KnoWhy #617 | Setembro 23, 2021
Por que deve haver união nos quóruns que presidem a Igreja?
Postagem contribuída por
Central das Escrituras
"E toda decisão tomada por um desses quóruns deve sê-lo pelo voto unânime do mesmo; isto é, cada membro de cada quórum deve concordar com suas decisões, a fim de que estas tenham o mesmo poder ou validade entre si." Doutrina e Convênios 107:27
O conhecimento
Nos primeiros anos da Igreja, a estrutura e a organização do sacerdócio e da liderança eram constantemente adaptadas por revelação para atender às necessidades do crescente grupo de Santos. Alguns dos eventos mais importantes ocorreram nos primeiros meses de 1835, quando o quórum dos Doze e o Quórum dos Setenta foram organizados pela primeira vez.1
Pouco tempo depois, na primavera de 1835, Joseph Smith recebeu uma revelação sobre o sacerdócio, enfatizando como as novas presidências de quórum funcionariam e trabalhariam com a Primeira Presidência (que havia sido organizada anteriormente em 1832) para administrar as necessidades da Igreja. Essa revelação foi combinada a revelações anteriores sobre os líderes do sacerdócio e administração para fornecer orientação atualizada para os primeiros líderes seguirem. Doutrina e Convênios 107 é a seção que combinou esse texto revelador.
Após descrever a organização, função e autoridade da Primeira Presidência, o quórum dos Doze e o quórum dos Setenta, a revelação afirma que "toda decisão tomada por um desses quóruns deve sê-lo pelo voto unânime do mesmo; isto é, cada membro de cada quórum deve concordar com suas decisões, a fim de que estas tenham o mesmo poder ou validade entre si" ( D&C 107:27 ).
Embora exceções a esta regra de unanimidade possam ser feitas "quando as circunstâncias impedirem" que todos os membros do quórum se reúnam ( D&C 107:28), até hoje os quóruns que presidem a Igreja agem apenas por unanimidade em todas as decisões importantes. O Presidente Gordon B. Hinckley explicou que “qualquer questão importante de norma, procedimento, programa ou doutrina é considerada com atenção e oração nas reuniões da Primeira Presidência e dos Doze”. O Presidente Hinckley continuou dizendo que, quando esses quóruns se reúnem, cada um de seus membros tem "total liberdade para se expressar sobre o assunto". No entanto, quando chega a hora de tomar decisões, o Presidente Hinckley foi claro:
"Nas deliberações desses dois [quóruns], nenhuma decisão é tomada se não houver total unanimidade. Ao considerar as questões, pode haver diferenças de opinião, o que é de se esperar, já que estes homens têm origens diferentes; todos têm sua própria opinião. Mas, antes de chegar à decisão final, unanimidade de pensamento e voz é alcançada."2
O Presidente Henry B. Eyring testemunhou esse processo durante sua primeira participação em uma reunião com membros da Primeira Presidência, do Quórum dos Doze e de outras Autoridades Gerais. Participando da reunião com um grupo da Harvard Business School, ele disse que as pessoas discordaram com "uma franqueza que nunca vi nos negócios [...] [o debate] foi mais aberto do que qualquer coisa que eu já tinha visto nos grupos que estudei na escola de Negócios". O Presidente Eyring disse que enquanto o debate ocorria, testemunhou um milagre.
Após um tempo, a conversa deu um giro e eles começaram a concordar. E eu vi a coisa mais incrível. Aqui estão essas pessoas muito fortes, muito inteligentes, todas com opiniões diferentes; de repente, as opiniões começaram a se alinhar. E pensei: “Vi um milagre. Eu vi a unidade surgir deste tipo de troca aberta e maravilhosa que eu nunca vi em todos os meus estudos sobre governos, negócios ou qualquer outra coisa".
O Presidente Eyring sentiu que todo esse compartilhamento foi totalmente edificante para a fé. "Isto é o que afirma ser", disse ele. "Esta é a verdadeira Igreja de Jesus Cristo. A revelação é real"3.
O porquê
Conforme a revelação dada a Joseph Smith, a voz unânime dos quóruns presidentes da Igreja é necessária "para que [suas decisões] tenham igual poder ou validade entre si" ( D&C 107:27). Portanto, declarações dadas por indivíduos líderes da Igreja podem não "representar necessariamente a doutrina". Ao invés disso:
Com a inspiração divina, a Primeira Presidência (o profeta e seus dois conselheiros) e o Quórum dos Doze Apóstolos (a segunda maior autoridade da Igreja) deliberam em conselho para estabelecer a doutrina que se proclama constantemente nas publicações oficiais da Igreja. Essa doutrina reside nas quatro "obras-padrão" das escrituras (A Bíblia Sagrada, o Livro de Mórmon, Doutrina e Convênios e a Pérola de Grande Valor), declarações oficiais, proclamações e as Regras de Fé.4
O Élder D. Todd Christofferson disse: “O objetivo não é simplesmente o consenso entre os membros do conselho, mas a revelação de Deus. É um processo no qual tanto a razão quanto a fé são consideradas para obter a disposição e a vontade do Senhor”.5 Esforçar-se pela unanimidade é o que força cada membro dos quóruns presidentes a deixar de lado seus sentimentos e desejos pessoais, e buscar a vontade do Senhor. Eles buscam a unidade não apenas entre si, mas com Deus. Esse foi o milagre que o Presidente Eyring testemunhou: várias pessoas brilhantes e obstinadas submetendo sua vontade a Deus, permitindo que o Espírito de Deus as guiasse e inspirasse a alcançar a unanimidade.
Ao liderar a Igreja dessa maneira, os apóstolos agem conforme a mente e a vontade do Senhor e Salvador. No final da Última Ceia com seus apóstolos em Jerusalém, Jesus orou: "Para que todos sejam um como tu, ó Pai, és em mim, e eu, em ti; que também eles sejam um em nós" (João 17:21). Depois de Sua ressurreição, a primeira coisa que Jesus ordenou a Seus doze discípulos recém-chamados foi que "[não] haverá disputas entre [eles]" (3 Néfi 11:28). No dia seguinte, Jesus disse: "Pai, não rogo pelo mundo, mas por aqueles que tu me deste ado mundo, [...] para que sejam purificados em mim e para que eu esteja neles, como tu, Pai, estás em mim, para que sejamos um, para que eu seja glorificado neles" (3 Néfi 19:29). Desta forma, a unanimidade é uma virtude para a bondade, retidão e pureza e leva à harmonia tanto com o Pai, quanto com o Filho.
Este processo administrativo, seguido em seus pormenores na Igreja do Senhor, garante que as doutrinas e políticas estabelecidas não reflitam simplesmente as opiniões ou objetivos de indivíduos específicos. E sim, como o Presidente M. Russell Ballard testificou: “Quando a Primeira Presidência e o Quórum dos Doze falam em uníssono, essa é a voz do Senhor naquele momento”.6
Leitura Complementar
“Approaching Mormon Doctrine”, Newsroom, 4 de maio de 2007, disponível em newsroom.churchofjesuschrist.org. Gordon B. Hinckley, “O Trabalho Continua”, A Liahona, maio de 1994, disponível em churchofjesuschrist.org. F. Neil Brady, “Unity”, em Encyclopedia of Mormonism, 4 v., ed. Daniel H. Ludlow (New York, NY: Macmillan Publishing, 1992), 4: pp.1497–1498. Anthony R. Sweat, Michael Hubbard MacKay y Gerrit J. Dirkmaat, “Evaluating Latter-day Saint Doctrine”, em Foundations of the Restoration: Fulfillment of the Covenant Purposes, ed. Craig James Ostler et al. (Salt Lake City, UT: Deseret Book; Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 2016), pp.37–38. Anthony R. Sweat, Michael Hubbard MacKay y Gerrit J. Dirkmaat, “Doctrine: Models to Evaluate Types and Sources of Latter-day Saint Teachings”, Religious Educator 17, no. 3 (2016): pp.114–115.1. Para obter o contexto histórico desses eventos, consulte Richard E. Turley Jr., “The Calling of the Twelve Apostles and the Seventy in 1835”, em Joseph Smith and the Doctrinal Restoration, ed. W. Jeffrey Marsh (Salt Lake City, UT: Deseret Book; Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 2005), pp.369–380; J. Spencer Fluhman, “Authority, Power, and the ‘Government of the Church of Christ’, 1835”, em Joseph Smith: The Prophet and Seer, ed. Richard Neitzel Holzapfel y Kent P. Jackson (Salt Lake City, UT: Deseret Book; Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 2010), pp.195–231. 2. Gordon B. Hinckley, “A obra segue adiante”, Liahona, maio de 1994, disponível em churchofjesuschrist.org. 3. "Press Conference with President Eyring and Elder Cook", vídeo, 31:41, 6 de outubro de 2007, disponível em "Church President Names New Leaders", Newsroom, 7 de outubro de 2007, disponível em newsroom.churchofjesuschrist.org, transcrito e com pontuação modificada pela equipe da Central do Livro de Mórmon em inglês. Ressaltando ainda mais a importância da unanimidade está o fato, que embora parecesse ao Presidente Eyring que a unidade perfeita havia sido alcançada, quando o Presidente Harold B. Lee, que presidia a reunião, levantou-se e não anunciou a decisão. Em vez disso, ele disse que esperaria por um momento porquê, disse o presidente Lee, "Sinto que há alguém na reunião que ainda não se decidiu". No final da reunião, o Presidente Eyring observou um membro dos Doze indicar ao Presidente Lee que, de fato, ainda tinha algumas reservas. 4. “Approaching Mormon Doctrine”, Newsroom, 4 de maio de 2007, disponível em newsroom.churchofjesuschrist.org. O Élder D. Todd Christofferson fez uma declaração semelhante em seu discurso “A doutrina de Cristo”, A Liahona, maio de 2012, disponível em churchofjesuschrist.org. Ver também Anthony R. Sweat, Michael Hubbard MacKay y Gerrit J. Dirkmaat, “Evaluating Latter-day Saint Doctrine”, en Foundations of the Restoration: Fulfillment of the Covenant Purposes, ed. Craig James Ostler et al. (Salt Lake City, UT: Deseret Book; Provo, UT: Religious Studies Center, Brigham Young University, 2016), pp. 37–38; Anthony R. Sweat, Michael Hubbard MacKay e Gerrit J. Dirkmaat, “Doctrine: Models to Evaluate Types and Sources of Latter-day Saint Teachings”, Religious Educator 17, no. 3 (2016): pp.114–115.
5. Christofferson, “A doutrina de Cristo”. 6. M. Russel Ballard, “Fiquem no Barco e Segurem-se!”, A Liahona, novembro de 2014, disponível em churchofjesuschrist.org.