KnoWhy #421 | Setembro 5, 2018

Por que Néfi incluiu a história do arco quebrado?

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Scripture Central

"E aconteceu que eu, Néfi, fiz um arco de madeira e, de uma vara reta, fiz uma flecha; portanto, me armei de um arco e flecha, uma funda e pedras." 1 Néfi 16:23

O conhecimento

Durante a viagem de Leí pela antiga Arábia, seus filhos precisavam periodicamente caçar animais para se alimentar, a fim de evitar que o grupo passasse fome. Em certa ocasião, Néfi relatou que foi caçar e quebrou seu arco, "que era feito de aço puro" (1 Néfi 16:18). E, porque os arcos de seus irmãos tinham "perdido a elasticidade, as coisas tornaram-se muito difíceis, sim, tanto que não pod[iam] conseguir alimento" (v. 21).

Em resposta a essa situação terrível, Lamã, Lemuel, os filhos de Ismael e até mesmo Leí começaram a "murmurar contra o Senhor seu Deus" (1 Néfi 16:20). Em contraste, Néfi os encorajou dizendo-lhes "muitas coisas com toda a energia de [sua] alma" (v. 24). Ele então fez "um arco de madeira e, de uma vara reta, […] uma flecha" e foi até seu pai em busca de orientação (v. 23). Leí se humilhou e consultou a Liahona. la direcionou Néfi para o topo de uma montanha, onde ele matou "animais selvagens e, desse modo, [obteve] alimento para [suas] famílias" (1 Néfi 16:31).

Embora essa história possa parecer banal, na verdade, está repleta de importância simbólica. No Antigo Oriente Próximo, a posição de realeza, o poder militar e o direito de governar eram simbolizados pelo arco.1 Portanto, "quebrar o arco" era uma expressão comum que significava subjugar um inimigo ou governante.2 Nas circunstâncias de Néfi, a maioria dos homens adultos do grupo, com exceção dele, murmurava e reclamava contra o Senhor. Foi necessária a quebra do arco, bem como a punição de Néfi e do próprio Senhor, antes de serem finalmente "humilhado[s]" (1 Néfi 16:24).

assim como a morte de Labão por Néfi, também ajuda a confirmar a promessa do Senhor de que Néfi seria mestre e governante de seus irmãos (2 Néfi 5:19).3 De acordo com Noel B. Reynolds, "o que tendemos a ler como uma história de uma jornada de Jerusalém é realmente uma história cuidadosamente elaborada, explicando aos sucessores [de Néfi] por que sua fé religiosa em Cristo e sua tradição política — o reinado de Néfi — eram verdadeiras e legítimas".4 O arco recém-criado de Néfi simbolizava que ele era o legítimo sucessor profético de Leí. Isso prenunciava seu futuro reinado. E nos mostra que, segundo o apontamento divino, ele estava assumindo "o comando da jornada no deserto" (Mosias 10:13).

O Arco Quebrado de Néfi, por Michael Jarvis Nelson via lds.org O Arco Quebrado de Néfi, por Michael Jarvis Nelson via lds.org

O porquê

A história do arco quebrado de Néfi acrescenta outra camada de autenticidade ao registro de Néfi. A quebra do arco, a perda da elasticidade dos arcos de seus irmãos, a habilidade de Néfi de fabricar um novo arco com madeira aparentemente adequada e a necessidade de fazer uma nova flecha são todos detalhes verossímeis segundo o que se sabe sobre arcos antigos, arquearia e da geografia do sudoeste da Arábia.5 Além disso, é improvável que Joseph Smith tenha inventado essas histórias porque, como Alan Goff argumentou, ela fornece "precisamente o simbolismo bíblico correto para aplicar a Néfi quando ele começa a afirmar sua liderança".6

Esta história também é um lembrete de que o Senhor chama e prepara líderes de Sua escolha. Lamã e Lemuel podem ter sido mais qualificados a seus próprios olhos, para liderar, mas as indicações do Senhor para posições de liderança estão de acordo com Seu conhecimento e vontade divinos. Quando um profeta segue a orientação divina, torna-se evidente para o povo, como foi no caso de Néfi, que o manto da liderança profética está realmente sobre ele.7

Quando surgem provações em nosso caminho, podemos seguir o exemplo de Néfi. Em vez de murmurar ou culpar os outros, podemos encorajá-los, tomar a iniciativa de buscar soluções e, em seguida, buscar a orientação do Senhor. Fazer isso ajudará a nos qualificarmos para receber revelação da mesma forma. É importante ressaltar que foi no "cume da montanha" que Néfi encontrou o alimento que estava procurando. Quando buscamos respostas para nossas próprias inquietações, o Senhor também pode nos direcionar para Seus templos sagrados. Nesses lugares sagrados, simbólicos dos cumes das montanhas, o Senhor muitas vezes recompensa a obediência e o sacrifício com um proverbial carneiro na sarça — um meio inesperado de salvação ou libertação.8

Leitura Complementar

Alan Goff, "A Hermeneutic of Sacred Texts: Historicism, Revisionism, Positivism, and the Bible and Book of Mormon", (MA dissertation, Brigham Young University, 1970), pp. 92–99. William J. Hamblin, "Nephi's Bows and Arrows", em Reexploring the Book of Mormon: A Decade of New Research, ed. John W. Welch (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book e FARMS, 1992), pp. 41–43. Noel B. Reynolds, "Nephi's Political Testament", em Rediscovering the Book of Mormon: Insights You May have Missed Before, ed. John L. Sorenson e Melvin J. Thorne (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book e FARMS, 1991), pp. 220–229.

1. Alan Goff, "A Hermeneutic of Sacred Texts: Historicism, Revisionism, Positivism, and the Bible and Book of Mormon", (MA dissertation, Brigham Young University, 1989), pp. 92–99. 2. Ver Nahum W. Waldman, "The Breaking of the Bow", The Jewish Quarterly Review 69, no. 2 (1978): pp. 82–33. 3. Consulte o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que a espada de Labão era tão importante para os líderes nefitas? (Palavras de Mórmon 1:13)", KnoWhy 411 (20 de agosto de 2018). 4. Noel B. Reynolds, "Nephi's Political Testament", em Rediscovering the Book of Mormon: Insights You May have Missed Before, ed. John L. Sorenson e Melvin J. Thorne (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book e FARMS, 1991), p. 221. Ver também, Noel B. Reynolds, "The Political Dimension in Nephi's Small Plates", BYU Studies Quarterly 27, no. 4 (1987): pp. 15–37. 5. Ver William J. Hamblin, "The Bow and Arrow in the Book of Mormon", em Warfare in the Book of Mormon, ed. Stephen D. Ricks e William J. Hamblin (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book and FARMS, 1990), pp. 365–399; William J. Hamblin, "Nephi's Bows and Arrows", em Reexploring the Book of Mormon: A Decade of New Research, ed. John W. Welch (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book e FARMS, 1992), pp. 41–43; George Potter e Richard Wellington, Lehi in the Wilderness: 81 New Documented Evidence That the Book of Mormon Is a True History (Springville, UT: Cedar Fort, Inc., 2003), pp. 99–105. 6. Alan Goff, "Dan Vogel's Family Romance and the Book of Mormon as Smith Family Allegory", FARMS Review 17, no. 2 (2005): p. 388. 7. Ver J. Reuben Clark, Jr., "When Are the Writings and Sermons of Church Leaders Entitled to the Claim of Scripture?" Discurso a equipe do Seminário e do Instituto, BYU, julho de 1954: "A Igreja saberá, pelo testemunho do Espírito Santo ao corpo de membros, se os líderes, ao expressar seu ponto de vista, estão sendo movidos pelo Espírito Santo e, no devido tempo, esse conhecimento se manifestará". Essa declaração foi citada em D. Todd Christofferson, "A Doutrina de Cristo", A Liahona, maio de 2012, disponível em lds.org. 8. Ver Gênesis 22:13.

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