KnoWhy #132 | Outubro 18, 2024

Qual é o simbolismo das espadas manchadas dos Ânti-Néfi-Leítas?

Postagem contribuída por

 

Scripture Central

"Ora, meus amados irmãos, já que Deus nos tirou nossas manchas e nossas espadas tornaram-se brilhantes, não as manchemos mais com o sangue de nossos irmãos."

O conhecimento

Na esteira da conversão dos ânti-néfi-leítas ao evangelho e da nova afiliação política com os nefitas (Alma 23),1 os amulonitas e os anlicitas,2 seus antigos aliados políticos, fizeram preparativos para a guerra (Alma 24:1–2).3 Os ânti-néfi-leítas, no entanto, recusaram-se a pegar em armas, mesmo em autodefesa (v. 6). Em vez disso, eles enterraram suas armas nas profundezas da terra como "um testemunho a Deus e também aos homens de que nunca mais usariam armas para derramar sangue humano" (vv. 17-18). Dado o cenário das pessoas reunidas fazendo um convênio com Deus, Corbin Volluz concluiu que "este texto deve ser entendido em um contexto cerimonial".4 Cerimônias de dedicação e término, que representam o fim de um antigo ou o início de um novo modo de vida, são conhecidas em muitas culturas e, na Mesoamérica pré-clássica, datam de 1500 a.C.. Eles geralmente incluíam enterros de ferramentas ou outros objetos como uma metáfora para o sacrifício. Esse tipo de ocasião seria adequada ao convênio e às ações feitas pelos ânti-néfi-leítas.5 Como parte de sua nova vida, o povo começou a viver a lei de Moisés (Alma 25:15-16). Parte dessa lei identificava aqueles que matavam com instrumentos ou armas de ferro, pedra e madeira como "homicida" (Números 35:16-18). Assim, ao se livrarem de "todas as armas que eram usadas para derramar sangue" (Alma 24:17), os ânti-néfi-leítas prometeram a si mesmos e a Deus que nunca mais cometeriam assassinato ilegal e intencional. Nessa ocasião, o rei ânti-néfi-leíta proferiu um discurso no qual repetiu várias formas do termo mancha e também as palavras nossas espadas sete vezes cada.6 Além disso, a palavra sangue é repetida sete vezes na narrativa do convênio.7 Esses termos repetidos estão intimamente ligados: é o sangue que mancha as espadas, que então se tornam "brilhantes" novamente pelo poder purificador da expiação (Alma 24:12-13, 15). Se as espadas fossem o macuahuitl mesoamericano, essa descrição poderia ser ainda mais poderosa, pois o sangue literalmente mancha e descolore os eixos de madeira.8

O porquê

É possível que o simbolismo do número sete tenha sido mantido ao longo dos anos nas tradições lamanitas, ou poderia ter entrado nesta cerimônia de convênio dos ensinamentos de Amon com base no uso frequente do número sete nas placas de latão. De qualquer forma, ele teria comunicado ao Deus de Israel o símbolo do número sete e o compromisso total desses amonitas de nunca mais manchar suas espadas com sangue. Os rituais de ação da lei mosaica muitas vezes empregavam sete repetições, como no Dia da Expiação com o ritual de aspergir sangue sete vezes no altar e no propiciatório no templo (Levítico 16:14–19, 27). Volluz fundamentou:

A repetição sétupla dessas palavras nesses cinco versículos [em Alma], invoca a memória dos sete sacrifícios de sangue, imersão e aspersão que acompanhavam os rituais de purificação e limpeza e os convênios sob a lei de Moisés, que esses amonitas tiveram o cuidado especial de guardar enquanto aguardavam a vinda de Cristo (Alma 25:15).9

Na narrativa dos ânti-néfi-leítas, o sangue é descrito como algo que pode ser derramado (Alma 24:17-18), algo que mancha (vv. 12-13, 15), e é purificado pela expiação (v. 13). Essa linguagem e a repetição e interação retórica de manchas, espadas e sangue fornecem representações pungentes da expiação. A palavra manchas ocorre três vezes em um contexto em que o leitor espera ler pecados. Eles se "arrepender[am] o suficiente perante Deus, a fim de que ele […] tirasse [suas] mancha[s]" (v. 11, compare os vv. 12, 15).10 Deus removeu suas "manchas", fazendo com que suas "espadas tornaram-se brilhantes" (v. 12) e a mancha em suas espadas fosse "lavad[a] pelo sangue do Filho de nosso grande Deus" (v. 13). Assim como o ritual de sangue aspergido no Dia da Expiação simbolizava o sangue expiatório de Cristo,11 as espadas manchadas de sangue dos ânti-néfi-leítas tornaram-se um símbolo de suas almas manchadas pelo pecado. Assim como suas espadas foram descritas como limpas e brilhantes, seus pecados foram purificados pela expiação infinita de Jesus Cristo, e suas vidas foram iluminadas pela luz perpétua do evangelho eterno. Eles apreciaram tanto a pureza adquirida com a expiação, que se recusaram a correr qualquer risco de perdê-la novamente. Assim, como observou Élder Richard G. Scott: "Aquele povo, agora fiel, preferiu perecer à espada do que arriscar sua vida espiritual pegando em armas".12 Todos os que se arrependem e vêm a Cristo também podem remover as manchas do pecado e apreciar as bênçãos e a pureza de serem purificados pelo sangue do Cordeiro.

Leitura Complementar

Central do Livro de Mórmon, "Por que o rei Benjamim menciona tantas vezes o Sangue de Cristo? (Mosiah 4:2)", KnoWhy 82 (13 de abril de 2017). Corbin Volluz, "A Study in Seven: Hebrew Numerology in the Book of Mormon", BYU Studies Quarterly 53, no. 2 (2014): pp. 57–83. Élder Richard G. Scott, "Força Pessoal por Meio da Expiação de Jesus Cristo", A Liahona, novembro 2013, pp. 82-84

1. Sobre as alianças políticas formadas, consulte o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que os lamanitas convertidos demominavam-se 'Ânti-Néfi-Leítas'? (Alma 23:17)", KnoWhy 131. 2. Para obter evidências de que os manuscritos originais e impressos sugerem que os amalequitas eram os anlicitas, consulte a o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que os anlicitas desapareceram? (Alma 2:11)", KnoWhy 109 (15 de maio de 2017). Ver também Royal Skousen, Analysis of Textual Variants of the Book of Mormon: Part Three, Mosiah 17-Alma 20 (Provo, UT: FARMS, 2006), pp. 1605–1609; J. Christopher Conkling, "Alma's Enemies: The Case of the Lamanites, Anlicites, and Mysterious Amalekites", Journal of Book of Mormon Studies 14, no. 1 (2005): pp. 108–117, 130–132. 3. Para esses versículos com o nome "Anlicitas" em vez de "Amalequitas", ver Royal Skousen, ed., The Book of Mormon: The Earliest Text (New Haven, CT: Yale University Press, 2009), p. 365. 4. Corbin Volluz, "A Study in Seven: Hebrew Numerology in the Book of Mormon", BYU Studies Quarterly 53, no. 2 (2014): p. 81. 5. Ver Brant A. Gardner, Traditions of the Fathers: The Book of Mormon as History (Salt Lake City, UT: Greg Kofford Books, 2015), pp. 307–308. Ver também Jonathan B. Pagliaro, James F. Garber, e Travis W. Stanton, "Evaluating the Archaeological Signatures of Maya Ritual and Conflict", em Ancient Mesoamerican Warfare, ed. M. Kathryn Brown e Travis W. Stanton (Walnut Creek, CA: AltaMire Press, 2003), pp. 75–89. 6. Para a palavra "mancha": Alma 24:11,12 (2x), 13 (2x), 15 (2x). Para nossas espadas: Alma 24:12 (2x), 13 (2x), 15 (2x) e 16 7. Alma 24:12,13 (2x), 15, 17, 18 (2x). Volluz, "A Study in Seven", 81, aponta para a repetição da palavra mancha e nossas espadas, mas não sangue. 8. Ver William J. Hamblin e A. Brent Merrill, "Swords in the Book of Mormon", em Warfare in the Book of Mormon, ed. Stephen D. Ricks e William J. Hamblin (Salt Lake City e Provo, UT: Deseret Book e FARMS, 1990), pp. 342–343. Ver também Matthew Roper, "On Cynics and Swords", FARMS Review of Books 9, no. 1 (1997): pp. 151–152; Matthew Roper, "Swords and 'Cimeters' in the Book of Mormon", Journal of Book of Mormon Studies 8, no. 1 (1999): p. 39. 9. Volluz, "A Study in Seven", p. 81. 10. Skousen, The Earliest Text, p. 366. 11. Ver o artigo da Central do Livro de Mórmon, "Por que o rei Benjamim menciona tantas vezes o Sangue de Cristo? (Mosíah 4:2)", KnoWhy 82 (13 de abril de 2017). 12. Élder Richard G. Scott, "Força Pessoal por Meio da Expiação de Jesus Cristo", A Liahona, novembro de 2013, p. 82.

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