KnoWhy #11 | Janeiro 13, 2017

Por que Néfi escreveu em placas menores?

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Scripture Central

"Nas outras placas [Placas Menores] deve ser gravado um relato do governo dos reis e das guerras e contendas de meu povo; estas placas tratam, portanto, na sua maior parte, do ministério, enquanto as outras placas [Placas Maiores] tratam principalmente do governo dos reis e das guerras e contendas de meu povo." 1 Néfi 9:4

O Conhecimento

Néfi escreveu duas coleções de registros: primeiro, as Placas Maiores, e em seguida, as Placas Menores. Ele enfatizou que as Placas Menores se concentrariam em coisas espirituais, não em coisas temporais, e que as outras placas eram sobre ''principalmente do governo dos reis'' (1 Néfi 9:4). Hoje em dia, o que Néfi escreveu nas Placas Menores é encontrado no primeiro e segundo livro de Néfi. A mensagem central dos registros de Néfi é religiosa, mas ele não foi totalmente apolítico no texto das Placas Menores.

Noel B. Reynolds, cientista político formado em Harvard, observou: "Néfi estruturou cuidadosamente o que escreveu para convencer sua geração e as gerações posteriores de que o Senhor o escolhera, em vez de seus irmãos mais velhos, para ser o sucessor de Leí. Assim, uma maneira interessante de ler o registro é como um tratado político produzido para provar que seu governo era legítimo".1

Reynolds foi o primeiro a notar que Néfi começou a escrever nas Placas Menores, não como um registro diário, mas após a divisão entre ele e seus irmãos. Essa divisão criou a constante reivindicação da autoridade política. Além disso, o registro começa depois que Néfi e seu povo construíram um templo e Néfi já havia se tornado seu rei (2 Néfi 5:16, 18, 28–33).

Não é por acaso que, no início de sua narrativa, Néfi aponta que, quando procurou confirmar a verdade das revelações de seu pai, recebeu uma revelação para si. O Senhor disse a Néfi: "serás feito governante e mestre de teus irmãos" (1 Néfi 2:22). Isso é reafirmado dramaticamente quando um anjo veio contar a seus irmãos mais velhos e relutantes sobre a posição privilegiada de Néfi (1 Néfi 3:29).

Placas de ouro

Esta análise detalhada, oferecida por Reynolds, abrange todo o período entre 1 Néfi e 2 Néfi 5, ilustrando em cada capítulo ajuda a estabelecer o direito de Néfi de servir como líder religioso e político, como "governante e mestre" sobre o povo de Leí. 2

Uma estratégia fundamental na retórica de Néfi é comparar-se a Moisés, Davi e José no Egito, profetas e líderes importantes na história de Israel. Essas comparações são sutis e exigem uma leitura cuidadosa para serem detectadas, e a totalidade do caso de Néfi a esse respeito é reforçada por meio de uma série complexa de técnicas literárias.

Esse propósito político pode parecer contraditório às declarações diretas de Néfi de que a história secular foi escrita em suas outras placas. Em relação a isso, Reynolds é breve e pontual: "O esforço de Néfi em persuadir seus descendentes e a nós a acreditar em Cristo deveria incluir uma demonstração de que ele seria o herdeiro legítimo do ofício profético [...] Néfi entrelaça o argumento de Cristo com o argumento de sua própria autoridade. Eles se sustentam ou caem juntos''.3

Os registros de Néfi o descrevem como o governante escolhido do Senhor, não apenas por suas declarações explícitas, mas por meio de várias confirmações indiretas. Reynolds conclui: "Para o povo de Néfi, seus escritos serviram como tratados políticos extremamente sofisticados — algo fundamental para o povo nefita — e como um testemunho elaborado e convincente de Jesus Cristo".4

O porquê

Placas de Néfi

Embora essa dimensão política acrescente uma notável camada de complexidade ao texto de 1 Néfi, há mais do que isso. Este primeiro livro do Livro de Mórmon une magistralmente fatos sobre dinâmica familiar, revelação divina, sonhos e visões simbólicas, histórias inesquecíveis e dados geográficos. A tudo isso são acrescentados comentários sobre as escrituras, expressões poéticas espontâneas, diferentes formas de discurso, estruturas literárias quiásticas criteriosas e significativas, nomes inusitados, práticas culturais exóticas e muitos ensinamentos religiosos.

Ao mesmo tempo, a composição de 1 Néfi permite que os leitores percebam as preocupações pessoais e as reflexões genuínas de um homem na situação de Néfi. Isso inclui seus esforços para unificar toda a família sob sua orientação, em face do desafio a sua liderança, e depois justificar o direito de seu povo de se separar do clã após a morte de Leí.

"Primeiro Néfi", conclui Reynolds, "não é o diário de viagem de um jovem. Tampouco é possivelmente uma invenção da imaginação do jovem Joseph Smith. É um relato altamente complexo e apaixonado, escrito propositalmente por um homem maduro, de grande cultura e visão, para defender as coisas que ele acredita que mais valem defender.5

Como autor, Néfi escreveu com autenticidade. Propositalmente, seu registro inaugura de forma genuína e direta o governo do Senhor em sua cidade-templo na Terra de Néfi.

Leitura Complementar

Ben McGuire, "Nephi and Goliath: A Case Study of Literary Allusion in the Book of Mormon", Journal of Book of Mormon Studies 18, no. 1 (2009): pp. 16–31. Val Larsen, "Killing Laban: The Birth of Sovereignty in the Nephite Constitutional Order", Journal of Book of Mormon Studies 16, no. 1 (2007): pp. 26–41. Noel B. Reynolds, "Nephi's Political Testament'', em Rediscovering the Book of Mormon: Insights You May Have Missed Before, ed. John L. Sorenson e Melvin J. Thorne (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book e FARMS, 1991), pp. 220–229. Noel B. Reynolds, ''The Political Dimension in Nephi's Small Plates", BYU Studies 27, no. 4 (Outono de 1987): pp. 20–33.

1. Noel B. Reynolds, "Nephi's Political Testament'', em Rediscovering the Book of Mormon: Insights You May Have Missed Before, ed. John L. Sorenson and Melvin J. Thorne (Salt Lake City/Provo: Deseret Book and FARMS, 1991), p. 221. 2. Noel B. Reynolds, ''The Political Dimension in Nephi’s Small Plates'', BYU Studies 27, no. 4 (Outono de 1987): pp. 20–33. 3. Reynolds, "The Political Dimension", p. 19. 4. Reynolds, "The Political Dimension", p. 37. 5. Reynolds, "The Political Dimension", pp. 36–37.

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