KnoWhy #601 | Abril 19, 2021
O que influenciou Sidney Rigdon a se converter ao Livro de Mórmon?
Postagem contribuída por
Central das Escrituras
"Eis que em verdade, em verdade digo a meu servo Sidney: Tenho olhado para ti e tuas obras. Ouvi tuas orações e preparei-te para uma obra maior." Doutrina e Convênios 35:3
O conhecimento
Durante a década de 1821 a 1830, Sidney Rigdon serviu como um respeitado ministro e notável pregador da fé batista nos estados da Pensilvânia e Ohio, quando quatro missionários — Oliver Cowdery, Peter Whitmer Jr., Parley P. Pratt e Zeba Peterson — chegaram à cidade de Mentor, Ohio, em outubro de 1830, com o Livro de Mórmon. 1 Rigdon havia sido ministro e mentor de Pratt no passado, e estava "procurando a igreja pura do Novo Testamento." 2 Pratt, após encontrá-la por si mesmo e ser convertido pelo Livro de Mórmon, esperava que Rigdon também o reconhecesse como a palavra de Deus. Portanto, a casa de Rigdon foi a primeira visita dos missionários naquela região. 3
A princípio, Rigdon "teve muito preconceito" contra o Livro de Mórmon. 4 No entanto, ele concordou em o ler para "ver que efeito [teria] em [sua] fé." 5 Ele assegurou-lhes que iria "investigá-lo minuciosamente". 6 Ademais, estava disposto a permitir que Oliver Cowdery e Parley Pratt pregassem para sua congregação e encorajassem o público a "indagar cuidadosamente sobre o assunto; e a não se voltar contra ele, a menos que estivessem totalmente convencidos" de que era falso. 7
O próprio Rigdon deu o exemplo. Quando começou a ler, se mostrou cético. Sua filha disse que, a princípio, "ele não acreditou em uma única palavra" e outros mencionaram que "o condenava, em parte". 8 Contudo, Sidney não descartou o assunto após ter dado apenas uma olhada superficial no livro. Como seu filho mais tarde lembrou, Rigdon "ficou tão envolvido [com o livro] que mal conseguia largá-lo o suficiente para comer. Ele o leu noite e dia." 9
Quando os missionários voltaram para fazer dar seguimento, Rigdon perguntou sobre a formação acadêmica de Joseph. Ao saber que ele "recebera apenas uma educação escolar comum", Rigdon se convenceu de que Joseph não havia escrito o Livro de Mórmon. 10 Ele "expressou o maior espanto por um homem assim escrever um livro que parecia lançar uma torrente de luz sobre todas as antigas escrituras, abrir seus mistérios mais profundos, e dar-lhes consistência perfeita e sistema completo." Portanto, considerou: "Se Deus alguma vez dera uma revelação, certamente esta deveria ser divina." 11
Inspirado e motivado espiritualmente, Rigdon, acima de tudo, buscou a confirmação divina da veracidade do livro. Oliver prestou seu testemunho sobre o anjo e as placas, mas Rigdon queria obter o próprio testemunho. 12 Por fim, ele recebeu uma visão, mostrando-lhe a corrupção de vários ensinamentos religiosos da época, incluindo sua própria versão da pregação batista. Logo, em uma visão, conforme relatado por Ezra Booth, Rigdon viu o Livro de Mórmon e "ele era puro como um anjo; este foi um testemunho de Deus de que o Livro de Mórmon era uma revelação divina". 13
Ciente de como sua resposta a essa revelação afetaria sua família, Rigdon conversou com sua esposa Phebe, observando que isso significaria desistir de sua carreira profissional como pregador, levando-os "à pobreza". Ela respondeu com fé absoluta, dizendo: "Considerei o preço e estou totalmente convencida a seguir-te. Sim, é meu desejo fazer a vontade de Deus, mesmo que venha a vida ou a morte." 14
Algumas semanas depois, Rigdon desejou conhecer o Profeta Joseph Smith e, em dezembro de 1830, viajou com Edward Partridge para Nova York com esse propósito. Mais tarde, Joseph recebeu uma revelação, onde o Senhor disse a Rigdon que "uma obra maior" havia sido preparada para ele (D&C 35:3). Nos meses e anos seguintes, de 1831 a 1844, ele ajudou a Joseph fielmente em várias funções, conforme orientado por revelação. Foi quem recebeu, junto a Joseph, o chamado para os santos se reunirem no estado de Ohio (D&C 37) e foi quem também recebeu uma grande visão da vida após a morte, registrada em Doutrina e Convênios 76. Tornou-se conselheiro de Joseph na primeira presidência, proferindo um dos principais sermões na cerimônia dedicatória do templo de Kirtland e "participou ativamente da fundação de Nauvoo" enquanto sua saúde o permitiu. 15
O porquê
O fundamento da conversão de Rigdon, do começo ao fim, foi sua experiência espiritual, confirmando o que ele havia aprendido sobre o conteúdo milagroso e a revelação do livro. Por ter se convertido por uma visão de uma mensagem angélica pura do Livro de Mórmon, Sidney Rigdon tornou-se uma figura importante e influente no início da história da Igreja Restaurada de Jesus Cristo.
De fato, ele foi tão importante, que os críticos que procuravam diminuir o Livro de Mórmon chegaram à conclusão de que Rigdon havia sido fundamental para escrevê-lo. No entanto, essas teorias logo seriam consideradas contrárias às evidências documentais e inconsistentes com os eventos históricos. Como muitas testemunhas experientes afirmaram, Rigdon viu o Livro de Mórmon pela primeira vez em novembro de 1830, muito após ter sido publicado, e conheceu Joseph Smith pessoalmente em dezembro de 1830, tarde demais para ter contribuído à composição do Livro de Mórmon. 16
Quando Rigdon soube das alegações de que havia escrito o Livro de Mórmon, ele imediatamente procurou esclarecer as coisas. Em uma ocasião, diante de uma grande congregação de pessoas, ele declarou:
Testifico na presença desta congregação e diante de Deus e de todos os seus Santos Anjos lá em cima, (apontando para o céu), perante quem espero prestar contas no dia do julgamento, que nunca vi uma sentença do Livro de Mórmon, nunca escrevi uma sentença do Livro de Mórmon, desconhecia a existência de um livro tal qual o Livro de Mórmon, até que me foi apresentado por Parley P. Pratt, na forma em que está agora. 17
Embora continuasse a servir na primeira presidência, Rigdon estava fisicamente doente e, aos poucos, afastou-se de Joseph Smith. 18 Quando o grupo principal dos santos foi inspirado a seguir Brigham Young, Rigdon voltou a Pittsburgh e fundou sua própria Igreja, que também acreditava no Livro de Mórmon. Mais tarde na vida, mesmo quando alguns críticos tentaram fazê-lo admitir que era o verdadeiro autor do Livro de Mórmon, Rigdon persistiu em dar testemunho de sua autenticidade divina. Ele acreditava que seus primeiros anos conhecendo intimamente a palavra bíblica de Deus como ministro batista, o haviam preparado especialmente para reconhecer o Livro de Mórmon como a palavra de Deus. 19
Wickliffe Rigdon, filho de Sidney, lembrou que no final de sua vida "encontrou-o tão firme como sempre em declarar que ele próprio não tinha nada a ver com a escrita do Livro [de Mórmon] e que Joseph Smith o recebeu de um anjo." 20 Wickliffe disse que seu pai manteve essa opinião até a morte. Igualmente, todos os outros filhos de Ridgon insistiram que isso era verdade. 21
Portanto, independentemente das imperfeições de Sidney Rigdon, ele foi um defensor e promotor da veracidade divina do Livro de Mórmon desde o momento em que se converteu até seu último suspiro. Por isso, ele merece a gratidão daqueles que acreditam no Livro de Mórmon hoje, bem como por suas muitas outras contribuições importantes e dedicadas na edificação do reino de Deus durante os primeiros anos da Restauração.
Leitura Complementar
Matthew Roper e Paul J. Fields, "The Historical Case against Sidney Rigdon’s Authorship of the Book of Mormon", Mormon Studies Review 23, no. 1 (2011): pp. 111–123. Robert John Woodford, "Rigdon, Sidney", em Doctrine and Covenants Reference Companion, ed. Dennis L. Largey e Larry E. Dahl (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2012), pp. 552–555. Richard Loyd Anderson, "The Impact of the First Preaching in Ohio", em Oliver Cowdery: Scribe, Elder, Witness, ed. John W. Welch e Larry E. Morris (Provo, UT: Neal A. Maxwell Institute for Religious Scholarship, 2006), pp. 195–220; publicado originalmente em BYU Studies 11, no. 4 (1971): pp. 474-496.1. Ver Robert John Woodford, "Rigdon, Sidney", em Doctrine and Covenants Reference Companion, ed. Dennis L. Largey e Larry E. Dahl (Salt Lake City, UT: Deseret Book, 2012), p. 552. 2. Bruce A. Van Orden, "Rigdon, Sydney", em Encyclopedia of Mormonism, 4 v. ed. Daniel H. Ludlow (Nova York, NY: Macmillan, 1992), 3:1233. 3. Ver "History of Joseph Smith", Times and Seasons 4, no. 19 (August 15, 1843), p. 289. 4. "History of Joseph Smith", p. 289. 5. "History of Joseph Smith", p. 289. 6. "History of Joseph Smith", p. 290. 7. "History of Joseph Smith", p. 290. 8. Conforme citado em Richard S. Van Wagone, Sidney Rigdon: A Portrait of Religious Excess (Salt Lake City, UT: Signature Books, 1994), p. 59. 9. John Wickliffe Rigdon, "The Life and Testimony of Sidney Rigdon", em Karl Keller, ed., "‘I Never Knew a Time When I did Not Know Joseph Smith’: A Son’s Record of the Life and Testimony of Sidney Rigdon", Dialogue: A Journal of Mormon Thought 1, no. 4 (1966): p. 24. 10. Rigdon, "Life and Testimony of Sidney Rigdon", p. 24. 11. A. W. Cowles, "The Mormons", Moore’s Rural New Yorker, January 23, 1869, conforme citado em Richard Lloyd Anderson, "The Impact of the First Preaching in Ohio", em Oliver Cowdery: Scribe, Elder, Witness, ed. John W. Welch e Larry E. Morris (Provo, UT: Neal A. Maxwell Institute for Religious Scholarship, 2006), pp. 200; postado originalmente em BYU Studies 11, no. 4 (1971): pp. 474-496.
12. Veja Anderson, "Impact of the First Preaching in Ohio", p. 201; Van Waggoner, Sidney Rigdon, p. 60. 13. Ezra Booth, Letter IX, em E. D. Howe, Mormonism Unvailed (1834), p. 217. Veja Van Wagoner, Sidney Rigdon, pp. 60–61. 14. Conforme citado em Van Waggoner, Sidney Rigdon, p. 62. 15. Van Orden, "Rigdon, Sydney" 1235. 16. Ver Matthew Roper e Paul J. Fields, "The Historical Case against Sidney Rigdon’s Authorship of the Book of Mormon", Mormon Studies Review 23, no. 1 (2011): pp. 111–123.
A autoria de Rigdon é frequentemente ligada à chamada "teoria de Spaulding", que levanta a hipótese de que um manuscrito escrito por Solomon Spaulding foi usado como base para escrever o Livro de Mórmon, com acréscimos/edições de Rigdon ou outros autores. Sobre esta teoria, ver Matthew Roper, "The Mythical ‘Manuscript Found’", FARMS Review 17, no. 2 (2005): pp. 7–140; Matthew Roper, "Myth, Memory, and ‘Manuscript Found’", FARMS Review 21, no. 2 (2009): pp. 179–223. Ver também Kent P. Jackson, ed., Manuscript Found: The Complete Original "Spaulding Manuscript" (Provo, UT: BYU Religious Studies Center, 1996). 17. Conforme citado em Van Waggoner, Sidney Rigdon, p. 133. 18. Woodford, "Rigdon, Sydney", p. 554. 19. Van Waggoner, Sidney Rigdon, p. 61. 20. Conforme citado em Van Wagoner, Sidney Rigdon, p. 133. 21. Ver Van Waggoner, Sidney Rigdon, pp. 133–134.