KnoWhy #56 | Março 10, 2017

Por que é necessário haver o testemunho de duas nações?

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Scripture Central

El profeta Ezequiel sostiene los registros de dos naciones. Obra de Lyle Beddes, vía LDS Seminary Files
El profeta Ezequiel sostiene los registros de dos naciones. Obra de Lyle Beddes, vía LDS Seminary Files

"Não sabeis que o depoimento de duas nações é um testemunho a vós de que eu sou Deus, de que me recordo tanto de uma como de outra nação? Portanto, digo as mesmas palavras, tanto a uma nação como a outra. E quando as duas nações caminharem juntas, os testemunhos das duas nações também caminharão juntos." 2 Néfi 29:8

O conhecimento

Néfi antecipou algumas das objeções que os leitores modernos poderiam ter contra o Livro de Mórmon. Alguns podem exclamar: "Uma Bíblia, Uma Bíblia! Temos uma Bíblia e não pode haver qualquer outra Bíblia" (2 Néfi 29:3). Em resposta a essa crítica, Néfi enfatizou que Deus pode falar com quem Ele quiser, e que os registros feitos por essas pessoas com quem Ele falou serão benéficos para Seus filhos. ''Por que murmurais por receberdes mais palavras minhas?" Néfi apresentou o Senhor perguntando retoricamente: "Portanto, digo as mesmas palavras, tanto a uma nação como a outra. E quando as duas nações caminharem juntas, os testemunhos das duas nações também caminharão juntos" (2 Néfi 29:8).

O testemunho de Néfi sobre as "duas nações" se unindo lembra a passagem de Ezequiel 37, bem conhecida pelo Santos dos Últimos Dias. "E veio a mim a palavra do Senhor, dizendo: Tu, pois, ó filho do homem, toma um pedaço de madeira, e escreve nele: Por Judá e aos filhos de Israel, seus companheiros. E toma outro pedaço de madeira, e escreve nele: Por José, a vara de Efraim, e de toda a casa de Israel, seus companheiros. E ajunta um ao outro, para que sejam uma vara; e serão uma só na tua mão" (Ezequiel 37:15-17).

Os Santos dos Últimos Dias tradicionalmente interpretam as duas varas (em hebraico, literalmente "árvore" ou "madeira") como a Bíblia e o Livro de Mórmon. Analisando melhor o contexto de Ezequiel 37, descobre-se que essas varas são um símbolo das tribos de Israel, sendo consistentemente reunidas e restauradas.1 "E deles farei [as varas dos vv. 16–17, 19] uma nação na terra, nos montes de Israel, e todos eles terão por seu rei um só rei; e nunca mais serão duas nações; nunca mais para o futuro se dividirão em dois reinos" (Ezequiel 37:22).

Após os dias de Salomão, Israel foi dividida em dois reinos: o reino de Judá, ao sul, e o reino de Israel, ao norte, onde estão localizadas as terras de Efraim e Manassés (filhos de José). Leí era da tribo de Manassés. Profetas como Ezequiel, levados de Jerusalém para Babilônia logo após o tempo em que Leí deixou a Arábia, aguardavam o momento em que todas as partes dos dois reinos de Israel seriam reunidas física e espiritualmente.

Além de simbolizar registros e tribos, as varas que Ezequiel usou profeticamente também podem simbolizar o poder do Senhor para guiar e governar esses reinos. Zacarias 11:7 diz que o Senhor tomou "duas varas", ou cajados. Um é chamado de "Graça" (ou favor) e o outro de "União" (ou ataduras), e com eles alimentou seu rebanho. Então, ele corta uma de suas varas, para quebrar o convênio que havia feito com o povo (Zacarias 11:10), e corta a outra para quebrar a irmandade entre Judá e Israel (Zacarias 11:14). Embora não haja um consenso sobre a data desta parte do livro de Zacarias, parece incluir uma referência inicial à dispersão de Israel, e depois, à reunião e restabelecimento do povo de Deus.

Assim, os leitores devem ter o cuidado de distinguir os símbolos das varas (as tribos), o registro das varas (as escrituras escritas) e os convênios entre Jeová e seu povo da antiguidade. Esta distinção entre as varas e o registro das varas é feita nas escrituras da Restauração: "Eis que nisto há sabedoria; portanto, não vos maravilheis, porque virá a hora em que, na Terra, beberei do fruto da vide convosco e com Morôni, a quem enviei para vos revelar o Livro de Mórmon, que contém a plenitude do meu evangelho eterno, e a quem confiei as chaves do registro da vara de Efraim" (Doutrina e Convênios 27:5, ênfase adicionada).

O testemunho das duas nações mencionadas em 2 Néfi 29, sem dúvida, indica um testemunho do plano redentor de Deus para Israel nos últimos dias. Isso inclui a unificação dos registros das duas nações e, portanto, Néfi está explicando que, quando as duas nações se reunirem, seus registros também se reunirão. Portanto, o Livro de Mórmon pode ser visto como parte do cumprimento de profecias como Ezequiel 37 porque integra o processo de coligação e reunificação.

Néfi enfatizou especificamente que os judeus e os nefitas produziriam registros (a Bíblia e o Livro de Mórmon, respectivamente) que se reuniriam para "mostra[r] aos que combatem a minha palavra e o meu povo, que é da casa de Israel, que eu sou Deus e que fiz convênio com Abraão de que me lembraria para sempre de sua semente" (2 Néfi 29:14). Esse convênio incluía a promessa de que a semente de Abraão se tornaria grande, receberia o evangelho da salvação e herdaria uma terra prometida (Gênesis 17:1-8; Abraão 2:9-11). A Bíblia e o Livro de Mórmon juntos afirmam que isso de alguma forma acontecerá com o remanescente moderno da Casa de Israel.

O porquê

Néfi entendeu que várias testemunhas eram cruciais para autenticar seus ensinamentos. Portanto, ele recrutou profetas como Isaías e seu próprio irmão Jacó, e evidentemente outros aliados, como Ezequiel e Zacarias, como testemunhas de seus ensinamentos sobre o Messias e a redenção de Israel.2 Ao fazer isso, Néfi se manteve em harmonia com a lei bíblica, que estabelecia a necessidade de testemunhas (mortais e divinas) para executar adequadamente as decisões legais e autenticar reivindicações religiosas (cf. Deuteronômio 17:6; 19:15; Mateus 18:16; 2 Coríntios 13:1; Hebreus 10:28; 1 Timóteo 5:19).3

Além disso, Néfi aludiu à história de Israel e à monarquia dividida, o que seria algo bem conhecido e significativo para seu próprio povo. Vindas de uma das tribos do reino do norte de Israel, essas promessas proféticas teriam assegurado ao povo de Néfi que Deus não os esqueceria e que eles seriam restaurados e reunidos.

De outro modo, este exemplo de múltiplos testemunhos de diferentes fontes encoraja os povos modernos a buscar a verdade em mais de um único livro ou fonte. "Portanto, porque tendes uma Bíblia não deveis supor que ela contenha todas as palavras minhas; nem deveis supor que eu não fiz com que se escrevesse mais" (2 Néfi 29:10). Embora este versículo se aplique particularmente ao Livro de Mórmon, seu significado se estende além do registro nefita para todos os livros e outras fontes de edificação e iluminação (cf. Doutrina e Convênios 88:118).

Leitura Complementar

Bruce A. Van Orden, "The Law of Witnesses in 2 Nephi", em Second Nephi, The Doctrinal Structure, ed. Monte S. Nyman e Charles D. Tate Jr. (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 1989), pp. 307–21.

1. Hugh Nibley, An Approach to the Book of Mormon, The Collected Works of Hugh Nibley: Volume 6 (Salt Lake City, UT and Provo, UT: Deseret Book and FARMS, 1988), pp. 311–328; Keith Meservy, "Ezekiel's Sticks and the Gathering of Israel", Ensign (February 1987); "Ezekiel, Prophecies of", em The Encyclopedia of Mormonism, 4 v., ed. Daniel H. Ludlow (New York: Macmillan, 1992), 1: pp. 480–81; "Ephraim, stick of/Joseph, stick of", em Book of Mormon Reference Companion, ed. Dennis L. Largey (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2003), pp. 246–47; Kevin Barney, "OT: Ezekiel's Sticks",. 2. Ver Bruce A. Van Orden, "The Law of Witnesses in 2 Nephi", em Second Nephi, The Doctrinal Structure, ed. Monte S. Nyman e Charles D. Tate Jr. (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 1989), pp. 307–21. 3. A questão das testemunhas na lei bíblica é complexa. Para um resumo geral, ver Bruce Wells, The Law of Testimony in the Pentateuchal Codes, Beihefte zur Zeitschrift für Altorientalische und Biblische Rechtsgeschichte 4 (Wiesbaden: Harrassowitz Verlag, 2004). John W. Welch explorou as ramificações da lei bíblica para o Livro de Mórmon, incluindo a lei das testemunhas, em John W. Welch, The Legal Cases in the Book of Mormon (Provo, UT: Brigham Young University Press and the Neal A. Maxwell Institute for Religious Scholarship, 2008), passim. Sobre o uso de testemunhas divinas em um antigo ambiente religioso israelita que é diretamente relevante para o Livro de Mórmon, ver David E. Bokovoy, "'Thou Knowest that I Believe': Invoking the Spirit of the Lord as Council Witness in 1 Nephi 11, "Interpreter: A Journal of Mormon Scripture 1 (2012): pp. 1-23; "Invoking the Council as Witness in Amos 3:13", Journal of Biblical Literature 127, no. 1 (2008): pp. 37-51; Stephen O. Smoot, "The Divine Council in the Hebrew Bible and the Book of Mormon", Studia Antiqua: A Student Journal for the Study of the Ancient World 12, no. 2 (Fall 2013): pp. 15-16, n. 62.

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