KnoWhy #70 | Março 28, 2017

Quais são as raízes da alegoria de Zenos no mundo antigo?

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Scripture Central

"Pois eis que assim diz o Senhor: Comparar-te-ei, ó casa de Israel, a uma boa oliveira" Jacó 5:3

O conhecimento

O livro de Jacó talvez seja mais conhecido pela rica e convincente Alegoria das Oliveiras. Nesta alegoria em Jacó 5, o profeta Zenos compara a casa de Israel a uma oliveira. Além de oferecer uma visão panorâmica do plano de Deus, incluindo a dispersão e restauração de Israel, a Alegoria das Oliveiras também traz uma profunda aplicação pessoal para cada um dos leitores (ver gráfico).

Mas, quais são as raízes antigas dessa alegoria? O início de Jacó 5 deixa claro que a alegoria vem das "palavras do profeta Zenos à casa de Israel" (Jacó 5:1), porém muitos leitores podem não estar plenamente cientes de que a alegoria está enraizada em simbolismo semelhante ao encontrado na Bíblia e em todo o contexto do antigo Oriente Próximo.

David Rolph Seely observou que a alegoria de Zenos compartilha características com outras parábolas ou alegorias de culturas do Antigo Oriente Próximo, incluindo gregos, egípcios e especialmente, israelitas. "Exemplos comparativos do Antigo Oriente Próximo, especialmente do Velho Testamento, dão suporte a uma interpretação da Alegoria das Oliveiras de Zenos e oferecem uma compreensão quanto ao seu contexto antigo. Semelhanças podem ser encontradas no simbolismo, na linguagem e na função".1

Por exemplo, Seely citou Isaías 5:1-7, que compara a casa de Israel a uma vinha estragada e arruinada pela apostasia. Israel também é comparad a uma planta (incluindo uma oliveira) em textos como Êxodo 15:17, Números 24:6, 2 Samuel 7:10, Salmo 80:8, Oseias 14:6 e Jeremias 11:16; 32:41. A prevalência desse simbolismo na Bíblia levou Seely e John W. Welch a concluirem que "o simbolismo da oliveira era bem conhecido e muito significativo" na antiga Israel.2 O apóstolo Paulo, sem dúvida, baseando-se nessa tradição bíblica, também usou parte do simbolismo da oliveira em seu próprio tratamento da restauração de Israel pela graça de Cristo (Romanos 11:8-24).

Ao mesmo tempo, deve-se reconhecer que a alegoria de Zenos é, em muitos aspectos, única em comparação com o que é encontrado na Bíblia. James E. Faulconer advertiu todos os leitores contra traçar muitos paralelos entre os dois, especialmente na metáfora de Paulo em Romanos 11. Há muitas "diferenças de detalhes entre Jacó 5 e Romanos 11" que exigem que os leitores sejam cautelosos em fazerem uma conexão direta entre os dois (ou seja, ver Jacó 5 como um mero plágio de Romanos 11).

É possível que "Paulo e Zenos compartilhassem uma tradição retórica comum, na qual a oliveira representa Israel, e sua destruição e restauração estão vagamente associadas à apostasia e restauração de Israel".3 Sendo assim, Faulconer passou a postular, em última análise, que "um terceiro texto ou textos" podem ter "ficado entre Zenos e Paulo. Esse texto poderia ter sido uma paráfrase ou sinopse do trabalho de Zenos, ou talvez um texto do qual a própria parábola de Zenos dependesse".4 Embora a resposta a essa complexa questão talvez nunca seja totalmente resolvida, está claro que o extenso simbolismo alegórico de Zenos, embora seja único em vários aspectos, tem muito em comum com o simbolismo da oliveira encontrado no mundo da Bíblia.

O porquê

O Livro de Mórmon afirma que Deus dá revelação "aos homens de acordo com sua língua, para que compreendam" (2 Néfi 31:3; cf. D&C 1:24). Em outras palavras, os profetas não recebem e proferem revelação em isolamento cultural. Em vez disso, eles usam linguagem, símbolos e costumes familiares a eles e a seus ouvintes, a fim de comunicar efetivamente a vontade de Deus. Isso nos ajuda a identificar o contexto original da antiga alegoria de Zenos, conforme Deus a revelou a ele. Isso, por sua vez, nos ajuda a lidar com o trabalho árduo necessário para ver os simbolismos nesta alegoria da maneira como seriam percebidos no contexto de sociedades que eram mestres do ofício valioso e sustentador da vida da horticultura da oliveira. Com esse entendimento especial, deve-se pensar ainda mais em Jacó 5 como um exemplo literário excepcionalmente rico em simbolismo bíblico e do antigo Mediterrâneo. Como Seely concluiu:

A profecia de Zenos em Jacó 5 é uma comparação estendida sofisticada usando elementos de comparação, metáfora, parábola e alegoria. […] Embora Jacó 5 seja único em sua sofisticação, há evidências no Antigo Oriente Próximo de que a Alegoria das Oliveiras de Zenos não surge do nada. Existem outros exemplos conhecidos na literatura do Antigo Oriente Próximo que usam extensas comparações, como fábulas, parábolas e talvez até alegorias, mas não há nada com a extensão e alcance de Jacó 5.5

Compreender esse contexto pode auxiliar os leitores modernos a melhor apreciar a elegância refinada e realista de Jacó 5. Isso, por sua vez, permitirá que se aprofundem neste texto e, assim, possam aplicar mais plenamente seus princípios e ensinamentos em suas vidas.

Leitura Complementar

David Rolph Seely, "The Allegory of the Olive Tree and the Use of Related Figurative Language in the Ancient Near East and Old Testament", em The Allegory of the Olive Tree: The Olive, the Bible, and Jacob 5, ed. Stephen D. Ricks e John W. Welch (Provo, UT: FARMS, 1994), pp. 290–304. David Rolph Seely e John W. Welch, "Zenos and the Texts of the Old Testament", em The Allegory of the Olive Tree: The Olive, the Bible, and Jacob 5, ed. Stephen D. Ricks e John W. Welch (Provo, UT: FARMS, 1994), pp. 322–346. James E. Faulconer, "The Olive Tree and the Works of God: Jacob 5 and Romans 11", em The Allegory of the Olive Tree: The Olive, the Bible, and Jacob 5, ed. Stephen D. Ricks e John W. Welch (Provo, UT: FARMS, 1994), pp. 347–366.

1. David Rolph Seely, "The Allegory of the Olive Tree and the Use of Related Figurative Language in the Ancient Near East and Old Testament", em The Allegory of the Olive Tree: The Olive, the Bible, and Jacob 5, ed. Stephen D. Ricks e John W. Welch (Provo, UT: FARMS, 1994), pp. 301–302. 2. David Rolph Seely e John W. Welch, "Zenos and the Texts of the Old Testament", em The Allegory of the Olive Tree, pp. 322–346, citado na p. 343. 3. James E. Faulconer, "The Olive Tree and the Works of God: Jacob 5 and Romans 11", em The Allegory of the Olive Tree, p. 353. 4. Faulconer, "The Olive Tree and the Works of God", p. 357. 5. Seely, "The Allegory of the Olive Tree", p. 301.

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