KnoWhy #345 | Agosto 21, 2019
Por que é importante manter registros?
Postagem contribuída por
Scripture Central

"Ordenou-me, portanto, o Senhor que fizesse estas placas para um sábio propósito seu, o qual me é desconhecido." 1 Néfi 9:5
O conhecimento
Em 1831, John Whitmer tornou-se o primeiro historiador oficial da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. 1 Ele recebeu esse chamado em uma revelação formal, instruindo a conservar "uma história regular" da Igreja e a mantê-la "continuamente" (D&C 47:1, 3). Com vários graus de sucesso,2 Whitmer e outros santos pioneiros se esforçaram para cumprir esse mandamento divino. Eles mantinham diários pessoais, registravam sermões, tomavam notas durante as reuniões, registravam ordenanças e bênçãos do sacerdócio e compilavam relatórios sobre a perseguição de seu povo (ver D&C 123:1-7).3
A importância de manter registros recebeu ainda mais ênfase quando Joseph Smith introduziu a doutrina de batismo pelos mortos.4 Em uma carta sobre ordenanças vicárias, ele instruiu os registradores a fazerem "atas precisas" e que cada um fosse "muito minucioso e exato ao anotar todos os procedimentos, afirmando em seu registro que viu com seus olhos e ouviu com seus ouvidos, dando a data, os nomes e assim por diante" (D&C 128:3). O profeta explicou que sempre que o povo de Deus agisse "com autoridade em nome do Senhor e fizeram-no verdadeira e fielmente, conservando um registro fiel e adequado do mesmo, tornou-se lei na Terra e nos céus e, de acordo com os decretos do grande Jeová, não podia ser revogado." (v. 9).
Os profetas do Livro de Mórmon certamente podem ser contados entre os santos justos que "mantiveram um registro adequado e fiel" de revelações e eventos importantes.5 Eles valorizavam seus próprios registros sagrados, particularmente as Placas de Latão, pois esses escritos "ampliaram a memória deste povo" (Alma 37:8).6 Em sua preocupação com as gerações futuras, continuaram a tradição de escrever em placas de metal porque sabiam que se não fizessem de outra maneira "que não seja em placas, perecerá e desaparecerá" (Jacó 4:2).7
A Igreja começou desde cedo a manter registros de sua históriaMais do que isso, os profetas nefitas mantinham registros cuidadosos porque o Senhor lhes ordenava explicitamente que o fizessem, muitas vezes sem que soubessem o motivo. Néfi, por exemplo, escreveu que o Senhor lhe ordenou que fizesse um conjunto de placas menores "para um sábio propósito seu, o qual me é desconhecido" (1 Néfi 9:5).8 Da mesma forma, Mórmon disse que, embora não conhecesse "todas as coisas", incluiu certos registros "com um sábio propósito; pois assim me é sussurrado, segundo o Espírito do Senhor que está em mim." (Palavras de Mórmon 1:7).
Assim como os vários tipos de registros entre os primeiros santos, o Livro de Mórmon foi composto de uma variedade de registros diferentes. Isso inclui itens como cartas, histórias militares, relatos de líderes ou heróis, histórias políticas, histórias de migração, cerimônias registradas, profecias, contagem de anos e histórias sobre o calendário, anais, listas de tributos ou impostos, genealogias e histórico de linhagem.9 Sem os detalhes, tanto sagrados quanto comuns, de uma variedade de registros, Mórmon teria muito pouco a que recorrer para apresentar a história de seu povo ao público moderno. Sua preservação foi essencial para a composição do Livro de Mórmon.
O porquê
Os registros possibilitam ouvir as vozes de povos do passado e falar com públicos de um futuro distante. Néfi declarou que seu povo falaria [às gerações futuras] "da terra" e que sua "fala sussurrará desde o pó" (2 Néfi 26:16). Dessa forma, os registros estão disponíveis para unir gerações que, de outra forma, estariam distantes umas das outras. Como descreveu o Élder Richard G. Scott, as escrituras — e, consequentemente, os profetas que as escreveram — podem se tornar "amigos leais que não estão limitados pela geografia ou pelo calendário".10
Pintura das Placas de Ouro, por Jerry Thompson"A manutenção de registros", explicou Anita Wells, "tem mais do que apenas interesse histórico; tem significado e consequências eternos".11 Quando o Salvador estava entre os nefitas, ele ensinou que "pelos livros que foram escritos e pelos que serão escritos este povo será julgado", bem como todo o "mundo" (3 Néfi 27:25-26). Isso indica que, devido a sua autoridade divina, o Livro de Mórmon é verdadeiramente um registro irrefutável,12 e seremos julgados pela forma como respondemos às suas verdades. 13
Assim como os profetas do Livro de Mórmon, também temos a responsabilidade de registrar e preservar nossas experiências sagradas, tanto para nós mesmos quanto para as gerações futuras. Élder Scott ensinou: "Esse registro detalhado da inspiração mostra a Deus que Suas comunicações são sagradas para nós e também ampliará nossa habilidade de recapturá-las. Tais registros de orientação pelo Espírito devem ser protegidos contra perdas ou a intromissão de outras pessoas." 14
As gerações futuras certamente desejarão saber como teria sido viver na "décima primeira hora" antes da segunda vinda de Cristo (D&C 33:3). Portanto, como Néfi e Mórmon, devemos seguir os sussurros do Espírito para registrar eventos e verdades sagradas, mesmo que não possamos discernir imediatamente os propósitos de Deus para que o façamos. Também não faria mal lembrar algumas das características mais cotidianas de nossas vidas. Às vezes, esses detalhes fornecem um contexto importante para nossos momentos mais sagrados, assim como os vários tipos de registros do Livro de Mórmon forneceram o contexto necessário para dar sentido às suas histórias.
Por meio de registros sagrados, os filhos de Deus de diferentes lugares e épocas podem ter seus "corações entrelaçados em unidade e amor uns para com os outros." (Mosias 18:21). Ao estudarmos diligentemente os registros sagrados de povos e dispensações anteriores, nosso coração se voltará para eles com gratidão. E ao preservarmos nossos próprios registros sagrados para as gerações futuras e para a posteridade, aguardaremos com caridade e esperança que as bênçãos de Deus repousem sobre eles.
No final, a vontade de Deus honrará os registros sagrados das ordenanças do sacerdócio realizadas por Seu povo, como um "elo de ligação", essas bênçãos autorizadas nos unirão para a eternidade (D&C 128:18).15
Leitura Complementar
Anita Wells, ''Bare Record: The Nephite Archivist, The Record of Records, and the Book of Mormon Provenance'', Interpreter: A Journal of Mormon Scripture 24 (2017): pp. 99–122. Matthew McBride, "Letters Regarding Baptism for the Dead", em Revelations in Context: The Stories Behind the Doctrine and Covenants Sections (Salt Lake City, UT: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 2016), disponivel em history.LDS.org. John L. Sorenson, "Mormon's Sources", Journal of the Book of Mormon and Other Restoration Scripture 20, no. 2 (2011): pp. 2–15. Louis Midgley, "The Book of Mormon as Record", FARMS Review 21, no. 1 (2009): pp. 45–51. "Diário: De Maior Valor do que o Ouro", em Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Wilford Woodruff (Salt Lake City, UT: A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, 2004), pp. 131-138.1. John Whitmer substituiu Oliver Cowdery, que, desde a organização da Igreja em 1830, mantinha registros não oficiais da Igreja. Na revelação, o Senhor explicou que Whitmer havia sido chamado para o cargo "pois Oliver Cowdery designei para outro ofício" (D&C 47:3). 2. Ver Richard Lyman Bushman, Joseph Smith: Rough Stone Rolling (New York, NY: Knopf, 2005), p. 233. 3. Ver Howard C. Searle, "Historians, Church," Encyclopedia of Mormonism, 4 v., ed. Daniel H. Ludlow (New York, NY: Macmillan, 1992), 2: pp.589–592. 4. Ver Matthew McBride, "Letters Regarding Baptism for the Dead", em Revelations in Context: The Stories Behind the Doctrine and Covenants Sections (Salt Lake City, UT: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 2016), disponivel em history.LDS.org. 5. Ver Louis Midgley, "The Book of Mormon as Record", FARMS Review 21, no. 1 (2009): pp. 45–51. 6. As bênçãos do registro nefita podem ser contrastadas com a situação dos mulequitas, cujo "idioma corrompera-se" e que "nenhum registro tinham trazido consigo" (Ômni 1:17). 7. Para um estudo geral de escrituras em placas de metal no mundo antigo, ver William J. Hamblin, "Sacred Writing on Metal Plates in the Ancient Mediterranean", FARMS Review 19, no. 1 (2007): pp. 37–54; H. Curtis Wright, "Metallic Documents of Antiquity," BYU Studies Quarterly, 10, no. 4 (1970) pp. 457–477. Ver também, Central do Livro de Mórmon, "Que tipo de metal Néfi usou para fazer as placas? (1 Néfi 19:1)", KnoWhy 22, 26 de janeiro de 2017. 8. As placas menores de Néfi ofereceriam uma solução divina para as 116 páginas perdidas por Martin Harris. O Élder Kim B. Clark explicou: "Sem o registro de Leí, não haveria nenhum relato da família de Leí, da jornada para a terra prometida, ou da origem dos nefitas e dos lamanitas. Em maio de 1829 o Senhor revelou a Joseph um plano, que levou séculos sendo preparado, para substituir o Livro de Leí pelo que agora conhecemos como as placas menores de Néfi.''. Kim B. Clark, "Tu És Joseph", Devocional Mundial para Jovens Adultos, 7 de maio de 2017, disponível em lds.org. 9. Ver John L. Sorenson, Mormon's Codex: An Ancient American Book (Salt Lake City and Provo, UT: Deseret Book and Neal A. Maxwell Institute for Religious Scholarship, 2013), pp. 187–198. Ver também John L. Sorenson, "Mormon's Sources", Journal of the Book of Mormon and Other Restoration Scripture 20, no. 2 (2011): pp. 2–15; Brant A. Gardner, "Mormon's Editorial Method and Meta-Message," FARMS Review 21, no. 1 (2009): pp 83–105; Grant Hardy, Understanding the Book of Mormon: A Reader 's Guide (Nova York, NY: Oxford University Press, 2010), xv; Central do Livro de Mórmon, "Por que a genealogia era importante para os povos do Livro de Mórmon? (Jarom 1:1)", KnoWhy 76 (6 de abril de 2017). 10. Richard G. Scott, "O Poder das Escrituras", Liahona, novembro de 2011, 6, disponível em lds.org. 11. Anita Wells, "Bare Record: The Nephite Archivist, The Record of Records, and the Book of Mormon Provenance", Interpreter: A Journal of Mormon Scripture 24 (2017): p. 116. 12. Ver John W. Welch, "Doubled, Sealed, Witnessed Documents: From the Ancient World to the Book of Mormon", em Mormons, Scripture, and the Ancient World: Studies in Honor of John L. Sorenson, ed. Davis Bitton (Provo, UT: FARMS, 1998), pp. 391–444; Central do Livro de Mórmon, ''Por que um livro seria selado? (2 Néfi 27:10)", KnoWhy 53 (7 de março de 2017). 13. Ver Ezra Taft Benson, "O Livro de Mórmon — A Pedra Angular de Nossa Religião", A Liahona, outubro de 2011, disponível em: lds.org. 14. Richard G. Scott, "Como Obter Revelação e Inspiração para a Vida Pessoal", A Liahona, Maio de 2012, p. 45, disponível em: lds.org. Wilford Woodruff, cujo diário pessoal se tornou um registro indispensável da história da Igreja, ensinou da mesma forma: "Acaso não devemos respeitar Deus o bastante para fazermos um registro das bênçãos que Ele derrama sobre nós e dos atos oficiais que realizamos em Seu nome na face da Terra? Creio que sim." Diario de Wilford Woodruff , 12 de fevereiro de 1862, conforme citado em "Diário: De Maior Valor do que o Ouro", em Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Wilford Woodruff (Salt Lake City, UT: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 2004), p. 134. 15. Ver também, Central do Livro de Mórmon, "Por que Deus converterá o coração dos pais aos filhos? (3 Néfi 25:6)", KnoWhy 219 (4 de outubro de 2017).