguntam: "Isso é tudo sobre a geração do milênio?" As mudanças de atitudes da paternidade são o resultado de uma mudança geracional que está em andamento?14
Certamente nem todas as mudanças familiares da era moderna são saudáveis, mas a crescente preocupação com a interação e influência dos pais entre os membros da família é encorajadora.15 Os corações dos pais estão se voltando mais para seus filhos e sua posteridade. De acordo com Hawkins, Dollahite e Rhoades, essa ampla restauração do cuidado familiar é evidente em pelo menos três áreas notáveis: "(1) um número pequeno, mas crescente, de pais está cada vez mais envolvido no cuidado diário e na criação de seus filhos, (2) a situação das crianças está melhorando e (3) as pessoas estão mostrando maior preocupação com o meio ambiente que será transmitido às gerações futuras".16 Esses tipos de mudanças sociais positivas podem ser vistos como complementares e talvez até mesmo preparatórias para a aceitação e apreciação do poder de selamento restaurado por Elias no templo de Kirtland. Um mundo que não sabe como amar, valorizar e cuidar dos membros vivos da família e das gerações futuras resultaria em uma situação muito complicada para realizar a obra milenar de redimir seus parentes mortos e todos os filhos de Deus.17 No entanto, para aqueles que já amam e valorizam os relacionamentos familiares atuais, a mensagem das famílias eternas, os poderes restauradores de selamento e as ordenanças vicárias podem ser prontamente aceitos com alegria.
O poder de amar a família e os relacionamentos comuns é mostrado diretamente no registro da sociedade nefita após o ministério de Cristo entre seu povo. Mórmon relatou que "casavam-se e davam-se em casamento e eram abençoados segundo a multidão das promessas que o Senhor lhes fizera" (4 Néfi 1:11), e aconteceu que "não havia contendas na terra, em virtude do amor a Deus que existia no coração do povo" (v. 15). Ele concluiu que "certamente não poderia haver povo mais feliz entre todos os povos criados pela mão de Deus" (v. 16). Este modelo social ideal — baseado nas doutrinas, ensinamentos, promessas e experiências sagradas de Cristo com pais e filhos — prenunciou o que foi possível através do Espírito de Elias nos últimos dias.18 Todos os que permitem que essa influência divina penetre profundamente em seus corações também podem receber um amor e felicidade familiares abundantes que, quando acompanhados pelas sagradas ordenanças do sacerdócio, serão finalmente selados e "acompanhad[os] de glória eterna" (D&C 130:2) em virtude dos poderes e chaves que Elias veio restaurar. Élder David A. Bednar disse: "As promessas feitas a Abraão, Isaque e Jacó serão implantadas em seu coração. […] Seu amor e sua gratidão por seus antepassados vão aumentar. [...] E prometo-lhes que serão protegidos da crescente influência do adversário".19
Leitura Complementar
Aaron P. Schade and David Rolph Seely, "The Writings of Malachi in 3 Nephi: A Foundation for Zion in the Past and Present," in Third Nephi: An Incomparable Scripture, ed. Andrew C. Skinner and Gaye Strathearn (Salt Lake City and Provo, UT: Deseret Book and Neal A. Maxwell Institute for Religious Scholarship, 2012), pp. 261–279. Sidney B. Sperry, " Moroni Expounds Old Testament Scriptures" Journal of Book of Mormon Studies 4, no. 1 (1995): pp. 269–285. Alan J. Hawkins, Clifford J. Rhoades e David C. Dollahite, "Turning the Hearts of the Fathers to the Children: Nurturing the Next Generation", BYU Studies 33, no. 2 (1993): pp. 273–292.1. Este versículo concluiu a citação de Jesus dos dois capítulos de Malaquias 3 e 4, que são os capítulos finais do Velho Testamento. Para uma discussão mais geral sobre a citação de Jesus em Malaquias, ver o artigo da Central do livro de Mórmon, "Por que Jesus deu aos nefitas as profecias de Malaquias? (3 Néfi 24:1)", KnoWhy 218 , (3 de outubro de 2017) 2. Ver "Elias", no Guia para Estudo das Escrituras, disponível em lds.org, para uma breve explicação sobre mensageiros preparatórios. 3. Alan J. Hawkins, Clifford J. Rhoades, and David C. Dollahite, "Turning the Hearts of the Fathers to the Children: Nurturing the Next Generation", BYU Studies 33, no. 2 (1993): p. 276. 4. Morôni pode ter interpretado isso de uma maneira mais bíblica e culturalmente relacionada ao Livro de Mórmon, que ele revelou a Joseph Smith na mesma visita (ver JS-H 34-35). Alma, por exemplo, pregou que a palavra de Deus deveria ser semeada no coração e depois nutrida até crescer como uma árvore da vida (ver Alma 32:28-43, ênfase adicionada). Para um estudo sobre árvores que crescem nos corações do antigo pensamento religioso americano, ver John L. Sorenson, Mormon’s Codex: An Ancient American Book (Salt Lake City and Provo, UT: Deseret Book and Neal A. Maxwell Institute for Religious Scholarship, 2013 ), pp. 465-466. Sydney B. Sperry, por outro lado, simplesmente concluiu que Morôni ajustou o versículo para facilitar a compreensão de Joseph Smith. Ver Sidney B. Sperry, "Moroni Expounds Old Testament Scriptures", Journal of Book of Mormon Studies 4, no. 1 (1995): p. 275. 5. Também deve ser notado que Morôni acrescentou uma referência a Elias e ao sacerdócio em sua citação da profecia de Malaquias: "E também citou o quinto versículo assim: Eis que eu vos revelarei o Sacerdócio, pela mão de Elias, o profeta, antes que venha o grande e terrível dia do Senhor" (JS-H 1:38). Para uma discussão mais detalhada sobre o uso do Velho Testamento por Morôni em suas instruções a Joseph Smith, W. Jeffrey Marsh, "Training from the Old Testament: Moroni’s Lessons for a Prophet", Ensign, agosto de 1998, disponível em: lds.org. 6. Hawkins et al., "Turning the Hearts", p. 279. 7. Hawkins et al., "Turning the Hearts", pp. 277–278. 8. Hawkins et al, "Turning the Hearts", p. 278. 9. Hawkins et al., "Turning the Hearts", p. 279. 10. Ver, por exemplo, Quintin L. Cook, "Raízes e Ramos", A Liahona, abril de 2014, pp. 44-48, disponível em lds.org. 11. Russell M. Nelson, "Uma Nova Colheita", A Liahona, abril de 1998. Como uma manifestação profética dessa influência, ver "A Família: Proclamação ao Mundo" disponível em lds.org. 12. Ver Bonnie L. Oscarson, "Defensoras da Proclamação da Família", A Liahona, abrilde 2015, p. 14, e disponível em lds.org, para identificar maneiras significativas de proteger e defender contra essas forças. 13. Ver Brad Harrington, Fred Van Deusen e Beth Humberd, The New Dad: Caring, Committed and Conflicted (Chestnut Hill, MA: Boston College Center for Work and Family, 2011), pp. 12-13, disponível em www.bc.edu. Ressalta-se que esses estudos foram realizados nos Estados Unidos da América, portanto seus resultados podem não refletir as atitudes ou condições de outros países. 14. Brad Harrington, Jennifer Sabatini Fraone, Jegoo lee e Lisa Levey, The New Millennial Dad: Understanding the Paradox of Today’s Fathers (Chestnut Hill, MA: Boston College Center for Work and Family, 2016), p. 2, disponível em www.bc.edu. 15. Para exemplos de atitudes inadequadas em relação à família na sociedade moderna, ver L. Tom Perry, "Por Que o Casamento e a Família São Importantes — Em Todas as Partes do Mundo", A Liahona, abril de 2015, pp. 39-42, disponível em: lds.org. 16. Hawkins et al., "Turning the Hearts", p. 281. 17. Ver Ensinamentos dos Presidentes da Igreja, Brigham Young (Salt Lake City, UT: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 1997), pp. 313-321, 323-330, para um estudo sobre o trabalho do templo durante o milênio. 18. Ver M. Gawain Wells, "The Savior and the Children in 3 Nephi", Journal of Book of Mormon Studies 14, no. 1 (2005): pp. 62-73, 129, para um estudo das interações do Salvador com as famílias em 3 Néfi. 19. David A. Bednar, "O Coração dos Filhos Voltar-se-á A Liahona, outubro de 2011, p. 24; disponível em: lds.org.