KnoWhy #364 | Agosto 21, 2019

Por que precisamos de profetas?

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Scripture Central

"E então eis que não havia uma só alma, entre todos os nefitas, que tivesse a menor dúvida quanto às palavras proferidas por todos os santos profetas". 3 Néfi 5:1

O conhecimento

Os profetas de hoje cumprem muitas funções. Eles falam em nome do Senhor e revelam Sua vontade para nós;1 eles testificam de Cristo e ensinam Seu evangelho2 eles têm o dom de um vidente e o usam para abençoar outras pessoas (ver D&C 21:1) ao presidirem a igreja (ver D&C 107:91-92). Os profetas do Livro de Mórmon também cumprem muitas dessas funções, conforme visto cuidadosamente no Livro de Mórmon em seu contexto antigo.3

Os profetas falam pelo Senhor e revelam Sua vontade

Na antiga Israel e no Livro de Mórmon, os profetas muitas vezes recebiam seus chamados quando eram admitidos no conselho divino de Deus e recebiam instruções Dele.4 Então, voltavam ao povo e contavam o que Deus havia dito.5 Dessa forma, os profetas eram os mensageiros de Deus para Seus filhos.6 O pai Leí, Alma e Néfi, filho de Helamã, tiveram experiências como essa, em que entraram na sala do trono de Deus, receberam conhecimento Dele e o compartilharam com a humanidade.7 Tanto na América quanto no Livro de Mórmon, houve momentos em que profetas ou homens santos caíram como se estivessem mortos, tiveram visões de Deus e repetiram o que Deus lhes havia dito.8 Dessa forma, os profetas falaram em nome do Senhor e revelaram Sua vontade à humanidade.9

O profeta testifica de Jesus Cristo e ensina o evangelho.

Alma Confere o Sacerdócio, por Jorge Cocco Alma Confere o Sacerdócio por Jorge Cocco

Os profetas do Livro de Mórmon testificaram plenamente de Cristo e ensinaram ao povo Seu evangelho.10 Por serem baseados na tradição israelita, os ensinamentos sobre Cristo teriam sido uma parte importante do que os profetas fizeram.11 Como o estudioso judeu Daniel Boyarin apontou, os ensinamentos que parecem cristãos eram realmente comuns na antiga Israel, "o conhecimento de uma divindade dupla com o Pai e o Filho, o conhecimento de um redentor, que seria ele próprio tanto Deus como homem, e o conhecimento de que esse redentor sofreria e morreria como parte do processo de salvação", faziam parte da antiga religião israelita.12 Boyarin também observou que "algumas dessas ideias, a divindade Pai/Filho e o salvador sofredor", por exemplo, também têm raízes profundas na Bíblia hebraica e podem estar entre algumas das ideias mais antigas sobre Deus e o mundo que os israelitas tinham".13 Por causa disso, não é surpreendente que os profetas do Livro de Mórmon, como os profetas de hoje, tenham dado um testemunho poderoso de Cristo e de Seu evangelho.

O profeta é um vidente

Tanto na antiga Israel quanto na antiga Mesoamérica, muitas vezes vemos exemplos de videntes. No Velho Testamento, o profeta Samuel é referido como um vidente (1 Samuel 9:9), assim como Gade (2 Samuel 24:11) e Ido (2 Crónicas 9:29), entre outros.14 No Livro de Mórmon, os videntes também são vistos, e parecem distinguir-se pelo uso de pedras de vidente (ver Mosias 8:13–18). Pedras como essas também foram usadas na Mesoamérica.15 O estudioso maia Mark Wright observou que um enterro do período Clássico Médio "continha 'cinco pedras de quartzo peculiares [...] provavelmente usadas em rituais de adivinhação'. Este enterro foi provavelmente de um sacerdote real ou xamã, em vez de um governador, pois essas pedras foram encontradas com outras parafernálias comuns a especialistas em rituais."16

O profeta preside a Igreja

O sumo sacerdote Alma, a quem um anjo chamou de profeta (ver Alma 8:20), parece também ter presidido a igreja como um todo. Ele visitou lugares fora de Zaraenla que tinham sua própria liderança local (ver Alma 6:1) e teria presidido esses ramos locais.17 Isso é semelhante a Moisés, que parece ter presidido toda a igreja, incluindo líderes de pequenas unidades, como os setenta (ver Números 11:24–29). Portanto, é apropriado que Alma tenha sido comparado a Moisés, pois lembra ao leitor que eles tinham papéis semelhantes na igreja (Alma 45:19). Há também uma semelhança no mundo da América pré-colombiana. Na Mesoamérica, durante o período pós-clássico, um governador conhecido como halach uinic ("verdadeiro homem") tinha autoridade política, mas também tinha autoridade religiosa, assim como Alma. Como John S. Henderson apontou, "o Halach Uinic tinha funções religiosas importantes e poderia ser referido como um 'bispo'".18 Ele presidia outros povos que lhe eram leais, assim como Alma.

O porquê

Pintura de Profetas, por Robert T. Barrett Pintura de Profetas, por Robert T. Barrett

Os profetas de hoje falam pelo Senhor e revelam Sua vontade, testificam de Cristo e de Seu evangelho, têm o dom de videntes e presidem a igreja, assim como os profetas do Livro de Mórmon. Isso não significa que os profetas do Livro de Mórmon sejam exatamente iguais aos profetas de hoje. No entanto, as funções gerais parecem ter permanecido com o passar do tempo.19 Hoje em dia, como nos tempos antigos, os profetas recebem instrução de Deus e ensinam aos filhos de Deus o que aprendem. Eles nos ensinam sobre o Pai e o Filho, e que Cristo morreu pela humanidade. Apoiamos os profetas modernos como profetas, videntes e reveladores, e eles revelam verdades passadas, presentes e futuras, assim como os videntes do Livro de Mórmon.20 Os profetas de hoje também têm um cuidado especial em ministrar às congregações locais ao presidirem toda a igreja, assim como os profetas do Livro de Mórmon fizeram. Como Joseph Fielding McConkie e Robert Millet apontaram: "A nação de Israel foi formada por Deus com um profeta, escolhido por Ele, para estar à frente. A lei de Moisés, que governava a nação, foi dada por revelação e só poderia ser modificada da mesma maneira. Foi por um propósito divino que Israel sempre foi liderado por profetas".21 O mesmo é verdade hoje.

Leitura Complementar

Mark Alan Wright, "Nephite Daykeepers: Ritual Specialists in Mesoamerica and the Book of Mormon", em Ancient Temple Worship: Proceedings of the Expound Symposium, 14 de maio de 2011, ed. Matthew B. Brown, Jeffrey M. Bradshaw, Stephen D. Ricks e John S. Thompson (Salt Lake City e Orem, UT: Eborn Books and the Interpreter Foundation, 2014), pp. 244-246. John W. Welch, "The Calling of Lehi as a Prophet in the World of Jerusalem", em Glimpses of Lehi's Jerusalem, eds. John W. Welch, David Rolph Seely e Jo Ann H. Seely (Provo, UT: FARMS, 2004), pp. 421–448. Steven C. Walker, "Seer", em The Encyclopedia of Mormonism, ed. Daniel H. Ludlow (New York, N.Y.: Macmillan, 1992), 3: pp. 1292–1293.

1. Ver D&C 1:38; 21:4-5; 43:2; 68:3-4. 2. Ver D&C 20:21-26; Mosias 13:33. 3. Ver o artigo da Central do Livro de Mórmon, "O que o Livro de Mórmon ensina sobre os profetas?(Helamã 13:4)", KnoWhy 284 (4 de janeiro de 2018). 4. Ver o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Como o Senhor chamava aos profetas antigamente?1 Néfi 15:8)", KnoWhy 17 (20 de janeiro de 2017); Central do Livro de Mórmon, "Por que há símbolos do templo em Helamã 10? (Helamã 10:8)", KnoWhy 181 (11 de agosto de 2017). 5. Para saber mais sobre isso, ver John W. Welch, "The Calling of a Prophet", em First Nephi, The Doctrinal Foundation, ed. Monte S. Nyman e Charles D. Tate Jr. (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 1988), pp. 35–54. Ver também Blake T. Ostler, "The Throne-Theophany and Prophetic Commission in 1 Nephi: A Form-Critical Analysis", BYU Studies 26/4 (1986): pp. 67–95, John W. Welch, "The Calling of Lehi as a Prophet in the World of Jerusalem", em Glimpses of Lehi 's Jerusalem, ed. John W. Welch, David Rolph Seely e Jo Ann H. Seely (Provo, UT: FARMS, 2004), pp. 421–448. 6. Hugh Nibley, The Prophetic Book of Mormon, The Collected Works Hugh Nibley, Volume 8 (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book e FARMS, 1989), p. 12. 7. Ver o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que há símbolos do templo em Helamã 10? (Helamã 10:8)", KnoWhy 181 (11 de agosto de 2017). 8. Para saber mais sobre isso, ver Mark Alan Wright, "'According to Their Language, to Their Understanding': The Cultural Context of Hierophanies and Theophanies in Latter-day Saint Canon", Studies in the Bible and Antiquity 3 (2011): pp. 51–65. 9. Ver o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que o Senhor fala aos homens "de acordo com sua língua"? (2 Néfi 31:3)", KnoWhy 258, (28 de novembro de 2017). 10. Para dois exemplos importantes disso, ver Rodney Turner, "Two Prophets: Abinadi and Alma", em The Book of Mormon, Part 1: 1 Nephi to Alma 29, ed. Kent P. Jackson, Studies in Scripture: Volume 7 (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 1987), pp. 240-259. 11. Ver o artigo da Central do Livro de Mórmon, "O que os profetas antes de Cristo sabiam sobre Ele? (1 Néfi 10:17)", KnoWhy 12 (14 de janeiro de 2017). 12. Daniel Boyarin, The Jewish Gospels: The Story of the Jewish Christ (New York, NY: The New Press, 2012), p. 158. 13. Boyarin, The Jewish Gospels , p. 158. 14. Ver, por exemplo, 1 Samuel 9:11, 19; 2 Samuel 15:27; 2 Reis 17:13; Miquéias 3:7; Amós 7:12; Isaías 30:10. 15. Ver, por exemplo, Marc G. Blainey, "Techniques of Luminosity: Iron-Ore Mirrors and Entheogenic Shamanism among the Ancient Maya", in Manufactured Light: Mirrors in the Mesoamerican Realm, ed. Emiliano Gallaga M. e Marc G. Blainey (Boulder, CO: University Press of Colorado, 2016), pp. 179–206, e John J. McGraw, "Stones of Light: The Use of Crystals in Maya Divination", em Manufactured Light, 207–227. 16. Mark Alan Wright, "Nephite Daykeepers: Ritual Specialists in Mesoamerica and the Book of Mormon", en Ancient Temple Worship: Proceedings of the Expound Symposium, 14 May 2011, ed. Matthew B. Brown, Jeffrey M. Bradshaw, Stephen D. Ricks e John S. Thompson (Salt Lake City e Orem, UT: Eborn Books e the Interpreter Foundation, 2014), p. 245 17. Brant A. Gardner, Second Witness: Analytical and Contextual Commentary on the Book of Mormon, 6 v. (Salt Lake City, UT: Greg Kofford Books, 2007), 4: p. 149. 18. Ver John S. Henderson, The World of the Ancient Maya, 2nd edition (Ithaca, NY: Cornell University Press, 1997), p. 46. 19. Joseph Fielding McConkie, ''Priesthood among the Nephites", Book of Mormon Reference Companion, ed. Dennis L. Largey (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2003), p. 656. 20. Ver o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que um vidente é maior do que um profeta? (Mosias 8:15)", KnoWhy 86 (18 de abril de 2017). 21. Joseph Fielding McConkie e Robert L. Millet, Doctrinal Commentary on the Book of Mormon, 4 v. (Salt Lake City, UT: Bookcraft, 1987–1992), 2: p. 270