KnoWhy #193 | Agosto 29, 2017
Por que Morôni entregou as placas em 22 de setembro?
Postagem contribuída por
Scripture Central
"Finalmente chegou a época de receber as placas […] No dia vinte e dois de setembro de mil oitocentos e vinte e sete, tendo ido, como de costume, ao fim de mais um ano, ao local onde estavam depositados, o mesmo mensageiro celestial entregou-os a mim." Testemunho do Profeta Joseph Smith
O conhecimento
A revelação de onde o Livro de Mórmon estava escondido ocorreu em 21 de setembro de 1823. Naquela noite, o anjo Morôni apareceu ao jovem Joseph Smith, dizendo-lhe que "Deus tinha uma obra a ser executada por [ele]" (JS-H 1:33). Esse trabalho envolveria traduzir "um livro escondido, escrito em placas de ouro, que continha um relato dos antigos habitantes deste continente" — ao qual conhecemos hoje como o Livro de Mórmon (v. 34).
No dia seguinte, 22 de setembro, Joseph foi a uma colina e fez "uma tentativa de retirá-las", mas foi proibido por Morôni, que outra vez informou "ainda não haver chegado o momento de retirá-las". Joseph teria que esperar "quatro anos após aquela data", deveria "voltar àquele local precisamente um ano mais tarde" e voltar a cada ano "até que chegasse o tempo de receber as placas" (JS-H 1:53).
As visitas anuais de Morôni geralmente ocorriam por volta da época do festival da colheita israelita.1 A primeira visita em 21 de setembro de 1823 coincidiu com a celebração da Festa dos Tabernáculos naquele ano. Já 22 de setembro de 1824 foi a véspera do Ano Novo judaico (Rosh Hashaná) e o início do festival de outono. O dia 22 de setembro de 1825 foi precisamente o Yom Kippur (Dia da Expiação). Em 1827, quando Morôni finalmente entregou as placas a Joseph (JS-H 1:59), o dia 22 de setembro coincidiu exatamente com Rosh Hashaná, também conhecida como a Festa das Trombetas.2
Esta importante época festiva, que era celebrada no outono de cada ano, remonta aos dias da antiga Israel (Levítico 23) e os pesquisadores encontraram amplas evidências de sua observância no Livro de Mórmon.3 Com o tempo, muitos temas-chave foram associados ao Ano Novo e à Festa da Colheita em geral. Lenet Hadley Read explicou:
A Festa das Trombetas representa a época da colheita final de Israel; o Dia da Memória dos convênios de Deus com Israel; o anúncio da revelação ou da verdade; e a preparação para a época mais sagrada de Deus, incluindo a Era Messiânica.4
Outros tópicos incluem admoestações e advertências solenes, o estabelecimento de convênios, recordações, sacrifícios, profecias, um novo começo e a participação de Deus na história.5
O porquê
Embora seja difícil afirmar seguramente se todos esses temas faziam parte das celebrações do Ano Novo na época do Velho Testamento, todos faziam parte dos costumes e tradições judaicas na época em que o Livro de Mórmon foi publicado. Quando a mensagem e o propósito do Livro de Mórmon, juntamente com os conselhos de Morôni a Joseph durante suas visitas em setembro, são comparados aos temas desses festivais sagrados, é possível perceber várias conexões interessantes.
Por exemplo, as visitas de Morôni ao jovem Joseph Smith incluíram palavras solenes de admoestação e advertência a todo o mundo (JS-H 1:42, 46). O surgimento do Livro de Mórmon também pode ser visto como o início da colheita final de almas,6 a renovação dos convênios de Deus com Israel,7 a oferta de uma nova revelação da verdade,8 e a clara ligação com a segunda vinda de Jesus, o Cristo messiânico. 9
Não há declaração mais clara sobre o envolvimento de Deus na história do que a de um anjo entregando um registro histórico repleto das interações com Deus — inclusive, com o impressionante relato do Senhor Jesus Cristo, divino e ressuscitado, que ministrou pessoalmente aos nefitas (ver 3 Néfi 11-27).10 Mais importante ainda, talvez, seja o fato de que o surgimento do Livro de Mórmon deu início a um novo começo — o alvorecer de um dia em que os céus estão abertos novamente.
Sem dúvida, muitas razões plausíveis podem ser sugeridas para a época em que Morôni visitava Joseph Smith todos os anos, ao final de setembro, assim como para sua particular insistência em que Joseph aguardasse quatro anos para receber as placas. Por exemplo, o período de espera permitiu que Joseph Smith amadurecesse um pouco mais, se casasse e fosse instruído periodicamente por Morôni.
No entanto, talvez o mais surpreendente de tudo tenha sido o fato de suas instruções coincidirem com a sagrada temporada de festivais de outono israelita, com a entrega das placas logo no Rosh Hashaná. O número de maneiras significativas pelas quais as mensagens e propósitos do Livro de Mórmon coincidem com os temas de Rosh Hashaná e as festas sagradas judaicas sugere que a escolha dessa época não foi uma coincidência, mas que Morôni havia programado cuidadosa e deliberadamente suas importantes visitas. Por essas razões, não havia melhor dia para iniciar o surgimento do Livro de Mórmon do que em um Rosh Hashaná, em 22 de setembro de 1827.
Leitura Complementar
Christopher Kirkland, "The Relationship Between Rosh Hashaná and Mormon Temples", Mormon Writers, 21 de setembro de 2015, disponível em https://medium.com/mormon-writers. Lenet Hadley Read, "The Golden Plates and the Feast of Trumpets", Ensign, janeiro de 2000, disponível em lds.org. Terrence L. Szink e John W. Welch, "King Benjamin's Speech in the Context of Ancient Israelite Festivals", em King Benjamin's Speech: "That Ye May Learn Wisdom", ed. John W. Welch e Stephen D. Ricks (Provo, UT: FARMS, 1998), pp. 160–74. Lenet Hadley Read, "Joseph Smith's Receipt of the Plates and the Israelite Feast of Trumpets", Journal of Book of Mormon Studies 2, no. 2 (1993): pp. 110–120.1. Era também o equinócio de outono, e alguns argumentam ser uma evidência da influência que a "magia" tinha sobre Joseph Smith. Ver D. Michael Quinn, Early Mormonism and the Magic World View, edição revisada e ampliada (Salt Lake City, UT: Signature Books, 1998), pp. 141–144; Dan Vogel, Joseph Smith: The Making of a Prophet (Salt Lake City, UT: Signature Books, 2004), p. 43. Joseph Smith se envolveu com caças ao tesouro e outras práticas "mágicas" que possivelmente, naquela época, eram percebidas como relevantes. Mark Ashurst-McGee, "Moroni as Angel and as Treasure Guardian", FARMS Review 18, no. 1 (2006): pp. 34–100 sugere que a compreensão de Joseph Smith sobre Morôni e sua missão provavelmente incluía elementos da "tradição do guardião do tesouro", embora ainda reconhecesse que Morôni era um mensageiro divino do Senhor. No entanto, Ashurst-McGee sentiu que a conexão da caça ao tesouro e o momento das visitas de Moroni foram exagerados (ver pp. 92-94). Sobre Joseph Smith e a escavação de tesouros e "magia", ver Richard Lyman Bushman, "Joseph Smith and Money Digging", em A Reason for Faith: Navigating LDS Doctrine and Church History, ed. Laure Harris Hales (Salt Lake City and Provo, UT: Deseret Book and Relious Studies Center, Brigham Young University, 2016), pp. 1–5; Brant A. Gardner, The Gift and Power: Translating the Book of Mormon (Salt Lake City, UT: Greg Kofford Books, 2011), pp. 3–134. 2. Em 1826, Rosh Hashaná foi em 2 de outubro, então nenhuma das festas judaicas ocorreu em 22 de setembro. Essas datas foram verificadas online em https://www.colelchabad.org/Calendar.htm. 3. Ver o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Jacó se referiu aos festivais de outono de Israel? (2 Néfi 6:4)", KnoWhy 32 (9 de fevereiro de 2017); Central do Livro de Mórmon, "Por que os nefitas permaneceram em suas tendas durante o discurso do rei Benjamim? (Mosias 2:6)", KnoWhy 80 (11 de abril de 2017). 4. Lenet Hadley Read, "Joseph Smith's Receipt of the Plates and the Israelite Feast of Trumpets", Journal of Book of Mormon Studies 2, no. 2 (1993): p. 111. 5. Para esses tópicos e muito mais, ver John W. Welch e J. Gregory Welch, Charting the Book of Mormon: Visual Aids for Personal Study and Teaching (Provo, UT: FARMS, 1999), chart 88, cf. charts 89–91. Ver também Terrence L. Szink e John W. Welch, "King Benjamin's Speech in the Context of Ancient Israelite Festivals", em King Benjamin's Speech: "That Ye May Learn Wisdom", ed. John W. Welch e Stephen D. Ricks (Provo, UT: FARMS, 1998), pp. 160–74. 6. No Livro de Mórmon, a Alegoria das Oliveiras termina quando o Senhor instrui seus servos a trabalharem juntos pela "última vez" para podar e nutrir a vinha em preparação para a colheita final (Jacó 5:61-77). Presidente Ezra Taft Benson ensinou que o Livro de Mórmon é "[o] instrumento que Deus preparou" para reunir a colheita final de almas. (Ezra Taft Benson, "Uma Nova Testemunha de Cristo", A Liahona, janeiro de 1985, p. 4) Read concluiu que "é significativo que as Placas de Ouro tenham sido recebidas em 22 de setembro de 1827, coincidindo com o início do armazenamento da colheita de outono para Israel e simbolizando o início de sua colheita final de almas". (Lenet Hadley Read, "The Golden Plates and the Feast of Trumpets", Ensign, janeiro de 2000, disponível em lds.org.) 7. O Livro de Mórmon foi produzido com o propósito expresso de "mostrar aos remanescentes da casa de Israel as grandes coisas que o Senhor fez por seus antepassados; e para que possam conhecer os convênios do Senhor e saibam que não foram rejeitados para sempre" (Página de Título). Read resumiu apropriadamente: "Em 22 de setembro de 1827, as trombetas de Israel soaram em todo o mundo; foi o dia em que o Profeta Joseph Smith recebeu as Placas de Ouro, que ajudariam a cumprir a promessa de Deus de lembrar-se de Israel nos últimos dias". (Read, "The Golden Plates and the Feast of Trumpets") 8. Como Read corretamente destacou: "[G]rande parte da plenitude da verdade do Senhor começou com o surgimento do Livro de Mórmon". Desde então, muitas novas revelações foram dadas. Significativamente, "um dos símbolos mais comuns do evangelho restaurado é o anjo Morôni" — o mesmo mensageiro que entregou as placas — "retratado tocando a trombeta". A verdade que ele proclamou por meio das "Placas de Ouro continua reunindo, continua oferecendo suas advertências e continua agindo como um prenúncio de grandes coisas por vir". (Read, "Joseph Smith's Receipt of the Plates", p. 117.) 9. Em sua visita inicial, Morôni advertiu que muitas das profecias do julgamento nos últimos dias estão próximas (JS-H 1:27-42, 45). A introdução às edições santos dos últimos dias do Livro de Mórmon aclama o registro nefita como um sinal "de que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias é o reino do Senhor mais uma vez estabelecido na Terra, em preparação para a Segunda Vinda do Messias". 10. Ver Roy A. Prete, "God in History? Nephi's Answer", Journal of Book of Mormon Studies 14, no. 2 (2005): pp. 26–37, 71.