KnoWhy #376 | Junho 11, 2018

Quais foram os “outros livros” que Néfi viu em sua visão?

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Scripture Central

"E depois de haver chegado a eles, vi outros livros surgirem pelo poder do Cordeiro, trazidos a eles pelos gentios." 1 Néfi 13:39

O conhecimento

A revelação moderna por meio dos profetas e apóstolos é nossa fonte mais valiosa de informações sobre as Escrituras. Essas revelações nos ajudam a entender melhor cada um dos livros das Escrituras e a aplicar seus ensinamentos em nossas próprias vidas. No entanto, há outra bênção menos conhecida dos tempos modernos, que também pode enriquecer nossa compreensão das Escrituras. Desde a década de 1840, foram descobertos muitos textos antigos que lançaram luz sobre nosso atual cânone das Escrituras. De fato, é possível que Néfi tenha visto algumas dessas descobertas em sua grande visão do futuro de seu povo.

Durante uma revelação, Néfi viu que a Bíblia seria revelada aos descendentes de Leí no Novo Mundo. Depois disso, Néfi viu "outros livros surgirem pelo poder do Cordeiro" (1 Néfi 13:39). Esses livros tinham o objetivo de mostrar ao mundo "que os escritos dos profetas e dos doze apóstolos do Cordeiro são verdadeiros" e também para "[divulgar] as coisas claras e preciosas que [...] foram suprimidas" da Bíblia (vv. 39-40).1

Esses versículos claramente se referem ao Livro de Mórmon,2 mas, também podem se referir a outros registros descobertos por arqueólogos de meados do século XIX até o século XX. Em 1844, por exemplo, o estudioso alemão Konstantin von Tischendorf descobriu um manuscrito, hoje conhecido como Codex Sinaiticus. Esse documento, datado do século IV, tornou-se a cópia mais antiga do Novo Testamento disponível na época.3 Essa descoberta pode ser vista como o início de uma enxurrada de descobertas de registros perdidos. Em 1851, Sir Austen Henry Layard descobriu a extensa biblioteca do rei assírio Assurbanípal.4 Esses textos, escritos em tábuas de argila, ajudaram a esclarecer muitos aspectos do Velho Testamento.

Em 1896, Agnes S. Lewis e Margaret D. Gibson reuniram alguns manuscritos de outra vasta coleção de textos no Egito, chamada Geniza de Cairo, e os levaram para a Inglaterra. O pesquisador judeu Solomon Schechter obteve o maior número possível desses manuscritos (coletando mais de duzentos mil fragmentos do manuscrito) e passou o resto de sua vida os estudando.5 Outra coleção de textos egípcios, chamada Biblioteca de Nague Hamadi, foi descoberta em 1945, lançando nova luz sobre o Novo Testamento e o cristianismo primitivo.6

Então, em 1947, um jovem pastor chamado Jum'a Muhammed Khalil ao procurar uma ovelha perdida em uma caverna perto do Mar Morto, se deparou com uma coleção de documentos antigos. Ele pediu a dois de seus amigos que o ajudassem a procurar mais e os três acabaram encontrando pergaminhos nas cavernas ao redor do Mar Morto.7 Esses documentos, agora conhecidos como Pergaminhos do Mar Morto, incluem as cópias mais antigas conhecidas dos livros do Velho Testamento. Estes textos também ajudam a elucidar como era o judaísmo na época de Jesus.8

Todas essas descobertas, juntamente com o Livro de Mórmon, cumpriram significativamente as profecias de Néfi. Eles ajudam a confirmar "que os registros dos profetas e dos doze apóstolos do Cordeiro são verdadeiros" e que também "divulgarão as coisas claras e preciosas que [...] foram suprimidas" da Bíblia (1 Néfi 13:39-40).9

O porquê

Como o Livro de Mórmon é um compilado de vários livros, é possível que a visão de Néfi estivesse se referindo apenas ao Livro de Mórmon, quando ele menciona que outros registros apareceriam.10 Ele também poderia se referir a livros das dez tribos que ainda não foram descobertos, registros que Néfi mencionou que algum dia apareceriam (2 Néfi 29:13). No entanto, se Néfi também se referia aos registros descobertos nos séculos 19 e 20 graças à arqueologia, seria um lembrete de que "por meio de coisas pequenas e simples que as grandes são realizadas" (Alma 37:6).

É natural que se pense em visões arrebatadoras e grandes milagres ao considerar as maneiras pelas quais Deus ajudará as pessoas a entender Sua palavra nos últimos dias. Sem dúvida, esse foi o modo como as coisas ocorreram no caso do Livro de Mórmon e das outras traduções milagrosas de Joseph Smith, como o Livro de Abraão e a Tradução de Joseph Smith da Bíblia, incluindo o Livro de Moisés. Entretanto, as histórias desses arqueólogos e estudiosos apresentam um cenário diferente. Solomon Schechter trabalhou em milhares de fragmentos de manuscritos antigos, dia após dia, por muitos anos.11 De acordo com um relato, Constantin von Tischendorf tirou sua famosa cópia da Bíblia do lixo em um mosteiro, quando estavam prestes a queimá-la.12

Foi por meio dessas pequenas coincidências e do trabalho por vezes tedioso de muitos estudiosos, durante muitos anos, que obtivemos tantos recursos inestimáveis para a compreensão da Bíblia. Embora muitos não reconheçam plenamente, seu trabalho é um testemunho da revelação moderna.

James H. Charlesworth, que dedicou sua vida a trabalhar com esses textos recém-descobertos, certa vez conversou com o estudioso do Livro de Mórmon John W. Welch sobre a visão de Néfi de registros futuros (1 Néfi 13:39-41). "Quando isso foi escrito?", perguntou ele. Welch disse: "Bem, por volta de 550 a.C." Charlesworth respondeu: "Não, não isso. Eu quis dizer, quando o Livro de Mórmon foi publicado?" Welch respondeu: "Março de 1830." Charlesworth ficou surpreso que um livro escrito em 1830 pudesse ter previsto que tantos documentos estariam prestes a ser publicados nas décadas seguintes. Essa história é um lembrete da importância desses textos antigos - não apenas para a Bíblia, mas também para o Livro de Mórmon. Esta história é um lembrete da importância desses textos antigos — não apenas para a Bíblia, mas também para o Livro de Mórmon.

Leitura Complementar

Andrew C. Skinner, "The Ancient People of Qumran: An Introduction to the Dead Sea Scrolls," em LDS Perspectives on the Dead Sea Scrolls, ed. Donald W. Parry e Dana M. Pike (Provo, UT: FARMS, 1997), pp. 1–45. Hugh Nibley, Since Cumorah, The Collected Works of Hugh Nibley, Volume 7 (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book e FARMS, 1988), pp. 61–64. Stephen E. Robinson, "Early Christianity and 1 Nephi 13–14", em First Nephi, The Doctrinal Foundation, ed. Monte S. Nyman e Charles D. Tate Jr., Book of Mormon Symposium Series, Volume 2 (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 1988), pp. 177–191.

1. Para saber mais sobre as coisas claras e preciosas que foram removidas, ver Stephen E. Robinson, "Early Christianity and 1 Nephi 13–14", em First Nephi, The Doctrinal Foundation, ed. Monte S. Nyman e Charles D. Tate Jr., Book of Mormon Symposium Series, Volume 2 (Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 1988), pp. 177–191.

2. Brant Gardner, Second Witness: Analytical and Contextual Commentary on the Book of Mormon, 6 v. (Salt Lake City, UT: Greg Kofford Books, 2007), 1: p. 242. 3. Ver Robert Davidson, "Tischendorf—The Man and the Library," em Constantin von Tischendorf and the Greek New Testament, ed. Matthew Black e Robert Davidson (Glasgow, Reino Unido: University of Glasgow Press, 1981), 10. 4. Ver Charles Keith Maisels, The Near East: Archaeology in the "Cradle of Civilization" (New York, NY: Routledge, 1993), pp. 44–45. 5. Ver Paul E. Kahle, The Cairo Geniza (London, UK: Oxford University Press, 1947), pp. 6–8. 6. Ver Marvin Meyer e Elaine H. Pagels, "Introduction", em The Nag Hammadi Scriptures, ed. Marvin Meyer (New York, NY: HarperOne, 2007), p. 1. 7. Ver Andrew C. Skinner, "The Ancient People of Qumran: An Introduction to the Dead Sea Scrolls", em LDS Perspectives on the Dead Sea Scrolls, ed. Donald W. Parry e Dana M. Pike (Provo, UT: FARMS, 1997), pp. 3–4. 8. Para saber mais sobre como os Manuscritos do Mar Morto ajudaram a esclarecer o que foi removido da Bíblia, ver Robert E. Parsons, "The Great and Abominable Church (1 Néfi 12–14)", em Book of Mormon, Part 1: 1 Néfi to Alma 29, Studies in Scripture, Volume 7, ed. Kent P. Jackson (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 1987), p. 54. 9. Para saber mais sobre as coisas claras e preciosas que foram removidas da Bíblia, ver Hugh Nibley, Since Cumorah, The Collected Works of Hugh Nibley, Volume 7 (Salt Lake City and Provo, UT: Deseret Book and FARMS, 1988), pp. 61–64. 10. Ver Joseph Fielding McConkie y Robert L. Millet, Doctrinal Commentary on the Book of Mormon, 4 v. (Salt Lake City, UT: Bookcraft, 1987–1992), 1: p. 104. 11. Ver Kahle, The Cairo Geniza, pp. 6–8. 12. Ver Davidson, "Tischendorf", pp. 10–11.

Manuscritos do Mar Morto
Evidência
Registro
Livro de Mórmon