KnoWhy #377 | Agosto 21, 2019

Por que o Livro de Mórmon usa a frase "combinações secretas"?

Postagem contribuída por

 

Scripture Central

"E os regulamentos do governo foram destruídos devido às combinações secretas de amigos e parentes dos que haviam assassinado os profetas." 3 Néfi 7:6

O conhecimento

Ao longo do Livro de Mórmon, a frase "combinações secretas" é usada para descrever as atividades perversas de sociedades secretas conduzidas sob juramento, como os ladrões de Gadiânton. Como Ray Hillam descreveu, "combinações secretas existem desde os dias de Caim (Moisés 5:51). Satanás é seu autor (2 Néfi 26:22), poder e riqueza são seus motivos (Éter 8:15, 25) e conspiração é seu método de operação (Helamã 6:22–24)".1 Em Helamã 2:13, Mórmon indicou que o surgimento das combinações secretas "veio a ser a causa da ruína, sim, da destruição quase completa do povo de Néfi". Alguns argumentaram que as sociedades secretas no Livro de Mórmon são meramente fictícias, inspiradas por uma fraternidade bem conhecida chamada Maçons.2 Como Daniel Peterson explicou: "Há muito tempo os críticos do Livro de Mórmon sustentam que os 'ladrões de Gadiânton' são apenas maçons do século XIX, disfarçados de forma transparente".3 Como evidência dessa afirmação, seus defensores têm apontado várias semelhanças entre ambos os grupos, uma das quais é que "combinações secretas" foi usada quase exclusivamente como um termo negativo para os Maçons por volta de 1829.4 Pelo menos, isso parecia uma suposição potencialmente válida, até que os bancos de dados online permitiram pesquisar inúmeros documentos do século XIX. Em 2014, Gregory Smith encontrou evidências conclusivas de uma variedade de fontes de que "antes, durante e depois da tradução de Joseph Smith do Livro de Mórmon, combinações secretas eram um termo geral nos Estados Unidos para qualquer grupo ou conspiração clandestina, especialmente no campo político".5 O codinome não era de forma alguma exclusivo dos maçons, o que alguns críticos do Livro de Mórmon há muito mantinham. Adicionando um significado mais amplo a esse argumento, o Dicionário Webster, de 1828, define "combinação" (em inglés, combination) amplamente como uma "união íntima ou associação de duas, ou mais pessoas, ou coisas".6 Também observa que pode ser usado tanto de forma positiva quanto negativa.7 Portanto, quando a palavra "combinações" é precedida por "secretas", ajuda aparentemente a esclarecer que este termo geral está sendo usado em um sentido negativo e secreto. 8 Como Peterson concluiu: "Não estamos lidando aqui com um termo técnico esotérico". 9 No entanto, mesmo que "combinações secretas" se referissem exclusivamente aos maçons na época da tradução do Livro de Mórmon, isso não significaria que Joseph Smith tivesse meramente fabricado este aspecto do seu conteúdo. Muitas sociedades antigas tinham grupos secretos envolvidos em conspirações sob juramento para enriquecer ou influenciar o governo.10 Por exemplo, na Judeia e em outras partes do antigo Oriente Próximo, os ladrões faziam juramentos de manter seus esconderijos e planos em segredo.11 Há até boas evidências de que tais sociedades existiam na antiga Mesoamérica e que se formaram no início do período pré-clássico (os tempos olmecas/jareditas).12 É importante notar que os pesquisadores, que estudaram sociedades secretas, ficaram surpresos com suas semelhanças, mesmo quando são de diferentes lugares e períodos da história do mundo.13 Portanto, não é surpreendente que os ladrões de Gadiânton, no Livro de Mórmon, compartilhassem algumas características semelhantes com os maçons do século XIX.14 Também não é surpreendente que a tradução de 1829 do Livro de Mórmon tenha usado o termo "combinações secretas" para descrevê-los. Era um termo geral, muitas vezes usado para rotular os maçons, mas também era usado para descrever uma série de grupos secretos do século XIX, e um termo que se aplicaria igualmente bem às sociedades secretas em todo o mundo antigo, incluindo a América antiga.

O porquê

Essa situação demonstra a necessidade de ser paciente e investigar os detalhes que podem, de alguma forma, preocupar o testemunho de alguém ou ser o motivo da incredulidade. Élder Neil L. Andersen ensinou: "Tratar de perguntas honestas é uma parte importante de edificar a fé, e usamos tanto nosso intelecto quanto nossos sentimentos. […] Nem todas as respostas virão imediatamente, mas a maioria das perguntas pode ser resolvida por meio do estudo sincero e da busca de respostas de Deus".15 Em outra ocasião, o Élder Andersen aconselhou sabiamente: "Será que compreenderemos todas as coisas? É claro que não. Deixaremos algumas questões de lado para serem compreendidas mais tarde".16 Essa é precisamente a abordagem que alguns estudiosos santos dos últimos dias adotaram ao confrontar essa questão. Daniel Peterson, um dos primeiros a investigar esse tópico, suspeitou desde cedo que as "combinações secretas" não eram exclusivamente um rótulo dos maçons em 1829. No entanto, a princípio, ele não conseguiu localizar as fontes para provar isso.17 Com o tempo, no entanto, ele e outros descobriram documento após documento que apoiava suas dúvidas iniciais.18 E então, após décadas de espera paciente, os mecanismos de busca modernos finalmente forneceram evidências suficientes para desmascarar completa e conclusivamente a teoria crítica que Peterson sempre rejeitou. Como Gregory Smith explicou: "Agora que uma visão mais ampla da cultura literária do início do século XIX é mais prática por meio da pesquisa digital, o ceticismo de Peterson foi justificado".19 No caso de "combinações secretas", as informações necessárias para descartar completamente essa preocupação levaram várias décadas a partir do momento em que essa questão foi levantada pela primeira vez.20 Outras causas de dúvida podem levar muito mais tempo para serem resolvidas. E para alguns tópicos, as informações necessárias podem não chegar até que, como disse Élder Holland, "Jesus desça como a última verdade infalível de todas".21 A beleza do plano de Deus é que não precisamos esperar por avanços tecnológicos e métodos de pesquisa aprimorados para encontrar respostas para perguntas importantes. Através do poder do Espírito Santo, pode-se saber que o Livro de Mórmon é verdadeiro, sem ter que provar o erro de todas as críticas que possam vir contra ele.22 Como o Presidente Dieter F. Uchtdorf explicou em detalhes: "Espero poder ajudar todos a entender este simples fato: nós cremos em Deus devido às coisas que conhecemos em nossa mente e em nosso coração, não devido às coisas que não sabemos".23 Isto também se aplica à crença no Livro de Mórmon.

Leitura Complementar

Gregory L. Smith, "Cracking the Book of Mormon's 'Secret Combinations'?" Interpreter: A Journal of Mormon Scripture 13 (2014): pp. 63–109. Nathan Oman, "'Secret Combinations': A Legal Analysis", FARMS Review 16 no. 1 (2004): pp. 49–73. Daniel C. Peterson, "Notes on 'Gadianton Masonry'", em Warfare in the Book of Mormon, ed. Stephen D. Ricks e William J. Hamblin (Salt Lake City and Provo, UT: Deseret Book and FARMS, 1990), pp. 176–224. Bruce W. Warren, "Secret Combinations, Warfare, and Captive Sacrifice in Mesoamerica and the Book of Mormon", em Warfare in the Book of Mormon, ed. Stephen D. Ricks e William J. Hamblin (Salt Lake City and Provo, UT: Deseret Book and FARMS, 1990), pp. 225–236.

1. Ray C. Hillam, "Secret Combinations", Encyclopedia of Mormonism, 4 v., ed. Daniel H. Ludlow (New York, NY: Macmillan, 1992), 3: pp. 1290-1291. 2. Daniel C. Peterson, "Notes on 'Gadianton Masonry'", em Warfare in the Book of Mormon, ed. Stephen D. Ricks e William J. Hamblin (Salt Lake City and Provo, UT: Deseret Book and FARMS, 1990), pp. 176–181. 3. Daniel C. Peterson, "Notes and Communications: 'Secret Combinations' Revisited", Journal of Book of Mormon Studies 1, no. 1 (1992): p. 184. 4. Para uma revisão dessas reivindicações, consulte Peterson, "Notes on 'Gadianton Masonry'", pp. 180–181. 5. Gregory L. Smith, "Cracking the Book of Mormon's 'Secret Combinations'?" Interpreter: A Journal of Mormon Scripture 13 (2014): p. 93. Deve-se notar que Smith não foi o primeiro a identificar documentos do século XIX que usavam a descrição de "combinações secretas" em um contexto não maçônico. Para sucessos posteriores neste esforço, ver Peterson, "Notes on 'Gadianton Masonry'", pp. 174-224; Peterson, "'Secret Combinations' Revisited", pp. 184–188; Paul Mouritsen, "Secret Combinations and Flaxen Cords: Anti-Masonic Rhetoric and the Book of Mormon", Journal of Book of Mormon Studies 12, no. 1 (2003): pp. 64–77, 116–18; Nathan Oman, "'Secret Combinations': A Legal Analysis", FARMS Review 16 no. 1 (2004): pp. 49–73. 6. Noah Webster, American Dictionary of the English Language (1828), s.v., "combination". 7. O Dicionário Webster de 1828 também explica que o termo é usado "no bom sentido, quando o objeto é louvável", e "no mau sentido, quando é ilegal ou iníquo". Webster, American Dictionary of the English Language (1828), s.v., "combination". 8. Deve-se notar, no entanto, que o termo "combinação" parece ter um tom predominantemente negativo, mesmo sem a palavra "segredo" como qualificador. Ver Peterson, "Notes on 'Gadianton Masonry'", pp. 189–190. 9. Peterson, "Notes on 'Gadianton Masonry'", p. 191. 10. Ver John L. Sorenson, An Ancient American Setting for the Book of Mormon (Salt Lake City and Provo, UT: Deseret Book and FARMS, 1985), pp. 300–301. 11. Ver Kent P. Jackson, "Revolutionaries in the First Century", em Masada and the World of the New Testament, ed. John F. Hall e John W. Welch (Provo, UT: BYU Studies, 1997), pp. 129–140; John W. Welch, "Legal and Social Perspectives on Robbers in First Century Judea", em Masada and the World of the New Testament, pp. 141–153; John W. Welch e John F. Hall, Charting the New Testament (Provo, UT: FARMS, 2002), chart 3–12. 12. Ver Sorenson, An Ancient American Setting, pp. 300–310; Bruce W. Warren, "Secret Combinations, Warfare, and Captive Sacrifice in Mesoamerica and the Book of Mormon", em Warfare in the Book of Mormon, pp. 225–236. 13. Ver Sorenson, An Ancient American Setting, pp. 304–305. Da mesma forma, Bonnie Erickson descobriu que o risco (uma característica fundamental de muitas, mas não de todas as sociedades secretas) é "uma consideração tão importante porque coloca em movimento processos semelhantes, mesmo para sociedades que diferem em tempo, lugar, objetivos, etc". Bonnie H. Erickson, "Secret Societies and Social Structure", Social Forces 60, no. 1 (1981): p. 190. Embora os maçons do século XIX não fossem realmente um grupo perigoso, o termo "combinações secretas" dado a eles por seus oponentes implica que eles estavam envolvidos em algo ilegal ou insalubre. Ou seja, estavam sendo caracterizados como um grupo cujo sigilo se fazia necessário por comportamentos de risco. 14. Embora existam algumas semelhanças, existem diferenças fundamentais entre os ladrões de Gadiânton e os maçons do século XIX. Ver Peterson, "Notes on 'Gadianton Masonry'", pp. 209–213. 15. Neil L. Andersen, "A Fé Não É Obra do Acaso, É uma Escolha", A Liahona, novembro de 2015, p. 66, disponível online em: lds.org. 16. Neil L. Andersen, "Nunca O Deixem", A Liahona, novembro de 2010, p. 41, disponível online em: lds.org. 17. Ver Peterson, "'Secret Combinations' Revisited", pp. 185–188; David R. Benard, John W. Welch e Daniel C. Peterson, "'Secret Combinations'", em Reexploring the Book of Mormon: A Decade of New Research (Salt Lake City and Provo, UT: Deseret Book and FARMS, 1992), pp. 227–229. 18. Ver Peterson, "'Secret Combinations' Revisited", pp. 184–188; Paul Mouritsen, "Secret Combinations and Flaxen Cords: Anti-Masonic Rhetoric and the Book of Mormon", Journal of Book of Mormon Studies 12, no. 1 (2003): pp. 64–77, 116–18; Nathan Oman, "'Secret Combinations': A Legal Analysis", FARMS Review 16 no. 1 (2004): pp. 49–73. 19. Smith, "Cracking the Book of Mormon's 'Secret Combinations'?" p. 93. 20. Embora Alexander Campbell tenha sido o primeiro a conectar os ladrões de Gadianton do Livro de Mórmon com os maçons, o argumento de que "combinações secretas" era um termo exclusivo dos maçons não se desenvolveu até o século XX. Ver Peterson, "Notes on 'Gadianton Masonry'", pp. 176–181. 21. Élder Jeffrey R. Holland, "The Greatness of the Evidence", Chiasmus Jubliee, 16 de agosto de 2017, disponível online em: bookofmormoncentral.org. 22. Consulte o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Como Deus Manifestará a Verdade do Livro de Mórmon? (Morôni 10:4)", KnoWhy 254 (22 de novembro de 2017).23. Dieter F. Uchtdorf, "Não Temas, Crê somente", A Liahona, novembro de 2015, p. 78, disponível online em: lds.org.