KnoWhy #12 | Janeiro 14, 2017

O que os profetas antes de Cristo sabiam sobre Ele?

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Scripture Central

"O Filho de Deus era o Messias que deveria vir." 1 Néfi 10:17

O conhecimento

O Livro de Mórmon representa Néfi e outros profetas pré-cristãos tendo o conhecimento prévio de Jesus Cristo como o Filho expiatório de Deus e o Messias. Néfi profetizou: "Sim, seiscentos anos depois de meu pai ter deixado Jerusalém, o Senhor Deus levantaria um profeta entre os judeus — um Messias, ou, em outras palavras, um Salvador do mundo" (1 Néfi 10:4). Néfi disse que esse Messias seria o "Redentor do mundo" (1 Néfi 10:5) e "o Filho de Deus" (1 Néfi 10:17).

As fortes expectativas no Livro de Mórmon em relação a um messias vindouro, incluindo o testemunho de que Jesus Cristo é o Messias, levantaram questões sobre a plausibilidade de os antigos israelitas acreditarem nisso. Para muitos, parece improvável que os povos do Livro de Mórmon pudessem saber tanto sobre Jesus antes de seu nascimento.

É espantoso ouvir essa pergunta até mesmo de cristãos fiéis, pois o Novo Testamento afirma que os profetas anteriores a Jesus previram sua vida e morte (Lucas 24:13–35; Atos 2:253:248:26–39).1

Baseando-se no trabalho de Margaret Barker e outros estudiosos bíblicos não membros da Igreja de Jesus Cristo,2 o autor Brant Gardner e outros estudiosos abordam essa questão argumentando que a representação de Deus e seu Filho no Livro de Mórmon é consistente com a antiga religião israelita. Gardner explicou que a antiga religião israelita incluía o entendimento de um pai principal ou divindade (chamado "El" ou "El Elyon" [Deus Altíssimo]) e seus vários filhos (incluindo Yahweh ou Jeová) que formavam um conselho divino.3

Yahweh era o "proeminente Deus de Israel" e era entendido como o Redentor de Israel (cf. Salmos 19:14; Isaías 47:448:1754:5; Jeremias 50:34). "Essas ideias", argumenta Gardner, "fornecem o contexto conceitual que nos permite entender as referências a Deus, ao Filho e ao Pai no Livro de Mórmon".

Como o entendimento de El como Pai e Yahweh como Filho ainda fazia parte do pensamento hebraico no início do Livro de Mórmon, é muito prvável que essa descrição específica do Pai e do Filho" seja teologia do Livro de Mórmon.4

Como Gardner explicou, o Livro de Mórmon descreve Yahweh (o Jesus Cristo pré-encarnado [por exemplo, 1 Néfi 19:7-9]) como o Messias, que Barker argumenta ser o entendimento messiânico mais antigo para os cristãos, um entendimento que vem do passado e restaura um aspecto importante da antiga religião israelita.5

Kevin Christensen explicou valiosamente: "A afirmação de Barker de que as tradições que de fato explicam as expectativas messiânicas [cristãs] pertinentes remontam ao Primeiro Templo na Israel pré-exílica é de particular interesse para os estudos dos santos dos últimos dias. Isso ancora o Livro de Mórmon à época e no local-chave."6

De acordo com Daniel Boyarin, um dos principais estudiosos do judaísmo, os ensinamentos do Novo Testamento sobre o Messias são anteriores ao advento de Jesus, com sua origem na forma mais antiga da religião israelita.7 Boyarin argumentou: "O Messias-Cristo existia como uma ideia judaica muito antes do nascimento do bebê Jesus […] A ideia de um segundo Deus como vice-rei do Deus-Pai é uma das ideias teológicas mais antigas de Israel".8

Entretanto, o segundo Deus era mais do que apenas um vice-rei. Ele é o Redentor: "O caráter do segundo Deus Redentor vem, em minha opinião, da história da antiga da religião israelita".9 Essas noções estão, de acordo com Boyarin, "entre as primeiras ideias sobre Deus na religião dos israelitas".10

Para concluir sua análise, Boyarin argumentou que "nos momentos em que consideramos mais caracteristicamente cristãos do que judeus", encontramos algumas das primeiras concepções da religião israelita. Estas incluem:

[Primeiro] a noção de uma divindade dupla com um Pai e um Filho, [segundo] a noção de um Redentor, que será tanto Deus quanto homem, e [terceiro] a ideia de que este Redentor sofreria e morreria como parte do processo de salvação. Pelo menos algumas dessas ideias, a divindade Pai/Filho e o salvador sofredor, por exemplo, também têm raízes profundas na Bíblia hebraica e podem estar entre algumas das ideias mais antigas sobre Deus e o mundo que os israelitas tinham.11

Essas são, notavelmente, as mesmas ideias apresentadas no Livro de Mórmon.

O porquê

Alguns autores questionaram a viabilidade dos antigos israelitas terem uma compreensão do "Filho de Deus" como o Messias de Israel. Esses autores afirmam que esse ensinamento é anacrônico ou não condizente com a época dos israelitas pré-cristãos, e resulta da própria "expansão" profética de Joseph Smith no Livro de Mórmon ou de um anacronismo absoluto, que dataria o texto do século XIX.12

Entretanto, o trabalho de Gardner e Christensen (baseado, por sua vez, em Margaret Barker e outros) situa de forma plausível a compreensão nefita de Deus e do Messias no âmbito da antiga tradição israelita.

Quando se tem suposições naturalistas que negam a possibilidade de Deus conceder revelações de eventos futuros aos profetas, é provável que nenhuma argumentação histórica seja persuasiva. Ao usarem suposições naturalistas que negam a possibilidade de Deus conceder revelações de eventos futuros aos profetas, provavelmente nenhuma argumentação histórica será persuasiva.

Dito isso, este estudo recente demonstra que a representação de Deus e seu Filho como o Messias no Livro de Mórmon (que também é um Deus ou personagem divino) encontra um lugar muito mais plausível na antiga Israel do que se supunha até agora. Exatamente naqueles pontos em que [os críticos] afirmam que [o Livro de Mórmon] é incompatível com o Velho Testamento", conclui Christensen, "Barker encontra mudanças no pensamento israelita durante o exílio e depois dele. Em cada ponto, a imagem original corresponde ao que temos no Livro de Mórmon".13

Leitura Complementar

Brant Gardner, "Excursus: The Nephite Understanding of God," em Second Witness: Analytical and Contextual Commentary on the Book of Mormon, six volumes (Salt Lake City, UT: Greg Kofford Books, 2007), 1: pp. 214–222. Kevin Christensen, "The Deuteronomist De-Christianizing of the Old Testament", FARMS Review 16/2 (2004): pp. 59–90. Kevin Christensen, "The Messiah in Barker's Work and Mormon Scripture"; em Paradigms Regained, FARMS Occasional Papers 2 (2001), pp. 5–76.

1. Ver também a discussão do Salmo 22 em Shon Hopkin: "The Psalm 22:16 Controversy: New Evidence from the Dead Sea Scrolls", BYU Studies 44, no. 3 (2005): pp. 161–172.

2. Margaret Barker, The Great Angel: A Study of Israel’s Second God (Louisville, Kentucky: Westminster John Knox Press, 1992); Temple Theology: An Introduction (London: Society for Promoting Christian Knowledge, 2005). Ver também Mark S. Smith, The Origins of Biblical Monotheism: Israel's Polytheistic Background and the Ugaritic Texts (New York, N. Y.: Oxford University Press, 2001). 3. Sobre isso, ver Stephen O. Smoot, "The Divine Council in the Hebrew Bible and the Book of Mormon", "Studia Antiqua: A Student Journal for the Study of the Ancient World" 12, no. 2 (Fall 2013): pp. 1–18. 4. Brant Gardner, "Excursus: The Nephite Understanding of God," em Second Witness: Analytical and Contextual Commentary on the Book of Mormon, six volumes (Salt Lake City, UT: Greg Kofford Books, 2007), 1: p. 215. 5. Gardner, "Excursus", p. 217; Barker, The Great Angel, pp. 190–212. 6. Kevin Christensen, "The Deuteronomist De-Christianizing of the Old Testament" FARMS Review 16/2 (2004): p. 80. 7. Daniel Boyarin, The Jewish Gospels: The Story of the Jewish Christ (New York, N.Y.: The New Press, 2012), pp. 53–56, 72–73. 8. Boyarin, The Jewish Gospels, p. 44. 9. Boyarin, The Jewish Gospels, p. 46. 10. Boyarin, The Jewish Gospels, pp. 44–45. 11. Boyarin, The Jewish Gospels, p. 158. 12. Ver James H. Charlesworth, "Messianism in the Pseudepigrapha and the Book of Mormon", "Reflections on Mormonism: Judaeo-Christian Parallels", ed. Truman G. Madsen (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 1978), pp. 99–137; Blake Ostler, "The Book of Mormon as a Modern Expansion of an Ancient Source", Dialogue: A Journal of Mormon Thought 20, no. 1 (Spring 1987): pp. 66–123, esp. 83; Melodie Moench Charles, "Book of Mormon Christology", em New Approaches to the Book of Mormon: Explorations in Critical Methodology, ed. Brent Lee Metcalfe (Salt Lake City, UT: Signature Books, 1993), pp. 81–114. 13. Christensen, "The Deuteronomist De-Christianizing the Old Testament", p. 89.

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