KnoWhy #440 | Outubro 11, 2018
Profetas como Ezequiel conhecem os escritos de Zenos?
Postagem contribuída por
Scripture Central
“E aconteceu que o Senhor da vinha tornou a dizer a seu servo: Olha aqui e vê também um outro ramo que plantei; eis que também tratei dele e produziu frutos” Jacó 5:24
O conhecimento
O profeta Zenos, dos tempos do Velho Testamento, teve muita influência sobre os autores do Livro de Mórmon. Ele foi mencionado ou citado por Néfi1 (1 Néfi 19:10–17), Jacó (Jacó 5:1–77; 6:1), Alma2 (Alma 33:3–11, 13, 15), Amuleque (Alma 34:7), Néfi2 (Helamã 8:19–20) e Mórmon (3 Néfi 10:14–17). Os nefitas estavam familiarizados com Zenos porque seus escritos foram encontrados nas placas de latão, embora não sejam encontrados no Velho Testamento como o temos hoje. Apesar do fato de que Zenos não é mencionado na Bíblia, há alguma evidência de que os autores do Velho Testamento conheciam seus escritos. A Alegoria da Oliveira de Zenos, encontrada em sua totalidade em Jacó 5 no Livro de Mórmon, pode ter influenciado vários autores do Velho Testamento durante séculos, incluindo o profeta Ezequiel.
Os professores da BYU John W. Welch e David Seely sugeriram que no Velho Testamento podemos encontrar o símbolo da oliveira (ou às vezes a videira, muitas vezes usada como sinônimo) usado como se o público do autor já estivesse familiarizado com uma alegoria mais longa contendo ambos aspectos positivos e negativos do destino de Israel.
Passagens como Êxodo 15:17, 2 Samuel 7:10, Salmo 1:3; 52:8, Oséias 14:4–8 e Isaías 4:2 concentram-se principalmente nos aspectos positivos de o Senhor plantar, cuidar e abençoar a árvore. Outros, como o Salmo 52:5; 80:15-16, Isaías 5:1-7; 17:9-11 e Jeremias 11:14-17 apresentam o desarraigamento, queima, destruição e maldição da árvore. Ambas as dimensões são perfeitamente combinadas em um todo, na alegoria de Zenos.
Um exemplo particularmente interessante de um profeta do Velho Testamento, possivelmente baseado nos escritos de Zenos, pode ser encontrado no livro de Ezequiel. Ezequiel usou um simbolismo que é muito semelhante ao de Zenos, mas que se concentra mais nos problemas que Jerusalém estava enfrentando no tempo de Ezequiel ao longo da história do povo de Israel.
Em Ezequiel 17, o profeta apresentou uma parábola sobre uma águia que veio e arrancou o topo, o ramo mais alto, de uma árvore de cedro e a levou para outra terra (Ezequiel 17:3-4). Perto do final da parábola, o Senhor promete fazer algo semelhante — "do principal dos seus renovos cortarei o mais tenro, e o plantarei sobre um monte alto e sublime", na esperança de que ele se torne "um cedro excelente" e "dará fruto" (Ezequiel 17:22-23). Esta alegoria parece estar fazendo referência ao rei da Babilônia, em primeiro lugar, como a águia, e como ele levou o rei de Judá, Joaquim, para a Babilônia. O Senhor, por sua vez, provavelmente está se referindo ao Messias da casa de Davi, a quem ele mesmo plantaria e tornaria frutífero em Jerusalém.
Isto é semelhante à alegoria de Zenos. Em Jacó 5:6-8, Zenos fala dos "ramos pequenos, novos e tenros" que o Senhor da vinha "tira[rá]" e enxertará ou plantará em outro lugar. Então, nos versículos 23 e 24 nos é dito que alguns desses ramos "produzi[ram] frutos". Aqui, Zenos está falando não apenas do rei de Judá ou da família real em Jerusalém, mas de outras famílias ou partes do povo de Israel sendo levadas para a Babilônia ou de alguma forma dispersas.
Esta não é a única semelhança entre Zenos e Ezequiel. Em Jacó 5, as principais partes do topo da árvore, não os novos ramos, mas os ramos antigos que estavam perecendo, foram cortados e jogados no "fogo para que sejam queimados". Em Ezequiel 5, embora Ele não esteja falando sobre árvores, Jeová usa o simbolismo para descrever a destruição de Jerusalém. Ele declara seu destino usando as mesmas palavras de Zenos: "os lançarás no meio do fogo e os queimarás a fogo" (Ezequiel 5:4). Há outras frases em comum entre Ezequiel e Zenos, como o uso da frase "glória do Deus de Israel" (1 Néfi 19:13; Ezequiel 8:4).
O porquê
Porque os autores do Velho Testamento tendiam a se voltar para os aspectos positivos e negativos desse simbolismo, Welch e Seely consideraram o seguinte:
Embora a evidência não permita uma conclusão firme sobre a data da alegoria de Zenos, as dimensões positivas e negativas da imagem da oliveira no Velho Testamento são difíceis de conciliar nesses textos sem assumir que um paradigma simples (como a alegoria de Zenos) existia no antigo Israel usando essas duas dimensões. Jacó 5 fornece o paradigma completo unificando as muitas referências dispersas no Velho Testamento à oliveira como uma imagem para a casa de Israel e iluminando o que a imagem teria provavelmente significado para o público israelita antigo.1
Os escritos de Ezequiel tocam brevemente em aspectos positivos e negativos do simbolismo das árvores. Entretanto, não é difícil imaginar que eles foram derivados de, ou aludem a, uma alegoria muito maior referindo-se à dispersão e reunião de Israel. Embora seja possível que o Livro de Mórmon esteja tomando emprestado de Ezequiel e outros autores bíblicos, isso parece improvável. Seely e Welch concluíram:
Embora seja possível que essas duas linhas totalmente opostas de simbolismo crítico negativo e metáforas positivas misericordiosas, tenham se desenvolvido aleatoriamente no antigo Israel e que Zenos tenha chegado tarde nessa tradição e servido para sintetizar todos esses elementos em uma única história coerente, a explicação mais simples é que Zenos provavelmente precedeu […] Oséias, Isaías e Jeremias [e Ezequiel] por várias gerações, e que todos esses profetas posteriores conheciam e se baseavam em Zenos, com bastante frequência. De qualquer forma, parece altamente improvável que Joseph Smith, operando com suas próprias faculdades mentais, pudesse ter trabalhado dentro do vocabulário limitado de Jacó 5, mantendo em mente todos os diversos e específicos elementos de cada um desses textos do Velho Testamento, para tecer, reunindo desses fios complexos, uma imagem tão elegante e vívida como a da magistral alegoria de Zenos em Jacó 5.2
Leitura Complementar
David Rolph Seely e John W. Welch, "Zenos and the Texts of the Old Testament", em The Allegory of the Olive Tree: The Olive, the Bible, and Jacob 5, ed. Stephen D. Ricks e John W. Welch (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book and FARMS, 1994), pp. 322–346. Central do Livro de Mórmon,"Existe algo conhecido sobre o Profeta Zenos fora do Livro de Mórmon? (Jacó 5:1)", KnoWhy 67, (24 de março de 2017).1. David Rolph Seely e John W. Welch, "Zenos and the Texts of the Old Testament", em The Allegory of the Olive Tree: The Olive, the Bible, and Jacob 5, ed. Stephen D. Ricks e John W. Welch (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book e FARMS, 1994), pp. 322–346. 2. David Rolph Seely e John W. Welch, "Zenos and the Texts of the Old Testament", em The Allegory of the Olive Tree: The Olive, the Bible, and Jacob 5, ed. Stephen D. Ricks e John W. Welch (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book e FARMS, 1994), pp. 322–346, em 346.