KnoWhy #642 | Agosto 19, 2022

Por que o salmista fala sobre “segurar na mão de Deus”?

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Central das Escrituras

"Todavia, estou continuamente contigo; tu me sustentaste pela minha mão direita. Guiar-me-ás com teu conselho, e depois me receberás em glória". Salmo 73:23-24

O conhecimento

Muitas passagens do Velho Testamento, especialmente no Livro de Salmos, referem-se à mão do Senhor1. Por exemplo, o Salmo 139:10 descreve como Jeová conduziria o salmista pela mão "e a tua destra me susterá". Salmo 63:8 diz: "A minha alma te segue de perto; a tua destra me sustenta." OSalmo 73:23-24 descreve de maneira semelhante o salmista seguindo a Jeová a um espaço sagrado enquanto segurava a Sua mão: "Todavia, estou continuamente contigo; tu me sustentaste pela minha mão direita. Guiar-me-ás com teu aconselho, e depois me receberás em glória”.Essas passagens podem ser entendidas pela compreensão do conceito chamado "abraço divino" ou "aperto de mão divino", que aparece com frequência na arte, em escritos e em rituais antigos. Hugh Nibley trouxe e à atenção sobre o tema nas décadas de 1960 e 19702 e inspirou estudiosos mais jovens, como David Rolph Seely, Stephen D. Ricks, Matthew B. Brown e David M. Calabro a se aprofundarem neste conceito, conforme expresso na Bíblia, no Livro de Mórmon e em toda a antiguidade.3.

As primeiras representações de uma divindade tomando a mão de um rei ou peticionário no Templo são encontradas em obras de arte egípcias, romanas e cristãs primitivas.4. Essas cenas são especialmente frequentes "nos recintos mais sagrados e inacessíveis [para os não autorizados a entrar] no templo", no antigo Egito, e podem estar relacionadas à coroação ou recepção do rei" na presença dos deuses"5.

Nos primeiros escritos cristãos, Hugh Nibley encontrou vestígios de um aperto de mão oferecido pelo Senhor a seus apóstolos. Eles realizaram este aperto de mão enquanto formavam um círculo de oração, no registro, Jesus relata este aperto de mão antes de sua crucificação: "Então deu-lhes alguns sinais e, tomando-lhes as mãos, disse: Conhecei o meu sofrimento e tereis o poder de não sofrer. Eu serei crucificado para que você não precise ser. Para você, será apenas simbólica"6.

Um exemplo proeminente é encontrado no Saltério de Utrecht, do século IX d.C. Brown observou que, neste manuscrito ilustrado, "o rei de Israel é mostrado encontrando-se face a face com o Rei celestial (e o que também poderia ser o conselho divino) no véu aberto do templo. No Salmo 27:10, o rei de Israel diz que 'Jeová me recolherá [acaf, vai levar ou receber em] [Nele]'; No Saltério de Utrecht, o Senhor é mostrado descendo uma escada e tomando o rei pela mão direita, possivelmente para induzi-lo à assembleia celestial."7.

Vários estudiosos propuseram que esse aperto de mão divino pode ter sido um antigo ritual do templo, no qual um sacerdote do local agia como representante de Jeová.8. Brown notou que, especificamente no Salmo 89,Jeová descreve a unção de um rei e o estabelecimento (literalmente "sujeição" ou "fixação") feito através de Sua mão (ver Salmo 89:20–21): "Jeová diz no salmo 89 que é Ele quem ungiria o rei, embora esteja claro em outros textos que isso, na verdade, foi por um representante sacerdotal (ver 1 Samuel 16:1; 1 Reis 1:39). Portanto, da mesma forma, um aperto de mão cerimonial poderia ter sido realizado."9.

Baseado no Salmos 73 e 139, Calabro determinou "vemos que tanto Deus quanto o salmista usam a mão direita. Isso sugeriria que os participantes da saudação estão de frente um para o outro, como fazemos quando nos cumprimentamos" e que isso "é compatível com a ideia de que o aperto de mão divino era de natureza performativa".10. Como essas escrituras mencionam, o recebedor [do aperto de mão], era recebido por Jeová, e aparentemente isso aconteceria "no sentido de que uma parte puxar a outra para dentro", ao invés de caminhar ao lado do peticionário.11.

O significado do ritual de levantar a mão direita pode ser multifacetado. Nibley observou que um aperto de mãos pode ser usado como um símbolo ou sinal, que transmite "reconhecimento e aceitação daqueles que foram separados anteriormente". 12. Como observado por Stephen D. Ricks, tanto na arte cristã quanto na mediterrânea, o símbolo frequentemente aparece direcionando o peticionário a um reino mais sagrado e santo.13. Ademais, aparece em um contexto de aliança, em Isaías 41, 42 e 45, sugerindo que poderia ter tal contexto no Templo Antigo14. Finalmente, poderia "conceder uma condição especial ao destinatário, como a de um servo privilegiado ou parente próximo"15.

O porquê

Ao lerem as antigas escrituras hebraicas, as pessoas podem aprender sobre a estreita associação e familiaridade que os israelitas justos sentiam com Jeová, em especial, em relação aos textos do Templo, como os Salmos e outras partes do Velho Testamento. Independentemente de haver ou não um gesto de aproximação descrito nas menções à "mão direita" no Velho Testamento, essas palavras, especialmente dos Salmos, oferecem aos leitores uma ilustração profunda e significativa do amor de Jeová por seu povo.16.

Entender as conotações rituais e o fundo teológico por trás da "mão sagrada de Jeová" pode ajudar os leitores a entender o significado cerimonial dos Salmos e muitas outras passagens do Velho Testamento relacionadas ao Templo Antigo. Conhecer esses antecedentes pode ajudar todos os leitores modernos a apreciar muito mais o amor que os antigos israelitas fiéis tinham por seu esplêndido Templo em Jerusalém: construído de acordo com instruções sagradas, honrado e santificado por aqueles que ali adoraram o Senhor com mãos limpas e corações puros (ver Salmo 24:4).

Nos tempos modernos, os membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias que os frequentam também podem obter novos conhecimentos sobre esse antigo elemento da adoração no templo, ao ali servirem e fazerem convênios com o Senhor. Ao fazerem-no, poderão entender e apreciar melhor seu próprio valor pessoal e posição diante do Senhor, pertencentes a Seu convênio e, como o salmista diz, sempre buscar seguir a Jeová e ser bem-vindo em Sua presença, tanto nesta vida quanto no mundo vindouro.

Leitura Complementar

Hugh Nibley, The Message of the Joseph Smith Papyri: An Egyptian Endowment (Provo, UT: FARMS; Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2005), pp.427–457. Hugh Nibley, "Apocryphal Writings and the Teachings of the Dead Sea Scrolls", no Temple and Cosmos: Beyond this Ignorant Present (Provo, UT: FARMS; Salt Lake City, UT: Deseret Book, 1992), pp.264–335. Stephen D. Ricks, "The Sacred Embrace and the Sacred Handclasp in Ancient Mediterranean Religions", Interpreter: A Journal of Latter-day Saint Faith and Scholarship 37 (2020): pp.319–330; Postado originalmente em Ancient Temple Worship: Proceedings of The Expound Symposium 14 May 2011, ed. Matthew B. Brown, Jeffrey M. Bradshaw, Stephen D. Ricks y John S. Thompson (Orem, UT: Interpreter Foundation; Salt Lake City: Eborn Books, 2014), pp.159–170. Matthew B. Brown, "The Handclasp, the Temple, and the King", Interpreter: A Journal of Latter-day Saint Faith and Scholarship 42 (2021): pp.421–426; Postado originalmente em Temple Insights: Proceedings of the Interpreter Matthew B. Brown Memorial Conference, "The Temple on Mount Zion", 22 September 2012, ed. William J. Hamblin y David Rolph Seely (Orem, UT: Interpreter Foundation; Salt Lake City: Eborn Books, 2014), pp.5–10. David M. Calabro, "The Divine Handclasp in the Hebrew Bible and in Near Eastern Iconography", Interpreter: A Journal of Latter-day Saint Faith and Scholarship 45 (2021): pp.37–52; Publicado originalmente em Temple Insights: Proceedings of the Interpreter Matthew B. Brown Memorial Conference, "The Temple on Mount Zion", 22 September 2012, ed. William J. Hamblin y David Rolph Seely (Orem, UT: Interpreter Foundation; Salt Lake City: Eborn Books, 2014), pp.25–66.

1. Para outros exemplos além do Livro dos Salmos, ver Êxodo 15:6; Deuteronômio 33:2; Isaías 41:13; 42:6. 2. Ver Hugh Nibley, "Apocryphal Writings and the Teachings of the Dead Sea Scrolls", en Temple and Cosmos: Beyond this Ignorant Present (Provo, UT: FARMS; Salt Lake City: Deseret Book, 1992), pp.278, 296, 300–301, 304–305, 308–311, 315–317 (palestra proferida originalmente em 1967); Hugh Nibley, The Message of the Joseph Smith Papyri: An Egyptian Endowment, 2da. ed. (Provo, UT: FARMS; Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2005), pp.427–436 (primeira edição em 1975). 3. Ver David Rolph Seely, "The Image of the Hand of God in the Exodus Tradition" (PhD diss., University of Michigan, 1990), pp.184–185; David Rolph Seely, "The Image of the Hand of God in the Book of Mormon and the Old Testament", no Rediscovering the Book of Mormon: Insights That You May Have Missed Before (Provo, UT: FARMS, 1991), pp.148–150; Stephen D. Ricks, "Dexiosis and Dextrarum Iunctio: The Sacred Handclasp in the Classical and Early Christian World", FARMS Review 18, no. 1 (2006): pp.431–436; Matthew B. Brown, "The Handclasp, the Temple, and the King", Interpreter: A Journal of Latter-day Saint Faith and Scholarship 42 (2021): pp.421–426; David M. Calabro, "The Divine Handclasp in the Hebrew Bible and in Near Eastern Iconography", Interpreter: A Journal of Latter-day Saint Faith and Scholarship 45 (2021): pp.37–52. Os artigos de Brown e Calabro foram originalmente publicados em Temple Insights: Proceedings of the Interpreter Matthew B. Brown Memorial Conference, "The Temple on Mount Zion", 22 de setembro de 2012, ed. William J. Hamblin y David Rolph Seely (Orem, UT: Interpreter Foundation; Salt Lake City: Eborn Books, 2014), pp.5–10, 25–66 (respectivamente). 4. Ver Stephen D. Ricks, "The Sacred Embrace and the Sacred Handclasp in Ancient Mediterranean Religions", Interpreter: A Journal of Latter-day Saint Faith and Scholarship 37 (2020): pp.319–330,Publicado originalmente em Ancient Temple Worship: Proceedings of The Expound Symposium 14 May 2011, ed. Matthew B. Brown, Jeffrey M. Bradshaw, Stephen D. Ricks y John S. Thompson (Orem, UT: Interpreter Foundation; Salt Lake City: Eborn Books, 2014), pp.159–170; Calabro, "Divine Handclasp", pp.42–47; Nibley, Message of the Joseph Smith Papyri, pp.29, 343, 345, 406, 445, 447, 456; Nibley, Temple and Cosmos, pp.105, 278, 300. 5. Ricks, "Sacred Embrace", p.323. 6. Nibley, "Apocryphal Writings", p.315, citando a Atos [de João] 94–96. 7. Brown, "Handclasp, the Temple, and the King", p.424; ver também fig. 2. 8. Calabro, "Divine Handclasp", pp.37–38.9. Brown, "Handclasp, the Temple, and the King", pp.421–422. Matthew Brown argumenta que esse gesto poderia ter sido usado especialmente para coroar um rei no templo. 10. Calabro, "Divine Handclasp", p.39, p.47. 11. Calabro, "Divine Handclasp", p.47. 12. Hugh W. Nibley, "On the Sacred and the Symbolic", en Temples of the Ancient World, ed. Donald W. Parry (Salt Lake City, UT: Deseret Book; Provo, UT: FARMS, 1994), p.558; reprinted in Eloquent Witness: Nibley on Himself, Others, and the Temple (Salt Lake City, UT: Deseret Book; Provo, UT: FARMS, 2008), p.363. 13. Ver Ricks, "Sacred Embrace", pp.323–326. 14. Ver Calabro, "Divine Handclasp", pp.39–40. 15. Calabro, "Divine Handclasp", p.47. 16. Como observou Calabro, "Divine Handclasp", p.38, "Independentemente de um gesto específico ser descrito ou não, as referências bíblicas sobre 'o aperto de mão divino' são expressões profundas de uma interação próxima com a Divindade, um conceito arraigado nos ritos do templo."

Aperto de mão
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