KnoWhy #612 | Junho 30, 2021
Por que Rebecca Swain Williams defendeu o Livro de Mórmon?
Postagem contribuída por
Central das Escrituras
"E houve muitos cuja fé foi muito forte, antes mesmo de Cristo ter vindo, os quais não puderam ser impedidos de penetrar o véu, mas realmente viram com os próprios olhos as coisas que, antes, haviam contemplado com os olhos da fé; e regozijaram-se." Éter 12:19
O conhecimento
Rebecca Swain Williams filiou-se à Igreja quando os primeiros missionários chegaram a Ohio, em outubro de 1830 1. Seu marido, Frederick G. Williams, filiou-se logo depois e mais tarde foi chamado por Oliver Cowdery para juntar-se aos missionários quando seguiram para o Missouri. Apesar de ser membro há apenas três semanas, Frederick aceitou de bom grado o chamado, sabendo que exigiria grande sacrifício dele e de sua família, pois deixou esposa, quatro filhos e seu trabalho como médico para obedecer à vontade do Senhor. 2
Mais tarde, Frederick foi chamado como membro da Primeira Presidência ( D&C 81), tornando muitas de suas contribuições à Igreja naquela época relevantes para os outros, incluindo historiadores atuais. 3 Ao mesmo tempo, Rebecca "continuou fiel e serviu bem" sozinha. Em ocasiões, ela "prestou ajuda inestimável ao Profeta" Joseph Smith. 4
Rebecca procurou diligentemente compartilhar o evangelho com sua família, mas, infelizmente, eles não foram tão receptivos quanto ela e seu marido esperavam. Seu pai ameaçou deserdá-la e atacou ativamente a Igreja em cartas para ela.5 Em uma carta de 1834, seu pai atacou o Livro de Mórmon, aparentemente usando as críticas de Ezra Booth, um membro insatisfeito da Igreja.6
Booth filiou-se à Igreja em junho de 1831 quase que por capricho, após testemunhar com seus próprios olhos que Joseph Smith realizara um milagre7. Esperando milagres constantes daquele momento em diante, ele não estava preparado para o trabalho árduo necessário para edificar a Igreja. No final do verão, ele havia deixado a Igreja e escreveu uma série de cartas criticando-a, publicadas logo depois.8
Durante os poucos meses que esteve na Igreja, Booth teve a oportunidade de ouvir "na presença de grandes congregações" as três testemunhas "testificar que um anjo apareceu diante deles e os presenteou com as placas de ouro e a voz de Deus declarou ser um registro sagrado".9 Booth entendeu de seu testemunho público que "eles tinham visto e ouvido, tão certo quanto [ele viu] um homem e [ouviu] sua voz". 10 No entanto, quando Booth teve a oportunidade de olhar o primeiro manuscrito da revelação que prometia que as Três Testemunhas veriam as placas (agora publicada como D&C 17), leu esta promessa: "E é por vossa fé que os vereis" ( D&C 17:2 ; itálico adicionado). Na mente de Booth, isso era uma contradição, que ele interpretou como uma indicação de que as testemunhas tinham visto as placas apenas "pela fé ou imaginação".11
O argumento de Booth não convenceu Rebecca. Ela também ouvira pessoalmente o testemunho das Três Testemunhas. Em sua resposta ao pai, ela explicou:
Quanto à origem do Livro de Mórmon, não há inconsistência no livro entre o autor e as testemunhas. O próprio livro mostra claramente [na página] 579 que "serão mostradas a três, pelo poder de Deus;" [Éter 5:3]. Não há contradição. As placas foram encontradas da mesma maneira que o autor disse ter encontrado [...] Eu ouvi a mesma história de vários membros da família e das próprias Três Testemunhas. Eu os ouvi declarar em reuniões públicas que viram um santo anjo descer do céu e trazer as placas e segurá-las diante de seus olhos e dizer-lhes que aquelas eram as placas das quais Joseph Smith estava traduzindo o Livro de Mórmon. Eles são homens de bom caráter e sua palavra é acreditada em relação a qualquer coisa, exceto quando declaram a esta geração incrédula que viram um anjo de Deus e conversaram com ele.12
Rebecca ouviu por si mesma que as Três Testemunhas declararam que viram um anjo e as placas "diante de seus olhos", portanto, não precisava confiar na má interpretação de Booth sobre seu testemunho. Como aponta Janiece Johnson, Rebecca também estava "familiarizada com a cópia da primeira edição do Livro de Mórmon e as profecias do Livro de Éter".13 A edição original do Livro de Mórmon não era formatada em capítulos e versículos para facilitar a busca das passagens, como disponível para os leitores atuais, por isso, o fato de Rebecca conseguir identificar e citar uma passagem do livro demonstra um alto e valioso grau de familiaridade com o texto.
Graças ao seu estudo do livro de Éter, Rebecca também teria entendido melhor do que Booth o que significa ver "pela fé". No que agora é Éter 12, ela pode ter lido sobre as grandes coisas realizadas "pela fé", e sobre os antigos profetas que "não puderam ser impedidos de penetrar o véu, mas realmente viram com seus próprios olhos as coisas que, antes, haviam contemplado com os olhos da fé; e regozijaram-se" (Éter 12:19). Ela entendeu que o fato de terem visto as placas pela fé não significava que as Três Testemunhas realmente não as viram com seus próprios olhos.
Logo, Rebecca deu seu próprio testemunho da Restauração e incentivou seu pai a ouvir os missionários da Igreja que percorriam sua região. Concluiu sua carta dizendo: "Tenha certeza de que nos sentimos firmes na causa sabendo que o Senhor está à frente".14
O porquê
O pai de Rebecca nunca se filiou à Igreja, mas seu serviço missionário entre sua família não foi em vão: sua irmã Sarah e suas cinco filhas acabaram se filiando à Igreja.15 Graças à sua carta, sua firmeza no evangelho e seu poderoso testemunho ainda podem ser apreciados, admirados e imitados hoje.
O testemunho de Rebecca contrasta fortemente com o de Ezra Booth, em quem seu pai aparentemente acreditava. Booth tinha ouvido as testemunhas do Livro de Mórmon falarem a ele pessoalmente, mas se recusou a acreditar em suas palavras. Em vez disso, tirou suas próprias conclusões sobre a natureza de sua experiência. A história de Booth ilustra as deficiências de ver milagres com os próprios olhos, sem os olhos da fé. Sua visão nunca focou na glória de Deus, assim, ao invés de ver tudo o que a fé poderia revelar, ele se desiludiu.
O exato oposto, Rebecca ouviu pessoalmente as testemunhas do Livro de Mórmon, mas como Johnson observa: "Ela não confiou apenas no testemunho ocular [...] para defender a Igreja dos ataques de seu pai".16 Rebeca não era uma "aprendiz preguiçosa" ou "discípula negligente".17 "Uma afinidade com o Livro [de Mórmon] e uma compreensão geral de seus principais padrões narrativos, profecias e ensinamentos não foram formados de maneira instantânea, mas desenvolvidos ao longo do tempo, por meio da experiência e da prática".18
Tendo ouvido os testemunhos por si mesma e estudado o Livro de Mórmon cuidadosamente, Rebecca "recebeu a certeza divina de que as testemunhas falaram a verdade. Sua própria experiência reforçou o poder profético do livro e ela continuaria a confiar em suas promessas".19
Esse padrão básico de conversão ainda opera com força e verdade até hoje. Todos os que seguem o exemplo de Rebecca podem se unir a ela e se sentirem "firmes na causa porque sabemos que o Senhor está à frente".
Leitura Complementar
Janiece Johnson, “Becoming a People of the Books: Toward an Understanding of Early Mormon Converts and the New Word of the Lord”, Journal of Book of Mormon Studies 27 (2018): pp.26–27. Janiece Lyn Johnson, “Rebecca Swain Williams: Constante e inmutable”, Liahona, abril de 2011, pp.28–31. Frederick G. Williams, The Life of Dr. Frederick G. Williams: Counselor to the Prophet Joseph Smith (Provo, UT: BYU Studies, 2012), pp.262–265.1. Janiece Lyn Johnson, “Rebecca Swain Williams: Firme e inamovível”, A Liahona, abril de 2011. Para saber mais sobre a primeira missão em Ohio, consulte Richard Lloyd Anderson, “The Impact of the First Preaching in Ohio,” BYU Studies 11, no. 4 (1971): pp.474–496; Mark Lyman Staker, Hearken, O Ye People: The Historical Setting of Joseph Smith’s Ohio Revelations (Salt Lake City, UT: Greg Kofford Books, 2009), pp.49–69; Richard Dilworth Rust, “Uma Missão para os Lamanitas”, em Revelações em Contexto: As Histórias por trás das Revelações de Doutrina e Convênios, ed. Matthew McBride e James Goldberg (Salt Lake City, UT: The Church of Jesus Christ of Latter-day Saints, 2016), pp.45–49.2. Ver Frederick G. Williams, The Life of Dr. Frederick G. Williams: Counselor to the Prophet Joseph Smith (Provo, UT: BYU Studies, 2012), pp.92–107.
3. Ver Williams, Life of Dr. Williams, para um estudo detalhado de sua vida e contribuições para a restauração.
4. Johnson, “Rebecca Swain Williams”, p.40.
5. Johnson, “Rebecca Swain Williams”, p.40.
6. A carta de seu pai já não existe, mas uma ideia de seu conteúdo é obtida pela alusão feita a ela nas respostas de Rebecca. Ver Janiece Johnson, “Becoming a People of the Books: Toward an Understanding of Early Mormon Converts and the New Word of the Lord”, Journal of Book of Mormon Studies 27 (2018): pp.26–27. Veja também Williams, Life of Dr. Williams, p.263.
7. Para conhecer os antecedentes de Booth, ver Robert John Woodford, “Booth, Ezra”, em Doctrine and Covenants Reference Companion, ed. Dennis L. Largey y Larry E. Dahl (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2012), pp.63–65.
8. Sobre o desapontamento de Booth, ver Matthew McBride, “Ezra Booth e Isaac Morley,” em Revelações em contexto, pp.130–136; Staker, Harken, pp.296–302.
9. Ezra Booth to Ira Eddy, October 24, 1831, em A Documentary History of the Book of Mormon, ed. Larry E. Morris (New York, NY: Oxford University Press, 2019), p.389.
10. Booth to Eddy, October 24, 1831, em Documentary History, p.389.
11. Booth to Eddy, October 24, 1831, em Documentary History, p.389; ênfase adicionada.
12. Rebecca Swain Williams to Isaac Swain, June 4, 1834, LDS Church Archives, MS 7741. A ortografia, pontuação e gramática foram atualizadas. Uma reticência entre colchetes representa uma quebra na letra, que tornou o trecho ilegível. Parênteses e colchetes foram adicionais para esclarecimento.
13. Johnson, “Becoming a People of the Books”, p.27.
14. Williams to Swain, June 4, 1834.
15. Williams, Life of Dr. Williams, pp.203–204.
16. Johnson, “Becoming a People of the Books”, p.27.
17. Ver Presidente Russell M. Nelson, “Cristo ressuscitou; a fé que temos Nele moverá montanhas”, Conferência Geral, abril de 2021.
18. Johnson, “Becoming a People of the Books”, p.27.
19. Johnson, “Becoming a People of the Books”, p.27.