KnoWhy #86 | Abril 18, 2017

Por que um vidente é maior do que um profeta?

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Scripture Central

"[U]m vidente é maior que um profeta." Mosias 8:15

O conhecimento

Mosias 8 inclui um discurso sobre a natureza da profecia, o papel de um vidente e a tradução divina dada por Amon, um "homem forte e poderoso, descendente de Zaraenla" (Mosias 7:3). Em resposta ao pedido do rei Lími para a tradução de alguns registros sagrados (Mosias 8:11–13), ele falou de "um homem capaz de traduzir os registros; porque possui algo com que pode olhar e traduzir todos os registros da antiguidade; e é um dom de Deus". Os instrumentos de tradução, que Amon chamava de "intérpretes", só podiam ser usados por alguém divinamente comissionado para fazê-lo. "[Q]uem quer que receba ordem para olhá-los" ensinou Amon, "é chamado vidente" (Mosias 8:13).

Com essa informação em mente, Lími argumentou que "um vidente é maior que um profeta" (Mosias 8:15). Amon concordou, explicando:

[Um] vidente é também revelador e profeta; e que não há dom maior que um homem possa ter, a não ser que possuísse o poder de Deus, que ninguém pode possuir; contudo, o homem pode receber grande poder de Deus. Um vidente, porém, pode saber tanto de coisas passadas como de coisas futuras; e por meio deles todas as coisas serão reveladas, ou seja, coisas secretas serão manifestadas e coisas ocultas virão à luz; e darão a conhecer coisas que não são conhecidas; e também manifestarão coisas que, de outra maneira, não poderiam ser conhecidas. (Mosias 8:16-17)

Amon distingue a diferença entre ser um profeta e ser um vidente. Um profeta, um porta-voz de Deus, pode, com autoridade divina, predizer o que pode ou deve acontecer se as pessoas comportam de determinada maneira (como as bênçãos prometidas por guardar os mandamentos ou aflições prometidas por cair em comportamento apóstata).1 Embora cada dispensação tenha grandes Profetas (com P maiúsculo) que estão à frente do povo do convênio de Deus ou da Igreja de Deus com as chaves do Sacerdócio, pessoas, homens e mulheres, podem atuar como profetas ou profetisas (com P minúsculo) em suas respectivas vidas, famílias e funções da igreja (cf. Êxodo 15:20; Números 11:29; Juízes 4:4; Isaías 8:3; 2 Reis 22:14; Lucas 2:36; Atos 11:27; 21:10; Apocalipse 19:10).

Um vidente, no entanto, é mais do que um profeta que pronuncia o julgamento divino ou prediz o futuro. Um vidente é alguém que "pela fé, p[ossa] operar grandes milagres" através do uso de "meio[s]" (instrumentos divinos) preparados por Deus (Mosias 8:18).2 Como explicado por Amon, um vidente é maior do que um profeta porque revela o que aconteceu no passado, incluindo mistérios, segredos, ensinamentos obscuros, escrituras perdidas e conhecimento oculto. Como Lími reconheceu, os instrumentos de um vidente são "sem dúvida, preparados com o fim de revelar todos esses mistérios aos filhos dos homens" (Mosias 8:19). Desta forma, um vidente vai além dos dons concedidos a um profeta e, portanto, é "maior", tanto em poder quanto em responsabilidade.

O porquê

A descrição da vidência no Livro de Mórmon está presente no contexto da antiga Israel. Afinal, “[a] Bíblia [...] menciona pessoas que receberam manifestações espirituais por meio de objetos físicos, como varas, uma serpente de bronze em um poste [...] um éfode (parte da vestimenta sacerdotal que incluía duas pedras preciosas) e o Urim e Tumim".3 De fato, os videntes são mencionados nos registros bíblicos como tendo presença na sociedade de Israel (1 Samuel 9:9, 11, 19; 2 Samuel 15:27; 24:11; 2 Reis 17:13; Miquéias 3:7; Amós 7:12; Isaías 30:10), e o enigmático "Urim e Tumim" do Velho Testamento (Êxodo 28:30; Levítico 8:8; Números 27:21; Deuteronômio 33:8; 1 Samuel 28:6) parece ter tido uma função oracular na religião bíblica.4 O Livro de Mórmon, nesse caso, é, portanto, consistente com a tradição bíblica.

O próprio Joseph Smith é chamado de "vidente" no Livro de Mórmon e em Doutrina e Convênios (2 Néfi 3:6; D&C 21:1). Ele pode ser corretamente chamado assim, pois com instrumentos divinos não apenas traduziu o Livro de Mórmon, como também vislumbrou o passado distante da América antiga.5 Como Richard E. Turley Jr. Robin S. Jensen e Mark Ashurst-McGee explicaram: "Pedras de vidente [...] são mencionadas nos relatos históricos de Joseph Smith e na tradução do Livro de Mórmon."6 A natureza exata da tradução do Livro de Mórmon não é totalmente compreendida.7 No entanto, evidências históricas indicam que Joseph, o vidente, primeiro viu e depois leu as palavras traduzidas do Livro de Mórmon que apareceram nos "intérpretes" nefitas (também chamados de "lentes" ou, mais tarde, Urim e Tumim) que foram recuperados junto às placas ou em sua própria pedra de vidente, a que ele havia usado anteriormente em certas atividades de magia popular.8

Com a restauração da antiga ordem de Deus em nossos tempos, o dom da vidência ressurgiu. Steven C. Walker comentou: "O antigo chamado de vidente permanece ativo ao longo dos tempos modernos", como "na igreja moderna, os membros da Primeira Presidência e do Quórum dos Doze Apóstolos servem como videntes. Esses quinze líderes apostólicos são designados profetas, videntes e reveladores que lideram a Igreja por meio da revelação divina".9

Leitura Complementar

Steven C. Walker, "Seer", in The Encyclopedia of Mormonism, ed. Daniel H. Ludlow (New York, N.Y.: Macmillan, 1992), 3: pp. 1292–1293. Richard E. Turley Jr., Robin S. Jensen, e Mark Ashurst-McGee, "Joseph, o Vidente", A Liahona, Outubro de 2015, pp 10-15. Michael Hubbard MacKay and Gerrit J. Dirkmaat, From Darkness Unto Light: Joseph Smith's Translation and Publication of the Book of Mormon (Provo, UT and Salt Lake City, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, and Deseret Book, 2015).

1. Ver geralmente Ralph A. Britsch e Todd A. Britsch, "Prophet: Prophets", em The Encyclopedia of Mormonism, 4 v., ed. Daniel H. Ludlow (New York, NY: Macmillan Publishing, 1992), 3: pp. 1164–1167; David Noel Freedman, "Prophet: Biblical Prophets", in The Encyclopedia of Mormonism, 3: pp. 1167–1170. 2. Segundo a história de Joseph Smith feita de 1838, o anjo Morôni indicou ao profeta jovem que "a posse e uso dessas [pedras videntes] era o que constituía os "videntes" nos tempos antigos" (Joseph Smith-História 1:35). 3. Richard E. Turley Jr., Robin S. Jensen e Mark Ashurst-McGee, "Joseph, o vidente", A Liahona, Outubro de 2015, p. 11. 4. Cornelis Van Dam, The Urim and Tumim: A Means of Revelation in Ancient Israel (Winona Lake, IN: Eisenbrauns, 1997). 5. Lucy Mack Smith lembrou que durante seus encontros com Morôni em meados da década de 1820, seu filho "forneceu [à família Smith] algumas das narrativas mais surpreendentes que se possa imaginar. Ele descreveu os habitantes do antigo continente [americano], suas roupas, seus meios de viagem, os animais que montavam, suas cidades, edifícios e de uma maneira muito particular, seu modo de guerra, bem como seu culto religioso. Tudo isso ele fez com aparente simplicidade, como se tivesse passado toda a sua vida entre eles". Lucy Mack Smith, History, 1845, p. 87, disponível em www.josephsmithpapers.org. Embora os céticos possam descartar isso dizendo que o jovem profeta contou contos inventados ou histórias inventadas, também é possível interpretá-lo como Joseph a usar de suas habilidades de vidente, recém-aperfeiçoadas sob a tutela de Morôni. 6. Turley, Jensen e Ashurst-McGee, "Joseph the Seer", p. 12. 7. Para uma visão geral do assunto, ver Textos sobre os Tópicos do Evangelho "A tradução do Livro de Mórmon". 8. A literatura da tradução do Livro de Mórmon e o envolvimento de Joseph Smith com a magia popular são extensos. Para algumas palavras-chave, consulte Royal Skousen, "Translating the Book of Mormon: Evidence from the Original Manuscript", em Book of Mormon Authorship Revisited: The Evidence for Ancient Origins, ed. Noel B. Reynolds (Provo, UT: FARMS, 1997), pp. 61-93; Mark Ashurst–McGee, "A Pathway to Prophethood: Joseph Smith Junior as Rodsman, Village Seer, and Juedo-Christian Prophet" (Tese de Mestrado, Universidade Estadual de Utah, 2000); Brant A. Gardner, The Gift and Power: Translating the Book of Mormon (Salt Lake City, UT: Greg Kofford, 2011); Kerry Muhlestein, "Seeking Divine Interaction: Joseph Smith's Varying Searches for the Supernatural", em No Weapon Shall Prosper: New Light on Sensitive Issues, ed. Robert L. Millet (Provo, UT e Salt Lake City, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 2011), pp. 77–91; Roger Nicholson, "The Spectacles, the Stone, the Hat, and the Book: A Twenty-first Century Believer's View of the Book of Mormon Translation", Interpreter: A Journal of Mormon Scripture 5 (2013): pp. 121-190; Michael Hubbard MacKay e Gerrit J. Dirkmaat, "Firsthand Witness Accounts of the Translation Process", em The Coming Forth of the Book of Mormon: A Marvelous Work and a Wonder, ed. Dennis L. Largey et al. (Provo, UT and Salt Lake City, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, and Deseret Book, 2015), pp. 61–79; From Darkness Unto Light: Joseph Smith's Translation and Publication of the Book of Mormon (Provo, UT and Salt Lake City, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, and Deseret Book, 2015); Stanford Carmack, "Joseph Smith Read the Words", Interpreter: A Journal of Mormon Scripture 18 (2016): pp. 41–64; Richard Lyman Bushman, "Joseph Smith and Money Digging", in A Reason for Faith: Navigating LDS Doctrine and Church History, ed. Laura Harris Hales (Provo and Salt Lake City, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University and Deseret Book, 2016), pp. 1–6.

9. Steven C. Walker, "Seer", in The Encyclopedia of Mormonism, 3: pp. 1292–1293.

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